À UM VAGABUNDO
Por Paulo Roberto Giesteira | 28/05/2016 | PoesiasÀ UM VAGABUNDO
AUTOR: Paulo Roberto Giesteira
Nada para fazer,
Nada para falar.
Ou ao menos pouco se mexer,
Nada para ler,
Entreter.
Nestas infelizes horas que custam a passar.
Este mundo para mim significa pouco.
Já comi de tudo que havia para comer,
Já comprei alguns barulhos que tinham para arranjar.
Das asas de que tem uso atoa para descansado voar.
Já não fiz o que não tinha para fazer,
E depois dormi naquilo que tinha pra deitar,
Pelas marginalizações das ruas a que aprender,
Do de bom ou de ruim a que decorar.
Já perturbei aquilo que tinha para perturbar,
Que depois de tanta pachorra,
Parei com tudo aquilo por onde tinha ou havia para parar.
Sinais luminosos como semáforos a indicar ou a alertar.
Pelas rotineiras estancias dos terminais para se parar.
Pelos tratamentos ou entretenimentos pra se relaxar.
Nem pensar mesmo em trabalhar
Batentes para que algo possa lucrativamente render,
A se comprar, emprestar, alugar ou a se vender,
Ou a publicidades daquilo que serve para se promover,
Pra sobre propagandas se pronunciar.
Nunca vou mesmo me entregar,
Nem hoje e nem nunca.
Que da rotina irei em algum canto acomodar.
E deliberadamente descansar.
(Hoje é dia de são nunca)
Nas circunstâncias do debruçar nos suportes das escoras,
Pelas argolas dos instantes que as acomodações atiram algo incomum ou comum fora.
Meu quintal repleto de sujeira, detritos e matos estão incontrolavelmente a se alastrar,
Minha cabeça de tão cabeluda as lêndeas e as muriçocas estão pra se alojar.
Sobre a minha casa a cobertura do meu enorme telhado,
Que quando chove os buracos tendem a goteirar,
Mais chove dentro da minha casa que lá fora a encharcar.
Que para entrarm muitas valas, lagos e poças tenho que pular.
Falando em vazar a minha bica não para de pingar.
Escorrem líquidos que constroem valas para as lamas formar.
Não tem água potável limpa pra beber e nem para lavar,
Nem agua quente ou morna pra um bom banho tomar.
Ou a transbordar, pela minha poluída saliva que só serve para cuspir,
Da infidelidade de alguém que está por algo pra trair.
Naquilo que se tem pra se engolir, vomitar ou a engasgar,
Naquele momento que algo surge para se falar.
Por se tossir, espirrar ou a engasgar.
Por um possível resfriado de uma friagem que serve para se contaminar.
Do meu dinheiro escasso de nada chega a sobrar,
Por aquilo que dá pra comprar, a pedir ou a cobrar.
Resta fumar um dos meus cigarros que há,
Nas guimbas a aproveitar pra se tragar.
A quem pedir? Não há buracos nos bolsos para procurar,
A quem filar? Não há uma viva alma pelas ruas a passar.
Então vou pelo veneno psicotrópico que serve para nos drogar,
Bebidas nos bares a quem quer se embriagar.
No ficar doido por uma fresta pra se cambalear.
Para que com tudo se preocupar,
Não vou mesmo enlouquecer,
Resta descansar.
Não tenho, e nada procuro pra fazer,
Isentado daquilo que pode estar por acontecer.
Fazer o quê?
Logo vou escolher um canto pra deitar e em seguida adormecer.
Com a preocupação ou despreocupação de que nada tenho pra se resolver.
Resolver especificamente o quê?
De como tenho que me proceder se algo surge para fazer,
Ou atender se alguém chega a aparecer.
Não vou mesmo em nada se mexer,
Caso algo surja pra mim receber,
Vou por qualquer lugar me esconder.
Não tem nada mesmo para fazer.
Ou fazer pra quê?
Só se for pra dizer que esta pela hora de morrer.
Uma vez sujando, amanhã tem que alguém limpar,
De sujeira a voltar tudo novamente no dia posterior a ante higiene que for fincar.
Ou estabelecer.
Se surgir algum trabalho,
A mim podem esquecer.
Não tenho nada a fazer.
Fazer porque fazer.