A vita activa e a condição humana.

Por teresa benedita vom kreuz | 05/04/2016 | Frases

A vita activa e a condição humana. - Pretendemos analisar o primeiro parágrafo da primeira seção de A Condição Humana por Hannah Arendt. A pensadora afirma: "Com a expressão vita activa, pretendo designar três atividades humanas fundamentais: trabalho, obra e ação. São fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condições básicas sob as quais a vida foi dada ao homem na Terra." Esse parágrafo, constituído em duas frases já revela o método utilizado na pesquisa: a fenomenologia de inspiração heideggeriana. Para Heidegger a fenomenologia é tida como método para sua ontologia;  para ele, a fenomenologia expressa com toda a clareza o seu caráter próprio quando afirma: "A palavra Fenomenologia significa antes de mais nada um conceito de método. Ela não caracteriza a consciência de fato do objeto da indagação filosófica, mas seu como. [...] Esse termo expressa um lema que poderia ser assim formulado: às coisas mesmas! - por oposição às construções soltas no ar e aos achados casuais; em oposição à admissão de conceitos apenas aparentemente verificados e aos falsos problemas que se impõem de geração em geração como problemas verdadeiros". Portanto, o que a Fenomenologia mostra é aquilo que, acima de tudo e na maior parte dos casos, não se manifesta, o que está escondido, mas que é capaz de expressar o sentido e o fundamento daquilo que, acima de tudo e na maior parte dos casos, se manifesta. E é com este manifestar de Hannah Arendt preocupada-se ao assinalar de modo definitivo que os humanos imprimem suas marcas a partir do trabalho, da obra e da ação. Essas três atividades, ou seja, esses três modos de se constituir a existência efetiva dos humanos, corresponde como em conjuntos simultâneos, mas também individualizados e relacionados, essas três atividades correspondem à vita activa. Expressão latina que designa à vida ativa; vida ativa enquanto bios de Aristóteles, vida qualificada; e não mero zoom, vida lasciva, preocupada somente com a fruição dos desejos. Quando a autora diz: vita activa, está situada na Idade Média, mais precisamente na Patrística de Sto. Agostinho. Lá tudo tinha um sentido transcendental: trabalho não é só trabalho; obra não é somente obra, e a ação não é somente ação. Tudo está dado dentro de um contexto medieval em que tudo reflete ou o amor ou o ódio de Deus. Nesta cidade dos homens quer-se configurar à cidade de Deus. Não que a autora seja pietista e piegas. Mas ela quer, tenciona efetuar uma mudança no modo como a própria humanidade se compreende. Passando de uma vida contemplativa, de ideias e meditações à intervenções no mundo que se configuram a partir dos conceitos de: trabalho, obra, ação. Definitivamente!