A RASTREABILIDADE E O BEM ESTAR ANIMAL
Por Romão Miranda Vidal | 13/02/2010 | Sociedade
A Rastreabilidade e o Bem Estar Animal.
Como poderíamos definir “BEM ESTAR ANIMAL?"
Honestamente diria que são todas as ações que permitam a todo e qualquer animal, obter do ser humano, todos os procedimentos - sanidade, alimentação, manejo, conforto, mão de obra, meio ambiente e respeito - que visem dotar todas estas práticas de elevado grau de dignidade, uma vez que este ou aquele animal, sempre estará orbitando em torno dos interesses do ser humano, sejam eles destinados ao esporte, a guarda, a companhia, a produção de leite, ovos, carnes, lã, a reprodução, a obtenção de lucro, a uma forma de se ganhar a vida, a perpetuação de espécies nativas ameaçadas ou não de extinção.
Vamos entender como dignidade todo o respeito, a consideração, o carinho e, sobretudo a gratidão que este ou aquele animal tenha nos proporcionado e esta dignidade também seja entendida não somente enquanto o animal esteja nos servindo, segundo a sua especialidade e afinidade, mas também e, sobretudo nos momentos que antecedem o seu abate para a nossa alimentação e ou o seu sacrifício quando em condições que comprometam o seu estado físico e sanitário. Em referência ao estado físico, refiro-me aos animais que necessitam serem sacrificados por motivos de acidentes traumáticos e sanitários, animais que possam vir causar comprometimento à saúde humana e aos demais animais a eles assemelhados em espécies ou subespécies, ou no caso especial de animais domésticos e errantes, quando necessário for o seu sacrifício, desde que abonado e devidamente explicitado por um ou uma Profissional Graduada
Isto posto, como diria o saudoso professor de oratória político-partidária, vamos então ao assunto do que me levou a tratar A RASTREABILIDADE E O BEM ESTAR ANIMAL.
Todos os investimentos, esforços, cuidados, assistência técnica poderão ser colocados em cova rasa se durante todo o período que se entende desde o nascimento do bovino até o seu abate, os cuidados e procedimentos de Bem Estar Animal, não forem devidamente orientados e adotados.
1. Parto assistido, quando possível = diminuição de mortes acidentais e ataque de animais selvagens;
2. Matrizes com menores riscos de retenção de secundinas;
3. Assistência obstétrica veterinária, em partos classificados como distóxicos;
4. Atendimento durante e pós parto ao recém nascido;
5. Procedimentos de manejo = identificação, peso, medicamentos indicados, corte e desinfecção do cordão umbilical;
6. Aplicação de medicamentos veterinários, quando necessários e indicados por um ou uma Profissional Graduado em Medicina Veterinária;
7. Alimentação correta das matrizes durante o período de gestação e amamentação, de modo que não venham sofrer a matriz e a cria, pela falta de uma prática alimentar e nutricional adequada;
8. Práticas de manejo preventivo = combate à endo e ectoparasitas = animais mal acomodados no corredor da central de manejo ( mangueira);
9. Uso de aparelho que transmitam corrente elétrica = picanha elétrica , bastões elétricos, chicotes elétricos, guiadas ponte agudas, pancadas com varas, uso de cachorros, tapas, murros =, são considerados como mal tratos aos animais, em especial bovinos;
10. .Não adequação de bebedouros de acordo com o número de animais e as suas necessidades de ingestão de água pura;
11. .Locais inadequados para dessedentação , com acúmulo de águas contaminadas, com altos índices de algas e matéria orgânica;
12 .Superlotação de pastos, provocando um estado de fome crônica;
13. Superlotação em confinamentos, número de metros lineares insuficientes nos cochos, em relação ao número de animais confinados;
14. Métodos agressivos de identificação dos animais, como o uso arcaico de ferro em brasa, ou de corte ou picos nas orelhas;
15. Acomodação inadequada e desconfortável de animais quando transportados em carrocerias e caminhões e ou em vagões ferroviários: o mesmo se leva em conta para suínos e aves que viajam longas distâncias;
16. Veículos inadequados para transporte de animais, em especial eqüinos , que são transportados em céu aberto;
16.Transporte de cães em condições desumanas, amarrados em carrocerias de caminhões de mudança;
Poderíamos ficar aqui citando uma enormidade de não condições adequadas que agride o animal no tocante ao que se considera hoje primordial – O BEM ESTAR ANIMAL –
Mas e a RASTREABILIDADE TEM QUE HAVER COM ISSO?
Pois é! Tem tudo a haver, uma vez que a RASTREABILIDADE, não se resume na ultrapassada metodologia do uso de uma prancheta e sobre ela um formulário no qual, vão se anotando ou fazendo pequenos riscos sobre este ou aquele animal e, depois colocados em um ridículo “passaporte” animal.
Sempre temos escrito, falado e em algumas das nossas palestras sobre RASTREABILIDADE, temos enfocado que o fato de identificar um animal, por si só não diz nada e não tem nenhuma correlação direta com a RASTREABILIDADE, pois se assim o fosse, um veículo ao receber a sua numeração no chassi, estaria pronto para ser utilizado, sem que uma ou mais preocupações que se fizessem necessárias, como lubrificantes, combustível, graxas e etc., fossem atendidas.
O BEM ESTAR ANIMAL, ainda tem a etapa que considero extra fazenda.
A RASTREABILIDADE entra então nesta etapa também de uma forma toda especial. Pergunto: quem ainda não teve o desprazer de adquirir uma cocha ou sobre cocha de frango, quebradas? Já se preocuparam em ver como se encontra aquela musculatura, o fêmur, o perônio? Ou ainda uma peça de carne que aparentemente não apresenta à vista, nenhuma alteração e quando se vai processá-la encontram-se coleções de sangue, oriundas de algum traumatismo.
A RASTREABILIDADE nestes casos informa com a mais precisas das informações de onde este animal é procedente e onde foi abatido. Toda e qualquer injúria que possa vir a sofre este ou aquele animal, e a qual possa ser identificada, agora na linha de abate, são informações preciosas para se corrigir tais anormalidades.
Mas a RASTREABILIDADE E O BEM ESTAR ANIMAL, é um assunto que ainda não se leva à discussão pública, por vários interesses. Um dos exemplos mais gritantes que tenho notícia é dos jegues que são maltratados e vivem em condições de penúria e são abatidos de forma cruenta.
A necessidade de se abrir uma Agenda que trate da RASTREABILIDADE E O BEM ESTAR ANIMAL, se faz urgente.
Vamos enumerar alguns tópicos que, se for do agrado do leitor, poderemos tratá-los em outras ocasiões;
1.Equipamentos e métodos de trabalho que antecedem ao abate dos animais;
2.Os métodos modernos, adequados e com alta dose de dignidade e humanidade na sensibilização e abate dos animais;
3.As tratativas que antecedem o abate dos animais;
4.Condições preexistentes que impedem o avanço dos animais ao longo do corredor ou manga;
5.Incapacidade e falta de supervisão nos atos de manejo e condução dos animais, antes do abate, de parte dos funcionários dos frigoríficos;
6.A excelente e necessária manutenção dos pisos e dos equipamentos utilizados no abate dos animais;
7.O estado físico, psíquico e estresse em que os animais chegam ao local de abate;
8.As vantagens econômicas de se adotar em toda a Cadeia Produtiva, o BEM ESTAR ANIMAL;
9.O interesse do Público Consumidor;
11.Os sistemas diferenciados de abate - O abate ritualístico -;
São alguns dos itens onde a RASTREABILIDADE E O BEM ESTAR ANIMAL, podem ser tratados.