A PSICANÁLISE NA PRIMEIRA INFÂNCIA: UM ESTUDO SOBRE O VÍNCULO MÃE-BEBÊ

Por Rogério Lopes de Oliveira | 29/09/2024 | Psicologia

 A PSICANÁLISE NA PRIMEIRA INFÂNCIA: UM ESTUDO SOBRE O VÍNCULO MÃE-BEBÊ

Rogério Lopes de Oliveira

Formado em Psicanálise pelo (Instituto Superah).

E-mail: rogerlopesoliveira@hotmail.com

ORCID: https://orcid.org/0009-0000-0936-5346

 Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar a importância do vínculo mãe-bebê na primeira infância à luz da psicanálise. A partir de uma revisão bibliográfica das obras de Sigmund Freud, Donald Winnicott e Melanie Klein, busca-se compreender como as primeiras relações objetais influenciam o desenvolvimento emocional e psíquico da criança. Conclui-se que o vínculo mãe-bebê é fundamental para a constituição do eu e para a formação de uma base segura que permitirá o desenvolvimento saudável da personalidade.

Palavras-chave: psicanálise; primeira infância; vínculo mãe-bebê; desenvolvimento psíquico.

1. Introdução

A primeira infância é um período crucial para o desenvolvimento psíquico, onde as primeiras relações objetais têm um papel determinante na constituição do eu. Segundo Freud (1996), é durante esta fase que a criança forma as primeiras representações inconscientes que serão fundamentais para sua estrutura psíquica. Neste contexto, a relação mãe-bebê adquire um papel central, sendo considerada por Winnicott (1982) como o alicerce para o desenvolvimento saudável do indivíduo.

2. Referencial Teórico

2.1. O conceito de vínculo na psicanálise

Freud (1996) enfatiza que o vínculo afetivo inicial com a mãe é essencial para a formação do inconsciente. Para Winnicott (1982), o conceito de “mãe suficientemente boa” destaca a importância de um ambiente acolhedor e responsivo às necessidades da criança, permitindo a construção de uma base segura para o desenvolvimento do self.

Melanie Klein (1991) também contribui para essa discussão ao introduzir a noção de posições esquizoparanoide e depressiva, que são fases iniciais do desenvolvimento onde o bebê começa a organizar suas experiências internas a partir das interações com a figura materna.

2.2. O desenvolvimento psíquico na primeira infância

Na perspectiva freudiana, o desenvolvimento psíquico começa com a fase oral, onde a satisfação das necessidades básicas de alimentação é central. Freud (1996) sugere que a relação com o objeto (seio materno) é a primeira forma de ligação afetiva, e a qualidade dessa relação é determinante para a saúde mental futura.

Winnicott (1982) amplia essa visão ao introduzir o conceito de objeto transicional, que funciona como uma ponte entre a realidade interna do bebê e o mundo externo. A interação com esse objeto, geralmente representado por um brinquedo ou um pedaço de tecido, simboliza a primeira experiência de separação e individuação da criança.

3. Metodologia

Este artigo foi elaborado por meio de uma revisão bibliográfica, utilizando-se obras clássicas e contemporâneas da psicanálise para compreender o impacto do vínculo mãe-bebê no desenvolvimento psíquico infantil. As fontes foram selecionadas a partir de uma pesquisa em bases de dados como Scielo, PePSIC e Google Scholar, priorizando autores de renome na área.

4. Discussão

O vínculo estabelecido entre mãe e bebê nos primeiros meses de vida é crucial para o desenvolvimento da capacidade de confiar e amar. Conforme descrito por Winnicott (1982), uma “mãe suficientemente boa” é capaz de oferecer um ambiente onde o bebê se sente seguro para explorar o mundo e desenvolver seu self. Klein (1991) acrescenta que a forma como a mãe responde às ansiedades do bebê durante as posições esquizoparanoide e depressiva influencia diretamente na sua capacidade de lidar com sentimentos de ambivalência e culpa.

A falta de um vínculo adequado pode levar a dificuldades no desenvolvimento psíquico, resultando em transtornos emocionais e comportamentais na vida adulta. Freud (1996) já apontava que as neuroses na vida adulta têm suas raízes em experiências infantis mal resolvidas, reforçando a importância de um vínculo saudável na primeira infância.

5. Conclusão

A análise psicanalítica do vínculo mãe-bebê na primeira infância revela a importância desse relacionamento para o desenvolvimento emocional e psíquico da criança. Um vínculo seguro e responsivo contribui para a formação de um self saudável, enquanto falhas nesse processo podem resultar em graves consequências para a saúde mental do indivíduo. Assim, a compreensão e valorização das primeiras relações objetais são fundamentais para intervenções terapêuticas e preventivas na infância.

Referências

FREUD, Sigmund. *Três ensaios sobre a teoria da sexualidade*. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

KLEIN, Melanie. *Amor, culpa e reparação e outros trabalhos*. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

WINNICOTT, Donald W. *A família e o desenvolvimento individual*. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

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