A realidade da educação de jovens e adultos

Por Débora Pintanel Dias Ossanes | 27/03/2012 | Educação

A realidade da Educação de Jovens e Adultos

[1]Débora Pintanel Dias Ossanes

[2]Cristiane Duarte da Silva

[3]Rosilaine Acosta

 

Resumo: Este artigo foi escrito com propósito de apresentar a realidade da EJA, observada pelas acadêmicas do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio grande. Para tanto, foi necessário investigar as históricas dificuldades da Instituição para manter a oferta de Educação para os Jovens e Adultos. Questionamos também, sobre os aspectos pedagógicos relacionados ao educador, os desafios e limites vivenciados na escola pelos sujeitos da EJA. Este breve trabalho de pesquisa e observação foi realizado em uma Escola Estadual localizada no Município de Rio Grande.

Palavras-Chaves: Educação de Jovens e Adultos, política, prática pedagógica.

 

Baseando-se no texto de Arroyo, Educação de jovens e adultos, que descreve as configurações da EJA, no Brasil, como um deposito de pessoas que não estudaram no “momento certo” e que ainda caracteriza este modulo de Educação como o que não possui a construção em um campo verídico de definições, já que é desde o principio  rotulado como uma educação de descaso, de improvisação, de dúvida e que não possui uma especificidade.

Fazendo uma analogia com a entrevista referente à fala do Diretor da escola percebemos que essas discriminações permeiam até os dias de hoje, pois acabam legitimando a idéia de que a EJA configura o espaço escolar de jovens e adultos como um lugar não adequado à educação. Constatamos na entrevista que no ano passado a Instituição de ensino aqui pesquisada não teve quórum para os registros de matricula necessários. Dessa maneira não existe a possibilidade do governo liberar as verbas para a execução dos aprendizados desses sujeitos. Por conseqüências desses entraves políticos a EJA ganha divulgação através das intuições particulares, tais como, escolas de cursos rápidos e virtuais, tendo em vista que os interesses governamentais em relação à EJA não possuem a mesma proporção de divulgação das escolas de ensino básico na formação das alfabetizações.

As narrativas aqui descritas pelo diretor nos fazem refletir sobre a falha e o descaso das políticas publica com relação aos sujeitos da EJA. Assim se expressa o diretor:

O EJA está em funcionamento este ano. Estamos tentando sobreviver. Pois ano passado não teve noturno por ter muita evasão, foi fechado por três anos, porque o Estado não achava coerente gastar com professores e outros gastos. Quando a escola começou a fazer as inscrições para o EJA, o governo não tinha liberado verbas, então se perdeu muitos alunos para as outras escolas. Por esse motivo as aulas começaram somente em abril, deste ano. A divulgação foi feita pela escola através de faixas e ligação para alunos interessados.

No decorrer da narrativa do diretor se evidenciou as principais dificuldades enfrentadas pela instituição, tais como, a estrutura física e funcional da escola. Citamos aqui uma estrutura física e duas funcionais. Relativa à estrutura física, observamos que o quadro da sala de aula é compartilhado por toda a turma seriada de acordo com sua modalidade. Devido à falta de uma professora para as duas modalidades do ensino da EJA.

Dentro das deficiências funcionais podemos citar a dificuldade no preparo da merenda dos alunos, pois o governo não disponibiliza um profissional da área para o noturno. Portanto uma funcionaria da administração se responsabiliza pela distribuição do alimento que é preparada pela funcionária do diurno. Outra dificuldade é a falta de professor para atender os dois níveis da EJA, a escola possui uma educadora que divide suas atividades em uma sala de aula composta por turma seriada.

Para que esta condição de descaso presente no campo da EJA seja superada é preciso repensar suas configurações. De modo que se desenvolva uma nova cultura política reconfigurando as prevenções e moralidades dos direitos e deveres dos sujeitos da EJA.

              Arroyo aborda a importância de haver na reconfiguração da EJA um profissional adequadamente preparado para esta função. As autoridades estão tendo um olhar mais sensível aos jovens e adultos e seu direito de educação, visto que, hoje em dia, as produções teóricas e materiais didáticos apresentam temas específicos para esses tempos educativos, existindo assim, uma intencionalidade política e pedagógica. Este discurso citado não condiz com realidade da escola visitada.

Na entrevista com a educadora foi questionada sobre satisfação com seu trabalho, limites e dificuldades, identidade construída, entre outros. Ela expôs que seu motivo principal de lecionar na EJA foi pessoal, apesar de não ter experiência específica na alfabetização de jovens e adultos. Mas com passar do tempo construiu uma identidade e identificação com os alunos e com as metodologias do ensino.

Após alguns anos se aposentou, contudo sentiu necessidade de um reingresso na área da educação, não hesitou em voltar para EJA. Pois considera o trabalho gratificante, com diferencial de satisfação humana. Conforme é mencionado na citação abaixo pela educadora.

(...) os alunos me motivam pela trajetória de vida de cada um. A minha identidade é construída dia a dia, através da troca de experiência. Gosto de trabalhar com os alunos da EJA porque eles se diferenciam dos alunos do diurno. (...) eu me sinto desrespeitada pelo governo.

A professora alega o descaso com a formação desses educando, por estarem em classes seriadas, impossibilitando-a no atendimento as necessidades adequadas à formação desses alunos. Isto acarreta na evasão e na dificuldade de aprendizagem dos alunos que se sentem desmotivados, sendo assim um desafio diário para que se mantenha a inclusão desses no âmbito escolar. Associa-se este problema a deficiência do planejamento das políticas publica na área da EJA, que afeta historicamente a trajetória da educação de jovens e adultos.

Concluímos através das analises aqui mencionadas o descaso das políticas públicas com as Escolas que estão inseridas no ensino da Educação de Jovens e Adultos. Portanto, percebesse claramente que este descaso precisa de reconfigurações para o campo da EJA.

A proposta possibilitou que o grupo construísse um olhar crítico sobre a realidade da educação de jovens e Adultos, que são vivenciados por alunos que necessitam desse ensino. Para o grupo foi uma nova experiência de realidade de vida, saber que tão perto de nós existem escolas com turmas seriadas que valorizam o lado humano desses sujeitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ARROYO, Miguel González, Diálogos na Educação de Jovens e Adultos, 2005.

BARRETO, Sabrina das Neves, Os sujeitos da EJA: narrativas, significados e sentidos, 2005.

Entrevistas e Observações realizadas na Escola, localizada no Município do Rio Grande, 2010.

SOARES, Leôncio, Avanços e Desafios na Formação do Educador de Jovens e Adultos, s/d.


[1] Acadêmica do Curso de Pedagogia Licenciatura Plena da Universidade Federal do Rio Grande - FURG

[2] Acadêmica do Curso de Pedagogia Licenciatura Plena da Universidade Federal do Rio Grande - FURG

[3] Acadêmica do Curso de Pedagogia Licenciatura Plena da Universidade Federal do Rio Grande - FURG