A RECEPÇÃO DOS VISITANTES NA USINA SANTA HELENA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL S/A

Por Anna Carolina Azevedo | 03/08/2010 | Sociedade

TURISMO INDUSTRIAL: A RECEPÇÃO DOS VISITANTES NA USINA SANTA HELENA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL S/A.
Anna Carolina Azevedo
Nelson Martins da Silva
Palavras-chave: Turismo industrial, receptivo, visitante.

A pesquisa foi desenvolvida na Usina Santa Helena de Açúcar e Álcool S/A, localizada no município de Santa Helena de Goiás, onde foi detectado um aumento da procura pelas visitas, e, portanto visa a melhoria na forma de recepção. Analisado o atual processo de recepção dos visitantes em grupo, ou individualmente, foram verificados alguns detalhes que podem ser melhorados e outros que podem ser implantados na programação de apresentação da empresa, impactuando positivamente na imagem que essas pessoas terão ao final da visita. A metodologia utilizada foi: pesquisa de campo, pesquisa de gabinete e pesquisa bibliográfica, apresentando dados coletados na Prefeitura Municipal e nas Secretarias Municipais da Cultura, Meio Ambiente, Saúde e Educação, do município de Santa Helena de Goiás, na Usina Santa Helena de Açúcar e Álcool S/A e na Superintendência de Estatística Pesquisa e Informação (SEPIN/GO).

USINA SANTA HELENA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL S/A.
Localizada no Sudoeste Goiano, no município de Santa Helena de Goiás ? GO, às margens da Rodovia 210, a Usina Santa Helena de Açúcar e Álcool S/A é pioneira na região. Cercada por várias outras usinas, porém mais jovens, ela é responsável por grande parte da movimentação econômica local empregando assim, mais de 1.500 colaboradores durante a safra que acontece entre 7 e 8 meses.
A empresa atrai pessoas vindas de vários lugares do País. Atraídos por motivações diferentes, uns para trabalhar, outros para conhecer sobre os processos, e entre essas e outras razões, o volume de visitantes fez com que a empresa organizasse uma programação para recebê-los, e especificamente para compor a sua imagem de forma mais clara e objetiva. Sendo que, externamente, o que distingue quem viaja por prazer de quem o faz por necessidade ou serviço é mais a manifestação do estado de espírito do que a bagagem, o conforto, os gostos e outros recursos. Por isso, embora seja indispensável fazê-lo, é de muito pouca utilidade prática a discussão a respeito do que é do que não é turismo, concluindo assim, que existem outras atividades co-relacionadas que se enquadram perfeitamente ao setor turístico, como a visitação nas empresas. O enfoque da pesquisa é conhecer o processo de recepção dos visitantes na Usina Santa Helena de Açúcar e Álcool S/A, uma vez que necessita para sua realização, a contribuição dos empregados e das infra-estruturas básicas e de apoio. Todos esses elementos interagindo em determinado local emprestam-lhe feitos e impactos reconhecidamente diferenciados. E assim, há a necessidade de oferecer opções para melhor organizar essas visitas e promover o receptivo de forma adequada.
Os visitantes que procuram a Usina Santa Helena de Açúcar e Álcool S/A se dividem entre fornecedores, investidores, parceiros agrícolas, pesquisadores, estudantes e aqueles convidados pela diretoria simplesmente para conhecer como se dá o processo da cana-de-açúcar. São pessoas interessadas no processo da fabricação do açúcar e do álcool, nas tecnologias empregadas nas áreas agrícola, industrial, administrativa e no setor de reflorestamento e meio ambiente. Infelizmente, não existe uma coleta de dados e estatística do movimento de entrada e saída dos visitantes. Os equipamentos de proteção individual mais utilizados na Usina são: capacete, protetor auricular, botina com bico de aço, óculos de segurança incolor, máscara de proteção, protetor solar, chapéu de palha, uniformes com bonés que cobrem a nuca, as orelhas e parte do rosto, roupas que protegem do fogo, luvas e botas de plástico, entre outros. Para os visitantes é necessário: o capacete, protetor auricular, botina com bico de aço e óculos de proteção. Os visitantes não são levados aos locais que oferecem grandes riscos, como a moenda, o tubo gerador e muito próximo à caldeira.

RECEPTIVO
A boa qualificação do receptivo é essencial para qualquer lugar. A sociedade, mantenedora ou possuidora de bens industriais, comerciais e serviços diversos, torna-se centro de atenção e desperta interesses sempre mais produtivos que suscitam viagens e utilização de equipamentos turísticos, porque além da valorização de seus recursos naturais e artificiais há o aspecto lucrativo da economia. Assim, o turismo receptivo torna-se uma operação econômica correspondente à atividade de exportação de produtos, beneficiada pelo fato de não depender de atos burocráticos externos com as mesmas proporções características da exportação habitual. Considerando ainda que o turismo ao mesmo tempo em que sofre a influência da globalização, contribui para a sua expansão e consolidação, facilitando a comunicação e intensificando o intercâmbio de idéias e pessoas por todo o mundo. Receber bem o turista nas indústrias e nos municípios significa ser educado e hospitaleiro, bem como oferecer informações corretas sobre os dados industriais e os da cidade, sobre os pontos turísticos a serem visitados, além de manter a limpeza e boa sinalização turística para recebê-los. Turismo é um negócio, é geração de renda e empregos diretos e indiretos, é a interação e aproximação de pessoas de culturas e locais diferentes.
Para Camargo (2004, p.42), "a noção de hospitalidade (qualidade, condição de hospitalidade), criada pelos ingleses, pode trazer luz à compreensão da questão subjacente a ambos os problemas". Entendemos que a qualidade da hospitalidade não diz respeito apenas àquele que recebe, mas também àquele que é recebido". Portanto, o receptivo é uma parte importantíssima para o turismo, pois é através dele que os turistas têm o primeiro contato com as atividades turísticas, e assim, tornam-se essenciais para oferecer o máximo de rendimento de seus recursos aos turistas que as procuram. De qualquer forma, a expectativa de resgate do calor humano ao receber o outro é o substrato de uma ética da hospitalidade. Este talvez seja um detalhe importante para os estudos de ética no que envolve o lazer, turismo e a hotelaria. Mais do que uma ética é uma questão de convívio pleno entre os seres humanos.

TURISMO INDUSTRIAL
Entende-se o resultado como turismo industrial uma das mais novas modalidades do turismo, o qual foi idealizado e desenvolvido no exterior. Surgiu como mais uma alternativa para atrair turistas frente à crescente concorrência. No Brasil, o turismo industrial foi anunciado no final de 2003, em Joinville (RS). Em Bento Gonçalves (RS), por exemplo, já é uma tradição visitar a Vinícola Aurora para acompanhar a fabricação do vinho, degustar e, se quiser, comprar o produto no local. E, de acordo com Yoná da Silva Dalonso (revista hotelnews, ed326), o turismo industrial consiste na visitação de fábricas e, se insere no resgate à cultura e história da localidade, por meio da valorização dos aspectos da formação econômica e social da região, abordando o processo histórico de implantação e crescimento das indústrias locais.
Para que o turismo receptivo aconteça de forma adequada há a necessidade de designar uma equipe de colaboradores que fique exclusivamente para esse fim. Um, desses profissionais, será responsável pela programação e todos os processos nela envolvidos, bem como anunciar as visitas aos encarregados de cada setor e ao técnico de segurança do trabalho, organizar as refeições, transporte, horários e entrega de brindes. Deverá ser uma pessoa culta e comunicativa, ter boa qualificação técnica para essa função, conhecendo assim, todos os processos agrícolas e industriais. Atuará como uma espécie de relações públicas da empresa. Esse núcleo atuará no receptivo dos visitantes da Usina Santa Helena, bem como em todos os eventos que ela promover, tais como: dia de campo, confraternização, stand da exposição agropecuária, campeonatos de futebol, entre outros eventos de lazer. Após esta pesquisa, não desejando que seja inflexível, taxativa e terminativa, esgotando a valorosa discussão acadêmica que o tema requer, entendemos que, o turismo não pára de crescer e suas atividades vão se expandindo na medida que se renovam os desejos das pessoas, assim, novos negócios têm grandes chances de sucesso e surgem muitas oportunidades de emprego e serviços. Isso promove novas expectativas para as atividades turísticas.
Verificamos que o turismo industrial acontece, simplesmente, em conseqüência do desejo de conhecer os processos que as empresas realizam ou de estabelecer oportunidades de negócio. É entender a transformação dos produtos que muitas vezes qualquer ser humano comum utiliza no seu cotidiano e tem a curiosidade de saber como é feito. Na atualidade, as pessoas buscam com mais precisão do que antigamente a origem dos produtos que consomem. A idéia de trazer as pessoas para conhecer a empresa, faz com que ela automaticamente ganhe ou não, a preferência através desses visitantes. É uma estratégia de marketing, é trabalhar com a sua própria imagem, é divulgar os seus produtos trazendo a clientela pra dentro da empresa.

CONCLUSÃO
Pode-se concluir, que a empresa que abre suas portas para receber visitantes precisa estabelecer regras e manter um certo padrão de qualidade, pois a sua verdadeira essência será mostrada de perto e acompanhada por verdadeiros críticos: os clientes, que sairão divulgando o que realmente presenciaram. Esse é o caso de uma usina de açúcar e álcool, pois vende produtos comuns ao uso de qualquer pessoa. Seus processos utilizados não são do conhecimento de todos. A disponibilidade dos equipamentos, a organização dos espaços e dos departamentos, a forma de tratamento e até a aparência física dos empregados é levada em conta, pois os visitantes estão tendo uma experiência fora de seu cotidiano, portanto prestam atenção nos mínimos detalhes.
Desempenhar uma função que depende do contato direto com o cliente, seja ele interno ou externo, é muito gratificante, porém exige muito desprendimento e flexibilidade. O visitante é alguém que vem até a empresa em busca de algum objetivo, algum interesse. À primeira vista, pode não parecer, mas é interessante para a empresa também. É o marketing feito mais de perto. A empresa trará seus clientes para conhecer seus procedimentos internos e assim conquistará a fidelidade dos mesmos. E o turismo, como fenômeno de interação social, que envolve relações e atividades ligadas com permanência de pessoas em lugar estranho à sede habitual de moradia, empresta seus conceitos, estudos e meios de utilização para lidar com a receptividade, mesmo que simpatia e cordialidade sejam essenciais na vida pessoal e profissional, pois para o visitante são princípios básicos.
Percebe-se que o turismo industrial é uma novidade, está sendo bem aceito e tem potencial para ser desenvolvido junto às estruturas turísticas. Uma vez que, oferecendo a visita técnica pode-se combinar a elementos turísticos do lugar onde a empresa está instalada. Assim, as atividades turísticas se movimentam, as empresas e a comunidade, de um modo geral, vão compreendendo que o turismo é um fenômeno que se multiplica a cada dia.
Finalizando, gostaria de registrar a dificuldade encontrada pela falta de bibliografias específicas sobre turismo industrial, tornando esta pesquisa mais árdua, porém motivada pelo desejo de contribuir, procuro sensibilizar autores e mestres que se interessem e possam acrescentar no sentido de buscar e incentivar informações e conhecimentos à esse respeito.

BIBLIOGRAFIA
? Camargo, Luiz Octávio de Lima. Hospitalidade. São Paulo: Aleph,2004.
? Dalonso,, Yoná da Silva. Maringá aposta no turismo industrial. Revista Hotelnews. Disponível em <http://www.revistahotelnews.com.br/asp/edicao_326/maringa.htm.> Acesso em 10 nov.2005