A recepção pode virar uma decepção

Por Iza Aparecida Saliés | 26/11/2013 | Educação

A recepção pode virar uma decepção

 

Iza Aparecida Saliés

 

Uma das dificuldades que pairam a rotina da escola, entre muitas, é adaptação dos professores de primeira viagem na execução de suas tarefas pedagógicas.

A situação é preocupante, tanto para o profissional como para a instituição, pois ao assumir uma sala de aula, seja  que turma for, o mesmo, precisa de habilidades formativas, que não foram vistas na formação inicial.

No exercício da prática pedagógica convivemos com situações em que precisamos mobilizar competência da nossa formação ou não, para resoluções imediatas.

É grave a situação, considerando que um professor com formação inicial, que assumi uma sala de aula precisa passar por uma formação que esteja fundada no conhecimento da prática da escola que forma que possa entender como lidar com as vivencias rotineiras.

A  fundamentação teórica que um professor recém formado possui em muitos casos não são suficientemente capazes de resolver problemas de prática pedagógica de iniicante, ainda assim, passa por apuros.

Como estamos buscando foco por uma educação de qualidade, a estria de um professor na sala de aula deve ter uma percepção institucional, ou seja, no âmbito da formação. Muitos professores que entram na rede de ensino, não tiveram a oportunidade de conhecer o Sistema de Ensino a qual vai fazer parte por longos anos, nem se quer leram a Política Educacional, tanto a do Estado como a do Município, não conhecem a dinâmica escolar, sua rotina, sua dimensão administrativa, pedagógica e financeira.

O iniciante vai conviver com conflitos, indisciplina, domínio de classe, e outros conhecimentos de interesse da escola. Um formação sobre a dinâmica da instituição vai complementar o que não teve tempo de ser visto na universidade, que com certeza fará a diferença na prática do novo professor.

Diante da fragilidade exposta pela instituição, o professor de primeira viagem também sente os reflexos, muitas vezes é recebido pela escola como alguém que já sabe e pode seguir sozinho, o que não é verdade, lógico em alguns casos, quiça em muitos.

Tive a experiência de vivenciar essa estréia, de forma bastante traumática, quando cheguei à escola para assumir uma turma de 1ª série, disseram esta é sua turma, boa sorte. Senti medo, fiquei apavorada, estava fazendo o segundo ano do magistério e não dominava totalmente a alfabetização.

Por fim fui apresentada aos colegas que estavam na sala de professores, alguns eu conhecia outros não, até ai tudo bem, alegre com a receptividade fui surpreendida por alguns deles que sem receio fizeram um alerta quanto a  complexidade da tarefa que estava assumindo.

Não posso negar que recebi dicas boas, mas, fiquei assustada, mesmo assim acreditei, as sugestões estavam respaldadas no percurso formativo de cada um, na  caminhada que eles haviam feito como docente. 

Levei um choque, demorei par restabelecer minhas formas, com muito custo, consegui, pedindo ajuda aos colegas, fui conduzindo a sala ao meu modo.  

O professor de primeira viagem passa por experiências que podem ocasionar riscos na constituição da formação do docente instalando decepções e desestimulo para prossegui na carreira.

Confesso que o acolhimento pedagógico foi um desastre, esperava por mais, o apoio pedagógico da coordenação foi muito falho, não proporcionou a segurança que precisava naquele momento.    

O sofrimento que o professor de primeira viagem passa na iniciação da carreira é pouco valorizado, não há uma política especifica para a formação desse profissional antes de assumir uma sala de aula.

Sabemos dos elevados investimentos que são feitos na formação continuada de professores, tanto pelos estados como pelos municípios, mesmo assim, não estão sendo capazes de suprir as diversas dimensões da prática docente  completadas no exercício da profissão.