A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO: QUANDO AS CRENÇAS MOBILIZAM AS AÇÕES
Por Jesualda da Silva Kropiwiec | 03/11/2017 | EducaçãoAs crenças que mobilizam os professores em relação ao ensino estão ligadas no contexto social e, também, àsua formação inicial. O professor Dr. Adelmo Silva (2009) observa “que as crenças dos professores sobre o ensino podem variar em virtude do conteúdo, da sala de aula, do contexto histórico, da formação inicial ou continuada”. Ele cita que:
É importante destacar que, ao se discutir as diferenças entre crenças e conhecimentos, deve ficar nítido que o conhecimento exige um caráter mais objetivo do próprio conhecimento, enquanto as crenças, mais subjetivo, temporal, histórico e cultural. O conhecimento deve obedecer às leis da evidência e rigorosidade, enquanto as crenças são muitas vezes tidas ou justificadas por razões que não obedecem a tais critérios. O que não se pode perder de vista é que a atuação dos professores é dirigida pelos seus pensamentos, juízos, crenças, concepções e teorias implícitas (SILVA, 2009, p. 29).
Assim sendo, as crenças são conhecimentos do senso comum e generalizações que o professores tem tanto a seu respeito como a respeito dos alunos e não tem cientificidade. São condições que se acredita serem certas, e mobilizam assim a prática dos professores, diante daquilo que acreditam ser verdade , muitas vezes causando prejuízo no ensino, ou seja, tratam uma situação como sendo verdade absoluta sem procurar outras formas de resolve-la.
De acordo com Silva (2009) as crenças são verdades pessoais e têm valores avaliativos muito fortes derivadas de experiências ou fantasias trazendo em si componentes afetivos.
Para o autor conhecimento “é entendido como uma rede ampla de conceitos, imagens e habilidades inteligentes que os seres humanos possuem. As concepçõessão marcos organizativos que servem de suporte aos conceitose que têm essencialmente uma natureza dedutiva. E aponta que: concepções e crenças são partes do conhecimento que:
[...] às vezes, algumas crenças são inferidas de outras. Ademais as crenças de um sujeito não são isoladas umas das outras, mas relacionadas, formando um sistema de crenças. A estrutura dos sistemas de crenças dá lugar a diversos graus de consistência e de estabilidade, o que permite explicar tanto comportamentos e práticas contraditórias como resistências à mudança. As crenças de um indivíduo regulam sua estrutura de conhecimento, afetam as práticas e seu pensamento, atuando por vezes como uma força inerte. As práticas, por sua vez, configuram, modificam ou consolidam suas crenças (SILVA, 2009, p. 30).
Silva fundamentado nos trabalhos Vila e Callejo (2006) apontam três diferentes tipos de crenças: crenças descritivas; crenças inferenciais e crenças informativas. As crenças descritivas surgem a partir do contato com o objeto, observação direta e da experiência, exercendo influência sobre a prática. Crenças inferenciais surgem nas relações e tem suas bases nas crenças descritivas. Já as crenças descritivas segundo o autor têm origem em informações do exterior, de outros sujeitos do contexto social. Comenta o autor que:
Os sistemas de crenças possuem uma natureza dinâmica: sofrem modificações e reestruturações à medida que os indivíduos confrontam as suas crenças com as suas experiências. Essa vertente adquire um papel mais significativo para o desenvolvimento da prática educativa, pois se pode visualizar uma reflexão sobre as “certezas” implícitas nas crenças. Esta confrontação, normalmente, acontece com mais ênfase nos momentos de formação continuada dos professores, quando eles discutem suas práticas, as aprendizagens dos alunos, os métodos utilizados no processo de ensino. Ou, ainda, em momentos de reflexão individual sobre a ação, a auto-reflexão, consciente e deliberada (SILVA, 2009, p. 31).
Diante disso as crenças se modificam durante a vida conforme as experiências adquiridas e vividas na prática do professor em sala de aula, também com experiências trocadas com seus pares no contexto social vigente e na sua reflexão sobre a prática. A esse respeito podemos entender a crençana prática do professor como sendo ela modeladora no pensamento do professor influenciando assim sua prática docente.