A óptica Em Vermeer

Por Cleber Moreira de souza | 18/05/2008 | Arte

SOUZA, C. M.

Johannes Vermeer nasceu em Delft, Países baixos, em 31 de outubro de 1632. a composição de suas obras, geralmente interiores domésticos com as figuras iluminadas pela luz que entra no recinto através de uma janela é geométrica com elementos simetricamente equilibrados, apresentando grande precisão na composição e representação do espaço. O uso com maestria do jogo de luz e sombras ajuda ressaltar uma expressão ou criar
uma atmosfera. Em quase todos os seus retratos, Vermeer trabalha com a luz que vem de algum lugar, geralmente de uma janela ao lado ou atrás da pintura. O uso da luz ressalta detalhes como as jóias, os olhos que brilham e as bordas das pinturas parecem molhadas.


Figura 1. A moça com brinco de pérola

A cor é outro elemento de destaque nas pinturas de Vermeer. As cores fortes formam um conjunto cromático que, junto com a técnica de pontilhado utilizada pelo artista (pontos de tinta espessa aplicados em áreas mais escuras, resultando em efeitos luminosos), reforça a sensação atmosférica da paisagem.

Pouco se sabe sobre a vida de Vermeer e seu método de pintar, porém, uma análise detalhada de seus quadros nos sugere a utilização de um dispositivo chamado camara escura, precursor da camara fotográfica moderna. Supõe-se que Vermeer utilizou este dispositivo para para conseguir um posicionamento preciso em suas composições, nas quais os efeitos da luz geram uma perspectiva cujo resultado não pode ser obtido a olho nu, ou seja, sem o auxilio de uma lente.
 

A sutiliza com que Vermeer trabalhou seus quadros faz com que estes possam ser pensados como fotografia tanto como pinturas, tal a minucia dos detalhes. Um exemplo é o quadro "A Leiteira", onde percebe-se uma elevação ajustada do prego na parede, destacando também o trabalho com as cores (fusão de azul e amarelo e objetos pontilhados de dourado).

Com exceção de "Vista de Delft" e "A ruela", o restante de suas obras foram pintadas em um cômodo, provavelmente seu ateliê.

Observando estas obras com atenção, percebe-se um fator em comum. Em todas estas imagens, o personagem principal esta diante de uma janela. Geralmente esta janela é a única cavidade que permite a entrada de luz no recinto, que se equipara a uma câmara escura grande o bastante para que o observador, ou nesse caso, o pintor esteja dentro dela.


 Figura 2. Câmara escura.

Uma das evidências que aponta para o uso desse dispositivo refere-se aos destaques em superfícies reflexivas. O metal e a cerâmica nas pinturas mostram pequenos círculos de pigmentação branca ou amarela. Sugeriu-se que estes são os "círculos de confusão", visto quando se observa destaques brilhantes através de uma lente fora de foco ou de baixa qualidade.

Apesar de não haver nenhuma evidência de que Vermeer usou um dispositivo óptico para criar suas pinturas, sabe-se que a Holanda foi certamente um centro para manufatura de instrumentos ópticos de alta qualidade no século XVII. Na época, a câmara escura já era conhecida através de vários livros que descreviam seu funcionamento e seu possível uso na pintura, embora não haja nenhum documento que evidencie que Vermeer possuísse uma, ou mesmo que tinha familiaridade com esse dispositivo. O fato é que, usando ou não a câmara escura, as pinturas de Johannes Vermeer, além de belas, abordam vários conceitos físicos relacionados à óptica e podem proporcionar um belo aprendizado. 

Referências bibliográficas.

SOUZA, C.E.R., NEVES, J.R. & MURAMATSU, M. Fotografando com câmara escura de orifício: a óptica e o processo fotográfico na sala de aula. Revista A Física na escola Vol. 8 nº 2 – Outubro/2007 Pág. 19

M.C. Barbosa-Lima, G. Queiroz e R. Santiago,Ciência e Arte: Vermeer, Huygens e Leeuwenhoek Revista A Física na escola Vol. 8 nº 2 – Outubro/2007. Pág. 27

http://www.pitoresco.com.br/universal/vermer/vermer.htm acesso em 02/05/2008

http://www.eba.ufmg.br/cfalieri/intro.html acesso em 02/05/2008.