A PERCEPÇÃO DOS GERENTES DE PROJETOS DA ÁREA PÚBLICA SOB A...

RESUMO

Este artigo tem como objetivo realizar um estudo analisando a implementação de um programa do governo estadual com o emprego das melhores práticas de gerenciamento de projetos por meio de uma pesquisa qualitativa pela técnica de análise de conteúdo e de acordo com os critérios de saturação, a qual busca compreender através da percepção dos gestores com relação aos percalços e obstáculos enfrentados e os resultados alcançados durante as fases de iniciação, planejamento, monitoramento, controle e encerramento dos projetos do programa que foi implementado por uma das Secretarias do Estado onde havia o objetivo de construir 3 novos hospitais metropolitanos e 20 unidades de pronto atendimento (UPA24H), o qual foi implantado com sucesso e tornou-se um case nacional. Observou-se que a Secretaria de Estado se tornou mais eficiente devido a adoção de métodos de trabalho e liderança onde podemos mencionar como principais melhorias: o gerenciamento das comunicações dos projetos e informações gerenciais se tornaram mais eficazes, qualidade da tomada de decisão e no cumprimento dos prazos de entrega dos serviços e das obras, sendo bastante significativo o incremento de desempenho do setor público devido a relevância dos pontos observados.

1 INTRODUÇÃO

A gestão pública a partir da década de 1990 passou a demandar uma reestruturação para obtenção de melhores resultados devido aos entraves causados por uma administração pública excessivamente burocratizada e pouco  Graduado em Administração pela UNIP/SP, MBA em Gerenciamento de Projetos em Engenharia e Arquitetura pelo IPOG 2 Pós-Doutorado em Estruturas: uma Abordagem de riscos qualitativos e quantitativo / PhD pela LNEC - Lisboa - Portugal 2  efetiva no seu modelo de administração pública gerencial, conforme afirma PETERS (2008). O autor avalia que as organizações privadas e públicas no País estão passando por transformações que exigem cada vez mais pessoas com melhor qualificação profissional, aperfeiçoamentos comportamentais e dinamismo na execução de suas atividades. No âmbito das instituições públicas, há necessidade de aperfeiçoamentos no modelo de gestão no que se refere à aplicação das melhores práticas de gerenciamento de projetos, ferramentas de gestão e outras aplicações. Ainda no decorrer da mesma década, um novo modelo gerencial tem como principal característica a autonomia e descentralização de poder na estrutura governamental, o qual HOOD (1998) passa a discutir tais mudanças como tendências para o futuro. É abordado pelo autor a estruturação de um governo mais eficiente e efetivo, sendo imprescindível a adoção de padrões já adotados pelo setor privado, garantindo o empoderamento dos gestores, determinando um novo padrão para a governabilidade da instituição pública, passando a descentralizar e a delegar o poder às organizações terceirizadas e a outras partes envolvidas nos projetos. Nesta perspectiva, em 2009, o Governo do Estado de Pernambuco adotou uma estratégia de aplicar as melhores práticas de gerenciamento de projetos para o planejamento, execução, monitoramento e o controle de obras e no desenvolvimento de serviços públicos na área de saúde: a implementação de um escritório de projetos, gerenciado por gerentes de projetos com alto nível de qualificação utilizando ferramentas e sistema de informações de gerenciamento de projetos informatizado, com o objetivo de obter-se maior velocidade na execução das obras e entrega dos serviços e cumprir as metas do programa de construção das novas unidades de saúde. Visando cumprir os objetivos estratégicos da SES, O Governo do Estado de Pernambuco por meio do processo de implementação das melhores práticas de gerenciamento de projetos segundo Valle et al. (2007) descreve como uma atividade que envolve vários aspectos relacionados à cultura organizacional, ao relacionamento interpessoal, gerenciamento de conflitos e a vários pontos ligados 3  aos aspectos hierárquicos da organização. Nesse contexto, surgiu o problema central da pesquisa: Quais os percalços e obstáculos enfrentados e os resultados obtidos pela administração pública com a implantação das melhores práticas e metodologia de Gerenciamento de Projetos no Programa de Construção das novas unidades de saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco entre 2009 e 2011 ? Este estudo busca identificar por meio de pesquisa documental, entrevistas e visitas in loco, os obstáculos enfrentados e os resultados alcançados pelos gestores atuantes no gerenciamento de projetos utilizados na Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco. Esta pesquisa justifica-se pela expectativa de obter uma análise empírica, com o objetivo de gerar novos conhecimentos e realizar um estudo específico sobre a percepção dos gestores que atuaram em gerenciamento de projetos na instituição estudada no período entre 2009 e 2011. Foram analisados os obstáculos enfrentados e resultados alcançados com a implementação das melhores práticas e metodologia de projetos direcionada a uma secretaria de governo (PE). Além disso, a possibilidade de identificar as práticas da gestão pública, na implantação do Programa de Construção das Nova Unidades de Sáude, que engloba vários projetos com estratégias, benefícios e objetivos comuns, mas com finalidades distintas (VARGAS, 2005), também valida o estudo. Mais especificamente, esses portfólios de projetos fazem parte do Programa de Construção de 3 Hospitais Metropolitanos e 20 Unidades de Pronto Atendimento (UPA24H) do Governo de Pernambuco. Os investimentos entre 2009 e 2011, na ordem de R$ 330 milhões, sendo 70% do total investido pelo governo federal, monitorados pela SES, traduzem acentuada representatividade financeira com ele, pretende-se, ainda, verificar a maneira pela qual a secretaria monitora suas ações no cotidiano da administração pública.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Para obtenção de uma visão mais abrangente das práticas de gestão implementadas pelo Governo do Estado de Pernambuco, uma análise mais detalhada sobre as melhores práticas de gestão de projetos, gerenciamento de portfólios e gestão pública é necessária para uma compreensão dos campos de conhecimento abordados nesta pesquisa.

2.1 MELHORES PRÁTICAS DE GESTÃO DE PROJETOS

Os primeiros conceitos e práticas de gestão de projetos tem início na década de 1960 nos Estados Unidos, que teve como objetivo formalizá-lo como uma nova ciência e demonstrar para as organizações os benefícios da execução do trabalho sistematizado e reunido em torno dos projetos para comunicar e integrar o trabalho. Na mesma década Jim Snyder fundou o Project Management Institute (PMI) com a finalidade de promover as melhores práticas de gerenciamento de projetos. (PMI, 2013; TUMAN, 1983). O PMBOK (2013) define que “projeto é um empreendimento temporário realizado de forma progressiva para criar um produto, serviço ou resultado único”. Os projetos e o mundo globalizado geram a necessidade de resultados mais rápidos, com maior qualidade e menor custo (PMI, 2013). Valle et al. (2007), cita forte influência da gestão por objetivos nas práticas de gerenciamento de projetos onde o estabelecimento de metas claras, prazos e estratégias alinhados aos objetivos em comum aos diversos níveis da organização se faz pertinente em ambos os modos de gerenciamento, observou-se que no âmbito público gerir os aspectos humanos, mediando os conflitos e apontando através de uma comunicação clara, os objetivos, métodos e técnicas dos projetos para se alcançar os resultados almejados é um grande desafio, devido a grande complexidade de fatores inerentes a gestão pública como aspectos políticos, técnicos e humanos que tornam a comunicação permeada por ruídos, conflitos de interesses e divergências hierárquicas. Ao gerenciar os projetos deve-se considerar vários aspectos tendo em vista diferenças culturais, relacionamentos 5  interpessoais de indivíduos que possuem estilos e perfis diferentes, buscando atuar de maneira sinérgica entre os diversos níveis hierárquicos. Esses fatores são citados por VARGAS (2005) como vantagens intrínsecas ao gerenciamento de projetos, pois podem ser aplicados em empreendimentos de diferentes graus de complexidade sendo necessário atender aos vários aspectos relacionados aos pilares de tempo, custo e qualidade, buscando o desempenho desejado controlando o seu escopo e sem agredir a cultura da organização.

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