A Prisão de José Genoino.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 21/11/2013 | PoesiasJosé Genoino.
Outra Vez.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Não acredito.
Não acredito.
Não acredito.
Não acredito.
Não acredito.
Não acredito.
Tudo está na memória.
Na memória.
Na memória.
Na memória.
Na memória.
Na memória.
Na memória.
A diferença.
Que hoje sou velho.
O coração está fraco.
Sabe o que é.
Não conseguir.
Sequer respirar.
Dado a fragilidade.
Do coração.
E ser algemado.
Como se fosse.
De alta periculosidade.
Dentro de um jatinho.
Da República proclamada.
Proclamada.
Proclamada.
Proclamada.
Do mesmo modo.
Quando era jovem.
Tomar banho na água fria.
A humilhação da cadeia.
A cadeia foi feita.
Para marginalidade.
Sempre.
Lutei.
Para que o povo.
Pudesse ser digno.
Sonhei com a eliminação.
Da pobreza.
Pobreza.
Pobreza.
Cadeia.
Cadeia.
Cadeia.
Água fria.
No passado.
Tortura.
Tortura.
Tortura.
Algema.
Algema.
Algema.
Outra vez.
Outra vez.
Outra vez.
Poderia examinar.
Meu patrimônio.
Aconteceu-se.
Alguma evolução?
Evolução?
Evolução?
Evolução?
Sou muito mais pobre.
Do que muita gente.
Que me entende como marginal.
Marginal.
Marginal.
Marginal.
Examine.
Examine.
Examine.
Se o meu patrimônio.
Não é compatível.
Com o meu salário.
Cadeia.
Cadeia.
Cadeia.
Cadeia.
Ditadura.
Ditadura.
Ditadura.
Ditadura.
Ditadura.
Ditadura.
Sempre lutei.
Para o Estado de Direito.
Democracia.
Democracia.
Democracia.
Democracia.
Democracia.
Democracia.
Cadeia.
Cadeia.
Cadeia.
Cadeia.
O coração está frágil.
Doente.
Doente.
Doente.
Algema.
Algema.
Algema.
Algema.
Sinto dor no peito.
Choro de dor.
Choro por recordar.
A imagem do passado.
O que fiz mesmo?
Apenas fui avalista.
De uma dívida partidária.
Objetivo.
Para pagar sobra de campanha.
Política.
A vida toda lutei.
Para voltar a Pátria.
Ao Estado de Direito.
Cadeia.
Cadeia.
Cadeia.
Cadeia.
Mas pergunto.
Só o PT.
Só o PT.
Só o PT.
Só o PT.
Praticou corrupção.
Corrupção.
Corrupção.
Corrupção.
O Partido dos trabalhadores.
Trabalhadores.
Trabalhadores.
Trabalhadores.
Metáforas.
Metáforas.
Metáforas.
Viva a moralidade.
Ética.
Ética.
Ética.
Eu não aguento mais.
Estou chorando.
Porque voltou a minha memória.
A minha memória.
A Minha memória.
Memória.
Memória.
Memória.
O destino comum.
De uma criança.
Que caminhava.
Horas e horas.
Horas.
Horas.
Horas.
Mal alimentada.
Para aprender as lições.
De alfabetização.
Alfabetização.
Alfabetização.
Pobre.
Pobre.
Pobre.
E quando.
Iniciou a faculdade.
Fui preso.
Fui preso.
Fui preso.
Torturado.
Torturado.
Torturado.
Algemado.
Algemado.
Algemado.
E tudo que desejava.
Era que a Pátria amada.
Voltasse ao Estado de Direito.
Direito.
Direito.
Direito.
Estado de Direito.
O sonho daquele menino.
Pobre que andava descalço.
Ao sertão.
Que a Pátria.
Amada.
Amada.
Amada.
Pertencesse a todos.
A todos.
A todos.
A todos.
E que pudesse.
Acontecer uma junção.
Entre desenvolvimento.
Econômico.
Com o desenvolvimento.
Humano.
Humano.
Humano.
Repartição da renda.
Renda.
Renda.
Renda.
Nacional.
Nacional.
Nacional.
Motivo pelo qual.
Fui preso.
Fui Preso.
Fui preso.
Mesmo com o coração frágil.
Com veias entupidas.
E sangue todo cheio de gordura.
Com dores no peito.
Podendo morrer.
A qualquer momento.
Algemado.
Algemado.
Algemado.
Exposto a Pátria.
Como criminoso.
Desfilando.
Desfilando.
Desfilando.
Como prêmio.
A civilização.
Edjar Dias de Vasconcelos.