A Necessidade Formativa em Tempos de Pandemia
Por Ana Maria Da Silva | 04/11/2021 | Educação(*)
Acreditamos que nunca foi tão urgente à necessidade de ampliar olhares, o mundo cobra e sobretudo clama por isso, e a pandemia cutucou os professores a saírem do seu ponto de tranquilidade, da sua “zona de conforto”, a ir além, a buscar o novo, e nos fez inclusive, questionar se estavam no caminho certo, cutucando a aprender para então ensinar, ousar porque para fazer a diferença era preciso fazer diferente. E ainda, tendo fortalecida a certeza de que se não os revestissem de onde a educação quer chegar, poderíamos inclusive nos perder em meio a tantas dificuldades que temos vivido. Já caminhamos tanto com nossos documentos e aportes legais que documentam e norteiam a primeira etapa da educação básica, para voltarmos para uma educação infantil retrograda e que não daria conta das crianças curiosas que temos hoje... É preciso nos atentar para que tenhamos uma visão clara de nossa identidade enquanto professora da primeira infância, e, nossos objetivos na vida de nossos pequenos.
O perfil da professora contará muito sobre o desenvolvimento e os estímulos dos pequenos, a figura do professor na vida da criança é essencial e indiscutível, para a o seu autoconhecimento, percepção crítica e construção dos relacionamentos interpessoais.
A pandemia trouxe a insegurança de fazer algo que nunca foi feito, os desafios estavam aí, e a professora viu-se na necessidade de se fortalecer em seu perfil formativo e investigativo para ousar e chegar aos lares através do ensino remoto.
A educação infantil então se viu em uma situação totalmente inusitada e teve com o apoio das famílias a mediação para o contato com as crianças, através de vídeos, chamadas de vídeos, ligações e momentos com eles, porém com os meios tecnológicos. Foi um período extremante desafiador e por vezes frustrante, no que tange as devolutivas com as famílias, e foi a partir das necessidades que surgem as urgências, e neste aspecto principalmente a urgência formativa.
E mais observando que é preciso, sobretudo fortalecer uma conjuntura de envolvidos na escola, trazendo a comunidade escolar não como amiga deste ambiente, mas como participante de algo muito maior, e que todos são importantes e definitivos, neste processo.
Ambientando as famílias, funcionários designados à limpeza e alimentação da escola como interessados nos caminhos que a educação passa e irá passar, é preciso o envolvimento de todos. A formação no interior de uma instituição não pode se restringir ao docente, pois este não é figura única no processo de aprendizagem. A criança aprende com as interações e estas estão presentes a todo o momento, mesmo que de longe!
Quando as famílias conseguiram compreender os projetos estabelecidos, as propostas educacionais e os objetivos em uma sugestão de atividade, por exemplo, estes são mediadores com potencial maior para as crianças.
Na confecção de propostas, jogos e atividades em que todos da comunidade estão envolvidos ao chegar à criança esse foi pensado, planejados e será entregue a criança com um desejo de acerto, e expectativas são criadas.
A educação necessita de expectativas, pois elas nos instigam, e a necessidade formativa traz esta expectativa tal almejada para a prática. Durante este período pandêmico a professorada primeira infância, precisou estar atenta para não transformar as atividades lúdicas em um caráter apenas instrumental. Portanto mais uma vez torna-se importante a formação para que a docência não veja a educação infantil com olhar técnico.
A professora com sua essência de camaleão, de adaptação e transformação, só é possível, por estar aberta a necessidade de aprender sempre, a reconhecer que juntos podem mais, que para se caminhar melhor por um trajeto, tem vantagens quem conhecem e está preparado para os obstáculos que há de vir, e a formação é este preparo, ou seja, não é a ausência de problemas,mas fortalecer-se para superá-los e por muitas vezes desviar destes, durante a caminhada, pois o principal objetivo, é não deixar ninguém para traz, nenhuma criança, é levá-los a acreditar que estamos na direção certa.
(*) Ana Maria Da Silva pedagoga, professora da rede municipal em Rondonópolis-MT.