A POESIA COMO UM INSTRUMENTO INCENTIVADOR NO DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E APRENDIZAGEM: em especial no ambiente escolar.
Por JAINE OLIVEIRA SILVA SANTOS | 21/12/2013 | FilosofiaA POESIA COMO INSTRUMENTO INCENTIVADOR NO DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E APRENDIZAGEM: Em especial no ambiente escolar.
Jaine oliveira silva santos*
Julyana Lima Santos**
Roxanne Rodrigues dos Santos***
“A poesia sensibiliza qualquer ser humano. É a fala da alma, do sentimento. E precisa ser cultivada.”
Afonso Romano de Sant’ Anna.
Resumo
Neste artigo, será abordada a importância do usufruto da poesia no ambiente escolar, para que os alunos, em sala de aula, possam apreciar esse gênero textual, e desenvolver seu intelecto de forma que, com o tempo, dêem origem ao prazer pela leitura. É bastante importante, porque a poesia exige uma interpretação maior, tem que ser vista de vários ângulos, requer mais atenção, neste caso ajuda na imaginação, oralidade e também na criatividade dos alunos.
Palavras-chave: Poesia no ambiente escolar. Desenvolvimento. Leitura.
Abstract
In this Article, will be addressed the importance of enjoyment of poetry in the school environment, for which the students, in the classroom, can appreciate this textual genre, and develop your intellect so that, with time, give rise to pleasure by reading. It is very important, because the poetry requires an interpretation greater, has to be seen from different angles, requires more attention, in this case helps in imagination, orality and also on the creativity of students.
Key-words: Poetry in the school environment. Development. Reading.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A poesia é um grande ponto de início para uma vida regrada de boas leituras e interpretações. É de suma importância à introdução da poesia no ambiente escolar para auxilio dos professores, na busca da formação de seus alunos leitores, na valorização da leitura, demonstrando através dela o quanto
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* Alunas da disciplina de Filosofia na Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, Campus I, Arapiraca. Departamento de História.
é importante ser um leitor ativo, mostrando as consequências e as desvantagens de não ser. Também visa mostrar aos professores que não utiliza desta ferramenta em sala de aula, que a poesia não é um mero passatempo e sim, sua utilização trás muitos benefícios ao educador e aos educando.
Nos dias de hoje a leitura está perdendo o seu espaço na sala de aula, está sendo pouco explorada, no entanto é de fundamental importância para a formação de conhecimento, para o aluno deter de uma visão unilateral dos diversos assuntos abordados. A poesia detém diversos gêneros com vários aspectos a serem explorados em sala de aula. Ela é uma ótima opção para professores que se propõem a trabalhar com textos com linguagens refinadas, visto que os autores se empenham para transmitir seu pensamento, cultura, meio social e sentimentos no momento em que está escrevendo. A poesia é o passo essencial para a construção dos leitores do futuro. Leitores que irão saber ler e interpretar, compreender o verdadeiro significado que se encontra no interior dos poemas.
O SURGIMENTO DA POESIA
A poesia surgiu como uma forma de arte anterior a escrita, muitas obras antigas exemplo a Ódisseia (800 – 675 a.c) parece até sido composta em formato poético para a melhor compreensão do leitor. Ela surgi entre os primeiros registros da maioria das culturas letradas. O poema épico mais antigo sobrevivente é a Epopeia de Gilgamesh, originado no terceiro milênio a.C. na Suméria (na Mesopotâmia , atual Iraque), que foi escrito escrita cuneiforme em tabletes de argila e, posteriormente, papiro. A poética, estudo da estética da poesia, resultou dos esforços dos antigos pensadores em indentificar uma forma distinta da poesia, e separa ela da boa da má.
O contexto é essencial para a poética e para sua forma e o desenvolvimento do gênero.Há diversas contextos de poesia, aos que preferem por registrar os eventos históricos em temos épicos, a poesia usadas para propósitos liturgicos,temos também como a elegia, tragédia, cantos gregorianos, retórica, invectiva políticas, cantigas de roda, e até mesmo textos médicos.
A poesia brasileira se inicia no século XVI,o da colonização, ao chegarem no Brasil os padres jesuitas, da companhia chamada, Companhia de Jesus. O padre responsável pela essa introdução foi o padre José de Anchieta, escrevendo 4072 versos letinos à virgem Maria em São Paulo, na praia de Iperoig,em suas areias. Já no século XVIII, com o aperecimento do romantismo inglês no Brasil, a poesia explodiu tomando outras formas. Ela sempre foi utilizada para memorização, sua escrita era prescindível. Com o surgimento do jornalismo, ela tomou outra forma mais hegemônica, consolidada, surgindo o romance brasileiro. O desenvolvimento literário brasileiro está vinculado com o sistema econômico, político e social. O Brasil por ter permanecido por muito tempo subordinado a Portugal, em sua época de colônia, não se tem um ponto definido de quando se iniciou nossa literatura nacional, esse período colonial abrangeu vários períodos literários brasileiros.
O historiador polonês de estética Wladyslaw Tatarkiewic, em um trabalho acadêmico sobre "O Conceito de Poesia", traça a evolução do que são na verdade do conceitos de poesia. Tatarkiewicz assinala que o termo é aplicado a duas coisas distintas que, como o poeta Paul Valéry observou, "em um certo ponto encontram união. […] A poesia é uma arte baseada na linguagem. Mas a poesia também tem um significado mais geral […] que é difícil de definir, porque é menos determinado: a poesia expressa um certo estado da mente.
A poesia não é um simples jogo que se abstrai da linguagem como matéria prima a ser trabalhada; pelo contrário, é ela que tornou e torna a linguagem possível, sempre. A poesia é a linguagem primogênita de um povo, disse Heidegger.
GÊNEROS POÉTICOS
Existe três tipos de poemas considerados os mais importantes, o poema lírico, o narrativo e dramático.
O Poema Lírico de todos os outros é o meis curto, carregam musicalidade, com ritimos e rimas chengando até proximo de canções.O autor deste tipo de poema se expressa de forma a relatar o que está presenciando, ouvindo, pensando e sintindo.Alguns introduzem neste tipo de poesia, peomas satírico, que são críticas, registra com maior detalhe o cotidiano, são denúncias e brincadeiras, um exemplo deste tipo de poema é o de Gregorio de Matos, conhecido como boca do inferno.
O Narrativo ao contrário do lírico é extenso, conta histórias.O autor demonstra seus personagens,apresentando seus hambientes e dando a esses personagens um significado de sua existência. Um exemplo deste tipo de poema é os Lusiadas, de Luís de Camões, também as epopeias, as baladas e as fábulas.
O Deamático se parece com o narrativo, por também contar histórias e por ser um pouco longo.Porém se diferenciam por esse ter em suas escritas falas dos personagens, exemplo deste tipo de poemas são as peças teatrais em versos.
TIPOS DE POESIA
Temos varios tipos de poesia, o Haicai, sonetos, baladas, vilancete, rondó e cordel.
O Haicai é o poemas de origem japonesa,conhecido pelos japonese como Haiku, chegou ao Brasil no século 20 e conta hoje com muitos adeptos. O Haicai clássico contém 4 regras, que são elas,consistem em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas, contém referência a natureza,não se generaliza e sua poesia é tida no presente.
O Soneto é um poema fixo, composto pro 14 versos.Pode ser dividiod por 3 formas de versos. Soneto italiano ou pertraquiano,soneto ingês ou “Shakespeareano” e o soneto monostrófico.
Balada é o poema narrativo de tema e carater melancólico.
Vilancete é a forma poética comum no renascimento ibérico, ele é um poema construído em medida velha e a partir de um mote de dois ou três versos. Para se obter um vilancete perfeito é preciso ter no último verso do mote repetido no último.
Rondó é um poema de treze estrofes, não obedece a esquema fixo de rimas nem de metros, entretanto utiliza versos de 7 a 8 sílabas.Uma forma de composição musical, estruturada a partir de um tema principal e vários temas secundários ,sempre intercalados pela repetição do tema principal
Cordel também conhecio como folheto no Brasil, é um gênero literário popular escrito em forma de rima, em relatos orais e depois em folhetos, seu nome tem origem por ser pendurados em cordas para vender, sua estrofes mais comuns são as de dez, ou oito ou seis.
A POESIA COMO INSTRUMENTO LIBERTÁRIO
É notável, na atualidade, que a leitura e a escrita não são muito cultivadas no ambiente escolar, e também não são apreciadas pelos jovens. Ao trabalhar com a leitura é preciso ser persistente, mostrar aos alunos todas as suas qualidades, falar sobre o quanto é importante para a vida futura.
Para despertar tal interesse pela leitura nos alunos, a aula tinha que ser lecionada de maneira diferente, ou seja, com o uso da poesia. Sendo assim, o mestre iria apresentar a poesia, e despertar primeiramente a vontade de escrever, pois os poetas são indivíduos com a mente aberta e com bastante influência em nossas vidas. Eles usam a poesia como forma de refugiar-se da realidade ou mesmo descrevê-la, encontra nela outra visão de mundo, expressam suas emoções e desejos. E, segundo Elias José: “vivemos rodeados de poesia.” (2013, p.21).
Quando adquirirem o hábito da escrita, conseqüentemente também o da leitura, pois ao escrever eles tendem a optar por outros tipos de leitura que não sejam o seu, terão uma mente mais aberta e acolhedora. Outra coisa também importante, é que através da escrita e da leitura, terão uma mente mais crítica, e o conhecimento necessário para as interpretações além do texto transcrito, não só de textos comuns, mas também dos poemas, que aparentam certas coisas e revelam outras, porque elas têm aquele aspecto especial do poeta, é seu sentimento que está contido na poesia. Sendo assim, a poesia abrirá as portas para uma interpretação e compreensão do que o poeta quis transmitir em meio aos versos.
A poesia será, neste sentido, um ponto de partida, um instrumento usado como incentivador para a leitura dos diversos gêneros literários. Não só para os alunos lêem, mas para que possam ser críticos em sua opinião. Para que esse exercício crítico seja possível, é necessário que sejam feitas nas escolas oficinas de leituras gratuitas. Mas, infelizmente, os poetas escrevem hoje tendo como seu público alvo as crianças, porque a partir delas é que se pode despertar uma juventude que aprecie a leitura, pois se ela for colocada aos jovens não será aceita de imediato, porque eles não sabem tal valor que a poesia possui ao revelar-se para eles. Tudo isso por não terem contato com tal gênero literário em sua fase infantil. Mesmo assim, ela precisa ser trabalhada entre os jovens em geral, pois eles têm uma noção preconceituosa de leitura, acreditam que é coisa sem sentido e que não lha tem nada a oferecer. Porém estes são os que mais precisam dessa compreensão poética.
O mais decepcionante não é saber que os jovens não têm afeição e compreensão sobre a literatura poética, mas sim em descobrir que as grandes maiorias dos professores optam por não ocupar suas aulas lecionando poesia, ou ao menos incluí-las em seu material, para que a aula fique mais interessante. Ou seja, a escola passa a refletir a atitude da sociedade em geral com o desinteresse pela literária poética.
Drummond afirma:
A escola enche o menino de matemática, de geografia, de linguagem, sem, via de regra, fazê-lo através da poesia da matemática, da geografia, da linguagem. A escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo [...]. O que eu pediria à escola, se não me faltasse sem luzes pedagógicas, era considerar a poesia como primeira visão direta das coisas, e depois como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico, lúdico, e criativo, que se identifica basicamente com a sensibilidade poética. (DRUMMOND apud AVERBUCK, 1998, P 66 – 67).
Sendo assim, tendo como conteúdo o que foi supracitado sobre os professores e também por Drummond, conclui-se que a escola, e mais propriamente dito, o professor em sala de aula, não está preocupado com seu ensino- aprendizagem, porque geralmente lecionam para seus alunos de uma maneira “sem vida”, “sem cores”. Os alunos precisam sempre de algo dinâmico e criativo, que desperte a vontade de conhecer, o desperte para o conhecimento, ou seja, o liberte dessas ilusões.
Tendo como base as afirmações supracitadas, foi feita uma pesquisa de campo na Escola de Ensino Fundamental Deputado José Pereira Lúcio, localizada em Bairro Bananeira, zona rural de Arapiraca.
Nesta pesquisa, foi possível presenciar que em uma sala do 6º ano do ensino fundamental com 50 alunos, os professores quase não os incentivam para a leitura, e quando o fazem é apenas como uma leitura oral do que já está contido no livro didático, eles não exploram a interpretação, e leitura crítica dos alunos desde seu início.
Segundo Godinho, a leitura é bastante importante, pois:
A leitura é fundamental para o desenvolvimento intelectual e para a construção do conhecimento, pois ela modifica, transforma, amplia a visa de mundo, proporciona a descoberta da realidade, das idéias, das palavras, levando o leitor até a sua plenitude humana.(Godinho, 2010).
Desta forma, foi analisada outra turma, sendo esta do 9º ano do ensino fundamental em uma sala, contidos 48 alunos. Nesta sala, o professor de português sempre trabalhava com seus discentes a leitura e a interpretação dos textos e poemas. Segundo depoimentos do professor:
A leitura é muito importante para a produção de suas idéias e visões de mundo, as interpretações dos textos e dos poemas os tornam seres humanos críticos, e quando essa leitura e compreensão é poesia, parece que os alunos fixam-se nos assuntos, pois remetem temas do seu interesse que muitas vezes quando analisados, têm-se uma conclusão totalmente diferente.
Sendo assim, é possível afirmar que os alunos são o reflexo de seus docentes, se estes não têm o hábito de leitura e não praticam cós os discentes, estes também não irão ter vontade de ler por conta própria. Desta maneira, sem o exercício da leitura, tendem a serem pessoas alienadas, não saberão o verdadeiro significado dos textos, perderão seu caminho no momento da interpretação.
Banberger afirma:
Está claro que a personalidade do professor e particularmente, seus hábitos de leitura são importantíssimos para desenvolver os interesses e hábitos nas crianças. (Banberger, 1986).
A poesia pode ser explorada em projetos e oficinas, na Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, campus I, Arapiraca, é realizado um projeto denominado Varal de Poesia. Consiste em um concurso que principalmente os universitários de Letras participam. Eles são mencionados a escreverem suas próprias poesias para o concurso, sendo estas de temas que escolhem, amoroso, social ou qualquer outro que se sintam a vontade em desenvolver.
NÃO IMPORTA A FAIXA ETÁRIA
Os jovens não têm afeição pela poesia, isso é um fato que já foi tratado. Porém eles não gostam porque não a compreendem e nem a interpretam corretamente. Mas como se sabe que a adolescência é o período em que brota os sentimentos amorosos, fica mais fácil de incluir a poesia em suas vidas.
Neste caso, como os jovens são mais difíceis de lhe dar, porém gostam de temas amorosos, o ideal seria primeiramente trabalhar uma literária amorosa, poemas sentimentais. Eles iriam despertar o entusiasmo de ler esses poemas, que deveriam expostos em grupos de estudo com o professor, eventos e oficinas.
Desta forma, como os discentes já adquiriram o gosto pelos poemas por se tratarem de temas que lhe convém, agora saberiam que por trás das palavras do autor há um segredo, um sentimento, em que nele expressa todas as suas angústias e emoções. Os alunos expressariam suas emoções amorosas através da escrita dos poemas, e a partir destes escritos começarem a serem seres poéticos, apreciando a poesia com outras visões de mundo, e também saber apreciar o que há de essencial nos textos em geral, e também nos poemas, não só aqueles, mas todos os outros.
Principalmente na adolescência, no momento em que os jovens passam a apreciarem a poesia, vêem nela um modo de refugiar-se do mundo real, de transcrever para o papel tudo aquilo que sente e não têm coragem de seguir em frente.
A partir desse hábito de escrita, dessa harmonia entre o aluno e o bem estar de transcrever seus estados de ânimo para o papel, desperta a curiosidade para a leitura de outros tipos de poesia que não seja a que aprecia. Desta maneira, descobrirá a importância dos textos para um entendimento geral, tanto para elaboração de poemas, quanto para informação. Geralmente, quando há esse despertar para a leitura através da poesia amorosa, se refere aos livros que tenham características românticas.
Analisando desse ângulo, é possível afirmar que para se apreciar a cultura poética não importa a faixa etária. Quando não é valorizada nos primeiros anos de ensinamento pelo professor em sala de aula, é possível ser resgatada nos adolescentes, mas com métodos diferenciados, porque estes são preconceituosos em relação aos temas poéticos.
A POESIA NÃO SÓ NA LITERATURA.
A poesia não só despertará para uma leitura interpretativa e compreensiva na literatura e no português, mas também nas diversas disciplinas humanas, e não muita influência nas exatas.
Temos como exemplo poesias que refletem um conhecimento em acontecimentos históricos. Como é o caso da poesia de Vinícios de morais, em que ele retrata a horrível Segunda Guerra Mundial, em especial a explosão da Bomba atômica em Hiroxima:
A ROSA DE HIROXIMA
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Este poema exige dos alunos a interpretação profunda, porque se estes não têm domínio da disciplina não entenderão o contexto da poesia e nem o que está subentendido. Dessa forma o professor terá que ajudar aos alunos, explicando as partes do poema que de início chamou a atenção dos discentes, mas não sabiam ao certo a que essa “rosa” estava se referindo na verdade, e também não faziam idéia que o texto se referia ao desastre da cidade de Hiroxima no Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
Há vários outros poetas que escrevem sobre acontecimentos histórico-sociais. E estes são os que necessitam da leitura dos alunos, e através dos poemas que aparecem para eles como sendo “bonitinho” tem vários pontos desastrosos, mas que chamam muito a atenção, como esse de Carlos Drummond de Andrade:
BALADA DO AMOR ATRAVÉS DAS IDADES
“Eu te gosto, você me gosta
Desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana
Troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
Para matar meu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
(...)
Mas depois de mil peripécias,
Eu, herói da Paramount,
Te abraço, beijo e casamos.”
Em sala de aula, esta poesia iria chamar a atenção dos alunos no momento em que ela é vista como versos de amor, quando ela é apresentada apenas no seu formato e conteúdo exterior, sem um aprofundamento em sua verdadeira temática. Porém, esta literária trata de um dos acontecimentos muito importante da história, que foi a guerra de tróia. Sendo assim, os alunos teriam que pesquisar mais a respeito dessa temática contida nos versos, evidentemente com ajuda do professor.
Afirma Micheletti:
Para amenizar os problemas do distanciamento, de interpretação e de compreensão poética, é necessário que o professor compreenda que o ato de interpretar uma poesia não pode ficar restrito a sua forma de apresentação sobre uma página, ou seja, como ocorre a disposição das palavras, dos versos, das rimas e das estrofes, e nem somente pelos questionamentos apresentados nas atividades de interpretação propostas pelos livros didáticos, pois as perguntas são impressionistas. (2001, p.22).
É possível afirmar que se o professor trabalhar com um poema em sala de aula e não se sensibilizar com ele, não conseguirá prender a atenção de seus alunos. E o ato de interpretar textos e poemas tem que estar além da sala de aula, pois não adianta os discentes apenas interpretar e compreender o poema que foi proposto pelo professor e com ajuda do mesmo, e em qualquer outro lugar que não seja a sala de aula sentir-se perdido a respeito das interpretações. Há muito mais além da interpretação na sala de aula, tem que haver o maior esforço do aluno, tendo como base o que foi ensinado em sala de aula.
Segundo um estudo feito por Pinheiro:
Constatou que os livros didáticos destinados ao terceiro e ao quarto ciclo do ensino fundamental apresentam poemas, mas a forma como são abordados é o grande problemas. A simples presença de poemas nos livros didáticos não é a única condição para desenvolver o gosto em lê-los. (Pinheiro, 2003).
Ou seja, os poemas devem ser lidos e compreendidos com a ajuda do professor, dependendo também de seu carisma. E o simples fato das poesias estarem contidas nos livros didáticos não siginifica que os alunos vãoler e valorizar as poesias.
POÉTICOS DA POESIA MODERNA
A poesia moderna surgiu com resgates e inovações. Sendo despojada e livre de quaisquer regras. Suas temáticas eram mais voltadas para os acontecimentos do cotidiano.
O Modernismo foi dividido em três fazes, dentre elas apenas a segunda teve um enriquecimento da poesia. Sendo Carlos Drummond de Andrade o mais importante dos poetas dessa fase.
Carlos Drummond de Andrade trabalha com uma poesia que está contida uma visão crítica da realidade humana, uma linguagem despojada, expressando muitas vezes uma conexão entre o humor e ironia.
Seus poemas deveriam serem trabalhados, interpretados e lidos em sala de aula, pois estabelecem um cominho para que os alunos possam escrever seus sentimentos. Drummond escrevia sobre as coisas desastrosas que ele não aceita, sobre temas que o deixava indignado, e também temas pessimistas.
Em seus poemas, gosta de tratar sobre suas emoções e lembranças do passado, sobre seu pai e da sua vida antiga quando residia em Itabira. Sem estudá-lo e ter conhecimento de sua história seria impossível compreender a que contexto ele se refere neste poema. Ele transmite para os versos suas saudades da terra em que morava,tosas as lembranças guardadas:
CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
“Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade
[e comunicação.”
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem
[mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
É doce herança itabirana.”
(...)
Clarice Lispector também se destaca como uma poetisa da segunda fase do Modernismo. Em seus poemas refletia uma literatura infantil que pode ser usada em salas de ensino fundamental. Ela também faz várias críticas literárias tendo influência na mídia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo teve como propósito mostrar ao seu leitor como é importante a introdução da poesia no ambiente escolar, em especial nas séries iniciais, e que além de incentivar na escrita tem um papel muito importante na leitura e consequentemente nas interpretações e compreensão de textos. Mostramos os tipos de poesia e com isso tentamos quebrar o tabu de que poesia só pode ser algo romântico, meloso, como costumam dizer. Poesia pode ser feita sobre diversos assuntos, isso vai depender do gosto de leitura que cada estudante irá adquiri com o passar do tempo, daí podem-se escrever cada um sobre o tema que mais lhe chama a atenção. Além de tronarem-se seres mais críticos e cientes para fazer sua própria história, irão saber como se defender quando se depararem com textos que lhes prendem a uma análise maior. E a poesia é um desses textos, pois guarda suas verdadeiras faces em seu interior.
A partir das pesquisas feitas por nossa equipe chegamos a conclusão que a cada dia diminui mais a quantidade de jovens que se interessam pela leitura e uma quantidade muito menor pela leitura poética, e com isso pode-se perceber que se a leitura fosse introduzida na escola de uma forma mais interessante talvez isso não fosse algo tão comum na vida dos jovens estudantes brasileiros, nossa ideia de leitura interessante seria a poesia, justamente por ela ser um tipo literário muitas vezes romântico, porque é essa a linguagem dos jovens. Porém ela pode ser transmitida nas escolas através de poesias críticas com tons românticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVERBUCK, Lígia Marrone. A poesia e a escola. In: ZILBERMAN, Regina (org). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 9. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
In: MACHADO, Ana Maria. Cinco Estrelas. Literatura em minha casa. V.1. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
JOSÉ, Elias. A poesia pede passagem: um guia para levar a poesia às escolas. São Paulo: Paulus, 2003.
In: MICHELETTI, Guaraciaba (Coord.) Leitura e Construção do real: o lugar da poesia e da ficção. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
SARMENTO, Leila Lauar. TUFANO, Douglas. Português: literatura, gramática e produção de texto. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2004. p. 157 – 161.
PINHEIRO, José Hélder. Abordagem de poema: roteiro de um desencontro. In: DIONÍSIO, Angela Paiva. BEZERRA, Maria Auxiliadora (org). O livro didático de Português: múltiplos olhares. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. p. 62 – 74.
http://www.brasilescola.com/literatura/generos-literarios.htm (Acessado no dia 11 de Agosto de 2013).