A saúde mental vista na atenção primária a partir do estágio...

Por Themis Wyne Farias Cardoso | 20/06/2017 | Saúde

A saúde mental vista na atenção primária a partir do estágio supervisionado em Psicologia da Saúde no CSF – bairro Sumaré no município de Sobral - Ceará
    

Patricia Parente Patrocinio;
 Themis Wyne Farias Cardoso;
 Samara Alves.
  

INTRODUÇÃO

O presente artigo visa discutir algumas questões sobre a saúde mental na Atenção primária, levando em consideração as experiências vivenciadas nos Estágios Supervisionados em Psicologia da Saúde I e II, que foi e está sendo realizado no NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família em dois territórios, Centro de Saúde da Família Sumaré e Coelce da cidade de Sobral, Ceará, como também buscando referências bibliográficas para aprofundamento do assunto.
O estágio tem sido bom para a minha formação acadêmica enquanto estudante de Psicologia, pois estou podendo vivenciar a realidade de uma população mais vulnerável, como também poder intervir junto dela, principalmente quem sofre de algum transtorno psíquico.
A APS tem como um de seus elementos proporcionar o primeiro acesso das pessoas ao sistema de saúde, formando um conjunto de ações de saúde, na perspectiva individual e coletiva, abrangendo a promoção e prevenção de saúde, incluindo o público que demanda um cuidado em saúde mental. O trabalho é desenvolvido em um território geograficamente conhecido pelos profissionais de saúde havendo uma proximidade para a facilitação de conhecer a história de vida das pessoas e seus vínculos com a comunidade em que habitam.
O cuidado com pacientes em situação de sofrimento psíquico na APS deve ser muito bem planejado, tendo em vista o fácil acesso das equipes de saúde com os usuários. Vale ressaltar também que devem haver sempre encontros semanais, como atendimentos, grupos e atividades, para a produção de saúde dessas pessoas, exercendo uma boa comunicação, escutando o que o usuário precisa dizer e acolhendo-o com suas queixas emocionais.
O artigo também trará uma discussão sobre Apoio Matricial, que orienta o trabalho do NASF. O matriciamento é uma estratégia de organização do trabalho em saúde que acontece a partir da integração de equipes de saúde da família envolvidos na atenção, em que os casos comuns de certo território são discutidos, no qual pude vivenciar alguns desses momentos durante o estágio. 

⦁    NASF e Apoio Matricial
O NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) é uma equipe com profissionais de diferentes áreas de conhecimento e atua com os profissionais das equipes de saúde da família, compartilhando e apoiando as práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das equipes de Atenção primária. Tal composição deve ser definida pelos próprios gestores municipais e as equipes de APS, por meio dos critérios de prioridades identificadas a partir das necessidades locais e da disponibilidade de profissionais de cada uma das diferentes ocupações. De maneira mais informativa, NASF é formado por equipes multiprofissionais compostas por especialistas de profissões distintas visando atuar de forma integrada e apoiando os profissionais das equipes de Saúde da Família e das equipes da APS para populações específicas, buscando a resolução de problemas clínicos e sanitários, sempre trazendo a importância da singularidade. A equipe do NASF faz visitas domiciliares, com a finalidade de conhecer o território e compreender melhor o estilo de vida do paciente; os atendimentos são feitos individualmente ou em grupo; são realizadas rodas de conversa; facilitam e participam de grupos na unidade; realizam acolhimento e mensalmente ocorre o matriciamento com a presença do psiquiatra.
O trabalho do NASF tem orientação do apoio matricial, que é uma estratégia de organização do trabalho em saúde que acontece a partir da integração de equipes de saúde da família envolvidas na atenção, em que os casos comuns de certo território são discutidos. Essa integração deve se dar a partir das dificuldades que são encontradas diante das demandas e necessidades de saúde, buscando contribuir para o aumento da capacidade de cuidado das equipes apoiadas. O objetivo do matriciamento é compartilhar os problemas, onde é feita a troca de saberes e práticas entre os diferentes profissionais e a articulação acordada de intervenções. O NASF sendo apoio, deveria conduzir o matriciamentro entre si, juntamente com a equipe da unidade, mas presenciei algumas vezes em que o psiquiatra não pôde estar presente, e assim não houve o processo. 


 O NASF se instala nos CSF’s (Centro de Saúde da Família) e tem como foco principal o território de sua responsabilidade, hoje há 6 equipes instaladas em territórios diferentes em Sobral.

De acordo com minha experiência, a função do psicólogo no NASF é atender às demandas que chegam até ele fazendo atendimento individual e manter o acompanhamento psicológico visando o bem estar do paciente, como ocorre na unidade que estou estagiando, mas quando o caso é mais específico, o paciente é encaminhado. Não só o atendimento individual, mas também facilitar grupos, como de saúde mental, realizar visitas domiciliares para se aproximar do paciente e ter um conhecimento mais aprofundado da sua realidade, o modo de viver, e o atendimento que é realizado em equipe por outros profissionais de diferentes áreas, pensando sempre na produção de saúde do usuário. O psicólogo também participa de campanhas que são feitas na comunidade, falando sobre doenças como dengue, zika e chikungunya.
 As principais demandas para a psicologia no território que estou atuando são pacientes que sofrem de depressão e ansiedade, tem vários casos.
 As reuniões de equipe ou rodas ocorrem na unidade com a participação da maioria dos profissionais com a finalidade de trocarem informações a respeito dos casos atendidos no Centro de Saúde da Família, como também para elaborarem planos de atividades para o mês, como campanhas e grupos, e desenvolverem roteiros e divisão dessas atividades para cada profissional. Essa comunicação é bem relevante e indispensável, que deve ocorrer sempre que um profissional passar um caso para o próximo, semanalmente, para manter o outro informado em relação à evolução do paciente, mas noto que acontece poucas vezes na unidade. 

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