A Relevancia da Ludicidade Enquanto Recurso Pedagogico na Educação do Surdo

Por Arenilda Lopes | 08/08/2011 | Educação

A RELEVANCIA DA LUDICIDADE ENQUANTO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO DO SURDO

Arenilda Lopes da Silva
Graduada em Pedagogia pela Faculdades São Marcos de Paulínia .
Professora de Educação Infantil no Município de Paulinia.
arenildalopes@uol.com.br

Resumo: Os estudos aqui relatados focalizam a importância da ludicidade, e sua contribuição para o aprendizado e autonomia da criança-surda, permitindo sua socialização e interação com o outro. A criança aprende e desenvolve suas estruturas cognitivas ao lidar com o lúdico, pois a liberdade de imaginar e de experimentar, inerente ao universo da brincadeira é um instrumento valioso na formação do individuo. Por meio das atividades lúdicas, a criança desprovida de palavras inicia sua vinculação com o mundo e em função das experiencias desfrutadas, passa a construir suas representações de si e do outro e da realidade apreensível em seu contexto sócio histórico- afetivo. Brincar e jogar são fontes de lazer, mas são, simultaneamente, fontes de conhecimento e esta dupla natureza nos leva considerar o brincar parte integrante da atividade educativa.


Palavras chave: criança surda; ludicidade; aprendizagem.

Abstract: The studies reported here focused on the importance of playfulness, and its contribution to the learning and autonomy of the child-deaf, allowing their socialization and interaction with the other. The child learns and develops their cognitive structures to deal with the playful, because the freedom to imagine and experience, inherent in the universe of the play is a valuable tool for the formation of the individual.

Key words: Deaf child; playfulness; learning.




A questão da surdez

Na antiguidade, a educação de Surdos variava de acordo com a concepção que se tinha deles. Para os gregos e romanos, em linhas gerais, o surdo não era considerado humano, pois a fala era resultado do pensamento. Logo quem não pensava não era considerado humano. Não tinha direito a testamentos, a escolarização e a frequentar os mesmos lugares que os ouvintes. Até o século XII, os Surdos eram privados até mesmo de se casarem.
A igreja católica tinha grande influência na vida de toda a sociedade da época, mas não podia prescender do que tinha poder econômico. Portanto, passou a se preocupar em instruir os Surdos nobres para que o círculo não rompido. Possuindo uma língua eles, poderiam participar dos sacramentos, mantendo sua alma imortal. É somente a parir do final da Idade Media que os dados com a relação à educação e a vida dos Surdos tornam mais disponíveis. É exatamente nessa época ,que começam a surgir os primeiros trabalhos a educar a criança surda e de integrá-lo na sociedade.
No Ocidente, os primeiros educadores de Surdos de que se tinha notícia começou a surgir a partir do século XVI. Um deles foi o matemático médico italiano Geralamo Cardamo (1501-1576), cujo primeiro filho nasceu surdo, Cardamo afirmava que a surdez não impedia o surdo de receberem instrução,fazendo tal afirmação depois de pesquisar e descobrir que a escrita representava os sons da fala ou das idéias do pensamento.
No século XVII, era percebido o grande interesse que os estudiosos tinham pela educação dos Surdos, principalmente, porque tinham descoberto que esse tipo de educação possibilitava ganhos financeiros, pois as famílias abastadas que tinham descendentes Surdos pagavam grandes fortunas para que seus filhos aprendessem a falar e a escrever. O século XVIII é considerado por muitos o período mais próspero da educação dos Surdos, havendo a fundação de varias escolas para os Surdos. Além disso, a educação do Surdo evoluiu, pois através da língua de sinais, podiam aprender e dominar diversos assuntos exercendo diversas profissões.
No Brasil, a educação dos Surdos, teve início durante o Segundo Império, com a chegada do educador françês Hernest Huet, ex-aluno surdo do instituto de Paris, trazendo o alfabeto manual françês e a Língua Francesa de Sinais, dando origem a Língua Brasileira de Sinais, como não havia escolas especiais para educação de Surdos, solicitou-se então ao Imperador Dom Pedro II, um prédio para ser fundada a escola, dando origem ao INES, Instituto Nacional de Educação dos Surdos.
O Instituto, inicialmente, utilizava a Língua dos Sinais, mas em 1911, passou a adotar o Oralismo puro, seguindo a determinação do Congresso Internacional de Surdos-Mudos de Milão. Dr. Menezes Vieira, que trabalhou no Instituto, defendia este método afirmando que nas relações sociais o indivíduo, Surdo usaria a linguagem oral e não a escrita, sendo esta secundaria para ele. Além disso, ele tinha como convicção ser um desperdício alfabetizar Surdos num país de analfabetos, para ele, a fala seria o único meio de restituir o surdo-mudo na sociedade.
Em 1951, assume a direção do instituto a Professora Ana Rímoli de Faria Dória. O interessante é que após quase 100 anos de existência,essa era a primeira vez que um profissional da educação estava na direção deste Instituto. A grande inovação do período de sua gestão foi a implementação do curso normal de formação de professores para surdos. Sendo o instituto uma referência para o todo o Brasil, recebendo professores de todo país para fazer o curso que tinha duração de três anos. A metodologia usada era toda voltada para o Oralismo , em 1970, surge a filosofia Comunicação Total. Atualmente três filosofias educacionais persistem paralelamente no Brasil na educação do Surdo; Oralismo, Comunicação Total e o Bilinguismo

Aspectos legais: A organização dos sistemas de Ensino para o atendimento ao aluno que apresenta o atendimento a necessidades especiais

A partir da nova LDB, (Lei de Diretrizes e Bases da Educação 1934e1996), a educação da criança surda, deve ocorrer de preferência no ensino regular, havendo quando necessário o serviço especializado na própria escola regular, a oferta de educação especial tem inicio na educação infantil. Esta nova legislação é fruto de movimentos da defesa dos direitos da pessoa surda, formada de profissionais de saúde, da educação da direito e principalmente, por famílias e pessoas com deficiência... Se por um lado esses movimentos vêem conquistando tais direitos, por outro lado revelam a segregação e o isolamento social em que vive a maioria dessas pessoas, que nem sempre foram vistas como sujeitos de direitos e cidadões capazes de participar e contribuir para a vida coletiva.
Algumas leis que garantem o acesso, recurso, e preparação as instituições de ensino e outros órgãos públicos e sociais.
Lei n.10.172-01. Aprova o Plano Nacional de Educação e das outras providências.
O plano nacional de educação estabelece vinte e sete objetivos e metas para a educação das pessoas com necessidades educacionais especiais.

Escolarização

Aviso curricular n.277-MEC-GM, de 08 de maio de 1996
Trata da criação de condições de acesso e permanência de alunos com necessidades especiais, incluindo aqueles com algum tipo de deficiência nas Instituições se Ensino Superior no caso das pessoas surdas, usuários da Língua de Sinais é necessário a presença de um Intérprete de Língua de Sinais, para que este aluno tenha uma educação de qualidade.

Lei n.9394 de 20 de dezembro 1996
Estabelece as Diretrizes e Bases da educação Nacional. Esta lei é muito importante porque a meta principal dela é que todos os alunos portadores de necessidades educacionais especiais não fiquem for da escola.

Acessibilidade

Decreto n.3298, de 20 de dezembro de 1999
Regulamenta a Lei n.7853 de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção e das outras providências.
Lei federal n.8.212 de 08 de janeiro 1991
Dispõe sobre a caracterização de símbolos que permita a identificação de Pessoas portadoras de deficiência auditiva. O seu uso é obrigatório em todos os locais , que possibilitam acesso, circulação e utilização por pessoas deficientes.

Acesso ao trabalho
Lei federal n.8112-90, no seu Artigo 5º parágrafo 2o, garante 20% de vagas de emprego no Serviço Público Federal para portadores deficiência, que sejam aprovados em concurso.
Lei federal n.8213-91, em seu artigo 93, estabelece que as empresas privadas, estão obrigadas a preencher de 2% a 5% de seus cargos com beneficiários reabilitados, preservando proporção fixadas em relação á quantidade de pessoas empregadas.

Proteção contra o preconceito
Lei federal n.7853 de24 de outubro 1989 em seu artigo 8º
Pune com reclusão de 1 a 4 anos e multa as pessoas que recusarem ou suspenderem, cancelarem ou fizerem cessar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado por motivo, derivados da deficiência que porta, punindo pessoas que causarem constrangimentos, impedimento ao acesso a qualquer cargo público por motivos derivados das deficiência que o candidato ao emprego tenha, bem como aos que neguem emprego.

Decreto n. 5.626, de Dezembro de 2005
CAPÍTULO II
DA INCLUSÃO DA LÍBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR
ARTGO3; A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício de magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
1; Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício de magistério.
2; A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

Atendimento escolar: um processo integrador

Partindo do princípio de que a educação é um direito de todos, o atendimento educacional ás pessoas com necessidades especiais, em ambiente escolar comum ou em grupos especializados, está assegurado na Constituição Brasileira.
A educação Especial - da Lei da Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394-96), vêm demonstrando a abertura do processo de atendimento educacional e a garantia de introduzir nele inovações, objetivando assegurar maiores possibilidades de integração do portador de deficiência `a sociedade.
Segundo Sassaki (1997, p.41):

Nessa nova visão, a inclusão social passa a ser vista como um processo de adaptação da sociedade, que inclui as pessoas com necessidades especiais em todos os ambientes sociais .Isso torna possível que, ao mesmo tempo, essas pessoas se preparem para assumir seu lugar na sociedade, e para desempenhar os papéis adequados a cada situação

Segundo Frazão de Sousa (1999, pp. 65-68), a inclusão no ambiente escolar consiste em:

-Possibilitar a criança um desenvolvimento dentro de seus limites pessoais, e não de padrões impostos socialmente:
-Acreditar que criança portadora de necessidades especiais é capaz de uma aprendizagem rica e construtiva

As crianças portadoras de necessidades educacionais especiais que outrora iam para escolas especializadas, têm atualmente direito de ser matriculada em qualquer escola da rede regular. Essa mudança gerou um intercambio de experiências, de profissionais e de material, provocando a aproximação dos dois sistemas educacionais: o especial e o regular
A integração verbalizada como a melhor prática no processo de educação de crianças portadoras das necessidades especiais, implica reciprocidade. Mas o processo pedagógico baseado na integração deve ser gradual e dinâmico, adequado as necessidades de cada indivíduo.
Na verdade, a integração efetiva implica uma mudança total de atitude. Implica desmitificar a questão do convívio e da educação da criança portadora de necessidades especiais e, para isso, é da máxima, importância o papel dos profissionais e especialistas.
Não se pode jogar a criança surda em uma escola ou em uma classe comum, alegando a necessidade de inseri-la na escola regular; Isso corresponderia a ignorar sua necessidade de ter um atendimento cuidadoso, capaz de possibilitar o desenvolvimento de todo seu potencial de comunicação. Antigamente, a criança surda freqüentava a escola comum e se convertia em uma grande copiadora; mas essa atitude não pode servir de exemplo para as novas vivências
Uma escola onde não existe nenhum deficiente, oferece aos alunos, uma falsa impressão do mundo real, afinal em 1997, as estatísticas mostraram que no Brasil haviam milhões de deficientes, o que hoje, certamente, o numero é bem maior. A constituição garante a todos o acesso á escola. Toda unidade deve atender aos princípios legais e não pode excluir ninguém, o documento promulgado no Brasil por decreto de 2001, reafirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos e liberdades que as demais.
A escola deve encorajar a apreciação e o respeito pelas diferenças entre as crianças, acomodá-las no processo e integrá-las da melhor forma possível, pois mais que integração, a inclusão de crianças surdas nas classes regulares representa um avanço histórico em relação ao movimento de inclusão, postulando uma reestruturação do sistema de ensino com o objetivo de fazer com que a escola se torne aberta as diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos sem extinção de raça, gênero ou características pessoais.
Segundo Charles Péguy (1904, s/p.)

Quando uma sociedade não pode ensinar, é que esta sociedade não pode ensinar-se ; é que ela tem vergonha, tem medo de ensinar-se a si mesma; para toda a humanidade, ensinar, no fundo, é ensinar-se; a uma sociedade que não ensina é uma sociedade que não se ama, que não se estima; e este precisamente o caso da sociedade moderna.

A Respeito do Jogo

A palavra jogo vem do latim INCUS, que quer dizer diversão, brincadeira. A introdução a brincadeira no seu contexto infantil, inicia-se timidamente com a criação de jardins de infância, fruto da proposta de Froebel (1782-1852), primeiro filósofo a ver os jogos para educar crianças pré-escolares, que considera que a criança desperta suas faculdades próprias, mediantes as estímulos.
O jogo é uma forma de ação, de movimento, extremamente prazerosa, carregada de significados. Apresentando duas funções básicas:

Psicológica: propicia autoconhecimento (identidade individual);
Antropológica: propicia conhecer, apropriar-se, perpetuar e transformar sua cultura (identidade cultural).

O jogo de regras é um importante instrumento que deve ser utilizado na educação das crianças, permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social e moral de observação. Através dos jogos de regras percebe-se que é possível criar um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e construir conhecimentos de acordo com os limites da criança. O jogo encontra-se circunscrito do âmbito do próprio funcionamento da inteligência, posto que sua construção depende de assimilações e acomodações.
A medida em que a criança joga com regras exercita suas funções intelectuais de assimilação e também de acomodação a uma dada realidade, ainda que esta realidade seja de natureza metafórica; Notando-se que a criança ao jogar, deparando-se com uma situação-problema (gerada pelo jogo) tentará resolvê-la com o intuito de alcançar o seu objetivo, criando procedimentos, organizando-os em formas de estratégias e avaliando-os em função dos resultados obtidos; bons ou maus.
Utilizar de jogos em situação educacional é fundamental, segundo Piaget (1975), pois é por meio deles que a criança assimila as realidades intelectuais, impedindo que estas permaneçam exteriores á sua própria inteligência.
Brincar é tão importante para criança como trabalhar é para o adulto. A brincadeira torna acriança ativa, criativa e lhe dá oportunidade de relacionar-se com os outros, deixando-a feliz e, por isso, torna-se mais propensa a ser bondosa, a amar o próximo a ser solidária.
A criança tem características próprias e para alcançar o pensamento adulto (abstrato), ela precisa percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. Seu primeiro apoio neste momento é a família.
Brincando, a criança desenvolve potencialidades. Ela compara, analisa, nomeia,mede, associa, calcula, classifica, compõe, conceitua, cria, deduz... Sua sociabilidade se desenvolve; ela faz amigos, aprende a compartilhar a respeitar o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo, e a envolver-se nas atividades apenas pelo prazer de participar, sem visar recompensas nem temer castigos. Brincando, a criança estará buscando sentido para sua vida. Sua saúde, física, emocional, intelectual, depende em grande parte desta atividade lúdica
Frobel define o brincar como ação livre da criança, adoção da supervisão que relaciona-se com interesse em concebê-lo como forma eficaz de gerar unidade ideológica e social em população ética e classes sociais distintas. Considerando o brincar como uma atividade espontânea da criança, concebendo suporte para o ensino permitindo variações, ora como atividade livre, ora orientada. As concepções froebelianas de educação, Homem e sociedade estão intimamente vinculadas ao brincar. Desta maneira, o brincar como atividade livre e espontânea, é responsável pelo desenvolvimento físico, moral, cognitivo, os dons e brinquedos, objetos que subsidiam atividades infantis.
A brincadeira faz parte da vida criança e incluir o jogo e brincadeira na Escola tem como pressuposto o duplo aspecto de servir ao desenvolvimento da criança, enquanto indivíduo, e á construção do conhecimento, processos estes fortemente interligados.
Brincar favorece a auto-estima da criança e a interação de seus pares, propiciando situações de aprendizagem e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. Por meio de jogos e brincadeiras a criança aprende a agir, tem sua curiosidade estimulada e exercita sua autonomia
Brincadeiras e jogos são ferramentas e parceiros silenciosos, que desafiam a criança possibilitando as descobertas e compreensão de que o mundo está cheio de possibilidades e oportunidades para expansão da vida com alegria, emoção, prazer e vivência grupal,sendo fontes de lazer, mas são simultaneamente, fontes de conhecimento, considerando o brincar parte integrante da atividade educativa.
As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente importantes, mais do que entretenimento, são um auxílio indispensável para processo de ensino-aprendizagem, que propicia a obtenção de informações em perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. A ludicidade é uma tática insubstituível para ser empregada como estímulo no aprimoramento do conhecimento e no progresso das diferentes habilidades.
Santos (2001, p. 53) nos descreve que "a educação pela via da ludicidade propõe uma nova postura existencial, cujo paradigma é um novo sistema de aprender brincando numa concepção de educação para além da instrução."
A formação do educador é um processo que nunca tem fim. Não há limites para pesquisa, reflexões e leituras.
A liberdade de imaginar e de experimentar, inerente ao universo da brincadeira, é um instrumento valioso na formação de pessoas mais criativas e capazes intelectual, social e emocionalmente.É por meio dos jogos e brincadeiras , que a criança vai tomando contato com diversos papéis. A partir do momento que a capacidade desimbolizar vai sendo mais exercida, ela pode , de diferentes maneiras, entender os diversos lugares sociais de pessoas , objetos e praticas. Entre os diversos tipos de jogos , o jogo dramático, ou jogo dramático infantil, é aquele que abre talvez o maior leque de possibilidades para que a criança, por meio de fantasia e da imaginação,tome contato com a realidade que a cerca e vá entendendo o seu lugar no mundo e aprofundando a idéia de liberdade
Para Piaget, a linguagem é um sistema para representar a realidade, tornando-se possível a comunicação entre os indivíduos, transmitindo informação, trocando experiências
O jogo, o brincar de faz-de-conta, são experiências, que permitem ampliar seu âmbito de informação, enriquecendo cada vez mais sua comunicação. Levar em conta as potencialidades e limitações da criança surda, permite que ela manifeste sua espontaneidade e suas diferenças. Diferenças que não a tornam um ser inferior ou menos capaz, mas diferente como todo ser humano. O brincar está permeado pelo desejo, no preenchimento de necessidades que não podem ser satisfeitas; é, portanto, guiado por sua dimensão afetiva, pelos recursos da imaginação. Assim, as dimensões cognitiva e afetiva são fundamentais para compreender a contribuição do brincar ao desenvolvimento infantil. A criança atua no faz- de- conta para satisfazer suas necessidades mais imediatas e realizar atividades que ainda não domina, vivenciando aspectos relativos à sua realidade.
Toda atividade lúdica pode ser aplicada em diversas faixas etárias, podendo sofrer intervenção em sua metodologia de aplicação, na organização, e nas suas estratégias, desenvolvendo varias habilidades na criança, proporcionando-lhes divertimento, prazer,estimulo intelectivo,desenvolvimento harmonioso,auto controle e auto realização
De acordo com Antunes (1998), o jogo permite que a criança, assim como o adulto, realize tudo quanto deseja, pois o jogo possui caráter socializador dos impulsos, a aceitação das regras, mas sem que se aliene a elas, posto que o mesmos são restabelecidos, pelas pessoas que jogam,e não imposto por qualquer estrutura alienista. Brincando é possível explorar a espacialidade, construindo um atalho entre o mundo inconsciente onde desejaria viver e o mundo real onde vive.
Segundo Oliveira (1996), a atividade lúdica possibilita avanço nas competências habituais da criança, pois permite que suas ações sejam guiadas para além de seu comportamento cotidiano; pois todo jogo pode ser usado para muitas crianças, mas seu efeito sobre a inteligência será sempre pessoal e impossível de ser generalizado.

As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem comas outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia com a realidade, mas sim, em fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. (BRASIL, 1999, p.21)

Integrar para humanizar

Para a maioria das pessoas, a integração tem um objetivo principal que é juntar todos os em uma escola, ou ainda, a integração; e vista como um processo que afeta somente os alunos com alguma deficiência. Entretanto, a integração deveria ser um processo mutante e dinâmico, cujo objetivo central seria encontrar a melhor situação para que o aluno se desenvolva da melhor maneira possível, possibilitando modificações á medida que os mesmos vão se modificando.
Existem 3 formas de integração: física, social e funcional. A integração física acontece quando a unidade de educação especial é construída no mesmo lugar que a escola regular, porém, compartilham apenas o pátio e refeitório. A social os alunos realizam apenas algumas atividades comuns com o resto de seus colegas, como por exemplo, jogos e atividades extra- escolares. Já a integração funcional é a mais completa, pois dá condições para que os alunos portadores de necessidades especiais participem em meio período, ou tempo integral, das aulas normais e incorporadas na dinâmica da escola.
Portanto, o objetivo da integração deverá favorecer o desenvolvimento pessoal, intelectual e social de cada aluno. AA escola deve estar aberta á integração dos alunos com necessidades especiais e ser extremamente flexível em sua organização e na previsão de seus recursos para atender a heterogeneidade de seus alunos, isso significa um respaldo importante a esta linha de atuação envolvendo a sociedade como um todo. A integração é um longo processo que exige esforço sustentado para que todos os fatores que estão em ação contribuam, positivamente, no resultado global.
Na noção de integração o fator principal e mais importante é a comunicação, pois o retraimento impede a integração,é preciso abandonar o papel de expectador, deixar de assistir, ficar de fora e tornar-se um elemento de comunicação.
É muito triste saber que a época em que vivemos se fala muito em democracia e cidadania, quanto na verdade, democracia e cidadania se tornam um utopia, o que edtá faltando é a inclusão com integração para que a educação seja realmente democrática, vale a pena lembrar que, para incluir- integrar um deficiente não basta colocá-lo na escola, é preciso dar condições para que ele se desenvolva, e essa inclusão- integração só será completa quando o deficiente tiver acesso ao lazer, esporte, educação, saúde e trabalho.
A integração dos alunos surdos não é assunto que se possa ser resolvido através de formulações legais, devendo ser abordado toda perspectivas juntamente com a sociedade como um todo.
O professor exerce papel importante no processo de integração, assim, sua atitude positiva diante de tal processo é extremamente relevante para as experiências que vão sendo vivenciadas, cabendo ao professor saber avaliar as condições para que os alunos realizem tarefas com colegas de nível igual a seu, permitindo, assim, um melhor conhecimento de si mesmo e maior segurança.
De acordo com Marchesi (1995, p.32) "esta responsabilidade que tem que ser apoiada e facilitada pelos poderes públicos, deve ser compartilhada por toda sociedade. Somente desta forma a educação integradora adquire um significado mais completo e não desemboca em um beco sem saída.??
A integração é um movimento de inovações do sistema de ensino, efetivamente, um degrau de um processo educacional que urge edificar um alargamento de oportunidades e maior capacidade de acomodação de crianças surdas, de certa forma, a interação quando é encarada nessa perspectiva de inovação, constitui em uma arte e uma ciência de individualização do ensino.
A aprendizagem do educando, embora tenha sido desde há muito tempo o ??slogan?? dos educadores, ainda está longe de ser aplicada nas escolas.
Para atingir esse objetivo que é a integração de crianças com necessidades especiais deverá iniciar-se um estudo de investigação que permitam avaliar os esforços e ações da integração através de um processo de inclusão progressiva suficiente exigindo a realização de esforços intensivos com próprios professores do ensino, mas vale lembrar que esses professores deverão receber qualificação, ou seja, estarem preparados para receber essas crianças tidas como diferentes juntamente com outras ditas ??normais??, ou seja, classes regulares. Para essa inclusão a escola devera adaptar-se as crianças e não as crianças adaptarem-se á escola como instituição social não poderá continuar agindo no sentido inverso, rejeitando, agregando-se os que tem dificuldades de aprendizagem.
A criança deficiente é intrinsicamente uma cuja natureza deve ser respeitada. O conjunto das suas características de aprendizagem deve ser, criterioso e profundamente estudada a fim de adequar o ensino ás suas capacidades potenciais.
De fato, não se esquecendo que todos os indivíduos, deficientes ou não supradotados médios ou subdotados consoante as tarefas que lhe são propostas, muitas tarefas são desempenhadas e realizadas pelos deficientes de uma forma superior, mesmo quando comparadas interpessoalmente com os não deficientes.
A ação do professor como mediador das relações entre crianças deficientes e os universos sociais, nos quais elas integram, possibilitando a criação de condições para que elas possam, gradativamente, desenvolver capacidades ligadas a tomada de decisões, a construção de regras, a cooperação, solidariedade, diálogo, respeito e si mesmo e ao outro, assim como desenvolver sentimentos de justiça e ações de cuidados para consigo e para com os outros.
O professor deve encarar a presença de um aluno deficiente em sala de aula como um desafio e uma oportunidade.

A Lingua de Sinais

As línguas de sinais são línguas de modalidade visual-motora; são naturais porque surgiram espontaneamente da integração das pessoas surdas. Sua estrutura gramatical difere da do português porque se articula espacialmente e é percebida através da visão
Essas línguas são complexas e permitem aos seus usuários discutir os mais variados assuntos, tais como: política, moda, educação, filosofia, esportes, e outros..
A língua de sinais não é universal, cada país possui a sua própria. No Brasil é a LIBRAS, na Dinamarca é a Língua de Sinais Dinamarquesa. Cada país, portanto, tem sua própria língua de sinais.
O fato de o alfabeto manual brasileiro ser muito conhecido faz com que muitas pessoas pensem que a comunicação com os surdos se efetiva através da soletração das palavras, mas isso não é verdade. Existem sinais para as palavras e até para sentenças. Os sinais são construídos dentro da estrutura da LIBRAS.
Diante da necessidade educacional- ensinar a escrita aos surdos de famílias abastadas- algumas experiências pedagógicas isoladas foram responsáveis pela estruturação de técnicas de trabalho que previlegiavam seu domínio.
O primeiro professor de surdos que se conhece foi o Frances de Ponce de Leon(1510-1584),que por centrar seus esforços na tentativa de fazer os surdos aprenderem a ler e a escrever, inventou um alfabeto manual que servia como instrumento de acesso á língua falada e escrita.
Seguida a preocupação com a escrita, outros professores destacaram-se na tentativa de levar o mundo oral aos surdos, seja pela grafia, seja pelo treino da leitura labial. Entre eles, encontra-se Jonh Wallis(1618-1703), William Holder(1616-1698) e outros educadores, que criaram sua própria metodologia de trabalho e iniciaram a discussão sobre educação e a inclusão social desses sujeitos.
De acordo com Sacks (1990, p.23):

A situação das pessoas com surdes pré-linguística antes de 1750 era de fato uma calamidade; incapazes de desenvolver a fala e, portanto, mudos, incapazes de comunicar-se livremente até mesmo com seus familiares, restritos a alguns sinais e gestos rudimentares, isolados, privados de alfabetização e instrução, de todo o conhecimento do mundo, forçados a fazer trabalhos mais desprezíveis, vivendo sozinhos, muitas vezes á beira da miséria, considerados pela lei e pela sociedade como pouco mais que imbecis

A Língua Brasileira de Sinais é a língua de sinais utilizada pelas pessoas Surdas que vivem no Brasil e tem como sigla a inicial das palavras, sendo também chamada de LIBRAS.
Como todas as outras, as línguas de sinais são vivas, pois estão em constante transformação com novos sinais, sendo introduzidas pela comunidade Surda de acordo com a sua necessidade.

O Intérprete de Língua de Sinais

Há muitas divergências quanto ao exercício da profissão de tradutor e intérprete.
O tradutor é o profissional que faz a tradução de um documento escrito. O intérprete é aquele profissional que traduz de forma verbal para outra língua algo que foi dito. No caso dos surdos, quem executa este trabalho é o intérprete de língua de sinais, ou seja, uma pessoa ouvinte bilíngüe, que domina o português na modalidade oral e a língua de sinais.
Este profissional atua em diversas situações sociais como ponte entre a pessoa surda e pessoa ouvinte, pois seu objetivo é promover uma comunicação efetiva entre estas duas comunidades lingüísticas. Para que isso ocorra eficazmente, a convivência com a comunidade surda faz parte de sua formação.
Atualmente, os órgãos competentes têm firmado convênio com a Federação Nacional de Educação e Integração do Surdo (FENEIS) para que instrutores surdos ministrem cursos de língua de sinais, visando á formação de futuros intérpretes.
As associações de surdos de todo o Brasil, também têm se mobilizado pela formação desses profissionais porque alguns membros da comunidade surda têm entendido que a inclusão social e escolar com qualidade somente se processará se os usuários da língua de sinais tiverem a garantia de um bom profissional mediando a comunicação com comunidade ouvinte.

Quando você encontrar uma pessoa surda...

- Fale de maneira clara, distintamente, mas não exagere. Use a sua velocidade, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar. Use um tom normal de voz, a não ser que lhe peçam para falar mais alto.
- Fale diretamente com pessoa, não de lado, atrás, ou contra a luz. Faça com que a sua boca esteja bem visível para permitir a leitura labial.
- Se você conhece um pouco sobre a Língua de Sinais, tente usá-la. Se a pessoa surda tiver dificuldade em entender, avisará. De modo geral, suas tentativas serão apreciadas e estimuladas;
- Fale com expressão. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças de tom que indicam sarcasmo ou seriedade, muitas delas vão depender das suas expressões faciais, dos gestos e movimentos corporais para entender o que você está dizendo.
- Em situações de emergência, não fique nervoso, normalmente as pessoas surdas têm consigo o endereço escrito de sua residência e telefone par contato.
- Alguns surdos não falam, porém fazem uso da comunicação escrita. Tente lembrar que a comunicação é importante. Se possível ajude a pessoa a encontrar a palavra certa, mas não fique ansioso, pois isso pode atrapalhar a conversa.





Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.

Considerações finais

O direito a educação esteve sempre presente associado aos direitos da igualdade e da liberdade, dessa forma, a inclusão da criança surda na instituição escolar, requer uma boa reformulação tanto do corpo discente e docente, proporcionando aquisições necessárias de conhecimentos e habilidades, bem como a formação de valores que identifiquem como sendo indivíduo importante na sociedade, Desta maneira o profissional de educação deve propicionar, por meio de atividades lúdicas, caminhos de desenvolvimento cognitivo, obtendo uma melhor compreensão do mundo , adquirindo, recursos essenciais para o processo ensino aprendizagem.
Quando esta participando de atividades lúdicas, ela tem a oportunidade de se socializar, com outras crianças como também ajudando no seu desenvolvimento psico-motor, afetivo moral e intelectual.
Pesquisando e trabalhando sobre essa prática pedagógica o profissional de educação, passa cada vez conhecer e socializar, no meio e no mundo da criança de modo a entender seu pensamento, sua linguagem, sua afetividade e toda emoção que guarda dentro de si. Dessa forma, aprendendo e compreendendo o porquê das atividades lúdicas, como recurso pedagógico na educação da criança surda.

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