A TECNOLOGIA EDUCATIVA E AS TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO ESCOLAR
Por Osmair Oliveira dos Santos | 08/12/2009 | TecnologiaAs transformações promovidas pelo uso da tecnologia em todos os campos do conhecimento é talvez a grande ferramenta que a escola está se apropriando para resgatar o entusiasmo e as expectativas dos que a busca. Atualmente é uma preocupação dotar as escolas de laboratórios de informática e outros equipamentos tecnológicos. O uso pedagógico da tecnologia na escola parece ser algo ainda um pouco distante das praticas educativas. Ao mesmo tempo em que a tecnologia está aí para modificar o espaço escolar, a transformação deverá começar pelo próprio professor que não foi preparado para lidar com esses recursos. É preciso investir em políticas públicas voltadas para a temática sob pena de a escola permanecer no tradicionalismo e fazer da tecnologia simples instrumento tecnológico onde os alunos, em muitos casos, operam melhor do que mesmo o professor. E este, por sua vez prefere não utilizá-lo simplesmente pelo temor de se deparar com algo que estar fora do seu tempo e do seu espaço.
1. INTRODUÇÃO: A sociedade, de uma forma geral, vem passando por grandes transformações em todos os campos: social, político, econômico e científico. O mundo globalizado exige cada vez mais o desvencilhar de novos paradigmas, que permitam às pessoas acompanhar a evolução, o desenvolvimento, o aperfeiçoamento ou mesmo, a criação de novas técnicas, proporcionando o bem-estar social. É inevitável negar que essas transformações passaram a alterar de forma considerável o modo de vida das pessoas e a suscitar um novo comportamento, tanto na forma de pensar e agir, assim como nas relações de trabalho e em todos os aspectos da vida humana (Lima, 2008).
A educação, ao tempo que tem o propósito de transformar as pessoas, a partir do novo jeito de pensar e agir não poderia deixar de se apropriar do que lhe é naturalmente oferecido para melhorar o desempenho dos que buscam constantemente o aprendizado. Da mesma forma, o professor precisa se apropriar das inovações tecnológicas disponíveis no seu campo de conhecimento para melhor transmitir o conhecimento aos seres em transformação intelectual, os alunos.
2. MATERIAIS E METODOS: Essa discussão parte da vivência em sala de aula no campo da docência, quando por várias vezes nos deparamos com situações de uso dos equipamentos tecnológicos na escola, em particular os laboratórios de informática. Embora, atualmente as instituições de ensino tenham se preocupado em dotar os seus espaços com equipamentos tecnológicos, os professores não estão preparados para usá-los pedagogicamente na sala de aula. Daí a inquietação em perceber que o aluno talvez, melhor tenha se inteirado da tecnologia do que mesmo o professor. Fato esse, evidenciado em entrevistas e conversações com esses atores no ambiente escolar.
3. RESULTADOS E DISCUSSÂO: À escola, instituição preparada para disseminar o conhecimento em todas as suas dimensões recai o dever e a missão de transformar o pensamento educativo em sua plenitude de acordo com a demanda estudantil, no seu universo de atendimento. Atualmente percebem-se as transformações ocorrendo na escola em todos os aspectos. É a instituição escolar que se molda para atender um público cada vez mais exigente e ansioso por tudo que se apresenta como novo. A tecnologia constitui uma destas particularidades inovadora que a escola busca, mesmo ainda timidamente, mais gradativamente vem tomando corpo e modificando o seu espaço.
Neste contexto, é oportuno lembrar que as transformações ocorridas no espaço escolar a partir dessa nova visão de atendimento à demanda estudantil frente à rapidez da inovação proporcionada pela inserção das novas tecnologias no mundo globalizado também ocorre no campo pedagógico, ou seja, como trabalhar com essa nova ferramenta, tirando proveito para melhorar o ensino aprendizagem dos alunos na sala de aula. Talvez, essa seja a principal transformação que vem ocorrendo no espaço escolar, uma vez que o corpo docente ainda não se apropriou totalmente desse campo de conhecimento.
3.1 As novas tecnologias no ambiente escolar: O que se percebe até então, salvo algumas situações isoladas, é o uso da tecnologia na escola, agora com seu espaço moldado com laboratórios de informática, sala de vídeos, data show, entre outros equipamentos sendo utilizados de forma desprovida de metodologias pedagógicas onde os alunos muitas vezes manuseiam tais instrumentos melhor do que o próprio professor. A apropriação da tecnologia pela escola, desprovido de modelos e concepções pedagógicas apropriadas, apesar de incorporarem características que os livros não possuem, fazem perdurar o velho ensino, a partir de uma nova versão tecnológica visualmente mais bonita e agradável, porém, política e pedagogicamente vazia.
Cabe ressaltar, sem qualquer apologia ao fracasso dessa nova forma de buscar ensinar com qualidade no espaço escolar, que a maioria das propostas de uso das tecnologias na educação ainda se apóia numa visão tradicionalista, na falta de nexo entre sujeito e objeto do conhecimento e, conseqüentemente, na fragmentação das práticas pedagógicas em sala de aula. Esse pormenor merece atenção especial frente às transformações do espaço escolar para essa nova tendência educacional, enquanto um conceito novo e superador. A simples inserção de tecnologias novas, na escola tal como, laboratórios de informática, entre outros tipos de mídias não garantem as condições básicas e fundamentais para a melhoria da qualidade do ensino e a transformação da própria identidade da educação brasileira e de suas escolas, se o professor não estiver preparado para lidar pedagogicamente com os mesmos.
É bem sabido que a tecnologia caracteriza-se como um agente de mudanças, de forma que a maioria das inovações tecnológicas pode resultar em uma mudança revolucionária de paradigma. À exemplo disso, a rede mundial de computadores – a Internet – é uma dessas inovações. Após influenciar a forma como as pessoas se comunicam e fazem negócios, a Internet também vem influenciando, significativamente, o modo como às pessoas aprendem. Conseqüentemente, a maior mudança deverá estar associada à forma como os recursos educacionais serão projetados, desenvolvidos, gerenciados e integrados para serem disponibilizados aos estudantes.
Neste sentido têm surgido muitas pesquisas relacionadas às novas formas de utilização das TICs como um suporte efetivo ao processo de ensino e aprendizagem, sobretudo em ambientes virtuais. Na última década do século XX a utilização desses recursos, mesmo que de forma primária, permitiu um acesso efetivo a conteúdos educacionais, a partir de qualquer lugar e a qualquer hora, consolidando em um primeiro momento, a aplicação, mesmo que embrionária, destas tecnologias aos processos educativos.
3.2 O professor e as novas tecnologias: Esses processos passam a requerer dos docentes um olhar mais atento, para compreender a amplitude do conceito de tecnologia e do espaço requerido por esta, o qual se apresenta como os apoios, às ferramentas que utilizamos para que os alunos aprendam (VIEIRA, 2003, p. 153). Evidencia-se que tal influência tem motivado já algum tempo o Governo Federal, que por meio do Ministério da Educação - MEC vem desenvolvendo vários projetos, a exemplo do Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), da Secretaria de Educação a Distância em parceria com Universidades e secretarias estaduais de educação, a fim de propiciar a formação de gestores e professores de escolas públicas para a incorporação da TICs. Iniciativas que demonstram a compreensão da importância do movimento pelo aumento da competência da escola frente a essa nova dinâmica que a arte de ensinar requer.
Alves (1998) ressalta que desde 1971, quando se inicia no Brasil os primeiros trabalhos com o emprego da informática voltada para a educação percebe-se a predominância básica de duas vertentes: a primeira caracteriza-se pelo ensino da informática na escola, com a proposta de ensinar aos alunos a utilização de aplicativos (Wordstar, Word, Lotus e Excel) visando a profissionalização. Esta tendência atrai a atenção dos pais que vêem a informática ocupando todos os espaços da sociedade, modificando as exigências do mercado de trabalho. A segunda vertente caracteriza-se pela informática no ensino, quando os softwares educacionais são inseridos no cotidiano da escola. É dentro desse contexto que começam a surgir propostas baseadas na utilização da linguagem de programação Logo, criada por Seymour Papert.
Dessa forma, o espaço escolar vem se transformando à medida que novos meios são inseridos no processo educacional, quer seja diante da pressão social que lhe é imposto ou como ferramenta pedagógica projetada conscientemente pela unidade educacional. Georgen (2001) afirma que atualmente o espaço torna-se irrelevante e o tempo se aniquila. No universo das tecnologias, particularmente na informática, as viagens acontecem à velocidade da luz e os espaços são atravessados sem tempo.
Parece ser consenso para Georgen que a distância entre o longe e o aqui se torna insignificante. Em outro momento chega a afirmar que a quase instantaneidade do tempo do software anuncia a desvalorização do espaço. Laeng (2002, p. 137) ao fazer considerações sobre a velocidade da transformação do espaço educacional a partir da inserção das novas tecnologias diz:
Se todas as partes do espaço podem ser alcançadas a qualquer momento, não há razão para alcançar qualquer uma delas num dado momento e nem tampouco razão para se preocupar em garantir o direito de acesso a qualquer uma delas. (Laeng. 2002, p. 137).
Frente ao óbvio, com certeza ainda não chegamos aos limites extremos da irrelevância do espaço e da aniquilação do tempo, mas pelo menos é isso que se coloca no horizonte da contemporaneidade e é esse o paradigma com o qual temos que começar a trabalhar para organizar o futuro da unidade escolar que ainda está presa aos conceitos expandidos de espaço e de tempo dos primórdios da modernidade.
Transformar o seu espaço para atender um público alvo específico, porém focada no seu dia-a-dia, utilizando-se dessa nova ferramenta de forma pedagógica e direcionando-a para o melhoramento do ensino-aprendizagem daqueles que a busca e que também está em processo de transformação e crescimento deverá ser o objetivo vislumbrado pela escola.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nos últimos dois séculos, uma das áreas do saber que menos cresceu foi a arte de ensinar (Meis et al., 1997), ou seja, a forma de se transmitir aos jovens o saber acumulado pela sociedade. Ao mesmo tempo, ampliou-se significativamente o volume de informações que se acrescentam ao saber universal. O professor precisa continuamente assimilar esses novos conceitos para atualizar-se em sua atividade docente.
São cada vez mais necessários especialistas capazes de decodificar conceitos básicos a partir da grande massa de informações disponíveis. Tais informações chegam a todos os momentos nos mais diversos espaços sociais, conseqüentemente a escola ainda não encontrou o caminho, ou a forma sobre como lidar com tais desafios. As novas tecnologias constituem um desses procedimentos a ser adotado como instrumento pedagógico na sala de aula.
A instituição escolar se vê diante de desafios que, por um lado, precisam ser enfrentados e, de outro, ainda atemorizam os profissionais no campo da docência, pela sua novidade e radicalidade. A instantaneidade do tempo e a flexibilidade do espaço opõem-se à morosidade e rigidez do tempo e do espaço escolar. Mas não se trata apenas de abrir mão dos procedimentos atuais da escola. Trata-se de encontrar caminhos diante dos novos desafios que incorporem transformações e preservem a especificidade do agir educativo.
A escola precisa ter consciência de sua enorme responsabilidade ao intervir e dispor do espaço e do tempo dos educandos. Intervir sobre o espaço/tempo, dando um sentido desejado pode influenciar o destino de pessoas e de povos inteiros. A tecnologia está, pois, a serviço da escola e do professor, oferecendo mais informações, de forma a possibilitar o seu desempenho na sala de aula. Faz-se necessário o preparo para lidar com esse novo paradigma educacional imposto, e cada vez mais agressivo. O que não pode, é distanciar a escola dessa realidade sem retorno. É o aprender aprendendo e o ensinar a ensinar se concretizando.
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