A Saga Val Divino e a Fábula dos 10 Touros
Por Paulo Rabelo Guimaraes Machado Diniz | 08/06/2012 | CrônicasA Saga Val Divino e a Fábula dos 10 Touros*
*Fábula dos 10 touros: escrita pelo mestre zen Kaku-as Shi-en, que viveu na China à época da Dinastia Sung (960-1279)
“Meu sentimento, apesar de ser meu, é difícil de controlar”. “Porém, passando por dez estágios treinando um coração de touro, consegui domá-lo”. Compêndio de cânticos divinos feitos pelo Grão-Mestre Sukuinushi Sama, pag. 164.
1 – Todos se dirigiam a ele como Nenê. Ele - o primogênito sempre a brincar com palitos de fósforo enviados nas frutas no quintal da fazenda. No seio familiar na fazenda Tamboril – uma auto-estrada* para a formação de seu caráter – a sua jornada começa. Mas assim que passa a puberdade acha-se perdido e sem rumo. Anseia-se logo em ser o Valdivino, mas insistem em chamá-lo por Nenê. Seu coração como um touro selvagem leva-o a ser agressivo até com as irmãs. Ele próprio assusta consigo mesmo. Com rampantes de nervosismo sente-se desorientado, perdido sem saber onde colocar sua vontade. Na procura do Touro – seu sentimento - sai da fazenda Tambaril a pedido do pai para a fazenda Brejo, um grande planalto de veredas para aplacar seu fogo (1). Deixa para trás o conforto familiar, as terras de cultura para abrir capoeira no desconhecido (2). É a procura do seu sentimento? Difícil saber nesta fase o que realmente quer por causa do coração indomável como touro. Já sonhava alto com certeza, mas ninguém soube naquela época quais foram os seus sonhos. Sonho** só interessa mesmo àqueles que sonham;
*Uma boa criação, por si só, não define se um filho vai seguir a retidão pela vida. Mas pelo menos ele é colocado como em uma auto-estrada para começar sua jornada – não numa picada qualquer no meio da mata, veja a referência paterna no a*;
**Sonhe grande, pois “pensar pequeno e pensar grande dá o mesmo trabalho. Mas pensar grande te liberta dos detalhes insignificantes.” Jorge Paulo Lemann, o Barão de Mauá de nosso tempo; foi um dos pioneiros na internacionalização das empresas brasileiras. Trouxe do Goldman Saches a meritocracia e o sistema partnership, de Sam Walton do Wal-Mart, de quem ficou amigo, trouxe a frugalidade, de Jack Welch da General Eletric as idéias de gestão, do seu admirável Waren Buffet a tranqüilidade de negociar e investir. Com uma cultura forjada nestes princípios comprou uma Corretora e depois a transformou no Banco Garantia, mas devido à crise Asiática vendeu para o Credit Suisse, o banco onde fez estágio 36 anos antes. Funda um private equity GP Investimentos e com ele adquiriu mais de trinta empresas, da ALL ao Submarino. Com a Imbev (fusão da Ambev com a belga Interbrew) tornou-se dono do maior grupo cervejeiro mundial e engoliu a segunda maior, a Anheuser americana, hoje tem o colossal 25% do mercado mundial de cervejas. Comprou ALL e depois parte da ferrovia norte-americana CSX e sonha controlá-la no futuro. Adquiriu Bunger King, a maior rede de café americana.
2 – Chega à fazenda Brejo do seu avô João Machado, vê a pegada do touro, é como ter uma noção do seu sentimento. Espera capturá-lo, mas a capoeira é braba, além do brejo que se atola*. Sabe-se ser necessário esforçar-se bastante. Reconhece a existência do sentimento, mas a mata é grande como é grande a dúvida. O touro deve estar longe como deve estar longe o controle do sentimento;
*”Enfrentar muitas dificuldades aperfeiçoa o ser; não enfrentá-las o arruína” Lao Tsé “O futuro é um carro sem motorista em alta velocidade... Não seja apenas um passageiro.”Frank “O mais importante na vida não é a situação onde estamos, mas a direção para a qual nos movemos.” O.Holmes “Se você acredita que pode, ou se acredita que não pode, você está certo do mesmo jeito.” Henry Ford
3 – Consegue visualizar o touro, mas vê apenas o rabo dele. O touro some na capoeira. Visualizar o seu sentimento já é um progresso, pois aumenta a esperança. Considera estar-se progredindo no conhecimento de seu ser, de suas potencialidades. Ouve uma piada de escárnio sobre os preguiçosos do serviço público: “quando se vê ao longe um vulto e não se sabe se é o touro que campeia. Fixa bem o teu olhar, se o vulto mexer é o boi que campeia, mas se não mexer é funcionário do DNER”. Decide não abrir brecha para preguiça. Afinal, “ninguém sabe, ao certo, onde termina o cansaço e começa a preguiça.” Sempre surge força extra da fonte da vida àqueles que se esforcem e também não se esqueça “de perfurar o poço antes de ficar com sede” como disse Harvey Mackay. Neste estágio de desenvolvimento ouve-se o lamento do touro. Percebe-se, então, um sentido para a vida, mas não está completo. Falta alcançar a totalidade. O eco na montanha ao longe o confunde, assim não consegue ver com clareza o sentimento, pois desaparece na penumbra, nas trevas do turvamento. Por isso, o touro desaparece novamente na capoeira, ou seja, a vida necessita de trabalho duro, nada é fácil. Para crescer havia que arriscar. Se cair do sexto ou do décimo andar morre do mesmo jeito, então, melhor arriscar alto. De Elmiro de Morais ouviu uma dica importante: “No mundo dos negócios não pode haver o medo de que não dar certo”. “Sempre é possível a gente se recuperar de falência econômica, mas nunca da falência moral”. A referência de uma vida ilibada do pai funcionava como um guia para não cair nesta falência moral citada. Então, pode, sem medo, seguir fazendo bons negócios e expandindo o patrimônio. Já é respeitado e chamam-no, agora, de Valdivino.
“Perdemos muito por medo de tentar” J.N.Muffitt “Quem decide pode errar. Quem não decide, já errou.” Herbert Von Karajan
“Se você não está cometendo erros, você não está assumindo riscos, e isso significa que você não está indo a lugar algum.” John W.Hatt Jr “O homem que não comete erros, geralmente não faz nada.” Edward John Pholps “Aquele que tentou e não conseguiu é superior àquele que nada tentou.” Bud Wilkison “Por que repetir os erros antigos quando há tantos erros novos a cometer? Bernard Russel “O único homem que não comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro” Rossevelt “Não sabendo que era impossível ele foi lá e fez.” Jean Costeou
4 – Com a procura insistente apreende o touro e coloca argola no focinho dele, ou seja, há grande progresso no controle do sentimento. Mas o touro é bravo, se titubear ele pode escapar como pode ainda perder o controle das emoções. A argola no focinho por si só não garante a doma. Necessita de um condicionamento constante, ou seja, se dispor a uma vigilância permanente do sentimento terá autocontrole. Clama pela austeridade disciplinar, pois sabia que seu oposto: a desorganização, a ilegalidade, a divisão não o levaria a lugar nenhum. Valdivino não veio de uma trilha qualquer e sim de uma auto-estrada, pavimentada com disciplina desde a sua tenra idade na fazenda Tamboril e depois pôde ainda treinar no tiro de guerra. Era ele um exímio em disciplina e à medida que se conhece doma o que era indomável – o seu coração. Valdivino um exímio em disciplina. Com ela expande cada vez mais os negócios agropastoris e diversifica-se para outros segmentos. Um teste de aceitação na comunidade foi candidatar-se a vereador depois da insistência do líder político Afrânio Rosa e com ajuda desde foi eleito sem, praticamente, fazer campanha. Aumenta cada vez mais a confiança em si mesmo. Sente neste estágio que já era tempo de passar uma no sogro - Dr. Ângelo Solis*. Quando este esgrimiu com sacarmos: “não sou homem de pegar em teta de vaga”. Valdivino sabia que o sogro o considerava muito matuto e absorveu este comentário como uma provocação. Ele dependia das tetas das vacas para ter renda e dos bois para fazer fortuna, enquanto o sogro só alugava as terras e pesquisava onde poderia encontrar minério ou pedras preciosas. A oportunidade então, finalmente chegou e foi numa visita inesperado do sogro à sua fazenda sede. O sogro vendo aquela movimentação toda exclamou: “_que movimentão é este Valdivino?” O sogro viu tanto gado que estes tinham que ficar esperando vagas na porta dos enormes currais. Maquinários modernos de todo tipo, técnicos do governo e de universidades estavam lá avaliando testes de novas variedades de milho. Valdivino respondeu prontamente, pois esperava décadas por este momento para devolver a provocação de outrora à altura: “_ Pois é doutor não sou homem de ficar carregando lupa em capanga e muitos menos de quebrar pedra com martelo nos morros por aí”. O sogro por sua vez, jamais soube que seu inocente comentário foi encarado como uma provocação e impulsionado o desenvolvimento material do genro. Não é só a concorrência que faz impulsionar o desenvolvimento material. Até o pisar no calo, ou ferir o orgulho com uma humilhação qualquer pode tirar o sujeito da mesmice, da inércia e fazê-lo avançar numa glória materialista qualquer. Bem Hur do drama épico bíblico, por vingança fez muitas boas ações. Só não esqueça eleitor das conseqüências depois da curva: um acidente, um enfarto fulminante ou qualquer outra fatalidade interrompe a rota antes do fim. O melhor mesmo é não se impressionar e sustentavelmente desenvolver-se em todos os aspectos da vida, pois mesmo a gente não querendo morrer, para usufruir das conquistas, morre. Portanto, a palavra final não é da mente. Se não é, há de convir que haja algo mais. Pergunta-se então: qual deva ser a seqüência de importância no desenvolvimento consciente? O espírito, a mente ou o corpo? Deus, antepassado ou eu? Pai, filhos ou netos? O Pai, o Filho, ou o Espírito Santo? Servir a Deus, estudar ou trabalhar? A felicidade pode estar nas escolhas dessas prioridades.
*Ângelo Solis, pioneiro geólogo da região e o descobridor das jazidas de zinco de Vazante. Era chamado de doutor pela aptidão de receitas garrafadas com princípios ativos de plantas da região, oficio que aprendeu com os índios na sua saga jornada iniciada no Chile, passando por U. S. para apreender o oficio de geólogo. Com as garrafadas conquistou donzela para casamento. O princípio ativo devia estar bem diluído, pois a empreitada levou dias. A conquista é uma fase muito boa para se apressar. Mas se não fosse João Machado, também benfeitor de suas garrafadas, ele não teria êxito em ter as mãos da donzela, já bem saudável, pois havia muita desconfiança de forasteiro sem profissão conhecida. Justificar-se neste ofício por tanto tempo até descobrir o zinco exigiu muita perseverança. “É com o coração que se vê corretamente; o essencial é invisível aos olhos.” A raposa para o pequeno príncipe, Exupéry “Assim que você pensar que sabe como são realmente as coisas, descubra outra maneira de olhar para elas.” Sociedade dos Poetas Mortos “Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a Lua toda Brilha, porque alta vive.” Fernando Pessoa “O que importa não é a vitória, mas o esforço, não é o talento, mas vontade, não é quem você é, mas quem você quer ser”. Propaganda da Reebok “O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas”. José Saramago “Se você quer ser bem sucedido, precisa dar o melhor de si.” Ayrton Senna “Se você acredita que pode, ou se acredita que não pode, você está certo.” Henry Ford
5 – Neste estágio Valdivino consegue domar o touro. Chega puxando até a porta o antes selvagem touro. Mas às vezes o danado empaca e não adianta, pois o touro é mais forte que ele e não é mesmo possível puxá-lo. Descobre não ter poder de mando de si mesmo, pois como o boi o sentimento também empaca, às vezes na angústia, no rancor, na raiva, na idéia fixa, no desânimo. Neste seu limite de força entende que há algo mais. Reconhece a existência do turvamento espiritual. Só de reconhecer, acredita já tem metade da solução. Mas como se purificar? Quais são os requisitos para avançar na espiral da vida? Mesmo sem resposta decide testar sua assertividade numa aventura maior e entra como candidato a prefeito. Sua ascensão é rápida. De prefeito à presidente da AMINOR. Nesta última recebe a totalidade dos votos, exceto o seu próprio, pois votou em político que tinha curso superior. Considerava na oportunidade que prefeito graduado teria mais preparo para a direção da associação dos prefeitos daquela região. Não pôde ver os dois mandatários máximos da Nação, Lula e José de Alencar*, chegarem lá sem graduação alguma. Nem poderia imaginar um neto de africano bem graduado, mandatário da hegemônica potência no mundo, dizer: “este é o cara vez” ao Lula que recebeu dois doutore honores causa pelas Universidades de Bruxelas e da Federal da Bahia. A inteligência e o bom senso agradecem. Mas Valdivino ainda vivia num mundo em que nem se sequer as pessoas conseguem ver como bênção a sorte do outro. O que poderia esperar do rancor de um inimigo em desobediência civil sendo punido pela sua autoridade? A esse e a todos shaden freude** sobra apenas a opção do crime para derrubar, da calúnia e da difamação para diminuir ou a simples torcida de ver desastre alheio. O inimigo achava que poderia escapar da Justiça sem muita dificuldade, pois não havia fórum no município. A bala que usou não tinha pólvora e era gigante – um chipe Willians***. Entrou, arrancou, acelerou e BUMM. Depois de derrubar arrastou-o ainda por mais de10 metros. O sangue vermelho rubro daquele impetuoso Machado Guimarães marcou o asfalto construído pelo seu antecessor – o primo Hélio Guimarães. O inimigo não tinha mesmo piedade cristã, pois foi derrubá-lo no caminho para a missa natalina em rua à frente da igreja matriz. Uma vontade inspiradora de fumar, mesmo estando na UTI o salvou, pois assim que tragou a fumaça começou a vomitar coágulos de sangue noite adentro e aquele inchaço desmesurado desapareceu na manhã seguinte. Sobreviver não foi a sua maior prova em vida, perdoar sim: oferecer a outra face como manda as escrituras parecia mesmo era uma loucura desvairada. Mas sabia por São Francisco que: oferecer outra face oprime o agressor e se te tomarem o manto dá-lhe a túnica desnuda o agressor e investe o poder. Sentia-se reprovado neste teste, pois não conseguia colocar isto em sua vida neste momento, era demasiado para ele neste seu estágio de desenvolvimento. Tinha esperança, pois “a qualidade da esperança é uma determinação heróica da alma” e “a sua mais elevada forma é o desespero superado”. Como superar? Recorre às palavras do papa Paulo VI: “nos dias de hoje somos chamados a ter fogo no coração, palavras nos lábios e profecia no olhar”. No sofrimento e na busca por resposta, sem perceber torna-se Val Divino. A prefeitura é assumida pelo vice, Antonio João Guimarães. Apesar de Antonio Valeriano Correa já ter se autonomeado titular em Assembléia da Câmera onde presidia, acreditando no possível impedimento do primeiro por dupla função. Mas sem titubear o primeiro se arranchou com o Juiz na comarca de Paracatu, chegou e desonerou o efêmero titular e ainda se beneficiou de carro novo importado, pois o anterior, apesar de apenas dias na pasta conseguiu tempo de pelo menos trocar o veículo singelo de outrora por um bem luxuoso.
* José de Alencar, homem de origem simples, alcançou com seus empreendimentos 2 bilhões de faturamento anual, comandando uma equipe de 160 mil funcionários. Declarou seu orgulho de ser Vice do representante do trabalho, pois o trabalho, historicamente, veio antes do capital. Virou um ícone com sua coragem e luta contra o câncer. ** shauden freude: termo alemão que descreve o nada louvável sentimento de recozijo pelo infortúnio alheio. ***Carro é a arma mais mortal, 600 mortes por dia de acidentes automobilísticos. É três vezes o número de mortes da Guerra do Iraq. “É preciso apontar para o alto e tentar chegar longe. E é preciso ter critério e coragem (...).” Gabriel Garcia Marques “A maior parte das coisas consideradas ruins se tornará boa. Isto será possível compreender após receber a Arte da Purificação”. Cântico Divino pág. 159 “O novo ou está nos olhos de quem vê ou transforma o olhar de quem observa.” A. Watson “Se tiverdes o pensamento superficial de julgar que isto é bom e isto é mau, sereis facilmente pertubados, como um lago pouco profundo que é agitado pelas ondas ao menor sopro”. Cântico Divino pág. 161 “Algo é impossível até que alguém duvida e acaba provando o contrário”. Albert Einstein “Se pensardes que a doença é ruim, que a infelicidade é ruim, é porque vós vos esqueceis do processo de limpeza providenciado pelo Grande Amor de Deus”. Cântico Divino pág.161 “Ver diferente é a condição necessária para continuar a ver” Gaston Bachalard “Sabei que a cada vez que eliminardes o carma, estareis sendo purificados. Eis a chave para acumular Saúde, Harmonia e Prosperidade indestrutíveis”. Cântico Divino pág.161
6 - Neste estágio aparece glorioso montado no Touro tocando violão. A doma do touro consumada, ou seja, o controle do seu coração está completo. O sentimento está livre. A acolhida das pessoas na mesma igreja que tentou ir e foi derrubado, é tão triunfante que as dores se apagaram apesar das cicatrizes apavorarem os curiosos. Uma multidão o esperava em gratidão por voltar com vida da capital. Val Divino para eles, naquele momento, era como o mito da ave fênix que das cinzas levanta vôo. Sente-se realizado. Mas sabe que ainda tem que ser vigilante. Não pode abrir brecha. A austeridade disciplinar há de segurar a perturbação espiritual, pois sabia que todo homem tem turvamento e isto o torna vulnerável às influências do invisível. Sobre este assunto pensava: “deve haver alguns inquilinos nestes meus vazios que interfere nas minhas vontades, pois só isto explica certos instintos primitivos que ainda afloram no meu ser”. “Resta para mim então, apenas a clemência dos céus”. Entregava-se ao Criador, mas pensava: “não posso titubear, a vida, o sentimento é um andar em corda bamba e o touro pode ainda empacar e terei dificuldade sair do lugar e evoluir”. Decide então, recolher-se e assina a abdicação e passa a Antônio João Guimarães, seu vice - o pleito por terminar. Não interessa mais por política, não é pela política em si, mas pelos parceiros, pois dizem que em guerra e eleição não se escolhe aliado e estes últimos depois da pose vivem pedindo audiência para pedir cargo para esse ou aquele. Até parecem mariposas de verão na luz do lampião. Com a vida mais tranqüila pensa em cuidar das coisas mais importantes dentre as importantes. Mas o desejo de vingança ainda ronda de vez em quando e o trava. Há aqueles que incentivam a revanche, mas graça ao equilíbrio herdado do pai não se deixa influenciar. Vence a si próprio e se satisfaz. Ganha um prêmio, um bônus – é o sentimento livre. Em suas reflexões e indagações, se perguntava: “será que a quase morte foi uma expiação do turvamento espiritual que outrora reconhecera existir?”; 7 – Neste estágio aparece ao lado de outra pessoa e está apenas com o laço na mão, sem o touro a vista. Está livre de tudo. Não precisa mais preocupar em se segurar. Significa esquecimento das lutas. Nem se preocupa com o sentimento ora quieto ou ora irrequieto. Nesta fase retira todos os apegos. Deixa de ser materialista. Torna-se mais amoroso. Tudo que faz é uma permissão por poder fazê-lo. Alcança o primeiro nível de satori *. As pessoas que estão próximas servem para ajudá-lo a desenvolver-se cada vez mais na espiritualidade. Está próximo de alcançar a plenitude. Acha até que consegue perdoar o carrasco, pois cruzou com ele na rua em frente ao Banco Mercantil e se conteve, pensou: “se até Getúlio Vargas perdoou àqueles que o fez suicidar, eu também poderei perdoar. Seu filho Geovane estava com ele no carro e pôde comprovar sua contenção, apesar de ter arma de fogo no porta-luvas. Mas a sua amada Chiquita não mais estava do seu lado para compartilhar a glória do perdão. Aproveita para aproximar mais e mais dos filhos. É freqüente sua estada na capital mineira. Anseia por ser um pai presente. Pensa pouco sobre o que as pessoas vêem. Neste estágio, eleitor, há o risco de nem pensar em relação às outras pessoas. Só interessa é a aceitação de Deus. E isto pode levar a pessoa a uma vida monástica ou contemplativa como um eremita nas montanhas. É por isso que a imagem desta fase representa duas pessoas lado a lado. É para frisar que o isolamento não pode acontecer; * satori: despertar espiritual. Acontece em três estágios. No primeiro é compreensão, entendimento pela palavra. Está no nível do intelecto. O segundo é ver o outro lado da margem e desejar atravessar sem medo. É libertar-se do egocentrismo. E o terceiro e último estágio é quando se consegue a permissão de, realmente, aproximar de Deus. Ouve a mudança completa na atitude interna. Quem alcançou esta permissão na vida não consegue mais ficar parado, faz-se muito e espera-se pouco e não se contenta apenas em ter amor altruísta. Busca-se o amor humanitário.
8 - Nesta fase surge um simples círculo vazio. Não tem mais o eu, o ego. Tudo existe dentro do nada. É um espiritualista genuíno. Pensa em Deus e no próximo. Está vazio, sem anseio, sem preocupação, sem apego, sem ego e sem ansiedade. Sabe que quanto mais se esvaziar mais Deus encherá o conteúdo vazio de graça e júbilo. Está de braços dados com Deus. Sua vida é uma oração. Tem o verdadeiro satori. As pessoas que chegam neste estado de sônen (atitude interna, ou seja, quando já fazem sem pensar) são blindadas contra todo e qualquer tipo shaden freude que ainda vivem por aí. Estes tipos shaden freude sofrem quase que imediatamente. O que deseja de mal volta a eles, pois se a vibração encontrar no destino um ser blindado ela volta. A vibração nunca desaparece. O mal lançado vai circular a terra e voltar para si pelo princípio do eco. Pode dizer que nesta fase está pronto para a viagem de “quando setembro chegar *” como fez o seu prezado avô aos 86 anos. É uma pena e muito triste passar por este mundo sem chegar na serenidade da velhice.
* última crônica do livro “Canta, Conta, Ri e Espanta” de Terezinha Machado Guimarães Caixeta, sua irmã.
9 – Voltando à origem, à grande teia da vida. As coisas não têm explicação como os humanos desejam, não é mundo de retórica. Não em marketing pessoal, pois não tem sequer a si mesmo na imagem. Só o bem pleno interessa. A imagem da natureza com montanhas, árvores é a melhor manifestação de Deus. Por isso está totalmente integrado a ela. O laço que lembra o touro também não possui mais. Tem total segurança com o seu sentimento. Nem precisa pensar sobre ele. Tem a certeza de ser amado por Deus. O amor das pessoas apenas se soma a este que tem por Deus. É pleno deste amor. Chega a sonhar com Deus. O princípio da harmonia e do equilíbrio impera. Cada dia é uma renascer como filho de Deus. Somente deseja ser útil a Ele e ao ser plano. Tem visão espiritual. As coisas acontecem tão suavemente que parece ter ele visão do futuro. Mas não! Está inexoravelmente preso no espaço e no tempo. No entanto, é tão integrado no agora que parece que estas entidades do espaço e tempo estão com ele ou elas com ele. A vida flui sem descompasso, sem flagelo algum, pois antes de qualquer incidente vira a mesa e torna dono da situação novamente. Sabe que qualquer coisa de ruim na vida é um sinal de melhora. Não se agita como um poço pouco profundo com um menor sopro. Não se alegra nem se entristece é sereno em todas as circunstâncias. Não há necessidade de impor nem persuadir as pessoas o seguem naturalmente. Por isso, necessário se faz descer das montanhas e servir. Testar o seu amor humanitário no meio da multidão. Não basta sê-lo como eremita.
Nesta etapa da Grande Mudança no Plano Divino, é necessário dar testemunho de que Deus é Luz, fazer os homens compreenderem a existência dos espíritos, solucionar a perturbação espiritual e deixar pessoas-sementes para a próxima civilização, pois está se vivendo na época do fim do mundo materialista para entrar no mundo paradisíaco com toda a tecnologia desenvolvida até então e um pouco mais. Este pouco mais fará toda a diferença, pois o homem poderá dominar o tempo e viajar por esta linha sinuosa. Como o homem não tem a ética necessária para dominar tal teoria Deus não está permitindo este avanço pelo terceiro fogo, muito menos para o quarto e quinto fogo. Necessário se faz a Grande Limpeza dos “fins dos tempos”.
10 – Desce da montanha, não adianta iluminar-se e ficar na montanha. Precisa descer para salvar o próximo. Neste estágio expande-se para o amor humanitário. Flameja no desejo de levar felicidade aos outros. Precisa mais do que nunca ser rigoroso consigo mesmo e maleável com os outros. Neste estágio pode salvar o semelhante sem nem precisar falar. Só o seu exemplo e sua vibração muda a pessoa que está próxima. Os ventos, as chuvas, os raios, os trovões, as águas nas enchentes o atendem, alem dos animais é claro. O que ele fala acontece. Nem sabe se é Deus ou homem, homem ou Deus. É um bem aventurado.
Desde a criação dos Céus e da Terra, Deus movimento sol, a Lua e a Terra com precisão, a fim de que não ocorra nenhum desajuste nesse movimento. O trabalho divino deste mecanismo de movimento existe nos três mundos: divino, astral e físico. Por essa razão, nem o ser humano vive por si só; ele é mentido vivo. Se Deus não colocasse Sua mão, tanto os Céus e a Terra como o mundo dos homens e dos demais seres vivos acabariam caóticos, sem ordem. A mão de Deus – leis divinas – existe nos mundos divino, astral e físico e os movimenta de modo interligado. Nosso treinamento consiste em direcionar nosso sonen para nos submetermos a essas leis. Quando mudamos o sonen, nossas células espirituais se purificam e passamos a harmonizar nossas vibrações com as de Deus. Aceitando plenamente a Vontade Divina, seja nos empreendimentos seja nos negócios, as pessoas à nossa volta passam a ter uma postura de aceitação e realizam o trabalho; assim, nossas atividades começam a se desenvolver sem empecilhos. A questão é harmonizar elementos de características antagônicas para elevar o nível e melhorar. Gera força verdadeira. Esse não é um universo de teorias e argumentações. É um universo da força espiritual das palavras.
Para ver as dez figuras, consulte: http://caminhodo.blogspot.com.br/2012/12/o-pastoreio-do-touro_27.html A História dos Dez Touros A História dos Dez Touros é, na tradição do zen-budismo, uma série de poemas curtos e xilogravuras de acompanhamento que se destinam a ilustrar as fases de progressão de um praticante budista em relação à iluminação, bem como a sua posterior perfeição da sabedoria. O pastoreio do touro
O Pastoreio do Touro, sequência em dez quadros de autoria do mestre zen Kaku-as Shi-en, que viveu na China à época da Dinastia Sung [960-1279] + "Kaku-as Shi-en não foi o primeiro que tentou ilustrar, por meio de quadros, etapas da disciplina zen pois, em seu prefácio geral dos quadros, refere-se a outro mestre zen, Seikyo, que empregou o touro para explicar seu ensinamento. No caso de Seikyo, o desenvolvimento gradual da vida zen era indicado em cinco quadros, mediante um progressivo branqueamento do animal, que terminava com o desaparecimento de todo o ser. Kaku-as julgou que terminar com o círculo vazio constituía um erro, pois a partir disso se poderia julgar o mero vazio como de importância total e finalidade da doutrina zen [...]." Fonte das imagens e texto: "Zen-budismo"; edição especial da revista Planeta; janeiro de 1984. "Kaku-as Shi-en não foi o primeiro que tentou ilustrar, por meio de quadros, etapas da disciplina zen pois, em seu prefácio geral dos quadros, refere-se a outro mestre zen, Seikyo, que empregou o touro para explicar seu ensinamento. No caso de Seikyo, o desenvolvimento gradual da vida zen era indicado em cinco quadros, mediante um progressivo branqueamento do animal, que terminava com o desaparecimento de todo o ser. Kaku-as julgou que terminar com o círculo vazio constituía um erro, pois a partir disso se poderia julgar o mero vazio como de importância total e finalidade da doutrina zen [...]."
Fonte das imagens e texto: "Zen-budismo"; edição especial da revista Planeta; janeiro de 1984.
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