Abaixo as viúva da ditadura
Por Walmir Barros | 13/06/2011 | HistóriaO país vive a plena democracia, com a liberdade em certos momentos sendo levada ao absurdo. Mas, feliz somos com ela, e infeliz sem ela voltaremos a ser, se permitirmos a liberdade de alguns saudosos a acreditarem que o dedo em riste e a carranca ainda causam algum medo ou receio de que façamos o que a decência e o bom caráter nos permitem.
A ditadura militar já está há tempos mofa no baú da história. Entretanto, o mau cheiro que ela exalou desde o seu início no golpe dos milicos, em 1964, ainda entorpece alguns desavisados. Não sabem que acabou ? já há alguns anos ? a dupla ordem do "eu prendo e arrebento".
Causa asco ver que alguns não se aperceberam da realidade. Triste eles, e felizes nós. Sabemos e gostamos de enfrentar de cara limpa o sabor dos novos tempos. Sem que o passado não seja a nós vergonhoso ou motivador de sentimentos de inferioridade. Não estamos em busca de resgatar um pretensa respeito, porque esse nunca existiu. Temor e respeito são sentimentos muito distintas. Não se confrontam e nem de longe podem ser comparados. Respeita-se o homem, o cidadão correto, consciente de sua função dentro da sociedade.
Teme-se a besta-fera que se faz notada pela presença truculenta, trata a todos com o ar carrancudo e ameaçador. Nestes a presença de humanidade é algo impossível de notar, e os gestos animalescos talvez, nos horríveis tempos idos (e que não voltem mais), fossem algo que os maravilhassem em feitos não menos nojentos e repugnantes que marcaram a era de ouro dos ditadores.
Prender, torturar, apontar, mirar e fogo. Matar. É um triste acontecimento que pela pequenez de quem os praticou tem que ser fixado na rica parede da história nacional apenas como um minúsculo lembrete de pessoas do mesmo tamanho desse trágico episódio, que foram os anos destinados a "aquartelar" toda uma Nação.
Eles perderam e o sinal está aberto para nós que somos gratos ao gosto da democracia. Sabor que nos obriga ao dever moral e histórico de rechaçar, furiosamente, todo e qualquer indício de que no seio da Pátria livre sejam cravados pensamentos rasteiros, desejosos de nos impelir ao silêncio, a nos roubar a capacidade de agir, pensar e se expressar livremente.
Somos filhos da ditadura. E não somos infelizes por ter lutado pela liberdade democrática. É o legado aos nossos filhos, agora filhos da democracia. E é muito bom continuar assim e caminhar dessa forma pela eternidade das gerações vindouras.