A REDEMOCRATIZAÇÃO DE DEUS ATRAVÉS DA UMBANDA
Por Pablo Araujo de Carvalho | 03/12/2010 | ReligiãoDemocracia ("demo+kratos") Considerada como um processo, a democracia (com o significado de "democratização") nunca cessa de ser construída e reconstruída, a partir da sua legitimidade popular.
A Religião de Umbanda num processo silencioso, mas muito abrangente e universalista chama para sí a redemocratização da crença em Deus, expandindo a mensagem que todas as religiões são vias evolutivas cujos caminhos particulares deságuam em uma mesma fonte divina chamada Deus o criador de tudo e de todos. Somos imparciais em dizer que no cerne de todas as religiões e na sua mensagem divina encontramos a crença em Deus como o criador de tudo e de todos, encontramos mensagens doutrinadoras e virtuosas que visam como objetivo a evolução dos seres que vivem sob o amparo dessa religião que escolheu como via evolucionista, encontramos leis que são limitadora e refreadora de nossos vícios e instintos negativos, encontramos lugares sagrados de cultos na natureza, encontramos canalizadores de vontades superiores que são denominados avatares, médiuns ou profetas, encontramos a crença nas suas potências divinas ou divindades auxiliares de Deus, Citemos algumas religiões que se são diferentes na aparência a essência é a mesma pois em religião tudo se repete.
No Judaísmo encontramos a crença em um Deus único onde refere-se a ele como Adonai ou YHWH substituído por "Senhor" na liturgia mais recente e encontramos também a crença nas potências divinas ou classes de seres celestiais a serviço de Deus denominada por Arcanjos , encontramos lugares sagrados de cultos na natureza como o Monte Sinai ou a montanha sagrada onde Moises recebeu os mandamentos, encontramos o profeta na pessoa de Abrão, Moises e muitos outros. No Hinduismo encontramos a crença em um Deus único onde refere-se a ele como Brâman (O espírito supremo) e encontramos também a crença nas potências divinas ou classes de seres celestiais a serviço de Deus denominada por Vedas, encontramos lugares sagrados de cultos na natureza como o Rio Ganges, encontramos canalizadores de vontades superiores ou avatares como Krishna e Rama. Na Umbanda encontramos a crença em um Deus único onde refere-se a ele como Olorum (Deus supremo, Senhor do Alto) e encontramos também a crença nas potências divinas ou classes de seres celestiais a serviço de Deus denominada por Orixás, encontramos lugares sagrados de cultos na natureza como: cachoeiras, lagos, rios, mar, matas, pedreiras, ou seja toda a natureza, encontramos canalizadores de vontades superiores ou médiuns como: Pai Zélio Fernandino de Moraes e muitos outros. E assim se repete na religião grega, egípcia, etc. Sabemos que da religião judaica nasceram o Cristianismo tendo como fundador Jesus Cristo e o Islamismo tendo como fundador Maomé renovando o culto à Deus e atendendo as necessidades dos povos de então mudando apenas a forma de culto, porem o objetivo é o mesmo que é voltar-se a o criador de tudo e de todos através dos sentidos virtuosos que conduzem até Ele. Em religião tudo se repete e se renova e a Umbanda de forma silenciosa traz essa missão redentora de universalização, conscientização e democratização de Deus, pois já no seu nascedouro ela já se mostrou universalista e na sua dinâmica espiritual já trazia espíritos de negros escravos, índios, padres, nordestinos etc, que somente aos olhos dos cegos e incautos não viram que por traz dessas apresentações simbólicas espirituais a Lei Maior estava agindo contra o preconceito racial, cultural e religioso, a intolerância, o dogmatismo, o fanatismo, o ódio e todo o sentimento negativo que a segregação e a marginalização desperta no ser. Somente as cegueiras da vaidade, do fanatismo e do preconceito em todos os setores permitiram que não enxergassem que a Umbanda ao adotar nomes simples tais como: Boiadeiros, Baianos, Marinheiros, Pretos velhos, Ciganos, Caboclos etc, como representativos de seus graus espirituais, estava lutando contra o preconceito latente e vivo em todos os meios e, sem nada falar estava dizendo no seu eloqüente silêncio que, o espírito em verdade não possui raça, cor ou etnia, que a caridade, a humildade, a simplicidade, a tolerância, a fé, a misericórdia, a redenção e o amor, não tem cor, não tem raça e nem posição social e que todos esses sentimentos conduzem os ricos, os pobres, os pretos, os brancos, os judeus, os cristãos, os europeus, os africanos, enfim a todos na presença de Deus.
No dia 16 de novembro de 1908 as 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas ao fundar a Umbanda diz: Aqui inicia-se um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A pratica da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo".
Nasce a Religião de Umbanda. A Revelação Divina da Redemocratização de Deus, ou a Sua adoração indistinta onde a base é o respeito e o amor para com as varias formas de cultua-lo através de suas virtudes.
Sarava Umbanda