A prática reflexiva do professor de Língua Estrangeira

Por VIVIANE DA SILVA NUNES | 03/11/2016 | Educação

Quando aprendemos uma língua não aprendemos apenas um sistema de signos.  Aprendemos que esses  signos carregam significados culturais. Segundo Wardaugh(1987), "... as línguas existem para atender às necessidades do ser humano de se comunicar um com outro. Uma nova língua é aprendida para atender as novas necessidades..."

Cada escola deve ensinar uma língua estrangeira e tem o direito de escolher qual língua estrangeira será ensinada, o que vai depender da influência dessas línguas na sociedade local. Essa liberdade para o ensino de línguas estrangeiras estabelece um certo equilíbrio na hegemonia cultural. Os PCNs afirmam que por meio da aprendizagem de uma língua estrangeira é que o aluno poderá aprender mais sobre esse mundo pluriforme, caracterizado por culturas, valores e organização político-social diferentes. 

Ao se deparar com essa diversidade, o aluno compreenderá a si mesmo de uma forma mais profunda, e se engajará discursivamente de uma forma mais consciente e significativa. Ironicamente vivemos um momento em que o ensino de línguas nas escolas nao contempla esta visão, existindo apenas para cumprir a exigência  de currículo. O papel do professor é extremamente importante, pois no momento em que ele compreender o papel hegemônico das línguas nas relações internacionais, existe a possibilidade de levar a aprendizagem de línguas a funcionar na formação de "contra-discursos", que lutam pela igualdade entre grupos sociais. A proposta é , a partir de uma visão sócio interacional, discutir a questão do ensino de língua estrangeira no sentido de ressignificá-la, apresentando uma proposta que substitua a dualidade "nós X eles", " nativo X estrangeiro", que de certa forma enquadra as pessoas em uma de suas muitas dimensões culturais, por um enfoque no processo social da enunciação. Este por sua vez, precisa ser um processo dialógico, em que a grande necessidade  de continuação do diálogo garanta uma base mútua para uma reavaliação dos fundamentos ideológicos. (Kramsch, 1996). Esta é a propsta da escola uqe educa para a vida - criar um espaço em que ocorra, entre os alunos, uma convivência verdadeira, significativa, que ultrapassa as diferenças, ensinando-os compreender o "outro" como um elemento necessário do "eu". Assim será possível o reconhecimento das qualidades da cultura nacional, desenvolvendo nos alunos um valor crítico- reflexivo, que tem como ponto de partida esse olhar maduro, que sabe julgar sem preconceitos, enriquecendo a vivência da cidadania. 

Tudo isso leva a formar seres humanos, cidadãos concientes, agentes de mudança social. Nesse sentido, o profissional do ensino de línguas precisa investir na formação continuada e refletir sobre o "ser professor de língua estrangeira".