A RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA NA ADOLESCÊNCIA
Por Régia Sherley Ponte Farias | 21/08/2011 | FamíliaA RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA NA ADOLESCÊNCIA
Régia Sherley Ponte Farias
Graduada em Licenciatura Plena em História pela Universidade Vale do Acaraú ? CE ? Campus de Mãe do Rio ? PA
Pós-graduada em Psicopedagogia pelo UNASP ? UNB ? FAAMA - PA
Professora da Escola Adventista de Paragominas, desde 2000,
Baby-25@bol.com.br
Resumo: Vivemos numa época em que os valores estão sendo investidos e mais do que nunca família e escola precisa se unir para educar crianças a se tornarem cidadãos críticos e pensantes. Nesse processo, encontra-se o adolescente que sofre por não atingir o sucesso esperado, apresentando dificuldades no aprendizado. As relações: família e a escola devem ser estreitadas, pois não é de hoje que se fala que as escolas devem ser uma extensão do lar e por isso, entende-se que o rendimento escolar do aluno está ligado às suas relações familiares. A escola tem essa responsabilidade e o psicopedagogo deve atuar de forma preventiva diante do número alarmante de crianças/adolescentes com problemas de aprendizagem e outros problemas. Nas instituições escolares a intervenção psicopedagogica cada vez mais ganha seu espaço. Este artigo nasceu da preocupação, no que diz respeito à dificuldade no desenvolvimento harmônico das competências e habilidades dos adolescentes. Tendo como objetivo de fazer a abordagem sobre a importância da relação família x escola e a atuação do psicopedagogo.
Palavras chave: família, escola, dificuldades de aprendizagem.
Abstract: We live in an epoch which the values are being reversed and more than ever, families and schools must come together to educate children to become citizens and critical thinkers. In this process, is the teenager who suffers from not achieving the expected success, presenting difficulties in learning. Family-school relationships should be narrowed, because it is spoken today that schools should be an extension of the home and therefore means that school achievement is linked to their family relationships. The school has the responsibility and pyschopedagogists must act preventively before the alarming number of children/adolescents with learning problems and other problems. In scholarly institutions psychopedagogical intervention increasingly took its place. This article was born of concern regarding the difficulty in harmonic development of skills and abilities of adolescents. It aims to make an approach on the importance of family-school relationship and the performance of psychopedagogists.
Key words: family, school, difficulty of learning.
Introdução
Neste artigo proponho uma reflexão sobre Família e Escola: uma relação necessária para o desenvolvimento harmônico do adolescente, com o objetivo de trazer com clareza que é tarefa intransferível tanto dos pais, como também da escola, transformar a criança imatura e inexperiente num adolescente ou jovem participativo, atuante, consciente de seus deveres e obrigação dentro de uma sociedade. E que seja no futuro um cidadão crítico, autônomo, empreendedor e capaz de interagir no meio em que vive.
Sabendo que é no lar a primeira escola do individuo, procuramos colocar explicitamente suas funções, responsabilidades e sua influência no futuro aluno/adolescente, sabendo que é no lar que as primeiras lições de moral e disciplina são introduzidas e por isso, esse período é de grande importância para o desenvolvimento do ser humano. Neste ambiente acolhedor ele deve sentir que é amado, querido e que nem tudo que ele quer fazer é bom e agradável para seu crescimento e bem estar. É no lar que essas e outras tantas lições devem ser inculcadas na mente da criança para que quando chegue na fase da adolescência este individuo possa sentir segurança e apoio para que o desenvolvimento ocorra de forma tranqüila.
Apresentamos aqui o papel atual da escola e do lar, que juntos tem que desempenhar a função de educar e desenvolver o indivíduo nas suas diversas faculdades, disponibilizando oportunidades que o façam construir o edifício do saber. Dessa maneira, a escola é desafiada a repensar sua prática pedagógica, lembrando que os alunos/adolescente são seres com características próprias e por isso é tão necessária essa parceria com a família para que tenham uma visão ampla das experiências vividas pelo aprendente e assim possam realizar um trabalho buscando despertar o interesse e o gosto pelo estudo, pois só se aprende quando há prazer.
E nesse sentido, aprofundamos a idéia de que é de suma importância que os pais se façam presentes na vida acadêmica de seus filhos para que possam juntos lidar com os problemas decorrente da adolescência. Porém, diante de uma sociedade robotizada e alienada, o que vemos é que os pais se mostram sempre ausente da escola e do cotidiano dos filhos por conta do ritmo frenético que o dia-a-dia lhes impõe, deixando muitas vezes a função de "educar" nas mãos apenas da escola, mas sabemos que se não houver essa parceria família x escola o processo ensino-aprendizagem se torna mais doloroso e as marcas poderão ser notadas com facilidade.
O lar como a primeira escola
Quem nunca ouviu dizer que a Educação começa em casa. E essa é uma grande verdade, pois é no lar que a educação da criança é iniciada. É ali, que toda a base dos princípios morais para sua vida será construída, tendo os pais como instrutores.
Esta educação, advinda do lar, tem como objetivo preparar os pequenos para lidar com situações-problemas que aparecem no decorrer de toda a vida, situações que estão relacionadas à área social, econômica, familiar e emocional. E se esta formação não for suficientemente eficaz, a ponto de desenvolver indivíduos pensantes, autônomos e atuantes para uma sociedade carente desse tipo de pessoas, na adolescência isso se mostrará com clareza, pois é muito comum que nessa fase eles enfrentem algumas crises sociais e emocionais e se associarmos a isso uma educação do lar ineficaz, com pais ausentes teremos como resultados jovens em crises constantes e causando muitos problemas para serem notados.
A influência do lar é muito forte em todas as fases da vida e pode ser facilmente notada no individuo, pois o comportamento de cada um é um reflexo dessa educação. Se uma criança, não foi bem cuidada, se o amor dado a ela não foi suficiente isso será manifesto em algum momento de sua vida. Podemos ver o que estamos falando numa pesquisa feita com famílias residentes no Sul de Londres. É o que diz o Dr. Julián Melgosa (2009, p. 111):
(...) Foram observadas 12 famílias residentes no Sul de Londres. Uma série de questionários e uma entrevista foram utilizados para averiguar a incidência de problemas depressivos e seus efeitos sobre a família.
Uma das descobertas mais surpreendentes foi que os filhos de mães que haviam sofrido depressão pós-parto, durante os três meses seguintes ao nascimento, aos 11 anos de idade tinham quatro vezes mais probabilidade de causar violência (em casa ou na escola) do que aqueles cujas mães não haviam sofrido depressão pós-parto.
Esta pesquisa pode ser interpretada de várias formas, porém o que fica claro é que desde a infância, o ser humano necessita de muito amor, atenção, carinho e cuidados, para que na adolescência e na fase adulta não tenham problemas sérios em relação a sua vida emocional, gerando assim transtornos em todos os âmbitos.
Na fase escolar a criança está em progresso de formação de hábitos e valores e os pais anseiam que demonstre esse aprendizado de coisas boas vindas do lar. E é neste momento inicial, que deveriam aprender sobre a disciplina e o respeito e que o mundo não gira em torno dela.
A importância da participação dos pais na vida acadêmica de seus filhos
Muitos estudos têm sido feito em torno dessa relação família x escola. O modelo de família que há séculos foi seguido, hoje se desfez em poucos anos. Essa nova dinâmica familiar nos obriga a mudarmos de estratégias, pois ela interfere diretamente na escola. Existem famílias compostas apenas de mãe e filhos, pai, madrasta e filhos, avôs e netos e assim por diante. Esse novo contexto familiar sem um núcleo definido cria um sentimento de insegurança em toda a sociedade.
Conforme consta numa pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase a metade das famílias brasileiras não correspondem mais ao modelo milenar composta de pai, mãe e filhos. Acrescido a isso está à falta de tempo para as famílias se encontrem e sociabilizarem. E assim, a escola também tem que se adaptar a esse novo estilo e exercer um papel diferente. Porém, tanto a escola como a família precisam se adaptar a estes novos encargos, sem impor responsabilidades excessivas ao outro, nem mesmo ignorar a sua importância na participação no processo educacional, lembrando que deve existir uma comunicação entre os atores sociais e também uma aceitação e compreensão de suas diferenças e limites.
Podemos dizer que não existe um modelo único de família, de acordo com a historiografia familiar, e sim inúmeros modelos familiares, com traços em comum mais se resguardado das suas peculiaridades. Dessa forma, nesse contexto de forma geral, se encontra sentimentos como amor, ódio, ciúmes, inveja, amizade e muito outros.
A família, por sua vez espera que a escola possa "educar" o filho nas questões que ela não foi capaz de fazê-lo, como por exemplo, limites, respeito, sexualidade e os preparem para ter uma profissão de sucesso e nisto inclui passar numa boa universidade. É por tanto, na escola que se espera encontrar caminhos para superar problemas éticos e morais que assombram a sociedade, refletindo ali sobre as metodologias e ações mais adequadas para que se atinja esse objetivo e "educar" com eficiência, por isso é fundamental que conheçamos as dificuldades, os anseios, os medos dos alunos e das famílias com as quais lidamos para que possamos avaliar o procedimento a utilizar e prever o êxito de nossas ações enquanto educadores, identificando, dessa forma, demandas, construindo propostas educacionais compatíveis com nossa atual realidade.
O objetivo primordial da educação
A educação não se resume num simples avanço em certo curso de estudo, nem só na preparação para a vida profissional. É mais do que atingir uma ou outra área das faculdades mentais do ser humano, pois, "o processo de aprendizagem se encerra na dinâmica de transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educação." (PAIN, 1985, p. 11)
O objetivo principal da educação é o desenvolvimento completo, integral e harmônico das faculdades físicas, mentais e espirituais. Este sim é o tripé que sustenta uma educação de sucesso.
Nesse sentido, a escola exerce um papel de grande importância, uma função social, já que, é nela que a criança começa sua socialização com o mundo estranho até então, para ela. Antes do ingresso escolar ela só se relacionava com pessoas do meio social de sua família, agora encontra um ambiente novo, de novas descobertas.
Nesta primeira fase da vida escolar, denominada por Piaget de Operatório Concreto, a criança não tem noções abstratas e toda a sua educação deve estar focada em algo concreto e que faça sentido para ela. É na fase Operatória Formal, de acordo com Piaget, iniciando por volta dos 12 anos, que se desenvolve o pensamento hipotético e dedutivo, onde ela aprende noções mais abstratas, conceitos mais complexos.
Por isso, na pré-escola as crianças devem ser ensinadas partindo do concreto para algo que lhe dê um significado, por que é mais tarde que ela vai realmente conseguir entender conceitos hipotéticos. O aprender é um processo longo, sempre usando mecanismos de apoio para que o aprendente se sinta seguro ao entrar em contato com o novo. Moreto (1942, p. 54) nos coloca que "aprender é construir significado e o ensinar é oportunizar essa construção."
Para que esse ensino ou construção tenha sucesso é necessário que haja um mediador capaz de proporcionar momentos de experiência e motivação.
Cury (2003, p. 57) nos afirma que "os professores fascinantes transformam a informação em conhecimento e o conhecimento em experiência. Sabem que apenas a experiência é registrada de maneira privilegiada no solo da memória..." E fazendo assim, o educador pode de forma simples levar o aluno a viver seus próprios momentos de experiência, levando-os a criar seus conceitos, refletir os resultados e questionar conclusões prontas, formando assim alunos pensantes, reflexivos e questionadores.
Atualmente, muitos se gabam em afirmar que a informação e a tecnologia alcançaram patamares altíssimos e tamanho interesse pela educação. Porém, esse grande progresso de máquinas celulares, computadores, internet, megafones, e outros, trouxeram aos jovens um alarmante estado de degeneração mental, pois se acostumaram a encontrar tudo pronto e acabado, evitando assim o exercício reflexivo e assim tornando-os mentalmente preguiçosos.
Neste contexto, a educação atual está encontrando grande dificuldade em manter a disciplina e o respeito dos alunos.
A esse respeito White (2008, p. 210) nos escreve que:
A despeito, porém, desse alardeante progresso, existe um espírito de insubordinação e temeridade sem paralelo na nova geração; a degeneração mental e moral é quase universal. A educação popular não corrige o mal. A frouxa disciplina em muitas instituições de ensino quase tem destruído sua utilidade.
A escola hoje precisa exercer um papel mais elevado do aquele de simplesmente transmitir informações e os alunos serem mais do que meros receptores. E é com a família, que este diferencial deve ser observado e valorizado. Os pais de jovens adolescentes deveriam valorizar qualquer esforço por parte da escola em colocar seus filhos num trabalho de reflexão e pesquisa, e isso, muitas vezes não acontece. Fazem sim, ao contrário, dando razão aos reclamos dos filhos que se queixam de ter que ler grandes textos ou de fazer pesquisas extra-classes.
E quando percebem que seus esforços foram fracassados no intuito de tornar a educação dos filhos satisfatória, o sentimento que surge entre estes é a culpa. E é por esse sentimento que muitas vezes os pais fazem todos os gostos dos filhos, achando que com isso pode compensar sua ausência. E assim, é a culpa que faz com que os pais não aceitem as dificuldades dos adolescentes, pois se o fizessem estariam declarando a sua incompetência diante de suas responsabilidades. E com medo de contrariá-los, reforçam atitudes inaceitáveis, prejudicando assim o desenvolvimento intelectual, moral, mental e emocional. Cury (2003, p.39) nos salienta que:
Pais que não tem coragem de reconhecer seus erros nunca ensinarão seus filhos a enfrentar seus próprios erros e a crescer com eles. Pais que admitem que estão sempre certos nunca ensinarão seus filhos a transcender seus fracassos. Pais que não pedem desculpas nunca ensinarão seus filhos a lidar com a arrogância. Pais que não revelam seus temores terão sempre dificuldades de ensinar seus filhos a ver nas perdas oportunidades para serem mais fortes e experientes.
A adolescência
Os jovens em si, são sonhadores, receptivos, vivos e ardentes. E por essa razão eles devem ser levados a agir por se mesmos, desenvolvendo sua capacidade de realização, sua confiança e seu respeito próprio. Porém, essa liberdade de ação deve ser observada de perto pelos seus responsáveis, pois essa liberdade que os jovens almejam, no fundo não é uma liberdade completa, eles esperam que se importe com eles e o respeitem.
A educação ditadora e repressiva, tanto dos pais como dos professores, produzirá uma classe de adolescentes fracos mental e moralmente, pois não foram ensinados a tomares suas próprias decisões com domínio de suas emoções, em vez disso, foram treinados a fazer somente o que lhes mandavam.
Porém, quando esses adolescentes se encontram sozinhos, tendo que ocupar seu lugar na sociedade, na escola e com seus amigos demonstram ser fracos e são levados por qualquer vento de ideias alheias. E é por isso, que pais e professores nesta fase inicial da adolescência devem encorajá-los pensar e agir por conta própria e fazer tanto da escola com do lar um espaço de aprendizagem.
Neste período, acontecem grandes transformações no corpo e na mente do adolescente e muitas vezes isso pode repercutir em mudanças repentinas de animo, pois está perdendo suas características de criança, mas ainda não conseguiu adquirir as de um adulto, causando-lhe incômodos.
Santos (1960, p. 51) nos afirma que "por ser uma transformação acelerada e profunda, a adolescência pode ser considerada um período de grande desestabilização psicológica, já que nessa fase o jovem não se sente criança e nem adulto ainda." A família e a escola deve ser estreitada para que uma seja a extensão da outra e assim poderem traçar planos e estratégia para atingi-lo, onde ele esteja realmente precisando.
Necessitam também estarem atentos para não agirem de forma imatura com eles, tratando-os como crianças ou mesmo como adultos dando-lhe total liberdade, pois isso, pode ocorrer nele um sentimento de inferioridade, insegurança e imaturidade. Estes sentimentos são refletidos no processo ensino-aprendizagem causando inquietudes, indisciplinas ou ao contrario timidez, bloqueios e insegurança.
Para ajudar os adolescentes, família e escola precisam estar em conformidade e conhecer o aluno em questão, suas atitudes e comportamento em grupo, se é bem aceito, se ele aceita os outros, se tem suas próprias opiniões e como é sua reação diante de situações problemas e assim perceber onde está a fragilidade dele e buscar superar com muito amor e carinho.
Muitos pais são ausentes da vida acadêmica, social e emocional de seus filhos, alegando que são ocupados e atarefados demais para isso e passam essa responsabilidade para outros. No palco social, os adolescentes muitas vezes se encontram sozinhos e ainda imaturos para tomarem decisões importantes e assim erram e erram muito, sem ter ninguém para direcioná-los a aprenderem com os erros acabam se sentindo desprezados e frustrados, neste estado o aluno chega à sala de aula desmotivados e moralmente despreparados e a isso advêm o fracasso escolar. E quem são os culpados? Um diz que é da escola, porém a escola pronuncia a sentença: pais ausentes geram filhos inseguros e despreparados.
Santos (1960, p.55) nos contribui dizendo que:
Se os pais tivessem consciência do quão importante estarem presentes na vida dos filhos nessa fase, poderão orientá-los a fim de que, aos poucos, o caráter deles sejam moldados e aprendam a ter auto-controle. Somente com a força de vontade fortalecida é que eles manterão o sentimento sobre controle da razão.
Neste sentido é reafirmo a extrema necessidade da presença dos pais na sua vida acadêmica. Fazendo com que eles sintam que se importam com eles. Mas, lembrando que essa "presença" deve ser sem exageros, pois eles zelam por sua liberdade, porém, essa lhe será conforme sua maturidade e sempre de forma moderada.
A psicopedagogia nas relações: família e a escola
A partir da proposta inicial de refletir sobre a relação família e escola é que vem a pergunta: onde a Psicopedagogia escolar se enquadra? Para responder essa pergunta faz-se necessário esclarecer qual seu real papel.
Podemos definir a Psicopedagogia como a ciência que estuda, segundo Bossa, a aprendizagem humana. Esta trabalha em dois focos, o preventivo e o terapêutico. E assim, ela deve atuar na escola como forma de prevenção para o fracasso. Assim como Bossa (1994b, p. 08) nos esclarece:
A Psicopedagogia estuda a aprendizagem humana: como se aprende; como essa aprendizagem varia evolutivamente, condicionada por outros valores; como se produzem as alterações na aprendizagem; como estas alterações podem ser reconhecidas, tratadas e prevenidas.
Dentro dessa perspectiva preventiva, a Psicopedagogia abre-se um novo olhar para novas possibilidades para contribuir no processo de ensino aprendizagem. Neste intuito ela está interligada com outros campos de estudo como a psicologia, a sociologia, a pedagogia, a fonoaudióloga, a antropologia, enfim relacionando olhares que lhe mostre novas possibilidades de conexão contínua com o objeto de estudo, no caso o aluno/adolescente com toda a sua complexidade e ao mesmo tempo a sua singularidade.
Podemos aqui tentar definir a Psicopedagogia e seus objetivos, para existem várias definições construídas ao longo de um processo histórico. E é nesse ponto que se acredita na possibilidade de encontrar um caminho para a estruturação de um trabalho preventivo na sala de aula. O psicopedagogo atuaria em conjunto com o educador no sentido de estarem fornecendo subsídios, elementos estruturais (teóricoprático) para que essa visão abrangente pudesse ser internalizada por aquele que ali, naquele espaço, exerce a condição de mediador do conhecimento. O percurso feito minimamente até aqui nos mostra o quanto o momento atual sinaliza para que estejamos todos envolvidos, atentos a tudo que está ao redor, que seria o contexto que ele, o sujeito está inserido. Seria isso tarefa tão difícil nos espaços de aprendizagem? Seria isso trabalho tão árduo de se fazer junto às comunidades e familiares do sujeito colocado em questão?
Não podemos responder a essas questões com um simples sim ou não, pois sabemos que o que precisamos fazer é buscar caminhos para atingir objetivos através da avaliação, da observação, da busca de informações, dando-nos embasamento para agir com mais segurança e assim, contribuir nesse processo de forma ativa eficiente. Esse é o papel do psicopedagogo diante das dificuldades de aprendizagem: fazer uma análise da situação para poder diagnosticar os problemas e suas causas. Ele levanta hipóteses através da análise de sintomas que o indivíduo apresenta, ouvindo a sua queixa, a queixa da família e da escola; além de resgatar a história de vida do sujeito. Para isso, torna-se necessário conhecer o sujeito em seus aspectos neurofisiológicos, afetivos, cognitivos e sociais, bem como entender a modalidade de aprendizagem do sujeito e o vínculo que o indivíduo estabelece com o objeto de aprendizagem, consigo mesmo e com o outro. O psicopedagogo procura, portanto, compreender o indivíduo em suas várias dimensões para ajudá-lo a reencontrar seu caminho, superando dificuldades que impeçam um desenvolvimento harmônico e que estejam se constituindo num bloqueio da comunicação dele com o meio que o cerca.
São diversos os fatores envolvidos nos transtornos de aprendizagem: orgânicos, cognitivos, emocionais e ambientais, relacionados a três pólos de procedência: o indivíduo, a família e a escola. E somente com a parceria proposta aqui é que será possível vislumbras um novo quadro para a redefinição do sistema familiar.
Verifica-se que é necessário ressaltar que a tarefa de cuidar de maneira adequada de um ser em formação é extremamente difícil, pois requer que os educadores tenham capacidade de trabalhar com os conflitos gerados pela impulsão dos jovens em direção a satisfação rápida, às necessidades sociais e emocionais de cada momento.
A escola atual, de modo geral, apresenta maior disponibilidade em aceitar um relacionamento mais próximo com os pais. Todavia, o caminho percorrido para se chegar a tal interação foi um tanto difícil, em consequência das transformações políticas, econômicas e sociais, das rupturas de paradigmas. Os objetivos da escola, como também da família nos dias de hoje deverão procurar tornar a criança/adolescente apta a assumir responsabilidades, tomar decisões, aprender qualquer ofício, desenvolver suas habilidades, como também orientar o educando/filho na medida em que demonstre necessidade.
Escola e família devem se unir como uma equipe para que planejem princípios e critérios paralelos em direção aos objetivos que desejam atingir. Porém é importante ressaltar que embora devam seguir o mesmo caminho em busca de um só objetivo ? desenvolvimento harmônico do aluno/adolescente ? cada uma deve desempenhar seu papel para atingir o sucesso
Existem diversas contribuições que tanto a família quanto a escola podem oferecer, propiciando o desenvolvimento pleno, respectivamente dos seus filhos e dos seus alunos. Alguns critérios devem ser considerados como prioridade para ambas as partes. Como sugestões seguem abaixo alguns deles:
Família
- Escolher uma escola baseado em critérios que lhes transmita segurança, percebendo como ela age diante de situações problema;
- Manter um diálogo constante sobre conteúdos vivenciados na escola;
- Respeitar as normas da escola de forma consciente e espontânea;
- Não interferir na resolução de problemas ocorridos na escola, especialmente de socialização;
- Participar das reuniões na escolar, procurando saber quanto ao desempenho e dificuldades enfrentada e de outros eventos que a escola proporcione.
Escola
- Seguir normas proposta apresentada aos pais, agindo de acordo elas;
- Receber os com prazer, propondo reuniões pedagógicas, expondo o desempenho do aluno e buscando meios de unir família e escola para solucionar as dificuldades;
- Proporcionar um ambiente acolhedor para que os pais se sintam à vontade para participar de atividades culturais, esportivas e outras e assim fortalecer e aproximar família e escola;
Manter professores e recursos atualizados, promovendo uma boa administração e um ensino de qualidade.
Professor
- Fazer elogios, antes de repreender, usando o nome do aprendente;
- Não usar palavras como: "ou você faz ou...", "Se você não fizer...";
- Identifique situações de possíveis motivações;
- Ofereça oportunidade para que todos participem;
- Não se esqueça do valor da recompensa imediata, que pode ser um elogio em público, um abraço, um aperto de mão, etc.;
- Não chame a atenção do aluno em público;
- Olhe para dentro de se e avalie se não está propondo atividades desgastantes;
- Proponha para o aprendente uma auto-avaliação, assim você estará oportunizando uma auto-reflexão.
Por tanto, faz-se necessário que família e escola proporcionem ao aluno/filhos o que ele precisa para se desenvolver cognitivamente, moralmente, socialmente e afetivamente. O afeto e a cognição andam sempre juntos, pois se o individuo não está bem afetivamente sua aprendizagem é afetada, fica lenta e dificultosa.
Arlete Lima (2008, p.38) nos afirma em seu artigo intitulado A Influência da família na Aprendizagem que "a cognição e o afeto são vistos como fatores-chave na compreensão e no sucesso do funcionamento do individuo, facilitando a aprendizagem e um melhor desempenho e aumento de rapidez de novas aprendizagens."
Metodologia
Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.
Considerações finais
Depois de refletirmos sobre a gigantesca necessidade da família na vida do ser humano em crescimento, percebemos que sem ela o individuo cresce na idade cronológica, porém o amadurecimento mental, necessário para que a individualidade e a independência seja atingida com sucesso na fase da adolescência, fica comprometido, pois não aprendeu na época certa a tomar decisões e a enfrentar situações-problemas.
Nesta pesquisa descobrimos que quando o individuo se encontra na fase da adolescência se depara com muitos conflitos de identidade e de reafirmação do eu, assim neste contexto, os pais e a escola precisam estar ligados para que possam ajudar cada um desses seres em desenvolvimento a tomar decisões futuras acertadas e criar dessa forma jovens pensantes e atuantes na sociedade de modo concreto e sério.
Vemos por tanto, que o emocional e o cognitivo são dois fatores que devem andar juntos e amadurecerem com equilíbrio e serenidade, dentro de um ambiente seguro e harmônico que a família deveria proporcionar. Por isso, fica aqui um alerta aos pais e professores para que tenham um olhar diferenciado para esses meninos e meninas neste momento de transição de suas vidas.
Referencias bibliográficas
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