A RELEVÂNCIA DA BNCC E A LUDICIDADE NO CURRÍCULO DA ALFABETIZAÇÃO
Por Amled Julião Rodrigues | 07/03/2025 | Educação
A RELEVÂNCIA DA BNCC E A LUDICIDADE NO CURRÍCULO DA ALFABETIZAÇÃO
Autora, RODRIGUES, AMLED JULIÃO
Esta pesquisa tem a finalidade de aventar algumas das questões teóricas e conceituais que norteiam a contribuição do lúdico no processo de aprendizagem nos anos inicias do ensino Fundamental. Acredita-se que a brincadeira seja algo intrínseco à criança e desta forma colabore com a construção de muitos conhecimentos, inclusive, o acadêmico. Observa-se que a ludicidade perpassa sobre o conceito da brincadeira como uma experiência onde o educando explora sua criatividade, trazendo um resultado significativo tanto no crescimento cognitivo, quanto na sua formação cultural. Por se tratar de uma pesquisa de cunho qualitativo e bibliográfico teve seu desenvolvimento pautado em leituras de documentos oficiais e embasamento nos estudos apresentados por grandes referências no assunto como Piaget, Fonseca, Kishimoto, dentre outros, além da Base Nacional Comum Curricular.
Palavras-chave: Ludicidade. Escola. Aprendizagem.
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INTRODUÇÃO
A ludicidade é um tema em voga dentro panorama educacional, principalmente por se esperar que a aprendizagem no contexto escolar possa e deva acontecer de maneira natural e prazerosa. A BNCC – Base Nacional Comum Curricular (2017), novo documento que regulamentam quais são as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas escolas, enfatiza a necessidade de se promover o desenvolvimento das habilidades que favoreçam a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo e de interação do aluno.
Com a finalidade de propor uma reflexão a cerca do conceito da ludicidade, bem como sua relevância e prática no contexto escolar, a presente pesquisa busca apresentar embasamentos teóricos que justifiquem adotar o lúdico como ferramenta no processo de ensino aprendizagem. A metodologia bibliográfica foi escolhida para pautar a elaboração deste projeto.
Acredita-se que atividades lúdicas tendem a instigar a capacidade de interagir, de pensar, de argumentar e construir ideias. Visto que, a partir de tais práticas, a criança desenvolve aspectos linguísticos, afetivos, de coordenação motora, autoconfiança e autonomia, conceitos de moralidade e valores. Por meio de práticas que facilitem aos alunos brincarem, investigarem, correrem, pesquisarem, o ambiente escolar pode torna-se mais acolhedor, desafiador e positivo.
2 DESENVOLVIMENTO
A BNCC (2017), Base Nacional Comum Curricular, tornou-se um documento de cunho normativo que busca definir um conjunto de aprendizagem essencial que deverá ser ofertada aos alunos no decorrer de suas etapas educacionais abrangendo desde a Educação Infantil até a conclusão do Ensino Médio.
Trata-se de uma ferramenta referencial que deverá ser adotada pelas escolas da rede pública e privada para garantir o direito de aprendizagem e desenvolvimento de cada indivíduo, estabelecendo os objetivos de aprendizagem que deverão ser alcançados em cada modalidade e etapa de ensino de acordo com as competências e habilidades definidas.
No entanto, não se trata de um modelo de currículo, todavia, um instrumento norteador para que as instituições de ensino conduzam suas propostas pedagógicas e estratégias de ensino contemplando a formação integral do estudante e seu desenvolvimento em conformidade com o Plano Nacional de Educação.
Torna-se importante mencionar que a Base, embora, tenha sido elaborada à luz do PCN e DCN, é um documento obrigatório e se apresenta de maneira mais clara no que se refere aos objetivos essenciais de aprendizagem de cada etapa escolar, com a proposta de assim diminuir a desigualdade no aprendizado, no âmbito nacional.
Nesse sentindo, o documento está organizado por modalidade de ensino, estabelecendo as competências que conduzirão o trabalho em todos os anos e abrangendo todas as áreas de conhecimento. A Base apresenta um total de dez competências gerais, estabelecendo um fluxograma onde para cada área e componente curricular existirá suas respectivas competências específicas, definindo unidades, objetos de conhecimento e habilidades.
Todas as modalidades seguem esse modelo, exceto a Educação Infantil, que foi organizada de maneira distinta, contemplando direitos de aprendizagem e campos de experiências, além de suas competências gerais.
Observa-se que a proposta apresentada pela Base Nacional Comum Curricular está pautada na preocupação de oferecer mais equidade, diminuindo as diferenças e aumentando a qualidade do ensino.
No que se refere aos Anos Inicias do Ensino Fundamental nota-se um zelo em garantir a continuidade no processo de aprendizagem iniciado na Educação Infantil, respeitando o conhecimento prévio do aluno sem rupturas do que já foi construído.
Desta forma, a Base estabelece um conjunto de habilidades que se relacionam diretamente com os objetos de conhecimento, organizados em unidades temáticas que irão compor o componente curricular, garantindo o desenvolvimento das competências específicas.
Esta nova organização foi uma das mudanças significativas apontadas pelo documento. Outro item que merece destaque é o processo de alfabetização que teve seu período de conclusão antecipado para dois anos e não mais três anos como indicava o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
Desta maneira percebe-se que os dois primeiros anos estarão focados em alfabetizar, espera-se que o aluno neste inicio desenvolva a capacidade de compreensão entre as diferentes formas de grafias, conheça as letras que compõem o alfabeto e a natureza alfabética, domine as relações entre fonemas e grafemas, lendo globalmente as palavras e ampliando seu olhar no que diz respeito aos textos e não apenas decodificando palavras de maneira fatiada sem representatividade.
No entanto, o processo de alfabetização terá continuidade nos anos seguintes, todavia, seu foco deverá contemplar a parte ortográfica promovendo um desenvolvimento maior em relação aos conhecimentos e habilidades linguísticas.
A Língua Portuguesa, Educação Física, Arte e Língua Inglesa são os componentes curriculares que compõem a área do conhecimento estabelecido pelas Linguagens. Outras áreas como a Matemática, as Ciências da Natureza, Ciências Humanas (Geografia e História) e o Ensino Religioso, determinadas pela BNCC estarão presentes ao longo de todo Ensino Fundamental.
Importante ressaltar que o documento permite que as escolas façam as adaptações necessárias de acordo com suas realidades no intuito de promover uma educação integral do educando.
Os projetos pedagógicos, as estratégias de ensino ou a didática adotada ficará a cargo das instituições de ensino. Contudo, a nova proposta sugere que a educação ofereça ao estudante oportunidade de construir seu conhecimento com representatividade, respeitando seu saber prévio, sua etapa de desenvolvimento, bem como sua interação com o mundo que o cerca, colocando o aluno no centro do processo.
A Base Nacional Comum Curricular defende um ensino sem rupturas com continuidade no processo de aprendizagem no que se refere às mudanças nas modalidades de ensino, reconhecendo a Educação Infantil como o início desta construção e considerando a relevância do aprendizado desenvolvido nesta etapa.
Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. (BRASIL, 2017, p. 57)
Torna-se notório a relevância apontada pela BNCC em promover o protagonismo do educando. No que se refere aos Anos Inicias do Ensino Fundamental existe uma preocupação em estimular a criatividade, o pensamento lógico e a criticidade, espera-se que o estudante desenvolva sua capacidade de argumentação, interação, ampliando sua visão de mundo e seu lugar de mundo.
Nesse sentindo, a escola precisa estar preparada para oferecer um ambiente capaz de contribuir na autonomia de seus alunos, por meio de práticas e propostas pedagógicas que atendam as necessidades específicas de acordo com cada realidade. As instituições de ensino devem estar atentas às adaptações necessárias para que a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental não sofra grande impacto.
A relevância das atividades lúdicas como ferramentas favoráveis à aprendizagem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental precisa ser considerada em sua versatilidade, possibilidades de variar de acordo com os momentos, facilitando uma participação ativa dos alunos e provocando uma socialização positiva ou até mesmo negativa.
A ludicidade institui uma passagem para a informação e para o crescimento do raciocínio, não somente no âmbito escolar como na formação cultural e social do educando.
Desperta no sujeito um espírito inovador, que o provoca quanto à necessidade de se cumprir as regras estabelecidas, ressaltam a importância da responsabilidade, o poder de decisão, permitindo a construção de uma identidade social volvida no bem estar do grupo, respeitando o espaço de cada um. Abarcando essa concepção para o espaço educacional, deve-se assumir o compromisso de estimular e permitir aos alunos a conservação da leitura de mundo que eles já têm.
Nesse sentindo, a proposta da ludicidade como ferramenta facilitadora na construção do conhecimento, tem a proposta de transformar a aprendizagem numa experiência prazerosa, agregar símbolos a sua vivência, edificar críticas que o transponha dentro do contexto social e a sensibilidade imprescindível a todos os que se valem da leitura, tanto no enfoque educacional, social ou ainda cultural.
Diferentes jogos e atividades lúdicas podem ser explorados de acordo com a intensão estabelecida em cada tema. Jogos de raciocínio lógico para trabalhar a concentração; jogos da memória estimulam a rapidez, a capacidade de observação, noção de espaço e a memória; a resolução de problemas instiga o pensamento matemático proporcionando mais segurança ao educando. Por isso a importância do planejamento adequado e de uma orientação pedagógica atenta às necessidades de cada fase de aprendizagem do aluno.
Diante deste cenário, pensar na ludicidade como uma aliada pode trazer benefícios à aprendizagem, sobretudo, por compreender sua relevância no processo de desenvolvimento da criança.
O lúdico deve ser empregado como um instrumento de examinar, introduzir ou avigorar os conteúdos, baseados nos interesses que levam o educando a sentir contentamento em desvendar uma passagem significativa no aprendizado. Assim, a ludicidade é uma ponte que colabora com o avanço dos resultados que os educadores almejam alcançar. (BRASIL, 2007)
O lúdico marca o início da vida escolar por se fazer tão presente no universo da Educação Infantil. Trazendo benefícios e auxiliando no desenvolvimento do estudante, estimulando seu raciocínio, interação, criatividade e tornando a primeira experiência educacional mais acolhedora e leve. Portanto, torna-se viável garantir sua permanência ainda nos anos Inicias do Ensino Fundamental para que não haja uma ruptura tão significativa na forma de aprendizagem.
3 CONCLUSÃO
A brincadeira na vida infantil é um fato, ou pelo menos deveria ser nos lares de todas as crianças, o que defendemos neste artigo é que a escola permita de uma forma que se alcance objetivos, ou seja, não de maneira livre.
Assim, precisamos de Professores que entendam a importância da ludicidade como espaço de aprender, para que tudo que foi escrito neste texto faço sentido, pois infelizmente alguns profissionais criticam a ludicidade simplismente por não entender que toda atividade realizada dentro da escola precisa ser dirigida e planejada para que possibilite o momento de aprender.
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. MEC,
Brasília, 2017.
FONSECA, VITOR DA. Psicomotricidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996. (Coleção Leitura).
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 14ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança, imitação, jogo, sonho, imagem e representação de jogo. São Paulo: Zanhar, 1971.
VIGOTSKII, L.S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. De Maria da Penha Villalobos. São Paulo: Ícone, 1987.