A QUINTA ESTAÇÃO
Por Sávio Oliveira Lopes | 28/04/2015 | Poesias
A quinta estação
Voe acima do segundo céu,
E deleite nas nuvens,
Agora que estás livre das cordas
Que lhe prendiam as asas.
Do alto contemplas
Um octilhão de paisagens;
Tirastes as algemas,
O mundo agora seu.
Um passeio na lua
Ou no anel de Saturno,
E, perto do sol,
Não há dia escuro.
No mar imensidão
Desça como falcão
Há uma gama de segredos
Que mais libertam desejos.
Os monstros marinhos
São irreais; quimera.
Conheça os encantos da abissal
Sem se achar carnal;
Um mergulho sem medo
No universo dos Bentos
E deixe a alma lavada
Limpa da consciência culpada.
Ao que os vivos chamam
Reunião de finados,
Juntes-te aos semelhantes,
E ao contemplar vosso fim,
Jacta-se pela nova existência.
Findou-se épica luta
Da carne contra a alma;
No hábitat dos adormecidos
O silêncio chega a ser tangível.
À beira dos leitos
Debochas dos epitáfios,
Que escondem as máculas
De pretéritos mórbidos.
O que pensam vivos
Já não mais lhe importa;
Estás na quinta estação
Onde também lateja
A esperada salvação.
Sávio Oliveira Lopes