A PSICOPEDAGOGIA FRENTE AO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO, NO AMBITO DA EPSTEMOLOGIA GENETICA, PSICANALISE E DA NEUROPSICOLOGIA.

Por RAIMUNDO NEVES DOS SANTOS | 02/03/2011 | Educação

A PSICOPEDAGOGIA FRENTE AO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO, NO AMBITO DA EPSTEMOLOGIA GENETICA, PSICANALISE E DA NEUROPSICOLOGIA.

RAIMUNDO NEVES DOS SANTOS


INTRODUÇÃO
Os desafios que os diversos processos educacionais enfrentam em nossas regiões, em nossos estados e em nossa nação, nos levam a uma reflexão do nosso cotidiano escolar e social, capazes de nos deixarem preocupados com nossos futuros e com o futuro dos que estamos formando, pois, certamente será quem irá nos substituir no futuro. A busca de uma abordagem interdisciplinar que favoreça o desenvolvimento das fases do desenvolvimento das crianças é sugestiva para que se fortaleça a idéia do "aprender ensinando e ensinar aprendendo" numa relação de respeito e afetividade que busque implementar a transferência do conhecimento através da socialização.
Nas leituras piagetianas observações afirmações de que a vida afetiva das crianças contribui para o desenvolvimento da inteligência nas mesmas. Desassocia-las, portanto, seria não pensar na formação cidadã dessas crianças. Daí a necessidade da interferência do psicopedagogo na formação de milhares de crianças que possuem seus direitos negados quanto à alimentação, á arte, á diversão, á escola, ao carinho etc.
Neste sentido o plano funcional do psicopedagogo deve conter informações concretas da epistemologia genética piagetiana, das reflexões e experiências da Psicanálise, bem como do desenvolvimento das funções psicológicas oferecidas pela Neuropsicologia. Na atual conjuntura do desenvolvimento das crianças a psicopedagogia deve contribuir com o trabalho pedagógico buscando entender e solucionar os obstáculos do processo de ensino-aprendizagem.



DESENVOLVIMENTO
O insucesso que as instituições educacionais apresentam, na atual conjuntura, se dá a vários fatores, todavia, a dificuldade de aprendizagem se destaca. A epistemologia genética pode ajudar a encontrar formas para se obter explicações para os problemas de aprendizagem, numa nova perspectiva, numa nova abordagem. Daí a iniciativa em se afirmar que para se iniciar essas transformações de paradigmas, precisamos buscar alternativas para embasar a formação dos futuros Psicopedagogos.
Entendemos que essa formação deve ser norteada num enfoque que visualize a problemática e busque alternativas para se implementar uma educação voltada para a valorização dos conhecimentos que as crianças carregam consigo, de suas aventuras na família, nas amizades, na comunidade. A necessidade de se aprofundar esse enfoque é por observarmos a falta de interesse dos alunos pelos conteúdos padronizados oferecidos a eles, além, da observação da falta de preparo dos professores das séries iniciais da educação brasileira.
Para embasar o trabalho epistemológico no dia a dia das salas de aula, necessita que se tenha conhecimento e que se adquira experiência para trabalhar o desenvolvimento cognitivo das crianças, ou seja, trabalhar a formação das estruturas intelectuais delas. Pois, é no desenvolvimento dessas estruturas intelectuais que vai se descobrir a criação da linguagem e das atividades lúdicas infantis. É a oportunidade de fazer com que a criança crie o novo conhecimento, mostre seu talento na arte: pintando, cantando, desenhando, tocando, jogando, ou seja, praticando algo alternativo que possa ajudar no seu desenvolvimento intelectual. Quando acompanhados, são maravilhosas na criação.


Não devemos valorizar tudo que a criança responde sem negar o devido crédito aos resultados dos interrogatórios. É também necessário detectar quando a conversa representa uma história inventada naquele momento ou, até mesmo, quando a fala expressada pode resultar de uma crença sugerida por alguém, uma vez que esse método se apóia na livre conversação sobre um tema dirigido.
(BALESTRA, 2007, p. 30.).



No momento atravesso uma fase excelente nas minhas experiências como profissional da educação: escritor e pesquisador. Meu filho Mateus Raian que, hoje tem cinco anos de idade, lê e escreve fluentemente desde os três anos. Minha experiência como educador do meu filho serve para ajudar embasar minhas experiências com a educação no sul do Amapá, onde moro e trabalho. Mateus escreve, faz atividades, desenha e joga no computador. Gostaria que todos os alunos da minha escola tivessem a mesma oportunidade e as orientações adequadas para fazê-los também. É direito deles e não deve ser negado.
Na escola onde trabalho, alunos de primeira, segunda e até terceira séries não conseguem escrever correto, sequer as cópias dos livros que os professores orientam. Há um distúrbio em suas atenções que os mesmos não conseguem concentração adequada para realizarem suas atividades. Há, portanto, problema no fator do desenvolvimento psicológico dessas crianças. Algo está errado. Esse erro os educadores devem assumir junto com as famílias e comunidade e buscar alternativas para mudar a situação atual.
Quando chego à minha casa vejo meu filho estraçalhar os conteúdos de primeira série (2º ano) como se fossem fáceis demais para ele. Aí é que vem a problemática! Ao me perguntar por que os alunos na minha escola não conseguem aprender como meu filho consegue? Por que eu não consigo fazer com que meus professores ensinem como eu ensino? Por que meus professores não seguem minhas orientações? A Psicopedagogia está contribuindo para que eu consiga entender alguns problemas desse cotidiano e algumas problemáticas da conjuntura educacional da região sul do Amapá.

Os professores não são valorizados socialmente como merecem, não estão nos noticiários da TV, vivem no anonimato da sala de aula, mas são os únicos que tem o poder de causar a revolução social. Com uma das mãos eles escrevem na lousa, com a outra, movem o mundo, pois trabalham com a maior riqueza da sociedade: a juventude. Cada aluno é um diamante que, bem lapidado, brilhará para sempre.
(CURY, 2007. P. 89).



Através da assimilação desejo incorpora novos elementos, vindos do meio de minha convivência, para incorporar ao conhecimento que possuo, conseguindo assim novas experiências. Através do esquema de ação, quero transferir esses conhecimentos para serem aproveitados em outras situações e dessa forma frutificar novos esquemas, sucessivas conquistas. Se o meio exige que se mudem as estruturas para que se possa alcançar a aprendizagem, só me resta utilizar a acomodação para modificar os esquemas de assimilação e com novas estratégias metodológicas alcançar a adaptação, ou seja, a inteligência.
Sobre as influências da Psicanálise na educação podemos afirmar que podem contribuir, através da transmissão do conhecimento, com formas e instrumentos de capacitação por possuir delineamentos itinerantes para o estudo, a compreensão e a aplicação de práticas pedagógicas da psicanálise educativa. A psicanálise, quando utilizada numa linguagem acessível, compreensiva e prazerosa, pode influenciar no relacionamento das crianças com pais e educadores, construindo uma contribuição positiva brindada com a efetivação de poder aliar os conteúdos teóricos com práticas do cotidiano.
A psicopedagogia é um espaço criado para se refletir o fazer pedagógico, podendo influenciar nas mudanças de paradigmas dos fatores psicológicos, que tanto influenciam na falta de aprendizagem, por parte dos alunos, e na falta de ensinamentos, por parte dos professores. Sobre os alunos a falta de alternativas metodológicas e o cansaço da mesmice, sobre os professores o cansaço das escolas lotadas, a falta de material alternativo e didático e suas aflições com a busca de melhores salários.


Quando os educadores se familiarizarem com as descobertas da Psicanálise, será mais fácil se reconciliarem com certas fases do desenvolvimento infantil. Tudo o que podemos esperar a titulo de profilaxia das neuroses no individuo se encontra nas mãos de uma educação psicanaliticamente esclarecida.
(ASSIS, 2007. P. 28).



Segundo Freud a descoberta da sexualidade influencia na formação da personalidade das crianças e adolescentes e consequentemente no desenvolvimento de suas atividades educativas e sociais. Daí a necessidade de essas fases serem acompanhadas por especialistas, para que as mesmas possam ser entendidas. Alguém precisa abrir-lhes os horizontes e mostrar o caminho alternativo para se efetivar o conhecimento, a aprendizagem, a inteligência.
As fases oral, anal, fálica, de latência e genital devem ser percorridas de forma ininterrupta e com acompanhamento sustentável. Caso sejam-lhes negados questionamentos, através da repressão, pode causar-lhes sérios danos nos seus desenvolvimentos psicológicos. Consequentemente no fator aprendizagem. Talvez isso explique a revolta de muitas crianças, adolescentes e jovens. Com isso a negação na aprendizagem, na apreensão do conhecimento. Precisamos mudar este estado de letargia.
Precisamos ao analisarmos Freud, colocar em pauta as questões essenciais da fundamentação do inter-relacionamento pessoais e sociais, para que se possa fazer a constituição do sujeito com personalidade desenvolvida. Somente assim estaremos valorizando a questão da afetividade que motiva a vida para o desenvolvimento da aprendizagem. A psicanálise faz com que o educador procure conhecer as fases do desenvolvimento do aluno e assim poder acompanhar o andamento de sua escolaridade. Eis um dos papéis do professor.
A Neuropsicologia possui também papel importante no desenvolvimento cognitivo das crianças. Os fatores neurológicos quando em pleno funcionamento produzem melhor o conhecimento, a transferência de saberes, a troca de idéias, com isso, a inteligência, a aprendizagem. Vários problemas de aprendizagem se dão devido o mau funcionamento dos fatores neurológicos da criança. Por conseguinte contribuem para a não aprendizagem.
Esses fatores neurológicos afetam o desenvolvimento do processo educacional sustentável, quando acometidos nos professores, que deixam de entender com clareza a problemática do aluno, da escola e até mesmo dos seus problemas. Em uma de suas obras CURY, ao contar um caso, afirma que milhares de professores se deprimem, desenvolvem pânicos, doenças físicas, não apenas devido seus problemas internos, mas devido a crise da educação. Alguns tinham sintomas cardíacos em sala de aula, outros desenvolviam gastrites e úlceras. Muitos sabiam que a educação estava no caos, mas, por não estudarem a construção do pensamento, não sabiam que alteramos seu ritmo. Essa é a realidade da conjuntura da educação no Brasil. Trabalho para a psicopedagogia solucionar!!!!!!!!!!!!!





CONSIDERAÇÕES FINAIS


Quando se reflete e tece alguns comentários a respeito da conjuntura da educação brasileira, se tem uma noção generalizada de incompetência, desinteresse, falta de responsabilidade, e um grau acentuado de violência, onde todos são vitimas. Nação, estados, municípios e instituições privadas ainda não encontraram fórmulas para desenvolver uma praticidade que leve á educação, utilizando a inteligência como fator principal.
Alguns professores agridem alunos pensando que eles são culpados pela desorganização e pânico total. Vê-se nitidamente a destruição da auto-estima das pessoas, padronizando modelos de pessoas e até de uniformes. Para a medicina tem que ter determinadas características, para o direito outras características e assim sucessivamente. Esses padrões também são copiados pelas crianças, surgindo o que se entende por discriminação: na escola, na família, na comunidade.
O inicio da solução desses problemas pode estar na psicopedagogia, capaz de amenizar tais situações de desconforto e vexame. A educação deve ser instrumento de educação cidadã, onde todos os fractais devem assumir seus papéis no todo, com responsabilidade, segurança e eficiência. Os fatores psicológicos devem ser trabalhados para se efetivar essa nova educação. A relação professor ? aluno ? escola ? comunidade deve avançar, embasados nas experiências feitas por estudiosos como Freud, Piaget, Valon e outros que possuem relevadas pesquisas no campo da educação.
O dialogo, a experiência, a compreensão devem ser instrumentos utilizados para se efetivar essa educação psicopedagógica do futuro.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

CURY, Augusto. Filhos brilhantes, alunos fascinantes. São Paulo: Editora Planeta do Brasil. 2. ed. 2007.

ASSIS, Árbila. Influencias da Psicanálise na Educação. Uma prática Psicopedagógica. Curitiba: Editora IBEPEX, 2 ed. 2007.

BALESTRA, Maria Marta. A Psicopedagogia em Piaget. Uma ponte para a educação da liberdade. Curitiba: Editora IBEPEX, 2007.
ROMANOWSKI, Joana. Formação e profissionalização docente. 3 ed. Editora Atual ? Curitiba PR ? IBEPEX , 2007.

LAKOMY, Ana Maria. Teorias Cognitivas da Aprendizagem. 2 ed. Editora Atual, Curitiba PR, IBEPEX, 2008.
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DAMIANI, Magda Floriana. Vygotsky e as teorias da aprendizagem.
Professora do Curso de Mestrado em Educação FaE-UFPel.
magda@ufpel.tche.br
Universidade Federal de Pelotas, RS