A RELIGIÃO E O NEGRO

Por Lazaro Jose de Oliveira | 15/09/2013 | Religião

 A RELIGIÃO E O NEGRO

 A inferioridade social do homem negro,  no passado, sempre foi uma unanimidade em praticamente todas as partes do mundo, principalmente até o final do Século XX quando começou a perder força. São pouquíssimas as referências elogiosas aos negros que os trate como um ser superior e digno de admiração e respeito da sociedade. A figura do negro escravo, do marginal e do presidiário é a que predomina em todas as referências históricas do passado e, infelizmente, em boa parte da presente. Não é positiva a imagem que a maioria da sociedade ocidental tem do homem negro. No mundo ocidental, especialmente no Brasil, o negro ainda é, muitas vezes, discriminado veladamente, em que pese às elevadas conquistas individuais no campo da política, da ciência, do esporte e da sociologia. A situação do negro é a mesma situação da mulher perante a sociedade: no conjunto são vistos como seres inferiores, mesmo diante de conquistas individuais que encantam a todos. São vistos sempre como exceção a regra e não são citados como exemplos para ninguém. Os negros e as mulheres que sobressaíram no passado tiveram que lutar bravamente para mostrar as suas qualidades e provar sua competência.

Tanto para o homem negro como para a mulher o único meio para vencer essa inferioridade é e sempre foi o estudo. As mulheres tiveram mais sorte e saíram na frente; quanto ao homem negro somente agora esse despertar começa a se tornar realidade. Essas conquistas têm que ser abrangentes, atingir toda a sociedade e são de pouco valor as conquistas individuais. Um presidente, um ministro, um cientista ou um grande artista negro   são de grande  importância para provar aos próprios negros que eles também são capazes e só depende da vontade individual de cada um e do apoio da sociedade para a sua elevação social.

Transcorrido mais de um Século da abolição da escravatura ainda parece para algumas pessoas como se fosse ontem. Os governos no passado simplesmente aboliram a escravidão e nada fizeram para elevar o nível social dos ex-escravos. Eles ficaram durante a maior parte de suas vidas entregues a própria sorte, instalados  no nível inferior da classe dos mais pobres e passaram a ser os mais pobres dos pobres.  Este é o motivo da criminalidade ser mais elevada  entre os povos negros e, em conseqüência,  é a classe predominante entre os presidiários e a que mais eleva o índice de mortos por assassinatos.

Nas últimas décadas a igualdade social de todos os cidadãos perante a lei evoluiu muito e é uma realidade em muitos casos; a  elevação cultural e as facilidades para o ensino passou a ser preocupação de todos os governos e alguns negros estão sabendo aproveitar essas oportunidades. Esperamos que se essa política  continuar  neste ritmo, dentro de uns vinte ou trinta anos é provável que a desigualdade social entre negros e brancos esteja próxima do zero. Aí, então teremos uma sociedade verdadeiramente justa, sem os estigmas do passado.

Falamos das leis que estão sendo editadas pelos governos para elevar o nível social dos negros, porém, existe uma lei que dá a origem a todo esse mal que não muda e nem sequer é mencionada pelas pessoas responsáveis e interessadas nesta mudança: refiro-me  a lei que é responsável pela existência da escravatura no mundo e que está registrada em um livro tido  como sagrado e conhecido de todos como a Bíblia Sagrada. Nela está registrado o comportamento que deve observar o escravo para que a gloria de Deus não seja maculada, como se ele fosse o responsável pela sua escravatura, como se ele tivesse pedido para ser escravo.  Este é o mesmo livro que afirma que Deus é um ser de puro amor e o único responsável pela criação de todos os seres humanos.  Não  entendemos como um pai pode regulamentar a escravidão de um filho pelo outro filho. O normal, neste caso, seria o repúdio total pela religião desde tipo de comportamento social. No entanto, a religião nunca repudiou com veemência essas atrocidades, preferindo regulamentar o comportamento do escravizado, como se fosse um emprego normal.

Vejam algumas das barbaridades recomendadas pelo Deus da Bíblia e executadas pelos seus representantes neste Planeta de quinta categoria que fica no quintal da via Láctea:

Toda a alma esteja sujeita aos dirigentes superiores; porque não há dirigente que não venha de Deus, e os poderes foram ordenados por Deus.” - Aos Romanos, 13:1

“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus.” - Aos Colossenses, 3:22

“Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus.” - 1 Pedro, 2:18

“Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados.” - 1 A Timóteo, 6:1

“Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração como a Cristo.” - Aos Efésios, 6:5

“Exorta os servos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não contradizendo. Não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento na doutrina de Deus, nosso salvador.” - A Tito, 2:9-20

“Se alguém ferir o seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrerem debaixo da sua mão, certamente será castigado. Porém, se ficarem vivos por um ou dois dias, não será castigado, porque é seu dinheiro.” - Êxodo, 21:20-21

É inacreditável como um ser humano que vive num mundo com as mais altas tecnologias pode acreditar na existência  de um ser tão maléfico, que regulamenta e aprova a escravidão do homem pelo próprio homem. Aí está a origem da escravidão no mundo moderno dos povos africanos. Aí está a origem da inferioridade social do homem negro em todas as partes do mundo. O estigma da escravidão ainda os acompanha.

Milhões de negros foram escravizados com o beneplácito do cristianismo e muitos morreram por não suportar os castigos; no entanto hoje, essas mesmas igrejas que apoiaram os escravocratas através da religião, estão abarrotadas de descendentes de escravos. É uma incoerência inacreditável que só o medo imaginário pode justificar.

Se vivêssemos numa sociedade justa, ao abolir a escravidão os ex-escravos deveriam ser indenizados, receber moradias e ser efetivados nos empregos com remuneração; No entanto, nada disto aconteceu e eles foram entregue a própria sorte;  sobreviveram com enormes sacrifícios que perdura até os dias de hoje através dos seus descendentes. Está é a razão de filho de pobre ser, também, pobre na maioria dos casos. Portanto, tudo que se faz para ajudar o homem negro a se elevar socialmente é dever de toda a sociedade.

Se nos beneficiamos com os acertos dos nossos antepassados, também, devemos ser responsabilizados pelos seus erros. E não há a menor quanto ao erro que cometeram.

Lembramos que o ser humano, tanto o branco como o negro, é o ser mais grandioso do universo e que tem um potencial infinito adormecido no seu interior à espera do despertar. Ele não é e nunca foi  inferior a ninguém.

Acredite em você! Seja qual for a cor da sua pele.