A Odisseia de compadre Dionísio e El Diablo
Por BESSANI, Dinaldo | 01/06/2011 | Crônicas
A Odisseia de compadre Dionísio e El Diablo
Quando fui Deus em outra vida fiz coisas que até Deus duvida! Conheço este mundo ancião e sem novidades. O deus Dionísio sempre foi meu parceiro de tudo quanto é derradeira. Ensinei a ele que o cosmo sem prazeres hedonistas é um fiasco. Dionísio cansou de dizer-me: ‘você é o cara Diabo! Meu melhor professor... ’
E a vida sempre foi seguindo do jeito que vai indo. E os homens vão aprimorando suas maldades ano após ano. Depois que se ensina a comer errado é só pegar o prato e comer frio, quente, é indiferente. As pessoas até esquecem que pratos não se comem.
O conhecimento é a base para qualquer ‘Ser’, aprender a viver razoavelmente. Como 95% dos filhos de Deus não ligam muito para isso, eu e Dionísio vamos desgraçando a vida da maioria. Pena? Que nada! Eles gostam.
Quando Maomé queria ser uma pessoa importante, Dionísio ‘meu velho’, arrumou para ele uma dessas mulheres feias, burra e endinheirada e tudo deu certo. Costumo dizer que todo ignorante tem seu preço. Disse ao compadre: ‘deixa esse ambicioso ser profeta. Ele vai ver o quanto perturba quando as pessoas acham que somos Deus’.
Alexandre Magno (356-323 a.C.) era ‘bom’. E louco por demais. Caio Júlio Cesar (100-44 a.C.), até era humilde por um tanto. E buliçoso pelo poder. Marco Antônio (82-30 a.C.) tinha Dionísio meio que indiretamente como seu deus preferido. Portanto, Otávia e Cleópatra eram suas grandes diversões maioral! Oh! Na cama elas eram melhores que muita mulher de programa não programado.
Às vezes chego a ficar meio que entediado. Também passo por essas coisas de psicanálise e psiquiatria. Quando isso acontece, começo a ‘levar’ as pessoas que já não contribuem de forma ‘sensata’ comigo e Dionísio. Com o líder Nero (37-68) foi assim. Ele estava bem. Até mandou incendiar Roma. Eu realmente gostava desse sujeito. Porém, perdeu maldade e inteligência, mando para baixo da terra.
Compadre Dionísio é quem sabe viver. Numa destas brincadeiras de bom gosto onde tem tudo que não ‘presta’, estava ele, com seis mulheres lindas! O vinho rolava solto no corpo escultural daquelas vadias boazinhas... Tudo em nome do prazer ilimitado. Eu ria, ria... Vai Dionísio! Faz a vida valer à pena!
De repente tive mais uma destas crises em minha psique. Foi assim que resolvi dar um basta em Jimi Hendrix. O cara estava numa de não beber mais, não fumar, não ‘cheirar... ’ E mandei-o dessa para o inferno. O que um homem que não faz nada disso vai fazer aqui na Terra? Vesti um paletó nele meio cedo. É a vida! Mas até hoje eu e compadre ouve as músicas dele nessas festas onde fica todo mundo pelado e fazendo orgias. Dionísio se esbalda! Com Hendrix, entrei na ‘fase dos 27’, ou seja, a vestimenta da morte também caiu bem para Jim Morrison, Janis Joplin e mais tarde, Kurt Cobain. Deus achava que estava mais que na hora. Hoje, esse pessoal ‘toca’ no céu no inferno, tanto faz.
Lugar bom é o Brasil. Lá, nem de mim aquele povo precisa. A prevaricação, a ignorância e a falta de cultura intelectual reinam soltas. Escolas? Vou filosofar: ‘se jogar uma lona é um circo. Se cercar, um hospício. E se abrir ao público, um pobre zoológico’. O que é melhor? As igrejas ou as casas de prostituição? Segundo Dionísio a diferença é quase nula. Nos dois lugares precisamos enfiar a mão no bolso. Regra geral: ‘quem na vida gozar mais (obtiver sucesso), enfia mais’. E a culpa nem é minha. Embora tentem provar o contrário. Mas, depois que inventaram o ‘direito’, tu pode estar certo ou errado. O importante é se defender. Quanto mais errado, melhor. E para surpresa de todos, foram os humanos quem inventaram essa regra. Há como não se divertir? Ah!Ah!
Não contesto que minha vida sempre foi cheia de glamour. Tive a honra de lhes apresentar os verdadeiros filhos de meu ilustre amigo, Deus. Entre inúmeros, o nobre Marquês de Sade e, Calígula. Homens de puro sangue. De autenticidade inexprimível. Que não escondiam seus reais desejos e frustrações diante do mundo e do endeusamento do próprio corpo e da vontade de assim possuí-los. Eu dei a vida o real sentido que Deus jamais se atreveria dar-lhes. E se errei algumas vezes. Embora eu nunca tenha errado, não há humano que não me defenda e não me dê razões. Afinal, eu fiz tudo que os meros mortais desejavam ou desejam fazer. E se sou vaidoso, que humano não é? E se tem algo que não devo a profeta algum é a Morte de Cristo. O povo o matou. Não relei a mão. Não precisei. Caso encerrado. Dê-me licença, caros acéfalos.