A pior notícia
Por Thalita Freitas | 20/04/2010 | Literatura
A história que conto é de uma pessoa muito especial, alguém que acompanhei desde o nascimento até a morte. Seu nome era Lua. Como era inocente a Lua...
Logo que nasceu, já foi logo se apegando a mim. Era eu que a acalmava e lhe aconchegava, era eu quem tocava pra ela sorrir. Lua era uma menina doce e meiga, que me limpava, me acertava a horas; eu era tudo em sua humilde vida. Ela sonhava em ser locutora de rádio e que todos a ouvissem através de mim. Não sei se contei, mas eu sou Ronk, um rádio de bolso, o melhor rádio de bolso do mundo.
Minha dona, Lua, me amava muito e vivia me elogiando, dizendo que eu era o que ela tinha de melhor. Contava-me histórias sobre outros rádios, rádios de carro, de parede, grandes e pequenos, mas sempre terminava dizendo que eu era o melhor de todos.
Quando Lua completou 15 anos apaixonou-se por Marquinhos, um mau caráter que só soube abusar e aproveitar-se dela. E ainda dizia-lhe que eu não passava de uma lata velha. Marquinhos feriu o coração de minha dona; eu nunca o perdoarei por isso, nunca o perdoarei por ferir quem eu amei. Depois disso, Lua nunca mais foi a mesma e sempre me dizia que queria morrer. Um dia pegou-me e disse que eu era seu único bem precioso e por isso iria levar-me consigo à morte.
Por culpa de Marquinhos, Lua desistiu de todos os seus sonhos e jogou-se de uma ponte comigo em suas mãos. Eu sobrevivi, mas Lua não teve a mesma sorte. E a pior notícia que já transmiti foi a da trágica morte de minha própria dona.