A prédica e o meios midiáticos
Por Israel I Pacifico | 18/03/2015 | ReligiãoA prédica e o meios midiáticos
Israel Izidoro Pacifico[1]
Introdução
Este artigo visa resgatar argumentos sobre o fenômeno comunicacional moderno, e sua influencia sobre a práxis homilética contemporânea nas dimensões de: Seu modus operandi (princípios), modus faciendi (métodos), e seu modus vivendi (propósitos), contidos na tese “A Pregação na Idade Mídia: os desafios da sociedade do espetáculo para a prática homilética contemporânea”, de autoria do Prof. Luiz Carlos Ramos.
A ação homilética
Um olhar retrospectivo da ação homilética desde seus primórdios a começar pelos Sacerdotes, passando pelos Reis-pregadores, profetas, Jesus, apóstolos e chegando aos nossos dias; e uma abordagem a teoria geral da homilética, e os aspectos teóricos que dão base para a mesma, fundamentando a teologia da proclamação, é apontado os marcos dimensionais homiléticos, estabelece segundo o autor acima citado as seguintes dimensões: modus operandi, modus faciendi e modus vivendi.
Tais dimensões são praticadas dentro dos fundamentos homiléticos, nos referenciais das teologias: bíblica, sistemático-histórica e pastoral, tendo como suas principais ferramenta interdisciplinares: a exegese, a hermenêutica e a retórica. Como resultado tem-se, o produto homilético que é a prédica.
Ao abordar os Princípios homiléticos (modus operandi), o autor explicita como o procedimento exegético hermenêutico é determinante para o acontecimento homilético (querigmático), relatando que: “o acontecimento se faz ‘palavra’”, o cotidiano se faz discurso desembocando em um ‘texto’, o qual por sua vez reclama a palavra nova que o relê”.
Sendo escrita no extenso campo dos signos que são tanto os textos como os acontecimentos humanos, estes como aqueles também “apelam à interpretação, levando em conta que a hermenêutica” têm modos diversos de pensar e ambigüidades de expressão, que distanciam os autores de seus leitores. A hermenêutica procura remover, ou pelo menos reduzir, as supostas diferenças entre ambos.
Estando inserida no meio termo, entre a lógica formal e a ausência de lógica a “nova retórica” abordada pelo autor enfrentou grande resistência, por ter sido considerado até décadas anteriores ao ano 70, impossível se conceber tal idéia de mediação. Observando o autor ainda uma abertura à “retórica dos textos”, que se fundam no diálogo, e não na desconfiança a partir do século XX.
Opiniões são tecidas a respeito; como a de: Reboul, que fala sobre a omissão de elementos fundamentais ao processo retórico relacionado à afetividade: “o delectare e o movere, o encanto e a emoção, essenciais, contudo à persuasão”. Já Umberto Eco mostra outra direção ao dizer que “a retórica” é bastante complexa de produção de signos que envolvem escolha de premissas por ação do “silogismo” retórico onde predominarão as lógicas com mais valores.
Para tanto ainda segundo Eco; as regras de conversação deveriam ser respeitadas, como as que reconhecem a parcialidade das premissas e suas reatividades às circunstâncias, mostrando através de um olhar dedutor que o produto da retórica não é necessariamente, um discurso pronunciado por um eloqüente orador diante de um público patético, mas o diálogo argumentativo como instrumento de resolução de contradições sociais, com vistas a obter soluções pacíficas e razoáveis.
Por fim, do que pretendemos resgatar desta tese no âmbito dos Princípios homiléticos, ressalto o que foi registrado pelo auto a respeito da “retórica” ser uma ferramenta à disposição de todo cidadão para orientá-lo no exercício do direito de expressar-se com liberdade e clareza.
Após uma pequena abordagem dos princípios que regem a homilética, passo a expor os argumentos do autor no sentido dos Métodos (ou meios) homiléticos (modus faciendi), o qual, por métodos se trabalha como o “meio” ou “um meio”, aplicado na dimensão comunicativa.
MacLuhan é citado pelo autor, por sua posição definidora de “métodos” como tendo uma relação intrínseca entre meio e mensagem, resultando no conceito de midialogia, citando ainda que o “pensar método” estará envolto em uma problemática filosófica a qual dinâmica será inseparável de uma física dos traços.
Por mídia, se é entendido como a agência intermediária da comunicação, que pode ser a escritura, os gestos, o vestuário, ainda rádio, televisão, jornais, livros... Por mensagem se entende como um conteúdo embrionário de codificação e de decodificação, sendo que ao tratar da “prédica”, far-se-a necessário o procedimento homilético, o qual possibilitará a codificação da mensagem a qual possa explicitar um significado.
Como um produto homilético, ainda segundo o autor a “prédica”, é uma ação de alocução, que se dá no contexto litúrgico, sendo esta um produto final resultante de um processo de seleção, estruturação e arranjo de uma coleção de matérias brutas de raciocínio, sendo apresenta em uma unidade que forma um único raciocínio, tendo como resultado de sua ação a capacidade de; pela via imagética, emotivar; potencializar sua ideologia por seu caráter mítico; purificando o espectador por um jogo dialético do ritual da repetição.
Ao falar dos Propósitos (ou fins) homiléticos (modus vivendi), o autor passa a considerar os elementos que possibilitem à homilética dialogar com a comunidade de fé, com vistas à transformação construtiva, democrática e solidária da realidade.
Tendo como foco o caráter teologal, cristológico, evangélico, antropológico, eclesial, escatológico, persuasivo, espiritual e litúrgico entendendo-a como um “um ato dinâmico no qual Deus se dirige a homens e mulheres fora e dentro de seu povo, sendo também um ato comunicativo, cuja “finalidade é a comunicação da Palavra de Deus aos homens”“.
O autor sintetiza; ao afirmar que a prédica é; a um só tempo, memória, presença e esperança, e que fundamenta e prove os meios para que o propósito da prédica seja alcançado, levando em conta aspectos lógicos, psicológicos e éticos do processo comunicacional, a qual desafiará a sociedade contemporânea, espetacularizada e espetacularizante, a reagir mediante suas propostas.
Análise
O fenômeno comunicacional moderno pode ser um entendido, como um reflexo da própria sociedade moderna, sendo fruto da mesma. Pois não precisa se empreender muito esforço para entender que há uma grande distância no tempo entre os dias de Aristóteles e os dias atuais, tal realidade manifestou a necessidade de se atualizar muitas formas de aplicação dos princípios retóricos.
Meios de comunicação em massa como a TV e rádio, e a comunicação em alta velocidade que é a internet somam um arsenal tecnológico que precisa ser manuseado sobre a ótica das necessidades moderna, fazendo então com que mesmo a retórica que se dá no ambiente litúrgico fosse arrastada para estes meios tecnológicos e para tanto, os meios das práticas homiléticas tornou-se para tanto; adaptados.
Neste ponto que posso analisar se resumir todo o efeito do fenômeno comunicacional moderno sobre a práxis homilética contemporânea, a toda as suas dimensões.
Referências bibliográficas
Almeida, João Ferreira de. Bíblia Sagrada - Revista e corrigida. Ed. 1995: São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004. 1564p.
Ramos,Luiz Carlos. A Pregação na Idade Mídia: Os Desafios da Sociedade do Espetáculo para a Prática Homilética Contemporânea
Ramos,Luiz Carlos. Conversão da cabeça aos pés.