A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO E DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

Por SIMONE MIYUKI SAKAMOTO | 05/07/2024 | Educação

A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO E DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA CRIANÇA

 

SIMONE MIYUKI SAKAMOTO

 

RESUMO

Esta pesquisa foi realizada com o objetivo de analisar a importância da utilização do lúdico no processo de ensino e aprendizagem, e também como alternativa no planejamento e realização do trabalho pedagógico significativo em uma sala de alfabetização. O trabalho realizado em sala de aula através do lúdico quando estruturado e abordado de forma correta pelo professor pode contribuir de forma satisfatória com o processo de aprendizagem de alfabetização e letramento da criança.

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PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Aprendizagem. Afetividade. Ensino.

 

INTRODUÇÃO

É de extrema importância que seja assegurado à criança o tempo e os espaços para que aulas diversificadas sejam realizadas, onde o conteúdo seja vivenciado com total intensidade, sendo capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção como afirma Marcelino (1996, p. 38).

O trabalho possui como eixo principal o trabalho através do lúdico como forte ferramenta em todo o processo de ensino e aprendizagem da criança. O brincar é inerente ao ser humano e por consequência estabelece uma relação entre o ato de brincar e aprender, tornando esse processo mais prazeroso e enriquecedor para a criança.

A participação dos alunos em atividades que englobam jogos e brincadeiras, permite a criança interação e socialização junto aos outros alunos. Para tanto, é necessário que a criança encontre na escola um espaço favorável às suas atividades e brincadeiras, sendo que brincar permite a criança novas experimentações, sensações e experiências.

Nessa perspectiva, é importante e fundamental inserir os jogos e as brincadeiras no contexto e rotina escolar, auxiliando numa prática pedagógica lúdica. Atualmente a aprendizagem lúdica é assunto em pauta nas unidades escolares e de grandes autores, uma vez que a necessidade de inovar e implementar novas técnicas no ensino é urgência entre a comunidade escolar.

A aprendizagem de forma lúdica é assunto que tem conquistado espaço no panorama educacional. Os jogos e as brincadeiras são a essência da criança, e utilizá-los como ferramentas no cotidiano escolar possibilita a produção do conhecimento, da aprendizagem e do desenvolvimento da criança.

Nesse contexto, é necessário reconhecer a escola como sendo um espaço de diversidades, experiências e onde as crianças podem viver a ludicidade diariamente, desenvolvendo a atenção, a criatividade, o raciocínio e uma aprendizagem significativa rumo a alfabetização.

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Entretanto, tudo isso só será possível se houver um professor compromissado com o ensino e capacitado para realizar uma mediação de qualidade, de forma que todos possam desfrutar do método e da ludicidade das atividades propostas, fazendo com que os alunos sejam motivados a realizá-las e aprender.

Logo, ao mediar conhecimento a criança, o professor pode aliar a afetividade em seus dias e metodologias, em uma relação acolhedora entre professor-aluno, realizando um planejamento adequado na organização do trabalho pedagógico e oferecendo uma aprendizagem significativa para os alunos.

Assim, trabalhar no processo de aprendizagem de forma lúdica, agindo de forma afetiva depende de um bom trabalho da equipe escolar, de forma a mediar o conhecimento e desenvolvimento dos alunos. Para tanto, essa presente pesquisa foi realizada a partir de uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de mostrar como é importante esse processo e como pode ser realizado de forma satisfatória.

 

1 PROCESSO DE APRENDIZAGEM

 

É necessário e importante que a escola ofereça aos alunos desde os primeiros anos de escolarização, diversidades de oportunidades de atividades, contatos com a leitura, amostras de escrita e figuras, envolvimentos com brinquedos e materiais, ou seja, “revestidas de significado, nas quais se busca a interação com o outro” (LEAL, MENDONÇA, MORAIS e LIMA, 2008, p. 6).

A escola por sua vez precisa reconhecer que possui importante função na vida dos alunos desde a primeira infância, como orientar de forma sistemática, metódica, planejada, os processos de alfabetização e letramento, organizando o tempo escolar, para que a criança se aproprie formalmente do sistema alfabético e das práticas letradas.

É papel do professor incentivar os alunos, sendo que a motivação pelo prazer é o princípio de tudo e deve ser incentivada nesse processo de alfabetização, pois alunos motivados se envolvem mais facilmente nas

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atividades e por consequência estão mais dispostos e propensos a aprender.

A criança quando brinca desenvolve a coordenação motora ampla, esquema corporal, coordenação visomotora, discriminação visual e auditiva e também orientação tempo-espacial, ou seja, brincando a mesma tem oportunidade de desenvolver todas essas habilidades de forma criativa e divertida, tornando todo o processo mais prazeroso e feliz.

Na fase de alfabetização, aprender pode ser uma maravilhosa aventura, onde a criança se lança num mundo mágico desempenhando atividades com seriedade e motivação. O professor precisa se preocupar com a preservação dessas atitudes, estimulando o aluno à curiosidade, pois esta é a melhor forma de promover a aprendizagem.

O conhecimento em sala de aula é construído desde a primeira infância, interagindo com o meio e com os objetos que o cercam, possibilitando experiências e vivências mediadas pelo professor, cujo conhecimento carrega características que se vão transformando ao longo do desenvolvimento.

De acordo com Barbato (2008, p. 21), a importância da inserção de atividades lúdicas como suporte para a aprendizagem:

As crianças de 6 anos constroem seu conhecimento, utilizando procedimentos lúdicos como suporte para a aprendizagem. O lúdico não se refere somente às brincadeiras livres, como as do recreio, ou planejadas como as elaboradas por professores com fins didáticos; ele é utilizado como suporte pelas crianças: a imaginação é um processo que possibilita a construção do conhecimento de forma diferenciada e é um instrumento de aprendizagem das crianças menores. (BARBATO, 2008, p.21).

 

A partir dessa informação as crianças, ao entrarem na escola, passam a organizar os seus conhecimentos aprendendo a se comunicar e se comportar de forma diferente. Além da forma acadêmica de aprendizagem, a escola oportuniza às crianças fazerem novas amizades, expandirem conhecimentos da vida social, brincarem, levando-os a integrarem-se com os outros.

A autora por sua vez afirma como processo de aprendizado, a comunicação com o outro, a conversa entre alunos e até mesmo o falar sozinho por parte das crianças, criando e vivendo personagens e ainda enfatiza a aprendizagem como:

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Processo pelo qual nos modificamos a partir de nossas experiências. A aprendizagem depende das condições históricas e sociais do tipo de conhecimento e das relações entre quem ensina, quem aprende e o conhecimento. As mudanças no modo de conhecer e agir sobre o mundo ocorrem em situações objetivas e com a mediação das pessoas que convivem com a criança na escola, na família, na comunidade. (BARBATO, 2008, p. 14).

 

Ainda de acordo com a autora, a criança é ativa, tendo relação com o ambiente, cuja relação depende do desenvolvimento da memória, da atenção, do raciocínio, da percepção, da linguagem e do pensamento, da emoção e do sentimento, do movimento. “No interesse de conhecer o mundo que a cerca, a criança muitas vezes fala alto para se regular e regular o andamento da atividade que está desenvolvendo, desencadeando aspectos do lúdico em favor do aprendizado” (BARBATO, 2008, p.14).

A autora também afirma que o aluno deve sempre ser estimulado pela escola, sendo que é através da estimulação e das atividades lúdicas certas que acontece o aprendizado significativo, promovendo metodologias com resultados satisfatórios. É de extrema relevância colocar a criança em situações de aprendizagem, onde possa utilizar suas próprias elaborações sobre a linguagem, ou seja, integrar o conhecimento espontâneo da criança ao ensino, dando-lhe maior significado.

 

2 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

A Educação Infantil, desde 1996 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pertence à Educação Básica brasileira, atendendo de 0 a 5 anos, com a ampliação do Ensino Fundamental introduzido à LDB em 2006.

A Base Nacional Comum Curricular, ao abarcar também a Educação Infantil, consolida a concepção vinculada entre educar e cuidar, compreendendo o cuidado como pertencente ao processo educativo, articulando-o às propostas pedagógicas, objetivando “ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar” (BRASIL, 2018, p.36).

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A Resolução nº 5, de 2009 que Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, prevê em seu artigo 4º que a criança deve ser o centro do planejamento, sendo um sujeito histórico e de direitos, que interage, se relaciona, vivencia, desenvolve sua identidade (pessoal e coletiva), “brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2009).

Assim, a BNCC define seis direitos de aprendizagem para a Educação Infantil, que impõe a intencionalidade educativa às práticas pedagógicas. São eles: Conviver; Brincar; Participar; Explorar; Expressar; Conhecer-se, de modo a comtemplar e ampliar as habilidades infantis.

O ambiente escolar através das estratégias pedagógicas dever ser um espaço de diversidades, experiências e onde as crianças podem viver a ludicidade diariamente, desenvolvendo a atenção, a criatividade, o raciocínio e uma aprendizagem significativa.

É de extrema importância que seja assegurado à criança o tempo e os espaços para que aulas diversificadas sejam realizadas, onde o conteúdo seja vivenciado com total intensidade, sendo capaz de formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver.

Entretanto, tudo isso só será possível se houver um professor compromissado com o ensino e capacitado para realizar uma mediação de qualidade, de forma que todos possam desfrutar do método e da ludicidade das atividades propostas, fazendo com que os alunos sejam motivados a realizá-las e aprender.

Através da mediação pautada numa acolhedora relação professor-aluno, de um planejamento adequado na organização do trabalho pedagógico, teremos uma aprendizagem significativa para os alunos, podendo-os alfabetizar de forma satisfatória.

Atualmente em consonância com todas as discussões voltadas a Educação Infantil, a Afetividade passou a ser considerada um importante aspecto para ser inclusa as práticas pedagógicas diárias com as crianças

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nessa faixa etária.

Amaral (2000), destaca que:

[...] a relação afetiva que estabelece a cada momento com cada acontecimento de seu universo predomina sobre o pensado e determina de forma positiva ou negativa as características que atribui aos objetos, pessoas ou situações com que ocupa-se. Embora saiba que as coisas, pessoas e acontecimentos têm uma individualidade estável, a compreensão que tem deles está diretamente relacionada à suas experiências emocionais (AMARAL, 2000, p. 51).

 

É importante que dentro das salas de aula da Educação Infantil aconteça relações entre os sujeitos que promovam a afetividade, cuja questão envolve problemas equivocados na aprendizagem e no desenvolvimento do ser humano para seu futuro.

De acordo com Houaiss (2001), afeto significa afetar, tocar e constitui o elemento básico da afetividade, fazendo parte da função psíquica, sendo considerada de grande importância considerar as relações afetivas que compreendem a vida da criança.

Tais pesquisas sobre a temática, despertam diversos interesses em analisar como as práticas afetivas podem influenciar a aprendizagem das crianças de forma positiva.

A Afetividade é considerada como sendo uma “energia”, uma ferramenta a mais para motivar as crianças a realizarem suas atividades, dando prazer e sensação de felicidade em sua concretização. Tais sentimentos impulsionam ainda mais a realização das tarefas diárias e escolares, onde toda essa situação que permeia a motivação é descrita por Piaget como Afetividade. (LA TAILLE, 1992).

Ainda segundo o autor, diante do desenvolvimento dessas relações entre os seres humanos, as mesmas podem se tornar ainda mais complexas, de modo a classificarem e estabelecer os sentimentos por determinadas pessoas, as quais os levam a ter mais consideração, admiração ou afinidades com as mesmas, estreitando e solidificando sentimentos.

No ambiente escolar, o professor por meio de uma mediação positiva e afetiva, pode promover o processo de ensino e aprendizagem havendo integração funcional, de modo a se fazer entender eu conteúdos não são

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somente cognitivos e também são afetivos, onde juntos promovem uma aprendizagem integral.

A presença da Afetividade na Educação Infantil contribui de forma positiva para a criação de um espaço agradável e harmonioso dentro das salas de aulas, onde esse ambiente possui também a função de provocar e despertar nas crianças um maior prazer e vontade de aprender, de modo a tornar-se uma ferramenta indispensável na aprendizagem.

Juntamente a esse ambiente é fundamental um professor que se encontre bem orientado afetivamente, reconhece que seu papel como mediador não é somente cognitivo, mas que todas as suas atitudes e comunicação com os alunos possuem grande influência no processo, de modo eu o conjunto de todas as ações promoverá o bom desenvolvimento da criança na Educação Infantil.

Segundo Almeida (2001), é importante eu haja afeto positivo entre professor e aluno, de modo a facilitar a dinâmica e tornar os possíveis conflitos mais fáceis e harmoniosos, construindo uma relação de cumplicidade entre ambos, onde a partir dessa relação surja respeito e carinho.

Logo, acredita-se que é através das relações afetivas juntamente com as cognitivas eu se formam os vínculos necessários e também facilitadores do processo de ensino e aprendizagem. Assim, se torna essencial eu haja práticas afetivas em sala de aula na Educação Infantil, pois são impulsionadoras de aprendizagem e desenvolvimento.

Todo professor precisa ter em sua mente a importância eu tem um trabalho realizado a partir da Afetividade e interação com seus alunos, auxiliando-o no conhecimento, onde uma relação de afeto-cognição pode possibilitar o desenvolvimento de inúmeras habilidades e como consequência o desenvolvimento efetivo e global da criança.

 

3 O PROFESSOR COMO AGENTE MEDIADOR DA APRENDIZAGEM E DA AFETIVIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

 

O início da vida escolar de uma criança acontece na educação infantil,

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onde todo um mundo ainda desconhecido se torna real, cujo mundo possui estratégias infinitas para desenvolver o cognitivo, psicológico, motor, social e cultural de forma efetiva e o grande agente e motivador é o professor que atua diretamente com essas crianças, proporcionando conhecimento e desenvolvimento.

Porém, muitos professores ainda acham que o desenvolvimento e a aprendizagem acontecem a partir do clichê lápis, papel e lousa, cuja observação nos dias atuais não possui mais valor, pois dentro da educação infantil muitas são as possibilidades que podem e devem ser utilizadas para o processo de ensino-aprendizagem, tornando o ensino uma situação estimulante e prazerosa. Portanto, o lúdico se tornou indispensável dentro do ambiente escolar da educação infantil.

Assim:

[...] prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. E este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. [...] As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. [...]. O ser que brinca e joga é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. (TEIXEIRA, 1995, p. 23 apud FELTRIN, 2010).

 

Portanto, o professor detém em suas mãos a possibilidade de tornar o ensino prazeroso e estimulante, onde através de suas aulas bem planejadas e lúdicas consegue fazer com que seus alunos tenham vontade de desenvolvê-las. Assim, para o planejamento e realização de aulas motivadoras, sejam elas de qualquer disciplina, o professor necessita acima de tudo estar capacitado, preparado e ter vontade de ensinar.

Ainda precisa estar ciente de que é possível ensinar disciplinas do currículo em espaços extraclasses, utilizando-se de brincadeiras e jogos para elucidar tais matérias, tornando-as mais fáceis e lúdicas, uma vez que durante a educação infantil as crianças se encontram mais suscetíveis a qualquer ensinamento e a experiências novas. Nesse pressuposto observa-se que:

(...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar metas para aprendizagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso das diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando necessário. Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as crianças e por isso levam qualidade lúdica para a sua prática pedagógica. (GONZAGA, 2009, p. 39).

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Segundo o autor quase toda a essência de ensinar está na capacidade do professor, pois o mesmo é quem direciona e propõe atividades habilidosas que farão com que os pequenos se interessem e tenham vontade de realizá-las, ressaltando ainda a importância de planejar tais procedimentos com conhecimento, profissionalismo e afetividade.

A criança, portanto, tende explorar o mundo que a cerca e tirar dele informações que lhe são necessárias. Nesse processo, o professor deve agir como interventor e proporciona-lhe o maior número possível de atividades, materiais e oportunidades de situações para que suas experiências sejam enriquecedoras, contribuindo para a construção de seu conhecimento. Sua interação com o meio se faz por intermédio de brincadeiras e jogos, da manipulação de diferentes materiais, utilizando os próprios sentidos na descoberta gradual do mundo. (ARANÃO, 2004, p. 16 apud PASQUALI et al., 2011).

 

O professor é o responsável por mediar conhecimentos, situações afetivas, espaços e aprendizagens entre as crianças, articulando os recursos disponíveis e as capacidades e limites de cada criança, fazendo com que o ambiente se torne propício, rico e não discrimine as diferentes formas de culturas sociais. O professor também deve se atentar ao espaço a ser frequentado e utilizado por crianças na fase de Educação Infantil, tal qual merece total relevância por parte da escola em geral e pela sociedade.

Para qualquer ser vivo, o espaço é vital, não apenas para a sobrevivência, mas, sobretudo para o seu desenvolvimento. Para o ser humano, o espaço, além de ser um elemento potencialmente mensurável, é o lugar de reconhecimento de si e dos outros, porque é no espaço que ele se movimenta, realiza atividades, estabelece relações sociais. (LIMA, 1995, p. 187 apud SOUZA; LIMA (1995).

 

Além do espaço o professor deve se atentar ao material disponibilizado entro das salas dessa faixa etária, sendo importante e necessário dispor de brinquedos e jogos de forma que a criança consiga pegá-lo, manuseá-lo e brincar livremente ou em uma situação dirigida pelo mesmo, contribuindo significativamente com a aprendizagem do educando.

Bons jogos e boas brincadeiras no processo de desenvolvimento da criança fazem toda a diferença, onde Freire (1979) afirma que a ação docente junto à criança se consolida em uma boa base para uma formação escolar desde muito cedo, pois a aprendizagem não se faz somente de estrutura física e materiais pedagógicos, reforçando a importância de toda a equipe nesse

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processo em busca do desenvolvimento.

O professor precisa ter consciência do seu papel no processo de ensino aprendizagem, sendo o mediador dessa caminhada, estando presente e participando ativamente para que haja o conhecimento. Porém, é preciso que se entenda que como todo processo esse também demanda tempo, pois possui etapas a serem exploradas. (FREIRE, 1979).

É a partir da história própria, do mundo cultural e da existência da criança que acontece o desenvolvimento infantil, sendo importante explorar e mediar os conhecimentos já existentes dos alunos e os motive, uma vez que esses mesmos conhecimentos muitas vezes são ignorados pela família. Dentre essas experiências estão a autonomia, construção, fantasia, exploração de brinquedo, socialização, comunicação, movimento e aventura.

Segundo Oliveira,

A relação professor-aluno não é binária, ou seja, não envolve apenas dois elementos: mestre e aprendiz. Se assim fosse, nada circularia entre eles e existiria apenas o domínio de um sobre o outro. Antes de tudo, aquela relação é de socialização, de troca de significados aprendidos e transformados na interação. É uma relação dialógica, portanto construtora do logos pela negociação de saberes e dizeres. Envolve a intersubjetividade e se faz pela simpatia, mas também pela oposição, pela diferenciação e confronto de ideias, em suma, pelo conflito de posições antagônicas. (OLIVEIRA, 1992, p. 38-39).

 

A mudança nessa visão da relação do professor x aluno é um ganho para todos, pois ameniza o autoritarismo do professor sob o aluno, pois enfatiza o importante papel que o aluno também possui sobre todo o processo de ensino e aprendizagem, valorizando seu papel no mesmo.

Entende-se, portanto, que o educador é um mediador, um organizador do tempo, do espaço, das atividades, dos limites, e até das incertezas do cotidiano da criança em processo de construção de conhecimento com afeto. É ele quem cria e recria sua proposta pedagógica, proporcionando ao aluno oportunidades de se expressarem, de emitirem suas opiniões, seus anseios, descobertas e dúvidas.

Segundo Ignachewski (2011, p. 82) “Educar não significa transmitir informações ou mostrar apenas um caminho, aquele que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade”. Sob esse olhar, pode-se dizer que no processo

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educativo, mesmo que seja um raciocínio brilhante, porem mecânico, o mesmo se torna ineficaz, pois a afetividade auxilia muito mais na compreensão das pessoas, onde a autora enfatiza que “educar é preparar para a vida”.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O trabalho permiti ver o quão importante são os processos que envolvem o ensino e aprendizagem, sendo que variados são eles, dependendo do professor e de seus conhecimentos para atingir tal. Porém, todo professor detém em suas mãos condições de realizar um trabalho satisfatório, desde que consiga auxiliar e mediar os processos e se fazer aprender com prazer e com satisfação, se atentando sempre para o nível e condição que a criança se encontra.

Após a realização da presente pesquisa bibliográfica, constatou-se que o processo de aprendizagem pode e deve ser feito juntamente com o lúdico e a afetividade, pois a criança aprende e se desenvolve muito enquanto brinca, onde o ato de brincar com jogos e com atividades lúdicas proporciona e acrescenta elementos indispensáveis ao desenvolvimento da mesma.

A pesquisa também deixa clara a importância da brincadeira e dos jogos como facilitador do processo de interação entre as crianças e ainda age como um forte mecanismo de desenvolvimento da memória, linguagem, criatividade e diversas habilidades, cujos fatores desenvolvem a aprendizagem, sendo de ordem afetiva, física, cognitiva e social, demonstrando habilidades em diferentes aspectos importantes ao conhecimento e ao desenvolvimento.

Através das análises realizadas se reconhece a importância da afetividade no processo de aprendizagem cuja função é garantir a confiança e segurança necessárias para a construção do conhecimento e da compreensão do mundo a sua volta. Pode-se, ainda, dizer que para as professoras, a afetividade pode ser expressa através do diálogo, do respeito às ideias infantis e de seus conhecimentos prévios.

Então, um ambiente que propicie boas condições aliadas a estratégias lúdicas e afetivas, se consegue proporcionar momentos de pleno e rico

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desenvolvimento, satisfazendo as necessidades da criança que tem muita vontade de aprender, fazendo com que as mesmas se tornem buscadoras de aprendizagem.

Para finalizar, ressalta-se o importante papel que a educação infantil tem sobre a vida de uma criança, preocupando-se em desenvolver todas as suas capacidades, levando o mesmo a se envolver em todo o processo educacional.

 

REFERÊNCIAS

 

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