A revolta das borboletas

Por Wison Mozzer M. | 26/01/2011 | Poesias

Ontem, vi uma borboleta ansiosa
Voando pelo céu.
Vi sua asas trêmulas,
Num movimento sôfrego.
Estava brigando com a brisa,
Como quem briga com a vida.
Até achei que seria levada,
Descontrolada pelo ar.
Mas,heis que me surpreendo,
Vejo uma coisa diferente
Ela se curvando nas ondas da brisa
Como tira de seda que grita louca pelo ar
Se contorcendo na ondulação
E enfrentando o vento, num só ato.

Como dissesse que
As tuas asas ainda
Não mereciam exílio,
Prendeu-se em si mesmo
E em seu movimento liberto.
E seguiu, descomasada
Batendo-as sem parar.

Surpresa!

Nesse momento, vi o vento se acalmar, desistir
E ela seguir em frente
Tímida em sua seguida.
Mas, indo...
Só para que o mundo inteiro saiba
Que seu corpo não aceita
o toque dos que se contém,
dos que hesitam.


Uma outra borboleta:

Ontem, vi uma mulher chorando,
Numa esquina perto de casa,
Sentada na calçada,
Pensando na vida.

Percebi muita dor no desarquear
Lento de suas sobrancelhas
E no cair de seus olhos cheios de lágrimas.
Entre o pegar ou não de sua bolsa,
Um soluço engasgado, preso,
Chutado para fora a tremia.
Não a conhecia, nunca a tinha visto,
Mas notei que ela desistia.
Seu corpo decaia num movimento
De exaustão tão grande
Que, de longe o meu caia também.
Ela olhava o celular a cada minuto,
Apertava uns botões e... nada.
Até que tirou a bateria e a jogou fora.
E ficou assim, estática por alguns segundos.
Quando menos espero, a vejo se levantar,
Enxugar os olhos e pegar sua bolsa preta; ir.
Lembro-me de vê-la cambaleando até a outra esquina
E sumir, para nunca mais.

Nesse momento me lembrei daquela borboleta
E me perguntei o que deveria ela saber

Que nós não ?