A OPINIÃO DE UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE MENTAL...

Por Tiago Moreno Lopes Roberto | 19/07/2016 | Psicologia

A OPINIÃO DE UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE MENTAL SOBRE O TRABALHO EM REDE DO MUNICÍPIO DE VOTUPORANGA - SP

RESUMO
O trabalho analisa questões voltadas à atuação da equipe multidisciplinar da rede de saúde mental do município de Votuporanga, visto que os serviços propostos pela reforma Psiquiátrica no caso os CAPS Centro de Atenção Psicossocial, tem como objetivo a desinstitucionalização dos portadores de transtornos mentais, reabilitando o indivíduo em seu contexto social. As ferramentas utilizadas para coleta foi uma entrevista semi-dirigida com os profissionais atuantes na rede de saúde mental. Partimos pela busca da opinião dos profissionais sobre diversos aspectos do trabalho em rede, comunicação, qualificação, reabilitação, reinserção social, buscando assimilações com conteúdo prático e teórico sobre as Políticas Públicas da saúde mental do Brasil. Analisamos que existe uma relação entre o conceito histórico da reforma Psiquiátrica que ainda se faz muito recente em nossos pais, o fato é que a reforma ainda está em processo de adaptação, a existência dos hospitais Psiquiátricos ainda tem muita credibilidade pela visão social sobre o conceito de cura, a necessidade dos familiares acabam desviando o portador de transtorno mental de sua reabilitação nos Centros de Atenção Psicossocial, tendo como a melhor forma de tratamento a exclusão do indivíduo. Os profissionais da rede de saúde mental acreditam que a falta de comunicação da rede entre possíveis órgãos do município gera a não reabilitação do sujeito dificultando possíveis intervenções no âmbito com a comunidade. A cronificação dos portadores de transtornos mentais tem acontecido dentro dos CAPS, pois a falta de comunicação e acessibilidade com a comunidade ainda existe, o estigma que o “louco” tem que ficar preso, ainda está presente no julgamento moral da sociedade.

A partir deste concluímos que, apesar das propostas realizadas através da Reforma Psiquiátrica no Brasil no final de 1970, que tinha como finalidade a desistitucionalização, ou seja, a inserção do indivíduo considerado louco na sociedade. O que seria mais do que uma luta contra a violência, constituiria com ela uma rede de saúde mental, aonde pessoas com transtornos mentais graves decorrentes ou com sofrimento seriam atendidas com humanização. Porém para que isso ocorra de fato inúmeras mudanças propostas nesta rede de saúde mental são necessárias.
Os relatos dos funcionários da rede de saúde mental do município de Votuporanga confirmam e correlacionam com as informações de pesquisas acadêmicas anteriores, afirmando assim que o âmbito da saúde mental no Brasil está ainda em um processo de construção, desenvolvendo novos métodos de tratamento que ainda se faz muito recente para os trabalhadores da rede, inúmeras conquistas foram alcançadas através da reforma Psiquiátrica, porém ainda existe uma lacuna entre os órgãos da rede Psicossocial.
Mesmo com a reforma Psiquiatra, ainda os serviços de reabilitação no caso os CAPS, confirmam a dificuldade de alcançar os objetivos propostos pelo serviço no âmbito social, ainda o portador de transtorno mental é visto e taxado de maneira inadequada, o serviço de saúde CAPS enfrenta dificuldades de enfrentamento em outros órgãos que não compreende a funcionalidade do trabalho em rede, acreditando que o portador de transtornos mentais tem que ficar isolado, fora do convívio social, desta forma a acessibilidade para outras atividades externas fora dos portões dos CAPS é algo ainda sonhado ou que ainda deve ser conquistado.
Os profissionais ainda apresentam uma visão pautada no modelo biomédico, o trabalho multidisciplinar ainda tem muitas influências dos antigos modelos propostos antes da reforma Psiquiátrica, a internação do portador de transtorno mental ainda é muito utilizada, pois o conceito de cura está ligado ao afastamento social, os profissionais da rede apresentam dificuldades para trabalhar de maneira efetiva com os familiares ou cuidadores, a não adesão
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ao tratamento CAPS é muito comum, os familiares não se apropriam de suas responsabilidades como agente facilitador no processo de melhora que necessita de cuidados no âmbito externo residencial.
E para isso aconteça é indispensável que ocorra mudanças desde o âmbito acadêmico, aonde esses futuros profissionais trabalharam na Rede de Saúde Mental estão se capacitando, pois através dos dados obtidos percebemos que muitos entrevistados, discorreram que não tiveram em sua formação nenhum tipo de contato com o trabalho em Rede, e muito menos sobre a importância do mesmo na sociedade. De tal modo, são necessárias disciplinas que discorram sobre saúde mental, a importância da comunicação, da multidisciplinariedade, para que assim tenhamos profissionais capacitados e dispostos a desenvolver um trabalho eficiente e que, principalmente, soubessem a importância que seu trabalho desempenha na sociedade e na família daquele indivíduo tachado como louco.
Assim notamos que a Saúde Mental ainda esta se desenvolvendo, existe muitas fragilidades neste quesito no Município de Votuporanga, falta desenvolvimento, interações e comunicação quando falamos trabalho em rede de saúde mental. Pois esse serviço publico em questão não se comunica de maneira adequada com os outros profissionais o que realmente prejudica o paciente e os familiares em questão, pois estes não sabem o que fazer e aonde procurar a assistência, portando é indispensável uma qualificação adequada, para que ocorra uma interação entre todos os setores em que a rede de saúde mental atua, beneficiando todos que necessitam deste serviço de saúde.
Concluindo tornasse necessárias também mudanças nas políticas públicas em geral, pois para que essas propostas se tornem concretizas é imprescindível o apoio do governo, para que assim esses órgãos tenham verbas suficientes para desenvolver projetos, promover a prevenção, promoção e reabilitação da saúde em si. E também para terem verbas suficientes para comprar materiais tornando assim, todos os procedimentos mais dinâmicos e humanizados. Reestruturando, desinstitucionalizando e inserindo assim esse indivíduo na sociedade promovendo cidadania e igualdade para todos.

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