A PRÁTICA DOCENTE DA EDUCAÇÃO FÍSICA E AS TECNOLOGIAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Por emanuella stefany vieira alves | 08/08/2014 | Educação

A PRÁTICA DOCENTE DA EDUCAÇÃO FÍSICA E AS TECNOLOGIAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ALVES, Emanuella Stefany Vieira. PEREIRA, Genivan Ferreira* RESUMO A presente pesquisa tem como tema “Educação Física Escolar”. O problema do trabalho foi: como a literatura científica da área da Educação Física tem tratado a relação entre a Educação Física escolar e as Tecnologias? Desse modo, temos como objetivo: verificar, na literatura as principais conceituações referentes à Educação Física escolar; identificar as relações acadêmicas e as possíveis aplicações das Tecnologias nas aulas de Educação Física na escola. Espera-se que o presente estudo forneça dados sistematizados para os professores de Educação Física que tenham receio, dúvidas e pouca experiência em relação ao uso das Tecnologias em suas aulas teóricas e práticas. Além disso, pretende-se que, a partir do estudo por nós realizado, possam existir novas buscas relacionadas ao assunto, beneficiando o progresso do conhecimento científico da área de Educação Física e da Educação. Palavras-chave: Educação Física Escolar. Tecnologias da Informação e Comunicação. Prática Docente. 1. INTRODUÇÃO Tanto crianças quanto adultos e até idosos já se renderam à nossa cultuada tecnologia. Ela gera grandes avanços para humanidade, traz consigo a modernidade e a comodidade, a facilidade e a praticidade em várias áreas de atuação e intervenção, estando presente em todo o globo. Onde houver vida humana, a tecnologia estará, já invadiu os céus, a terra e as águas e, basicamente, tornou-se produto da história, ciência e avanços (modernidade) de nossa raça. Sendo a tecnologia, basicamente, técnicas criadas pelo ser humano no intuito de levar uma vida mais prática e confortável, uma das maiores evoluções da tecnologia, nos dias de hoje, é o computador/informática. E ele caracteriza-se não apenas como um meio de “diversão virtual”, mas também como meio de comunicação e, não menos importante, como meio de informação para o desenvolvimento humano (RAMOS, 2008, p.05). Trabalhamos por meio da conexão, sem que precisemos sair do lugar. O mundo hoje vem até nós, porém, apesar dessas facilidades, o ser humano hoje se encontra mais preso às novas tecnologias do que com liberdade de ação e tempo (MAJOR, 2009). A cada dia aparece uma nova forma de tecnologia mais desafiadora e, muitas vezes, semelhante a alguma anterior, com propostas de melhorias para a atual. Tal desenvolvimento, todavia, é considerado imprescindível à evolução da mesma perante a sobrevivência e socialização do indivíduo na atualidade. Uma consequência contraditória dessa evolução é que fica cada dia mais difícil acompanhar os avanços, principalmente, por motivos econômicos, mas não só. Há de se ter, nos dias de hoje, segundo Bauman (2001, p. 87), uma certa “competência para comprar”, sendo que, quem não entende dessa rápida evolução, é “incompetente”. Atualmente, o mundo exige cada vez mais que sejamos capazes de viver em uma sociedade informatizada e de rápidas mudanças. As Tecnologias fazem parte do nosso cotidiano e da nossa vida de modo direto, e nada mais justo do que incluí-la cada vez mais nas escolas de uma forma que possa contribuir no processo educacional. Mesmo não sendo uma tarefa tão fácil, acredita-se que elas possuem contribuir muito na educação. Assim, Belloni, (2005) apud Brusque e Hammes (2010, p.1) destacam que as Tecnologias representam a “[...] fusão de três vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas, sendo que suas possibilidades são infinitas e inexploradas [...]”. Ou seja, possibilitam a utilização dessa fusão em todas as disciplinas e em quase todos os conteúdos que estamos cercados por elas e pelas mudanças que elas acarretam no mundo, precisamos pensar como e qual a melhor maneira de a escola formar cidadãos, e que sejam capazes de lidar com o avanço tecnológico. Freire (1994) apud Brusque e Hammes (2010, p. 1), diz: “os educadores não devem temer a comunicação e as novas tecnologias e sim fazer uso desses instrumentos para formar cidadãos críticos e conscientes do meio em que vivem”. Transformadas em ferramentas, as Tecnologias auxiliam a transpor ideias e situações vivenciadas pelos próprios alunos e por situações proeminentes da realidade deles. Enquanto ferramentas, o computador e a informática, presentes na vida de praticamente todos (de modo direto ou indireto), têm mudado a vida de muitos alunos e de professores que os utilizam como recursos didático-metodológicos. Rematando-se assim “o computador é uma máquina que possibilita testar ideias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e simbólico, ao mesmo tempo em que permite introduzir diferentes formas de atuação e interação entre as pessoas” (ALMEIDA 2000, p.79, apud, ROCHA, 2008, p.1). Porém, o computador só será uma excelente ferramenta, se houver a consciência do uso, sendo, dessa forma, uma tecnologia a favor de uma educação mais dinâmica, auxiliadora de alunos e professores, para que haja uma aprendizagem mais consistente e próxima dos fatos. Valente (1993, p. 16) apud, Rocha (2008, p.1) explica que, “na educação de forma geral, a informática tem sido utilizada tanto para ensinar sobre computação [...], como para ensinar praticamente qualquer assunto com intermédio do computador”, de modo que as escolas já investem em professores que tragam consigo treinamento especializado em informática. A informática educativa, que serve de suporte para o professor, advém como um instrumento a mais na sua metodologia em sala de aula, de modo que o mesmo pode usá-la como recurso educativo/pedagógico. Neste momento, o computador é um meio e não um fim, devendo ser usado considerando o desenvolvimento dos componentes curriculares. Nesse sentido, o computador transforma-se em um poderoso recurso de suporte à aprendizagem, com inúmeras possibilidades pedagógicas, desde que haja uma reformulação no currículo, que se criem novos modelos metodológicos e didáticos, e principalmente que se repense qual o verdadeiro significado da aprendizagem, para que o computador não se torne mais um adereço travestido de modernidade. (ROCHA, 2008, p.1) O autor ainda diz que, quando a informática é utilizada para meios educativos, o aluno só tende a ganhar em qualidade de ensino e aprendizagem, incluindo o desenvolvimento do seu domínio cognitivo sobre o software e o amadurecimento de assuntos com relação à própria realidade e a realidade de povos distintos. A variedade de meios como ferramentas que podem ser utilizadas para facilitar a chegada de informações aos alunos é grande, incluindo as mídias. Assim, como foi citado anteriormente, as Tecnologias podem amparar as disciplinas escolares. Nosso enfoque aqui, entretanto, não é todo o componente curricular formal, e sim a disciplina de Educação Física. Mesmo já sendo complexa a relação entre educação e tecnologias, a relação com a disciplina em questão é ainda mais instigante, principalmente pelos modismos que a cercam em termos da cultura corporal. Além disso, o autor ressalta que as Tecnologias podem auxiliar na descoberta, por parte de alunos e professores, de esportes menos conhecidos, seu surgimento, como eram antes e como são hoje, as mudanças, onde são mais praticados, se é no lugar de origem ou em outro lugar, história, passado, presente, oferecendo-lhes a mediação de interesse por parte dele, induzindo-lhes a curiosidade. Mesmo que alguns assuntos como, por exemplo, os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo já tenham sido abordados outras vezes, as Tecnologias sempre podem trazer uma curiosidade ou uma novidade, revelando descobertas recentes. Duarte (2010) diz que, apesar da variação do uso da tecnologia, há professores que não a utilizam como metodologia para suas aulas pelos mais diferentes motivos, muitas vezes pela falta de estrutura ou pela falta de condições financeiras das instituições escolares, ou por falta de conhecimento dessas tecnologias, entre outros. Focando, aqui, a disciplina de Educação Física, por ser considerada uma disciplina de distração ou brincadeira, quase não há uso ou conhecimento de como utilizar as Tecnologias como recurso metodológico, principalmente em aulas teóricas. A Educação Física é uma disciplina que busca desenvolver o indivíduo em sua totalidade, ou seja, seus aspectos motor, cognitivo e afetivo-social. Ela existe em todos os níveis escolares. Em cada um deles busca-se atingir diferentes objetivos através dos diversos conteúdos que devem ser trabalhados nesta disciplina. Para desenvolver um trabalho consciente, que busque desenvolver e atingir os objetivos na Educação Física,considero necessário que haja interesse por parte dos alunos em participar das atividades. (DEON; FONSECA, 2010, p. 1) Diante desse contexto, podemos fazer algumas considerações e ações para que as aulas de Educação Física se tornem tão valorizadas como as demais disciplinas, já que para maioria é denominada como “rola bola”. 1.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa a ser realizada será do tipo bibliográfico com caráter descritivo. Para Gil (2002), As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc.(GIL, 2002, p.42) Seu objetivo é, ligar o pesquisador diretamente com o que foi escrito sobre um assunto específico. Assim, Manzo (1971, p. 32) diz que a bibliografia apropriada "oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos como também explorarem novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”. Sobretudo, a pesquisa bibliográfica vai além da “repetição” do que já foi dito, escrito, porém favorece a análise de algum tema como uma nova forma de interpretar, até chegar a conclusões inéditas. A revisão bibliográfica, segundo Gerhardt e Silveira (2009) Expor resumidamente as principais ideias já discutidas por outros autores que trataram do problema, levantando críticas e dúvidas, quando for o caso. Explicar no que seu trabalho vai se diferenciar dos trabalhos já produzidos sobre o problema a ser trabalhado e/ou no que vai contribuir para seu conhecimento. (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 66) Destarte, focaremos, em nossa pesquisa bibliográfica, os trabalhos acadêmicos da seguinte forma: em um primeiro momento, definiremos, brevemente e partindo da literatura, o que são as Tecnologias e como estas estão sendo contextualizada em nossa sociedade atual. Em segundo lugar, focaremos uma discussão sucinta acerca da prática docente da Educação Física e como esta é considerada no fazer pedagógico da escola. Posteriormente, apresentar-se-ão, de forma direta, os dados, isto é, será feita uma descrição dos artigos encontrados que conjugam estes dois elementos (as Tecnologias e a Educação Física Escolar). Para finalizar, faremos as considerações finais com o fechamento do problema de pesquisa que foi proposto no presente trabalho. 2. A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: PRÁTICA PEDAGÓGICA Segundo Barbanti (2009), a Educação Física se preocupa com o relacionamento entre o movimento humano e outras áreas da educação, isto é, o relacionamento do desenvolvimento físico com o mental, social e o emocional na medida em que eles vão sendo desenvolvidos. Assim, de acordo com o autor supracitado, nenhuma outra área trata o desenvolvimento total do ser humano com essa interligação. Barbanti (2009) relata, ainda, a dificuldade que as pessoas possuem em distinguir o que é de fato a Educação Física, sendo cotada pelo que o homem acredita ser, ou seja, como o seu corpo tem que ser desenvolvido, exercitado, disciplinado. Williams (1964) apud Barbanti (2009) ressalta que: Quando a mente e o corpo eram considerados duas entidades separadas, a educação física era obviamente uma educação do físico... Como novo entendimento da natureza do organismo humano, na qual a totalidade do indivíduo é o fato proeminente, a educação física tornou‐se educação ATRAVÉS do físico. Com essa visão operativa, a educação física tem interesse por respostas emocionais, relacionamentos pessoais, comportamento grupal, aprendizagem mental e outras conseqüências intelectuais, sociais, emocionais e estéticas (WILLIAM, 1964 apud BARBANTI, 2009, p. 1). No bojo dessa discussão, Baley e Field (1976, apud BARBANTI, 2009), p. 3, explicam que a Educação Física, com mais ênfase na atividade física, é um processo através do qual aprendizagens e adaptações orgânica, neuromuscular, intelectual, social, cultural, emocional e estética – resultam e procedem através de atividades físicas selecionadas e suficientemente vigorosas. (BALEY; FIELD, 1976, apud BARBANTI, 2009, p. 3) Porém, a verdade é que, por mais que se tente achar uma definição exata para a Educação Física, esse conceito não chegará a um denominador comum, pois essa definição depende da área de investigação na qual o pesquisador se inscrever. Por outro lado, a Educação Física sofreu grandes mudanças desde o início da década de 1980, indo ao encontro de ambientes não escolares, se expandindo para áreas de camping, academias, entre outros, além de estender seus programas para população de todas as idades, assim ela sofreu mais uma alteração (BARBANTI, 2009). Na atualidade a Educação Física é definida como um processo educacional que usa o movimento como um meio de ajudar as pessoas a adquirir habilidades, condicionamento, conhecimento e atitudes que contribuem para seu ótimo desenvolvimento e bem-estar (BARBANTI, 2009, p.3). Apesar dos mais diversos modos de interpretar o conceito de Educação Física, há comum, entre os pesquisadores. Barbanti (2009) diz que, Embora os meios usados nos métodos educacionais sejam físicos, os benefícios incluem melhorias ou mudanças em áreas não físicas dentro do espectro do desenvolvimento educacional, como o crescimento intelectual, social e estético. (BARBANTI, 2009, p.4) Soares et al. (1992) apud Kaefer e Wittizorecki (2009, p. 1) dizem que a Educação Física é uma disciplina que tematiza, pedagogicamente, na escola, a cultura corporal de movimento. Contudo, é relevante destacar que, no contexto brasileiro, essa disciplina abrangeu diferentes discursos para autenticá-la, ou seja, guiou-se por diferentes influências que orientavam o porquê, o quê, quando e como deveriam ser trabalhados os saberes nas aulas de Educação Física. Castellani Filho (1988) apud Kaefer e Wittizorecki (2009, p. 1) descreve as perspectivas militaristas, aptidão físico-esportiva, médico-higienista e, por último e mais recentemente, propostas progressistas à formação de professores de Educação Física que produziram efeitos no cotidiano das aulas nas escolas. Assim, é importante que todo educador saiba que sujeito quer formar, e isso deve começar com o que filtrou de aprendizagens durante a graduação na sua formação inicial, com o tempo em que passou nos espaços formativos como a escola. Kaefer e Wittizorecki (2009, p. 1) corroboram esse discurso: [...] as experiências sociais/culturais do aluno agem/funcionam como um filtro através do qual ele seleciona/aceita/adere/rejeita os conhecimentos dos cursos de formação. Esses filtros, cognitivos, sociais e afetivos, processadores de informações, perduram ao longo dos tempos já que têm sua origem na história escolar e na história de vida dos alunos. Para o autor, essas experiências sociais são responsáveis pelo fato de que alguns alunos em formação inicial passem pelos cursos sem mudar suas visões/concepções anteriores. (KAEFER; WITTIZORECKI, 2009, p. 1) Em linhas gerais, Bracht (2003) acredita que a Educação Física se interliga totalmente com o saber, tratando especificamente com a prática pedagógica. Assim, entende-se que a particularidade da Educação Física, no meio acadêmico, é a de que ela é, fundamental e primariamente, uma prática pedagógica (LOVISOLO, 1995 apud BRACHT, 2003). Bracht (2003) considera que, com o objetivo de tornar necessária a fundamentação científica da Educação Física, houve uma introdução das práticas científicas ao seu meio acadêmico, o que teve como consequência, desde então, uma visão diferenciada sobre o que seja o objeto da Educação Física. Na visão do autor, porém, tal objeto não pode ser outra coisa, senão a tematização da cultura corporal de movimento (BRACHT, 2003). É importante termos claro que a definição do objeto da EF está relacionada com a função ou com o papel social a ela atribuído e que define, em largos traços, o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação. [...] A definição clássica de EF, nessa perspectiva, é a que a considera como disciplina que, por meio das atividades físicas, promove a educação integral do ser humano - mas, a conotação, na prática, é a do desenvolvimento físico-motor ou da aptidão física, servindo a "educação integral do ser humano" para satisfazer/caracterizar o discurso pedagógico. (BRACHT, 2003, p. 41). Conforme critica o Coletivo de Autores (1992), a Educação Física escolar, por vezes, teve como objetivo a exploração do desenvolvimento da aptidão física do ser humano, tendo ajudado, historicamente, no escudo dos interesses da classe no poder, sustentando a estrutura da sociedade capitalista. Apoiada nos argumentos sociológicos, filosóficos, antropológicos, psicológicos e, categoricamente, nos biológicos, a Educação Física busca educar o homem forte, ágil, apto, empreendedor, para que este consiga uma situação social única na sociedade competitiva de livre concorrência: a capitalista. Ainda, segundo o Coletivo de Autores (1992), Na perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal, a dinâmica curricular, no âmbito da Educação Física, tem características bem diferenciadas das da tendência anterior. Busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 38). Normalmente, a Educação Física escolar é vista como uma disciplina escolar “inferior” às demais, um mero complemento, seja de horário ou até mesmo um descanso para os professores das outras disciplinas que, algumas vezes, querem se livrar de seus alunos por conta da falta de domínio de disciplina da turma dentro da sala de aula, optando por se “livrar do suposto problema”. Apesar dessas situações “práticas” e reais, o fato é que a Educação Física faz (e, historicamente, na educação, sempre fez) parte do sistema curricular das escolas. Diante do leque de possibilidades de conteúdos existentes, torna-se um infortúnio a visão de que a Educação Física se limita à prática de esportes coletivos. Desse modo, cada vez mais se questiona a qualidade do ensino, sobretudo nas escolas públicas do Brasil. Segundo Guenther (2010), a prática pedagógica cotidiana do professor exige algumas ações que, muitas vezes, não são aprendidas pelos professores na sua formação, seja ela inicial ou continuada, e nem nos currículos impostos pela instituição escolar. Ou seja, foi necessário que o professor vivenciasse certas situações para que houvesse aprendizagem, da mesma forma que os alunos trazem consigo experiências vividas do seu dia a dia. Seguindo essa linha de raciocínio, em conformidade com Neira (2009), [...] de todas as disciplinas do Ensino Fundamental, provavelmente a Educação Física foi a que sofreu transformações mais profundas nos últimos tempos. Mudanças pedagógicas e na legislação fizeram com que até mesmo sua missão fosse questionada. Se até a década de 1980 o compromisso da área incluía a revelação de craques e a melhoria da performance física e motora dos alunos (fazê-los correr mais rápido, realizar mais abdominais, desenvolver chutes e cortadas potentes), hoje a ênfase recai na reflexão sobre as produções humanas que envolvem o movimento.(NEIRA, 2009, p. 1) Neira (2009) diz ainda que, embora teoricamente a disciplina Educação Física (enquanto prática pedagógica) busque o mesmo objetivo da escola, na prática vivida do cotidiano escolar, isto é, no “chão da escola”, isso se tornou muito difícil, pela falta de interesse público e por questões políticas. Outra questão é a da formação: os futuros professores, muitas vezes, buscam o curso de Licenciatura em Educação Física por achar ser um curso fácil, rápido e barato, sem mencionar, ainda, aqueles que não pensam em exercer a função de professores de Educação Física, mas somente em ter um diploma para que seja mais fácil conseguir um emprego por ser uma pessoa graduada. Vale lembrar que a Educação Física escolar vai muito além de uma simples partida de futebol de meninos contra meninas, de um “interclasse” e do famoso “rola bola”, que é comum na prática docente de muitos professores, gastando, estes, um tempo precioso com os mesmos conteúdos. O mesmo autor (NEIRA, 2009) continua dizendo que, apesar de tudo, a Educação Física destes últimos anos vem sofrendo algumas transformações significativas em uma direção que acreditamos como certa, pois a valorização dos professores, mais o investimento das instituições escolares estão levando ela a um crescente reconhecimento e dando a devida importância que o professor a disciplina precisa, para que possa, de fato, realizar as atividades necessárias para o desenvolvimento educacional e social dos alunos. Dentro dessa perspectiva, Rodrigues et al. (20--?) diz que, Atualmente, a área de Educação Física está em expansão. O número de instituições que apostam neste crescimento alarga os horizontes deste setor que congrega múltiplas atividades humanas. O profissional torna-se um elo com a sociedade e o elemento que articula teorias com práticas para a sua difusão, através do esporte, do lúdico, das manifestações corporais, da música, das atividades de lazer, dando qualidade social à vida, bem como a prática pedagógica. Entretanto, pela grande abrangência desta área de atuação, com o passar dos anos, se fez necessário aos profissionais delimitarem espaços e nortes para a profissão. A ética profissional surge como reguladora, e norteadora da ação do profissional de Educação Física, baseada em pressupostos básicos da realidade social que visam uma finalidade boa ou virtuosa. Assim, agindo conforme o código de ética pré-estabelecido temos a certeza de que o trabalho está sendo realizado de forma correta e proveitosa, dentro dos padrões aceitados pela coletividade. (RODRIGUES et al., 20--?,p. 1) Para evidenciar esses aspectos, Rodrigues et al. (20--?) esclarece o seu modo de ver como deve ser a realidade da Educação Física escolar: O código de ética da Educação Física é o instrumento que visa legitimar, no âmbito da profissão, as ações dos profissionais desta área que, junto com a escola e a família desempenha um papel importante na formação moral e no desenvolvimento integral do sujeito. (RODRIGUES et al., 20--?, p.1) Com base nessa percepção, o Profissional de Educação Física tem como missão incentivar uma saúde adequada e planejar exercícios apropriados ao perfil de cada indivíduo. Para desempenhar suas atividades na área, o profissional abraçará as dimensões política e profissional duradoura da sua formação acadêmica, de modo que, possuirá competências técnica e habilidades necessárias à elaboração, execução e avaliação de programas de atividades físicas adequadas as mais variadas formas de ensino, indo de programas de atividades esportivas educativas às lúdicas, de lazer e competitivas. Cumpre evidenciar que, para obter êxito na sua prática, os professores precisam progredir como profissionais e como seres críticos na realidade em que estão situados como profissionais e como cidadãos colaboradores do processo de formação da cidadania, de reconhecimento de seus direitos e deveres, e de valorização profissional. Em decorrência da ética ser pertinente ao ser humano, sua relevância é evidente na vida profissional, já que na ação humana "o fazer" e "o agir" estão interligados. O fazer se refere à competência, ao potencial que todo profissional deve possuir para desempenhar bem a sua profissão. O agir diz respeito ao comportamento do profissional, ao acervo de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão (RODRIGUES, et al., 20--?). Rodrigues (20--?) diz que, A Educação Física tem uma história de pelo menos um século e meio no mundo ocidental moderno, possui uma tradição e um saber-fazer e tem buscado a formulação de um recorte epistemológico próprio contemplando hoje múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles consideram-se fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidade de lazer, expressão de sentimentos com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde. (RODRIGUES, et al., 20--?, p. 2) Levando-se em consideração esses aspectos, a Educação Física escolar traz consigo uma responsabilidade grande perante os seus alunos e ex-alunos nas instituições escolares, com outros professores, de outras disciplinas, pais, enfim, com todos que possuem certa ligação com ela. A Educação Física nos ajuda a desenvolver o nosso lado humano, sendo que o professor faz toda a diferença. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com objetivo de buscar a compreensão de como a literatura científica tem tratado a relação entre Educação Física escolar e as Tecnologias, tendo em vista os objetivos de:verificaras principais conceituações referentes às Tecnologias, observar, através da literatura acadêmica, as principais conceituações referentes à Educação Física escolar e identificar, as relações acadêmicas e as possíveis aplicações das Tecnologias nas aulas de Educação Física na escola. No que se pode observar é que, desde quando foi proposta a integração da Tecnologias dentro das disciplinasse, em específico, na Educação Física, foi gerada uma preocupação em relação ao resultado dessa aula que receberiam as Tecnologias como um novo recurso metodológico. Levando-se em consideração a visão de muitos autores, pode-se analisar que há uma grande divergência entre eles. Muitos defendem a inclusão das Tecnologias nas aulas, fazendo, estes, a ressalva de que é necessário, contudo, ter um bom planejamento em mão onde esteja claro como irá usar o meio, devendo ter como base objetivos pertinentes e relacionados ao conteúdo. As novas tecnologias tornam o um ambiente mais participativo e similar à realidade, uma vez estão introduzidas em todas as áreas da vida dos alunos, além de proporcionar meios mais amplos de chegar ao conhecimento, que é limitado pelos componentes que até então são permitidos ao professor, que são: o quadro, o giz, o livro e seu próprio conhecimento. REFERÊNCIAS BARBANTI, V. O que é educação física. [S.l.: s.n.], [2009]. Disponível em: . Acesso em: 30 abr. 2014. BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Tradução Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. BRACHT, Valter. Educação Física Ciência: cenas de um casamento (in)feliz. 2. ed. Ijuí: Ed. UNIJUÍ,2003. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino em Educação Física. 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