A Subjectividade como Fundamento da Objectividade para a Construção da Colectividade
Por David Lutango | 22/10/2019 | Sociedade1. INTRODUÇÃO
A subjectividade é um aspecto que merece ser discutido, uma vez que falar dela é falar do próprio homem, o que revela a importância e necessidade desta discussão. Ao mesmo tempo, ao falarmos da subjectividade, é normal que se fale também da objectividade, pois estes dois aspectos complementam-se e fundamentam a colectividade. Neste sentido, devido à importância da discussão, este artigo pretende apresentar a noção de subjectividade, como ela se relaciona com a objectividade e como estes dois aspectos possibilitam a construção da colectividade.
2. IDEIA DE SUBJECTIVIDADE
A ideia de subjectividade esteve sempre presente na história do pensamento, sobretudo no campo da Psicologia, onde é muito mais realçada. Pode-se afirmar que a subjectividade se assenta na personalidade humana, sendo conceituada como um conjunto de elementos intrínsecos ao homem. Ora, a subjectividade é tudo aquilo intrínseco ao homem; todas as capacidades que constituem o sujeito humano; seus pensamentos, suas ideias, suas experiências e tudo mais que o homem foi construindo durante seu desenvolvimento no mundo.
Observa-se assim que falar da subjectividade é falar do íntimo humano, das suas percepções de mundo e das suas experiências; aspectos que definem sua personalidade e consequentemente, sua subjectividade. Neste sentido, a subjectividade, como já se viu, sempre foi presente na história do pensamento, uma vez que o homem sempre foi motivo de discussões e reflexões nos diversos campos do conhecimento; e falar do homem é falar das suas aspirações, suas ideias, suas percepções de mundo e suas experiências, aspectos que constituem sua subjectividade.
3. SUBJECTIVIDADE E OBJECTIVIDADE
A subjectividade do sujeito é reflectida nas suas capacidades invisíveis; ou seja, em todos os aspectos intrínsecos a ele mesmo e que definem sua singularidade. Cada sujeito possui sua própria singularidade, o que nos torna diferentes um dos outros. Esta singularidade é o que define quem somos. Ora, a singularidade do homem justifica-se na manifestação dos seus elementos subjectivos; em outras palavras, o homem é único, diferente dos outros; e é através dos seus elementos subjectivos – ou invisíveis – que se revela a sua singularidade. O sujeito, por ser singular, possui opiniões, ideias, crenças e experiências diferentes em relação as dos outros ao ser redor; e estes aspectos que o tornam diferente dos outros é o que define sua subjectividade.
Por outro lado, existe também a objectividade. Pode-se conceituar a objectividade como o conjunto de elementos e fenómenos exteriores à subjectividade. Em outras palavras: a objectividade é constituída pelos aspectos do mundo, exteriores ao homem. Como exemplo, podemos mencionar a política, a igreja, a escola, a família e o meio onde o sujeito frequenta. Ora, enquanto que a subjectividade justifica-se nos elementos invisíveis do homem ou nas capacidades que o integram, a objectividade, por sua vez, justifica-se nos elementos visíveis que rodeiam o homem e que o influenciam em certa medida, como veremos no parágrafo seguinte.
4. RELAÇÃO ENTRE SUBJECTIVIDADE E OBJECTIVIDADE
A subjectividade é uma construção diária, um conjunto de elementos que são construídos à medida que o sujeito se desenvolve na sociedade. Neste sentido, o subjectivo do homem, por ser um processo de construção, é na maior parte do tempo influenciado pelos aspectos objectivos da sociedade. Pode-se dizer que a subjectividade do homem depende da objectividade do mundo ao seu redor, pois é através do mundo que o homem adquire conhecimentos e experiências; é através dos outros que o homem constrói suas crenças, seus ideais e adquire habilidades.
Ora, podemos ainda observar que os aspectos subjectivos do homem são, na verdade, captados no mundo ao seu redor e interiorizados nele, o que permite a construção do seu modo de pensar, da sua personalidade e consequentemente da sua subjectividade; o que nos leva a constatar que a subjectividade do homem é constituída por tudo aquilo que ele absorve da sociedade e que permitem sua singularidade em relação aos outros.
Pode-se também afirmar que embora a objectividade do mundo influencia a subjectividade do homem, ao mesmo tempo, a subjectividade do homem influencia a objectividade do mundo. Em outras palavras: o mundo influencia o sujeito e o sujeito – mediante aos seus elementos subjectivos – também influencia o mundo. Isto define o desenvolvimento humano. A construção do homem acontece mediante ao que ele transmite ao mundo e mediante ao que ele recebe do mundo, justificando uma troca de afetos entre o ser e a sociedade; ou ainda entre a subjectividade (o homem) e a objectividade (o mundo).
5. A CONSTRUÇÃO DA COLECTIVIDADE
A colectividade é construída através da relação sujeito-meio ou subjectividade-objectividade. Ora, os indivíduos são singulares e, por serem singulares, possuem diferentes percepções de mundo; essas percepções de mundo influenciam as outras pessoas ao seu redor. O mundo se desenvolve através daquilo que fazemos e falamos; a construção da subjectividade das pessoas ao nosso redor depende daquilo que dissemos e as fazemos sentir. Ao mesmo tempo, a construção da nossa subjectividade depende daquilo que as pessoas ao nosso redor nos dizem e nos fazem sentir; ou seja, nós somos influenciadores um dos outros.
Ora, esta troca de afetos é o que nos torna seres sociais. E esta sociabilidade é o que define a colectividade. Em outras palavras: a colectividade é construída através das trocas de afetos entre os indivíduos. A junção dos elementos subjectivos de cada um é o que possibilita a construção da colectividade. Podemos assim afirmar que a colectividade como um todo é fundamentada na subjectividade que os indivíduos trocam uns com os outros e no resultado desta troca que se materializa como objectividade. Logo, a troca dos elementos subjectivos dos homens e a objectividade que resulta desta troca é o que permite a construção e desenvolvimento da colectividade.
6. CONCLUSÃO
A subjectividade constitui-se então pelas capacidades invisíveis do homem. Logo, falar da subjectividade é falar do próprio homem. Esta subjectividade depende do outro para ser construída, ou seja, os elementos subjectivos do homem sofrem influências do mundo à sua volta, mundo este onde estão presentes elementos que constituem o objectivo. Neste sentido, o subjectivo relaciona-se com o objectivo; e esta relação justifica as trocas afetivas ou influências que os dois transmitem entre si, o que resulta na construção da colectividade.