A Poluição dos Recursos Hidricos e Suas Conseqüências Para a Vida Humana
Por Ana Mascarenhas | 05/11/2008 | Arte1 INTRODUÇÃO
A água é um recurso determinante para a vida sobre a terra. Freqüentemente o Brasil é associado a fator clima e ecossistemas favoráveis a biodiversidade, principalmente se afirma erroneamente que o país tem uma reserva de água superior aos demais países, porém é preciso verificar a qualidade desse recurso, pois muitas vezes é contaminado principalmente por produtos agroquímicos. O lençol freático é muito contaminado por produtos provenientes não só da agricultura como do lixo que não tem sido tratado de forma adequada pelos governantes e a sociedade em geral.
Este artigo tem o objetivo de verificar os fatores poluidores da água e suas conseqüências para vida humana, bem como verificar quais as possibilidades de melhorar a qualidade da água doce no planeta e sua melhor distribuição para a população geral. A problemática levantada consiste em: Existe a possibilidade de não existir água doce suficiente para a população mundial?
As hipóteses levantadas para o desenvolvimento deste trabalho foram: A água é um recurso limitado, a poluição tem minimizado a qualidade e a disponibilidade de água potável para as populações do planeta, e ainda, o homem é o agente causador da poluição total que assola o planeta terra.
O presente trabalho teve como fator motivacional o fato da mídia ter divulgado recentemente um relatório sobre o qual se fala, sobre o futuro sombrio que o planeta tem pela frente devido as ações antrópicas e as conseqüências das mesmas sobre a vida no planeta.
A metodologia utilizada para realização deste trabalho foi a pesquisa exploratória e descritiva, proporcionando a investigação sobre a poluição das águas e suas conseqüências para a vida na terra, esse tipo de estudo conforme Roesch (1999, p. 197), “permite o estudo de fenômenos em profundidade dentro do seu contexto”.
Dessa forma, pode ser utilizado para constatar teorias já estabelecidas anteriormente.
2 POLUIÇÃO DA ÁGUA
Houve um tempo em que se acreditava que os recursos naturais eram inesgotáveis e que a natureza poderia se regenerar da medida que fosse necessário, porém essa idéia já não é considerada como sendo a correta, pois a natureza tem se manifestado contraditória a essa teoria. A natureza não tem conseguido se reconstituir na mesma proporção em que o homem polui e contamina, assim a necessidade de se ter uma economia voltada para a sustentabilidade é fundamental neste momento.
Com o desenvolvimento econômico e social das cidades e o processo acelerado e continuo da industrialização, o consumismo ganhou maior dinamismo a fim de atender às necessidades humanas de acordo com a demanda do mercado consumidor, resultando na utilização inadequada e intensa de recursos naturais e na degradação do meio ambiente, isso aconteceu em todos os países ricos que agora utilizam os recursos naturais dos países em desenvolvimento, esgotando suas reservas como meio de manter o crescimento econômico mundial.
As conseqüências sobre o meio ambiente, deste estilo de desenvolvimento são inúmeras, e muitas já são irreversíveis. Chuvas ácidas, inundações, redução do potencial hídrico do planeta, poluição dos rios e ar, redução da camada de ozônio que protege o planeta da radiação, aquecimento do clima, degelo, aparecimento de inúmeras doenças ocasionadas pela poluição, são alguns dos graves exemplos das conseqüências e do nível de degradação da natureza que ora o planeta se encontra. E como conseqüências socioeconômicas, tem-se o aumento do contingente de pobres e da desigualdade social, a diminuição do número de postos de trabalho, a perda do poder de compra de alguns segmentos da classe média, entre outros.
Diversas são as fontes de poluição que contaminam os recursos hídricos. Os efluentes resultantes de atividades agrícolas, industriais e comerciais, bem como os dejetos gerados pelos seres humanos, têm sido lançados historicamente na vala comum dos rios.
Apesar de as leis ambientais de controle da poluição das águas terem evoluído ao longo dos tempos, isso não impediu o lançamento constante de enormes volumes de rejeitos industriais, agrícolas e domiciliares nos cursos hídricos, que tiveram sua qualidade de água comprometida e seus usos limitados.
A água utilizada na agricultura, a mineração em alta escala, rejeitos industriais contaminados, que, na maioria das vezes são lançados “in natura“ no meio ambiente afetam as plantas, solo e água de forma relevante.
Nos reservatórios naturais nos últimos anos vêm sendo depositários de uma variedade de subprodutos, provenientes da atividade antrópica. A presença de elementos potencialmente tóxicos é responsável por efeitos adversos sobre o ambiente, com repercussão na economia e na saúde pública.
A introdução de metais nos sistemas aquáticos ocorre naturalmente através de processos geoquímicos, no intemperismo e, a contribuição atribuída à atividade humana é um reflexo de sua ampla utilização pela indústria, por essa razão os metais pesados em quantidades altas acabam por contaminar os indivíduos aquáticos e por fim o homem que se encontra no topo da cadeia alimentar.
A água nunca é pura na Natureza, pois nela estão dissolvidos gases, sais sólidos e íons. Dentro dessa complexa mistura, há uma coleção variada de vida vegetal e animal, desde o fitoplâncton e o zooplâncton até a baleia azul (maior mamífero do planeta). Dentro dessa gama de variadas formas de vida, existem organismos que dependem dela inclusive para completar seu ciclo de vida (como ocorre com os insetos). Enfim, a água é componente vital no sistema de sustentação da vida na terra e por isso deve ser preservada, mas nem sempre isso acontece. A sua poluição impede a sobrevivência daqueles seres, causando também graves conseqüências aos seres humanos.
A poluição da água indica que um ou mais de seus usos foram prejudicados, podendo atingir o homem de forma direta, pois ela é usada por este para ser bebida, para tomar banho, para lavar roupas e utensílios e, principalmente, para sua alimentação e dos animais domésticos. Além disso, abastece nossas cidades, sendo também utilizada nas indústrias e na irrigação de plantações. Por isso, a água deve ter aspecto limpo, pureza de gosto e estar isenta de microorganismos patogênicos, o que é conseguido através do seu tratamento, desde da retirada dos rios até a chegada nas residências urbanas ou rurais.
A água de um rio é considerada de boa qualidade quando apresenta menos de mil coliformes fecais e menos de dez microorganismos patogênicos por litro (como aqueles causadores de verminoses, cólera, esquistossomose, febre tifóide, hepatite, leptospirose, poliomielite etc.). Portanto, para a água se manter nessas condições, deve-se evitar sua contaminação por resíduos, sejam eles agrícolas (de natureza química ou orgânica), esgotos, resíduos industriais, lixo ou sedimentos vindos da erosão.
O que se ver atualmente é que, cerca de um quinto da população mundial não tem acesso à água em condições de potabilidade, e um terço da população mundial não tem acesso a saneamento básico (Dados da OMS 1998).
A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 5 milhões de pessoas morrem por ano por doenças relacionadas ao consumo de água não-potável e à falta de acesso a saneamento básico e condições de higiene adequadas. Esses números incluem 3 milhões de crianças que morrem de doenças diarréicas, transmissíveis pela água (Watson, 1998).
O acesso à água doce é um dos problemas ambientais, econômicos e de saúde mais graves que afetam os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. A falta de água e sua poluição causam problemas graves de saúde pública, limitam o desenvolvimento econômico e agrícola e prejudicam os ecossistemas.
A manutenção de estoques de água potável para consumo humano (na agricultura, nas casas e na indústria) e para o equilíbrio dos ecossistemas é um desafio crescente para muitas sociedades. A alocação dos recursos hídricos para esses diferentes usos também se tem tornado bastante complexa. Algumas estimativas demonstram que no ano 2025, quando a população mundial provavelmente ter• atingido a cifra de 8 bilhões de pessoas, toda a água acessível no mundo para consumo será necessária para atender às necessidades de produção agrícola, uso doméstico e industrial e para o atendimento das necessidades dos ecossistemas (Watson, 1998, p. 43).
Neste contexto existem medidas que podem minimizar o impacto causado pelo homem a este recurso agora considerado limitado.
São medidas importantes do consumidor consciente em relação ao uso consciente da água:
• instalar válvulas hídricas amplamente comercializadas no mercado nas casas e nos locais de trabalho que permitem a economia de água nas torneiras, nos chuveiros e nas descargas.
• promover campanhas para a conscientização sobre o valor econômico e social da água, estímulo ao seu uso racional e proteção de sua qualidade.
• fazer campanhas para aprovação de leis de proteção dos recursos hídricos visando à garantia de sua qualidade e quantidade, inclusive por meio do estabelecimento de valor econômico para o bem “água” e de sua cobrança.
• buscar fontes alternativas de água (ex.: dessalinização da água do mar) como acontece em países árabes atualmente.
• desenvolver novas técnicas de economia de água para utilização na produção agrícola.
Algumas outras medidas pertinentes, principalmente no caso do Brasil, onde prevalece o equivocado conceito de que temos água em abundância:
• evitar hábitos de lavagem de calçadas, quintais e carros em demasia;
• deixar a torneira fechada ao escovar os dentes, tomar banho, lavar louça, fazer faxina, lavar roupa quando não houver necessidade de deixar a água correndo.
Poucas são as empresas, residências ou condomínios que fazem uso da água da chuva. Uma medida muito importante é a captação da água da chuva em reservatórios. Esta água pode perfeitamente ser utilizada para molhar jardins, lavar carros, faxinas gerais, etc.
3 O LIXO E A POLUIÇÃO HIDRICA
O lixo é outro problema relevante para a contaminação da água em todo o mundo, a produção mundial de lixo da sociedade consumidora e capitalista é alarmante.
Segundo o Dicionário Aurélio o lixo pode ser conceituado da seguinte forma: 1) aquilo que se varre da casa, do jardim, da rua e se joga fora; entulho; 2) tudo o que não presta e se joga fora; 3) sujidade, sujeira, imundície; 4) coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor (FERREIRA, 1996). Já resíduo, para o mesmo autor, se trata de: “aquilo que resta de qualquer substância, aterros sanitários por ano para atender à demanda oriunda da produção de lixo” (FERREIRA, 1996).
O resíduo depende da sua origem para ter diferentes composições, o lixo doméstico é diferente do lixo hospitalar, industrial e assim por diante. A periculosidade de um resíduo está nas características das propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, que pode apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente, isto se este resíduo não receber um tratamento, transporte e armazenamento adequado (Ferreira, 2000). Uma conseqüência do não tratamento do resíduo é a poluição que pode ter caráter local, regional ou global (Braga et al., 2002).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1987), NBR 10.004, define resíduos sólidos como:
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia disponível.
Alguns estudiosos sugerem que se use o termo “resíduo” e não “lixo”, visto que este último poderia dar a idéia de que se trata de algo que não serviria para nada mais.
O lixo muitas vezes é jogado nos rios e contamina a água e as nascentes de modo eficiente, minimizando a sua potencialidade de uso, assim a qualidade da água fica comprometida, independente da quantidade de água que o Brasil possui é preciso verificar se a mesma tem qualidade para ser utilizada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que se sabe é que a água que o Brasil possui é realmente um volume considerável, porém as cidades sofrem com desabastecimento da mesma, o volume de água é grande, mas a poluição da mesma é de grandes proporções. O lixo, os metais pesados liberado pelo lixo no lençol freático, o uso indiscriminado de agrotóxicos e o descaso com os lixões nas grandes cidades são os fatores contaminantes da água no Brasil.
O presente trabalho alcançou se objetivo, uma vez que apontou quais são os fatores poluidores da água, as hipóteses levantadas no início deste trabalho também foram confirmadas, uma vez que é o homem o agente causador da poluição das águas, também pode ser a água um recurso limitante para a população mundial, ainda por que existem populações inteiras que não possuem água potável para uso humano, a distribuição da água é realizada de forma desigual em diversos países e os que mais sofrem com sua falta são os países do continente africano.
O que se pode verificar com o término deste artigo é que a água tem se mostrado como a maior fonte de vida do planeta, mas tem sido tratada com descaso, muitos rios são tratados como sendo depósitos, e se tornam verdadeiros esgotos a céu aberto como o tiêtê em São Paulo, um exemplo claro da falta de cuidado com os recursos hídricos.
É notório que o ser humano que se diz tão eficaz e inteligente acabe poluindo um recurso vital para o seu uso. O presente trabalho foi relevante para a construção do conhecimento sobre os recursos hídricos e a poluição. Podendo este ser um elemento fornecedor de subsídios para o desenvolvimento de trabalhos futuros, pois tem informações relevantes que podem ser utilizadas futuramente.
REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 10004 - set/1987 – Resíduos sólidos – NBR 10005 – Lixiviação de Resíduos – NBR 10007 – Amostragem de Resíduos.
FERREIRA, J. A. Resíduos Sólidos: perspectivas atuais In Sisinno, C. L. S., Oliveira R. M. de. Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde, uma visão multidisciplinar. Editora FIOCRUZ, Rio de Janeiro 2000.
FERREIRA, Leila da costa; Viola, Eduardo. Incertezas de Sustentabilidade na Globalização. 2. ed. campinas: Edunicamp, 1994.
ROESCH, S. M. Projeto de Estagio e de Pesquisa em Administração: guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. São Paulo: Atlas, 1999.
WATSON, Robert T. et al. Protecting our Planet, Securing Our Future: Linkages among global environmental issues and huma needs, publicação do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Banco Mundial/Nasa, novembro de 1998.
WATSON, Robert T. et al. Projeto de ampliação da capacidade rodoviária das ligações com países do MERCOSUL, Programa de educação ambiental – Convênio DNER/IME (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem / Instituto Militar de Engenharia), Banco Mundial/Nasa, julho de 2001.