A RESSUSCITAÇÃO DE KEYNES.
Por Jeorge Luiz Cardozo | 29/01/2010 | EconomiaA RESSUSCITAÇÃO DE KEYNES.
Cardozo, Jeorge Luiz*
Está entrando em decadência com essa nova crise cítrica do capitalismo, uma corrente de pensamento econômico liderada por Hayek e Friedman que operou em grande parte do mundo por mais de 30 anos. Caracterizada como neoliberal ou novo liberalismo, sem, no entanto, resolver (pelos menos em médio e longo prazo), os problemas criados por esse modelo. Baseado na idéia de que as forças internas do mercado por si só, seriam capazes de conduzir e delinear os tramite das economias nacionais. Com o slogan da “mão invisível”, todos os problemas do mercado seriam resolvidos e a prosperidade geral assegurada, falhou feio.
A derrocada começou exatamente onde ninguém esperava, na maior economia do planeta e governada por um transloucado que acha que, a guerra e a invasão a soberania de outros países, são suficientes para se manter um império de pé. Errou feio. Para barrar a economia mundial do colapso, já foram gastos até o momento, uns três trilhões de dólares. No Brasil teve início com o governo Collor, continuou com as privatizações de FHC e com o colapso cambial de 1999, demonstrando uma incompetência geral.
Com isso, fica claro que cada 30anos uma corrente de pensamento econômico surge e desacelera a outra. Antes do neoliberalismo, tivemos a presença firme dos chamados keynesianos, tendo o inglês John Maynard Keynes como patrono, que proponha a intervenção do estado na economia, que eram combatidos pelo austríaco Friedrich Hayek e o americano Milton Friedman. Para Hayek o planejamento econômico e a ação dos governos eram o “Caminho da Servidão”, título de sua obra principal, publicada em 1944. No inicio, foi massacrado por todos. Assim como Keynes o tinha sido antes. Porém , em 1974, deram-lhe o Prêmio Nobel de Economia. E, dois anos após era a vez de Friedman.
Com a segunda crise cítrica do capitalismo nos anos 70, os Keynesianos saíram de cena. A vitória de governos conservadores como Pinochet no Chile 1974, Margaret Thatcher na Inglaterra 1979 e Ronald Reagan nos Estados Unidos 1980, reacenderam as idéias de Hayek e Friedman. Neste momento, os Keynesianos foram massacrados.
Por ironia do destino, foi um governo conservador como de George w. Bush, preconizado nas idéias de Hayek e Friedman, quem tem levado a economia dos Estados Unidos para o buraco e, com ele, as demais economias nacionais macro globalizadas. No primeiro momento liberando as práticas da banca em nome da liberdade do mercado. Em seguida, recorrendo a mais elementar das construções Keynesianos, para evitar o desastre e foi buscar no caixão da viúva o remédio para a crise. Destarte, Hayek e Friedman em hipótese alguma, defenderiam as políticas de seus discípulos.
Portanto, nestes momentos de inflexão do capitalismo, mais uma vez, as idéias ressuscitadas de Keynes ressurgem como salvadora da pátria deles e, consequentemente, nossa no planeta macro globalizado onde as economias nacionais tornaram-se reféns do mercado liberal.
Com isso, fica clara a necessidade de construção de novas alternativas no campo da política e de surgimento de novos atores com capacidade de organizar no seio da luta de classe, novos paradigmas de inserção do proletariado na derrubada da estrutura descrita acima e implementação de projetos coletivos de desenvolvimento da economia, dando um basta na luta de classe e, consequentemente, no modelo econômico capitalista.
No entanto, em pleno século XXI, depois de tantas crises e soluções mirabolantes por parte de teóricos do capitalismo para resolver os problemas criados por eles mesmos, as idéias delineadas por Karl Marx continuam mais vivas do que nunca principalmente, a analise que ele fez sobre essas crises cítricas do capitalismo que, na visão dele, serão superados pelo próprio capitalismo por determinado momento, até que entre em contradição com ele mesmo. A contradição na visão de Marx é o momento em que o capitalismo não superará mais, as contradições que ele mesmo criou então, será superado por um novo modelo.
Destarte, esperar a superação do capitalismo pela sua própria contradição, poderá levar muito tempo como diria o próprio Marx. Por esta causa é que ele coloca o método revolucionário como o mais eficaz e mais rápido para se chegar ao socialismo. Mas para tal envergadura, é preciso que se tenha uma massa revolucionária preparada para enfrentar todas as lutas que se antecederá à tomada de poder. Por isso é que Marx coloca a preparação ou formação de quadros como fator fundamental de organização de um processo revolucionário.
No atual momento, em que a chamada democracia burguesa prevalece sobre um grande contingente de nações, a tomada de poder através de democracia participativa como a que vem acontecendo na Venezuela, Bolívia, Equador e iniciando no Paraguai, onde dirigentes de perfil esquerdista têm chegado ao poder através da chamada democracia burguesa e depois se utilizam da democracia participativa para fazer as mudanças dentro da legalidade constitucional sem ferir de certa forma, as suas constituições, é um bom exemplo de mudanças de mentalidade de povos que há muito, são submetidos aos saques colônias dos impérios capitalistas, é um bom exemplo aqui para o Brasil.
Obviamente que quando elegemos o presidente Lula aqui no Brasil, era essa a nossa expectativa. Destarte, com os rumos tomados pelo presidente Lula e pelo seu PT, criou um vazio na verdadeira esquerda brasileira que, se sentiu de certa forma, traída pelo PT e os demais partidos ditos de esquerda. O fato positivo disto foi à criação do PSOL como partido de vanguarda das mudanças democráticas participativas que o Brasil precisa com toda a sua gente. No entanto, temos um longo caminho a percorrer, pois, não se constrói um partido de vanguarda de mudanças em um curto espaço de tempo, principalmente com as instituições sociais cooptadas pelo atual governo como Sindicatos, ONGs, Setores da Igreja, Associações e Movimentos Sociais, todos cooptados através de distribuições de cargos e outros antagonismos de cooptação.
No meu humilde entendimento, é preciso que os camaradas do PSOL busquem, mesmo com todas as dificuldades encontradas na fase inicial de construção de um partido de vanguarda, ocupar todos os espaços possíveis de discussão política e de trocas de idéias, para fazer a disputa por dentro das organizações tanto pública quanto privada de um novo modelo ideológico centrado em mudanças concretas de mentalidade e de difusão delas. É necessário também que se faça criticas consistente ao atual governo, demonstrando os pontos fracos do governo e soluções viáveis para a solução do problema, pois, a critica pela critica sem mostrar de fato o que podemos fazer pode se virar contra nós mesmos. Já que o atual governo goza de grande popularidade por conta de medidas de cunho assistencialista e, principalmente, por sua identificação com a massa que, vê nele, a sua imagem e semelhança pela sua própria trajetória de vida.