A REORGANIZAÇÃO CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS ...

Por Janieila freitas tiburcio | 07/12/2016 | Educação

A REORGANIZAÇÃO CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS NAS ESCOLAS ESPECIALISTAS MUNICIPAIS DE SOBRAL/CE: UMA EXPERIÊNCIA EM CONSTRUÇÃO 

Resumo

A presente pesquisa de natureza qualitativa e dialética tem como objetivo analisar de forma crítica o currículo do ensino fundamental dos anos finais na perspectiva da nova estrutura de algumas escolas denominadas especialistas, o currículo escolar, e sob a luz dos resultados da pesquisa poder apontar sugestões de saberes que sejam capazes de contribuir na elaboração de novas propostas pedagógicas para a formação do currículo escolar da nova estrutura da escola pública no município de Sobral/CE. Fundamentou-se teoricamente nas concepções de Arroyo (2001), Becker (2011), Costa (2005), Silva (2002), dentre outros, os quais subsidiaram um olhar de investigação, para uma melhor compreensão sobre currículo escolar e suas implicações. A pesquisa realizada com a gestão escolar (coordenação pedagógica e diretora da escola), norteou-se pelo paradigma qualitativo com a coleta de dados através de entrevistas semiestruturadas. Os resultados apontaram para o conformismo da gestão escolar, mediante a proposta da Secretaria Municipal de Educação. Contudo, a partir dos estudos realizados com os teóricos, é preciso refletir o currículo escolar na perspectiva de contribuir para educar e emancipar os estudantes.


1INTRODUÇÃO

Toda experiência social produz e reproduz conhecimento e ao fazê-lo, pressupõe uma ou várias epistemologias. É o caso da proposta de reorganização curricular do Ensino Fundamental dos Anos Finais nas escolas Especialistas municipais de Sobral, Ceará, em processo de construção, cuja experiência compõe este artigo, com o intuito de melhor compreensão deste fenômeno de estudo.
Criar, pois, estratégias para explicitar esta nova política educacional, que requer a definição de conceitos, vivências, diálogos, indagações, enfim, produção de saberes articulando alunos, professores, diretores, coordenadores, técnicos educacionais da Secretaria Municipal de Educação, constituem as motivações para a pesquisa, que nos conduzirá também, a discutir sobre a teoria pedagógica que caracteriza as práticas profissionais dicotômicas e hierarquizadas no contexto da educação brasileira e, mais especificamente na educação pública municipal de Sobral, Ceará.
Portanto, este artigo terá a finalidade básica de analisar a nova reorganização curricular do ensino fundamental nas escolas públicas de Sobral, a partir da construção fenomenológica do conhecimento, já que se trata de uma experiência, que requer dos profissionais, sair das antigas matrizes curriculares e abrir-se à pluralidade de experiências e de conhecimentos já existentes, para incorporar essas novas práticas pedagógicas no campo da docência.
A busca por respostas a esses questionamentos nos faz entender que, quanto mais próximo o currículo estiver da realidade social e necessidades dos educandos, mais se tornará significativo e reconhecido socialmente.
Considerando que a nova proposta de reorganização curricular do ensino fundamental (anos finais) da educação de Sobral encontra-se em processo de implantação, esta pesquisa se deu por meio de entrevistas semiestruturadas junto à Secretaria da Educação, Conselho Municipal da Educação, diretores e professores das escolas da sede do referido Município, orientadas por um roteiro previamente elaborado.
Desse modo, o objetivo principal desta pesquisa é investigar sobre os princípios que orientam a reorganização curricular do ensino fundamental dos anos finais nas escolas públicas municipais de Sobral, Ceará e resgatar o contexto histórico da educação da cidade.
A pesquisa semiestruturada é um instrumento que segundo Gil (1995, p.90), "possibilita a obtenção de dados a partir do ponto de vista dos pesquisados".

Os dados obtidos com a pesquisa foram analisados e discutidos à luz de alguns teóricos, como: Arroyo (2001), cujas ideias tratam do currículo, território em disputa. Becker (2011), que discute o caminho da aprendizagem em Piaget e Paulo Freire.Luck (2010) que trata da gestão da cultura e do clima organizacional da escola. Costa (2005) vem afirmar que as práticas educacionais mostram-se alheias ao que se deve manter aberta e acesa a discussão sobre currículo, pois este não consegue dar conta das transformações que o mundo contemporâneo vem sofrendo. Silva (2002) faz uma importante análise sobre as teorias do currículo desde a sua origem até as teorias pós-críticas e concebe o currículo como política cultural, diz que o mesmo, não transmite apenas fatos e conhecimentos. Ele vê o currículo por meio de conceitos de emancipação e libertação e Paulo Freire critica o currículo através do conceito "Educação bancária" para ele o currículo deve conceber a experiência dos educandos.
As reflexões foram organizadas da seguinte forma: o primeiro tópico aborda as concepções sobre; o segundo enfatiza a atuação dos professores na perspectiva de um currículo inovador; o terceiro explicita os procedimentos metodológicos; o quarto a apresentação e análise dos resultados, culminando com as considerações finais.

2CONCEPÇÕES SOBRE CURRÍCULO 

Adentrando no contexto pronunciado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB no artigo 26 concebido nesta mesma lei descreve da seguinte forma: 

Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigidas pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

  • 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.
  • 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
  • 3º A educação física, integrada a proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se as faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativo nos cursos noturnos.
  • 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. 

Este artigo deixa sugerida uma flexibilidade de construção de currículo, desde que sejam incluídas não só as disciplinas de bases como Língua Portuguesa e Matemática, mas também as disciplinas que ajudem os alunos a se situarem no mundo. Percebe-se que as disciplinas Artes, Educação Física, História principalmente a do Brasil e as de conhecimento do mundo físico e natural tem uma grande relevância para a construção do conhecimento do aluno.

Defender a construção de um currículo que aborde uma nova forma de ver a realidade e seus problemas, como uma maneira de intervir politicamente para transformá-la, requer da escola uma reflexão implicando a capacidade do aluno em refletir sobre as condições de sua própria vida. Nesse processo a relação professor/aluno deve está voltada para a problematização no sentido de buscar formulaçãoe soluções alternativas no desenvolver de um currículo inovador.

A configuração de práticas que desfavorecem a reflexão sobre as condições de vida dos alunos implica a necessidade deste currículo inovador que atenda as demandas da sociedade contemporânea e esteja pautado no compromisso social com a educação. O currículo deve ser visto como um processo que se constrói na interação ao entendermos que a educação não deve ocorrer em função da competição. É de fundamental importância que tenha uma preocupação por parte da escola e dos educadores quanto às necessidades de uma ampla participação do pedagogo na escola.

Na atualidade compreender currículo significa compreender as práticas sociais e culturais de modo mais amplo. O currículo passou a ser visto como um campo político e cultural, como instrumento de luta e humanização. Desta forma Costa (2005, pp. 159-160) ressalta: 

Partindo do pressuposto de que o currículo é construção, subentende-se que as várias formas que assume obedecem a discursividades diferentes, em que habitam filosofias resultantes das intencionalidades que o produzem, nos diversos tempos e nos mais diferentes lugares. Tempo e lugar ou, se quiser, tempo e espaço diferentes produzem discursividades diferente e, portanto, modos diferentes de entender e de produzir curricula (os currículos).

É importante deixar claro que o currículo é indispensável para cada unidade escolar, em contrapartida de uma visão para o crescimento humanitário do aluno. É essencial investir numa educação que fuja do modelo tradicional e compreenda que a intenção da educação deva ser se expandir abrangendo as diferentes áreas. Para isso, é preciso repensar e reconstituir as políticas que direcionam a formulação do currículo como um todo. Como afirma a autora acima é preciso entender e produzir currículo. O currículo deve está vinculado às realidades sociais e culturais nesta mesma linha de pensamento a autora citada afirma:

A relação estreita entre currículo e sociedade começou a ser posta no Brasil a partir do final da década de 1960. (...) Na busca por uma resposta a uma série de questionamento em torno do currículo, surgiu a Sociologia do Currículo. Questões tais como: (a) O que pode ou não ser considerado de valor educativo para fazer parte dos conteúdos a serem transmitidos pela escola?  (b) Quem faz a seleção dos conteúdos e, portanto, dos elementos das culturas que fazem parte dos currículos? (c) A que servem os conteúdos ensinados nas escolas? (d) Como é tratada a cultura das classes populares nos currículos? (COSTA, 2005, p. 169).

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