A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA, DIANTE DO DESAFIO DA INCLUSÃO DE...

Por João Luiz Mallmann Junior | 22/11/2016 | Educação

A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA, DIANTE DO DESAFIO DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM.

João Luiz Mallmann Junior [1]

 Kledson Rocha Sousa[2] 

 RESUMO

Este artigo versa sobre o Psicopedagogo diante do desafio da inclusão em um Complexo de Educação Especial de Manaus/Am. Elaborou-se o problema da pesquisa a partir do questionamento da ausência de atividades pedagógicas voltadas a sala de atendimento especializado, pois ao participar de uma reunião com professores que trabalham no Centro de Atendimento Especializado, deparou-se com a reclamação de que pela ausência de atividades pedagógicas voltadas a sala de atendimentos especializados e a falta de estimulo as crianças e adolescentes, não havia aprendizagem por parte dos alunos. O objetivo geral foi compreender sobre a prática em psicopedagogia, diante do desafio de inclusão de crianças com problemas de aprendizagem. Os principais autores trabalhados nesta obra são Chamat (1998), Pain (1992) e Cardoso (2011).

INTRODUÇÃO

Este artigo se propõe a debater sobre o psicopedagogo diante do desafio de inclusão em um Complexo de Educação Especial de Manaus/AM. O local desde 2007,oferece assistência a crianças e adolescentes na modalidade de educação especial,prestando atendimentos tendo como meta principal a realização de ações que possam desenvolver as potencialidades de crianças e adolescentes com necessidades especiais, e a inclusão destas na sociedade. No Brasil existem Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, na modalidade Educação Especial que compreendem que os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado, desenvolvido em salas de atendimento 1 Graduado em Psicologia pela Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO. Psicólogo CRP 20/05954. Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Nilton Lins Email:joaomallmann1@hotmail.com. 2 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Acessor Técnico Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Manaus/ AM. Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagoga Diferencial - NEPPD/AM; Professor da Universidade Nilton Lins Email: kledsonrocha@hotmail.com multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. Com o intuito de estruturar a ideia da pesquisa, elaborou-se o problema da pesquisa a partir do questionamento da ausência de atividades pedagógicas voltadas a sala de atendimento especializado, pois ao participar de uma reunião com professores que trabalham no Centro de atendimento especializado, me deparei com a reclamação de que pela ausência de atividades pedagógicas voltadas a sala de atendimentos especializados e a falta de estimulo as crianças e adolescentes, não havia aprendizagem por parte dos alunos, e partindo desta problemática encaminhavam-se os alunos que não aprendiam ao complexo de Educação especial, e ao serem encaminhados para atendimento psicopedagogico, conseguiam ter um aprendizado significativo. Este estudo refere-se a uma pesquisa descritiva de campo e os dados foram coletados por meio de vivencias e observações no local de estágio supervisionado. O objetivo geral foi compreender sobre a prática em psicopedagogia, diante do desafio de inclusão de crianças com problemas de aprendizagem. Sendo os objetivos específicos, o levantamento bibliográfico dos problemas de aprendizagem, identificar a intervenção psicopedagógica frente aos problemas de aprendizagem, relatar as atividades vivenciadas no estágio e apontar sugestões para minimizar a problemática.

1. PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Ao observar o processo de aprendizagem observa-se que os problemas de aprendizagem encontram-se presente no cotidiano da escola, gerando desconforto entre professores por não saber como agir frente à demanda apresentada. Segundo Pain (1992), a aprendizagem constitui um lugar de articulações de esquemas por meio de efeitos, como uma etapa genética de conhecimentos, inteligência, em fim um sujeito consciente, através de suas dimensões. Vale ressaltar que existe diferença entre os termos Dificuldades de Aprendizagem e “Problema de Aprendizagem”, segundo Chamat a denominação de “Dificuldades de aprendizagem” refere-se ás: Que não envolvam uma problemática orgânica; esta última é denominada “Problemas de Aprendizagem”. Os sujeitos (criança, jovem ou/adulto) portadores destas dificuldades também apresentam com certeza,dificuldades em outras ares de sua vida, não somente a escolar.Mostram-se insatisfeitos,com baixa auto-estima, suscetíveis a críticas acreditando que não conseguem resolver nenhuma situação problema ou aversiva,mesmo fora do ambiente escolar.(...) No caso da criança, seus pais tornam-se insatisfeitos com eles próprios, pensando no que erraram na educação do filho. Erraram mesmo, talvez pelo medo de fracassar a passaram a ficar muito exigentes fazendo o filho sentir-se incompetente. (2008, p.23) Sobre esta problemática, Santos (2009) afirma que existem comportamentos que podem ser observados antes mesmo do período escolar, e outros que se tornarão mais claros depois que a criança passa a frequentar a escola. Esses comportamentos são observados nas seguintes áreas: atrasos no desenvolvimento cognitivo, desempenho inconsistente, declínio na autoconfiança e auto-estima. Diante deste dilema de acordo com Santos (2009) é importante ressaltar que os problemas de aprendizagem possuem diferentes características de acordo com a subjetividade do aluno e requerem avaliação adequada, para que hajam intervenções educacionais apropriadas e direcionadas a demanda apresentada. Segundo Pain (1992), existem fatores que são fundamentais no diagnóstico de problemas de aprendizagem, a autora cita quatro fatores que precisam ser levados em consideração, a saber, fatores orgânicos, fatores específicos, fatores Psicógenos e fatores ambientais. Sobre os fatores orgânicos a autora enfatiza que é necessário investigar a parte neurológica para adequar os instrumentos necessários para demanda de aprendizagem, para que se conheça o ritmo, o equilíbrio, a plasticidade e o nível de comportamento do sistema nervoso, pois o sistema nervoso sadio se caracteriza nestes níveis e quando existem lesões corticais ou desordens, nos deparamos com uma conduta rígida, confusa, estereotipada, patente na educação perceptivo motora ou na compreensão. Outro ponto citado por Pain (1992) dentro do contexto dos fatores orgânicos para a aprendizagem é a observação do funcionamento glandular, tanto devido a o desenvolvimento em geral quanto às deficiências glandulares, pois estados de hipominésia, falta de concentração, sonolência, “lacunas” são ocasionados por estas deficiências. Segundo a autora e necessário observar também se existem conseqüências parecidas devido a mau funcionamento renal e auto intoxicações que ocasionam esta problemática, se o sujeito se alimenta corretamente, se tem problemas durante o sono, pois todos estes fatores causam conseqüências na aprendizagem,sobre tudo na infância. Sobre fatores específicos Pain (1992) afirma que existem transtornos que não oferecem possibilidade de verificação, pois são na área perceptivo motora que suspeita-se ser de origem orgânica. Estes transtornos aparecem no aprendizado da linguagem e lectoescrita,no nível da análise e símbolos,na aptidão sintática e atribuição significativa ligadas a um problema de indeterminação na lateralidade do sujeito.Segundo a autora, a reeducação nestes casos pode desenvolver-se de forma penosa por meio de compensações em canais sadios e o tratamento psicopedagogico quando realizado com diagnóstico correto,pode ter êxito por meio de estimulação apropriada. Já os fatores psicogênicos segundo Pain 1992 apud Freud, enfatiza duas possibilidades para o fato de não aprender, a autora afirma que Freud assinala em sua obra Inibição, sintoma e angustia que: O termo inibição pode atribuir-se a diminuição da função, enquanto que o sintoma mais a transformação de tal função.Tal distinção que desde o ponto de vista do observador não parece fundamental,é radical do ponto de vista tópico,pois mesmo os sintomas que não sejam processos que passam no ego (yo), a inibição poderia considerar-se como uma restrição exclusivamente a nível egóico (yoico). Convém então duas possibilidades para o fato de não aprender: na primeira este constitui um sintoma e ,por tanto supõe a prévia repressão de um acontecimento que a operação de não aprender significa,na segunda trata-se de uma retratação intelectual do ego.(1992,1925) Pain (1992 apud FREUD, 1912) enfatiza ainda que se a problemática for colocada Sobre os tipos de aquisição da Neurose a problemática de aprendizagem, poderá aparecer como interdição de satisfação de forma neurótica, devido o afastamento da realidade, pelo excesso de satisfação na fantasia, fixado na fase infantil com parada de crescimento. Sobre os Fatores ambientais Pain (1992) afirma que incide mais sobre os problemas escolares, porém estes fatores pesam quando se trata do sujeito compensar ou descompensar devido ao meio ambiente que o sujeito está inserido e os estímulos neste ambiente apresentados.A autora enfatiza que não é o bastante inserir o paciente em meio social é necessário observar seu grau de consciência e como o sujeito participará neste meio.A autora enfatiza também que cada caso é um caso diferente e que possui significado diferente conforme a subjetividade que e a norma da expectativa que desqualifica

2. A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA FRENTE AOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM.

O Capítulo IV do código de ética da psicopedagogia sobre as responsabilidades do psicopedagogo afirma em seu artigo 11 º que são deveres do psicopedagogo: A) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que tratem da aprendizagem humana; b) desenvolver e manter relações profissionais pautadas pelo respeito, pela atitude crítica e pela cooperação com outros profissionais;c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos parâmetros da competência psicopedagógica;d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer definição clara do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de documento pertinente;f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos;g) manter o respeito e a dignidade na relação profissional para a harmonia da classe e a manutenção do conceito público.

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