A vida de Chico Xavier

Por Telma Gomes Souza | 22/10/2012 | Religião

Francisco Cândido Xavier nasceu na cidadezinha de Pedro Leopoldo, interior de Minas Gerais, em 2 de abril de 1910. Seu pai, João Cândido Xavier, era operário e sua mãe, Maria de Deus, lavadeira. Em 1015, quando tinha apenas 5 anos de idade, o menino Francisco perdeu a mãe. As dificuldades financeiras e a falta de tempo para cuidar dos filhos obrigaram Seu João a mandar Francisco e seus oito irmãos para morar com diferentes parentes. O menino foi parar na casa de uma madrinha que o tratava muito mal, dava-lhe surras todos os dias e o fazia até lamber as feridas do filho dela, dizendo tratar-se de uma simpatia para fazer os ferimentos sararem mais rápido.

Francisco sofreu muito na casa da madrinha, mas mesmo assim não deixou de ser obediente o tempo inteiro. Sempre que passava por humilhações, ia ao quintal fazer orações. Em uma dessas vezes, o espírito de sua mãe apareceu para ele, e depois disso aparecia com frequência. Os dois conversavam e Dona Maria dava conselhos ao filho.

Algum tempo depois, Seu João casou-se novamente. Muito bondosa, sua mulher, Cidália, pediu que o marido reunisse novamente todos os filhos em casa. Foi então que Francisco ganhou uma nova mãe. Com a nova esposa, o pai dele teve mais seis filhos. As dificuldades financeiras continuavam, e sua madrasta teve a idéia de fazer uma horta em casa, para vender as verduras e legumes. Com a renda obtida dessa atividade, a família conseguiu mandar Francisco para a escola outra vez, em 1919.

Depois de ter passado pelos momentos mais difíceis de sua infância, Chico via o espírito de sua mãe com frequência, mas começou a sonhar com pessoas que já tinham morrido. Ele se levantava agitado altas horas da noite e conversava com pessoas invisíveis. No dia seguinte, contava  para a família o que tinha sonhado. Sem conseguir compreender o significado dos sonhos do filho, Seu João o levou a um padre, pensando que o garoto estava sendo perturbado por um demônio.  

Chico se entristecia com a incompreensão das pessoas. Um dia, ao conversar com sua mãe sobre isso, ela o aconselhou a se calar e guardar para si os ensinamentos recebidos dos espíritos em seus sonhos. Depois dessa conversa, em 1920, o espírito de Dona Maria não apareceu mais para ele durante sete anos.  

O garoto continuava na igreja católica, obedecendo a seu pai e cumprindo todos os ritos da religião. Em 1923, completou o curso primário e começou a trabalhar em uma fábrica de tecidos para ajudar no sustento da família. Desde então, não voltou mais aos estudos.

Em maio de 1927, sua irmã ficou doente, e a cura só aconteceu após uma reunião realizada em sua casa por um casal praticante da doutrina espírita, com a presença dos familiares dela. Na mesa em torno da qual se reuniram estavam dois livros de Allan Kardec: "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e o "O Livro dos Espíritos". Através da médium que conduzia a reunião, Dona Maria falou com Chico após sete anos de silêncio. Ela lhe disse que estudasse aqueles livros e que em breve ele seria conduzido por novos caminhos.

No fim desse mesmo ano foi fundado na casa da família de Chico o Centro Espírita Luiz Gonzaga, onde aconteciam reuniões às segundas e sextas-feiras. Chico despediu-se respeitosamente do padre e deixou a religião católica.

Em 1931, Chico Xavier começou a receber os primeiros poemas que compõem “Parnaso - Além Túmulo”, coletânea publicada em 1932. Em 1931 também aconteceu a primeira manifestação do espírito Emmanuel, que era seu protetor espiritual. Emmanuel escreveu várias obras por meio de Chico. Em 1938, veio a publicação de “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, livro escrito pelo espírito Humberto de Campos. Em 1943, um novo espírito começou a se comunicar com Chico. Era o espírito André Luiz, que escreveu uma coleção de 11 livros, o primeiro deles “Nosso Lar”.

Em janeiro de 1959, Chico mudou-se para Uberaba, por orientação médica e também dos Benfeitores Espirituais. Lá continuou com as atividades de mediunidade, vidência e visitação a pessoas carentes. Também oferecia conforto espiritual aos que haviam perdido entes queridos, em especial a mães que haviam perdido seus filhos. Durante os quase 75 anos em que atuou como médium, Chico Xavier psicografou mais de 400 livros, cedendo os direitos dessas obras a editoras espíritas ou organizações assistenciais, e doando o lucro das vendas a instituições de assistência aos necessitados. Muitas coisas que ele disse são lembradas hoje como frases de reflexão, verdadeiras pérolas de sabedoria.

Os problemas de saúde foram aparecendo e se agravando com a idade, mas mesmo assim Chico nunca deixou de ajudar e oferecer conforto a quem o procurava, além de continuar frequentando as reuniões do Grupo Espírita da Prece. Chico morreu em 30 de junho de 2002, em Uberaba. Entre as centenas de livros que psicografou, alguns dos mais conhecidos são “Nosso Lar”, do espírito André Luiz,; “A Caminho da Luz” e “No Portal da Luz”, do espírito Emmanuel; “Evangelho em Casa”, do espírito Meimei; “A Vida Escreve”, do espírito Hilário da Silva e “Mãos Marcadas”, de autoria de diversos espíritos.