A Teologia de Calvino.

Por Edjar Dias de Vasconcelos | 16/03/2013 | História

A Teologia de Calvino.

Segundo a Teologia calvinista, alguns homens nascem condenados ao eterno pecado, jamais terá a redenção divina. Certos homens estão condenados desde o útero, como se Deus vangloriasse com a desgraça humana. A destruição de homens a priori serviria a grandeza de Deus.

De acordo com Calvino, antes do princípio dos tempos Deus havia declarado que certas pessoas deveriam ser amaldiçoadas para sempre.

  De acordo com Calvino, se não houvesse alguém para ser punido, como Deus poderia mostrar que era misteriosamente vingativo.

Homens e mulheres escolhidos a priori para punição, do mesmo modo outros para a salvação, a questão de ter a alma salva, dependeria antes de tudo da escolha realizada por Deus. A riqueza era um dos sinais, ser rico significava ser escolhido por Deus.

No calvinismo é impossível não ser reprovado, isso é mais que evidente, mas resta o consolo para os escolhidos, os preferidos de Deus, a certeza que foram agraciados, os eleitos. Calvino considerava um escolhido por Deus.

Os rejeitados por Deus são antes de tudo produtos os quais fazem parte do julgamento inescrutável por parte de Deus, que demonstra sua gloria naqueles que serão condenados porque antes já foram amaldiçoados.

 O mundo era visto por Calvino, como hostil, seu criador um Deus glorioso e vingativo na sua crueldade, Lutero apesar de ter uma visão também rude a respeito de Deus, entretanto, jamais condenou ninguém a danação a priori.

Como poderia criar um Deus, cheio de ódio e crueldade, a terrível natureza de Deus, pelo menos em parte não se encontra nos cristãos primitivos e muito menos nas palavras do Jesus histórico quando sua prática bíblica resultava no desejo de salvar os pobres e os pecadores.

O próprio Jesus disse, estou no mundo para os pobres, os ricos não entrarão no reino dos céus. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, que um rico entrar nos reinos de Deus.

 Calvino pensa diferente de Cristo, a riqueza é um sinal da benção divina, isso significa que o mesmo não poderia estar referindo ao Deus bíblico.

De qualquer modo, seria necessária uma mente ideológica, a serviço dos princípios liberais do novo modelo de Estado, para abençoar as riquezas resultadas de relações capitalistas como se acumulação de bens fosse algo predestinado por Deus.

A mente de Calvino  vingativa e cheio de ódio, projeta a sua própria mentalidade psicológica como se fosse  realidade divina, Deus é a realização de sua ideologia, do seu modo de pensar e ser.

Os doutores da igreja sempre provocaram problemas antropomórficos inventados por eles, não sendo exegeticamente semelhantes à figura histórica de Jesus.  Agostinho por exemplo um ex-herege ficou desesperado com a teologia formulada por Pelágio.

O que ensinava Pelágio, ele pregava uma doutrina que o ser humano não precisaria da fé para conseguir a salvação da alma, o homem poderia chegar à salvação sem a graça divina. Essa ideia deixou muita gente com medo, ele foi considerado como herege.

Isso significa que homem poderá muito bem conseguir a sua salvação até mesmo não acreditando em Deus, que a graça de Deus era uma ideologia religiosa, a salvação de certo modo não veria de Deus.

Esse posicionamento levou Agostinho à loucura, tinha posições muito próximas as de Calvino, Deus era visto como um espírito onipotente. Agostinho levou a defesa do princípio do livre-arbitrio.

   O pecado é uma escolha humana. O homem é livre para escolher um dos dois caminhos.  Quem escolhe a condenação é o próprio homem.

Tanto o pensamento de Agostinho como também o de Calvino, não se sustentam nas palavras de Jesus, parece que ambos não conheciam Jesus Cristo epistemologicamente.

 Eles fundaram suas ideologias no pensamento de São Paulo, eram dogmáticos e defendiam preceitos da fé na perspectiva já referida, um Deus cruel e vingativo, o homem não tinha nenhum espaço para pensar o mundo livremente das ideologias religiosas da época.

São Paulo, apesar de um homem culto, ele desenvolveu seus ensinamentos não tanto fundamentados naquilo que Jesus ensinara.

 O pensamento de Agostinho e de Calvino, eles viram o pensamento a vida prática dos homens na concupiscência, o sexo e o prazer eram os grandes pecados condenatórios.

Tanto Agostinho como Calvino tinham mente pecaminosa, sofriam de desejo sexual, com o desejo era pecado, ao libertar de tal proposição pelo menos em parte, portanto, a abstinência sexual seria uma das fontes da salvação e da escolha por parte de Deus.

 O desejo das coisas do mundo significava sinal da fraqueza humana, e a mesma fonte de condenação. O pensamento calvinista com a teologia agostiniana sempre fez parte da essência de todas as Igrejas reformadas, ou seja, aquelas as surgiram com a reforma.

Calvino nunca teve nível intelectual elevado, mas foi atribuído como se fosse um grande intelectual o que de fato nunca foi e teve diversas posições bíblicas, que de fato nunca corresponderam as com as práticas de Jesus.

Calvino consegue estabelecer através da sua doutrina um silencioso reino de terror em genebra fundamentado numa possível fé em Jesus Cristo, a cidade cresceu economicamente sobre o domínio de um rígido controle moral e político, sustentado na ideologia calvinista.

A doutrina de Calvino era extremamente intolerante, os opositores eram perseguidos, muitos foram torturados Barbaramente ao ponto do grande historiador Edward Gibbon ter ficado assustado mais com a crueldade de Calvino que com a temível santa inquisição.

O mundo religioso já foi mais cruel em nome de Deus, que qualquer instituição ateia ao longo da história da humanidade.

 Podemos citar como exemplo o sadismo de Calvino a respeito do médico herege Michael Servetus em 1511-1553, um texto negando a divina trindade, o que foi defendido como certo por decreto elaborado pelo imperador Constantino.

O médico debateu com Calvino mostrando que ele  estava errado, sendo que Calvino  jurou morte ao próprio escritor, denunciando mais tarde a Santa Inquisição desse modo procedeu visando exatamente a condenação de Servetus, o medico conseguiu livrar-se do Vaticano, mas foi preso sobre o comando do terror de Calvino.

Torturado  e condenado a morte, antes de levá-lo a fogueira, pois Calvino na execução dos seus adversários usava os mesmos procedimentos da Inquisição mandava também queimar aqueles os quais julgava herege.  

Para finalizar disse o grande teólogo Karl Barth, que chama atenção para o espírito do calvinismo fazendo uma analogia, enquanto o espírito de qualquer Igreja seria naturalmente contra o movimento político nazista, o modelo de Genebra do calvinismo seria semelhante, nas palavras do teólogo em referência.

Edjar Dias de Vasconcelos.