A voga brasiliana esqueceu seu próprio lixo

Por BESSANI, Dinaldo | 01/08/2013 | Política

Inúmeros púberes e demais cidadãos do Brasil saíram às ruas para protestarem contra a corrupção, melhorias nos transportes públicos, educação de qualidade, segurança, etc. Distintas manifestações têm tomado conta dos municípios e grandes capitais. Nosso modesto ensaio terá como alvo averiguar as cegas contradições das ações do próprio material humano que pouco se usa da autocrítica.

A primeira delas (corrupção) emite no mínimo excentricidade ao olvidarmos que por não cumprirmos nosso papel de cidadão e, portanto, em muitas ocasiões transformarmos em prática a velha frase: ‘O mundo é dos mais espertos!’ Logo, também compartilhamos corruptamente, porém vemos como atitude corriqueira e normal. Em si, acabamos cobrando dos outros, o que nem mesmo nós somos capazes de dar. Em síntese: é vero que não precisa ser político com sufrágio universal para ser antiético, corrupto, golpista, interesseiro. Maquiavel e Hobbes analisaram com mais propriedade sobre este assunto.

A segunda tem memória curta, o grosso dos que ficam presentes, principalmente nas capitais, conservam hábitos perniciosos como: vandalismos em patrimônios públicos, ônibus, comitivas e metrôs. Ou seja, querem consertar o que está péssimo; agindo no mesmo patamar, valendo-se da truculência.

A terceira é a que mais impressiona pelo absurdo, adolescentes e adultos (entre eles docentes) pedem por algo que estão fazendo questão de abolir. Ou seja, querem uma Educação de Nível, mas NÃO se comportam como tais. Àqueles, são os que desacatam professores, direção e funcionários. Na escola; picham, quebram, matam, roubam, prostituem-se, etc. Os outros, os ‘crescidos’, contribuem direta e indiretamente para o caos continuar. Quanto à classe dos educadores, venhamos e convenhamos, nunca foram; neste país, exemplos de revolucionários ou manifestantes. São os primeiros a pensar individualmente e a abandonarem o barco, no entanto fazem cartazes. Está bom?

 No meio desses agravantes temos os gays, os negros, os miseráveis, as garotas de programa; ambos se sentem excluídos pelo Estado. O galo do meu vizinho que teima em transar com as galinhas às 17h05min todos os dias. Os ‘evangélicos’ que pensam que Deus é surdo, e gritam; gritam e gritam! Depois vêm os camelôs reivindicando seus direitos fingindo não se dar conta que seus produtos são contrabandeados. Toda a sociedade compra deles, inclusive o ex-presidente Lula.

Doravante juntam-se a eles os profissionais da saúde (exemplo, alguns médicos). Com o tramitar da lei que abre espaço para os clínicos estrangeiros trabalharem no Brasil, fez reacender naqueles (brasilianos), a vontade de se doar mais ao seu próprio povo? Por que não pensaram nisso antes? “Talvez melhore! A maioria desses ‘doutores’ ao menos nos postos de saúde consulta o populacho como se fosse bactéria pecaminosa [disse um ancião da cidade]. Quem sabe os estranhos nos acolham com mais humanidade e realmente procurem cumprir seus votos”. Seu ‘Zé’, sonhar não custa nada! Contudo, se já não entendemos a caligrafia dos que escrevem em português, que dirá dos ‘gringos!’ Reze sem drogas! Se o problema deles fossem apenas esses...

Quando eu era jovem, meus educadores mentiam muito, eles diziam que a união faz a força. Pobres diabos! Em pouco tempo por intermédio da interação social e da histórica Inconfidência Mineira, descobri que a união faz, na verdade; a FORCA!

A história varia, entretanto não se regula com fidelidade. Avaliem estes aprendizes de manifestantes: 97% desconhecem por essência o que estão a fazer. Berram, ilustram cartolinas escritas em incógnitas gramaticais. Salientam palavras de ordem, todavia são indisciplinados, subornáveis, imorais, não se politizam. Unem-se pelo facebook (aproveitado eticamente, torna-se instrumento necessário ao cotidiano) pensando que é para fumar um baseado, logo, acredita-se que destratar polícias, praticar violência, enfiar bandeiras de porcos partidos e deturpar a ordem dita como progresso é ser revolucionário, é lutar pelo avanço econômico, científico, moral e intelectual da população.

Em súmula, é perceptível que os poucos cidadãos querem mudanças específicas e já conseguem ao menos apontar para algo, coisa que não acontecia com tanto enfoque em décadas anteriores. A cegueira está em achar que a culpa é apenas de nossos governantes e não assumirmos responsabilidades que também nos incluem. Saber protestar por algo que acreditamos, implica Conhecimento, Educação, Consciência, Dedicação.

Se assim é, não vejo outro caminho para os jovens a não ser Estudar a Política. Se não se interessarem serão sempre servos dos que a amam, diria Platão. Massa de manobra; confiando estarem a proliferar revolução enquanto na realidade foram manipulados ante a falta de entendimento. Pois, não sabiam o que queriam; o ‘como’ da coisa, para quê, por que, como fazer, interessa a quem?

Cabe à raiz paternal e aos instrutores educacionais conscientizá-los de que o Mundo melhor de que eles imaginam querer não está nas escolas ou universidades, mas dentro deles; e cada um dá aquilo que apreendeu no decorrer de suas experiências. O lixo está em nosso interior. Do contrário, apenas o Papa Francisco I conseguirá caminhar com segurança pelas ruas sem ser assaltado, agredido; e mesmo sendo ‘argentino’, ser respeitado. Ademais, o reverendo obteve o que uma multidão de humanos não tem entre si, consideração sem desprezo. E para isto, nem precisa ser santo. 

“Nosso século não caminha nem para o bem nem para o mal, ele caminha para a mediocridade.” (Walter Benjamin).