A vingança de Dara Queiroz

Por Viviane de Sousa Furtado | 09/08/2010 | Contos

Eles pagariam... Os faria cair de joelhos a sua frente. Sentiu crescer a fúria em seu peito. Nada mais seria como antes. Eles nunca mais a atormentariam...
Ela não era muito articulada, nem muito articulada nem muito popular. Ela poderia ser se quisesse. Era o que gostava de pensar. O estranho é que ela realmente queria ser mais popular, mais bonita, ter mais amigos, então por que não tinha?O mundo era simples pra ela, tudo uma questão de vontade, se ela quisesse poderia dominar o mundo. E ela, novamente, queria; Por que então não conseguia?Todos a sua volta se esforçavam menos que ela, ela sempre fez tudo melhor e mais rápido que todo mundo. Por que ela era a única que não era reconhecida?Ela desejava mais forte que todo mundo. Por que, só me explica por que, ela foi a única que nunca conseguiu realizar nenhum de seus sonhos?Ela definitivamente merecia ser feliz. Mas nunca conseguiu. Ela sofreu e chorou mais que todos os outros, e agora reconhecia estafada que se tornou a maior dentre os fracassados. Sua luta chegou ao fim e ela perdeu. Tudo em que acreditou a vida inteira estava errado.
Agora que não restava mais nada, medo, vergonha, amor ou compaixão, sentia o ódio dominar seus atos e pode ver tudo mais claramente. Ninguém nunca viria para resgatá-la. E se ela quisesse salvar sua alma era melhor que o fizesse por si mesma. Lavaria a podridão da sua alma no sangue de seus inimigos.
Seus olhos verdes agora ardiam e quem olhasse veria um brilho vermelho e paranormal. Se alguém ao menos tivesse olhado para ela por trinta segundos ou menos naquele dia. Mas ninguém olhou, ninguém nunca a olhava, ninguém nunca se deu ao trabalho de perceber que ela existia. Todos se acostumaram a olhar através dela. E assim seguiram mais uma vez. Pela ultima vez.
Sentiu que seu corpo pequeno e esguio se engrandecia e se tornava forte. Seus músculos agiam como se aguardassem aquele momento a vida inteira. Uma vida inteira se esquivando como um rato quando na verdade ela era um felino voraz. Fugindo das presas que devia perseguir. Presas que perseguiria. Nunca mais abaixaria a cabeça. Nunca mais se curvaria as vontades de ninguém a não ser aos seus próprios desejos.
Abriu os braços a altura dos quadris, deixou os pulsos bem a mostra. Concentrou toda sua dor e sofrimento em seus pulsos. Ouviu-se um grito. Finalmente todos a veriam. Forte e triunfante no ultimo dia de suas vidas. Um segundo depois a pequena moça franzina se tornou luz. No início uma luz inofensiva, quente e próxima ao corpo da menina. Depois essa luz tomou conta do corpo de todos. E um segundo depois...
Dara abriu os olhos e contemplou o que tinha concebido.
Seus pulsos ardiam, sangravam. A menina os cobriu por impulso. Mas o sangue já não vertia.
Sentiu-se fraca...
Olhou mais uma vez a sua volta:
Todos da sua empresa estavam mortos. Do mais jovem ao mais experiente. Do melhor ao pior. Todos mortos.
Sentiu um acréscimo de orgulho por si mesma.
Fez com que todos pagassem por seu orgulho e sua apatia.
Ela não sabia de onde veio tudo aquilo. Mas se sentia plena realizada. Sentiu-se vingada.
Dara Queiroz a renascida.