A MUSICALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA NO PROCESSO DE...

Por Mauro Sérgio Soares Rabelo | 13/03/2017 | Adm

A MUSICALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO E AFETIVO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

 

 

 

 

Liane Pantoja1

Maria Simone Silva Santos

Mônica Silvia de Souza da Silva

Orientador: Prof. Msc. Mauro Sergio Soares Rabelo2

 

 RESUMO: O presente estudo tem como temática “A musicalização como estratégia no processo de desenvolvimento linguístico e afetivo de crianças com Síndrome de Down”, está fundamentado em uma revisão literária, na qual se buscou embasamento nos postulados de vários teóricos como: Joly, Souza, bem como a Lei 11.769 de 18 de agosto de 2008. Tem como objetivo analisar a eficácia da musicalização no processo de desenvolvimento linguístico e afetivo das crianças com Síndrome de Down no âmbito escolar. Vale considerar, que essa pesquisa irá influenciar positivamente no processo ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Musicalização, Síndrome de Down, Ensino-aprendizagem.

 

INTRODUÇÃO

 

 A educação inclusiva no Brasil vem avançando gradativamente ao longo dos anos, isso favorece a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais nas diversas dificuldades de aprendizagem, dentre elas as síndromes, os transtornos de comportamento de desenvolvimento, distúrbios de aprendizagem e as deficiências.

Apesar dessas conquistas a proposta inclusiva oscila em muitas situações em que a lei é omissa ou dúbia sobre a matéria, isso ocasiona falhas

1 Acadêmicos do curso de pós-graduação do Ensino Especial Inclusiva da faculdade de Tecnologia e Ciências Humanas (FATECH) Email : [email protected], [email protected] e [email protected]

2 Mestre em Ciências da Educação pela Faculdade Integrada de Goiás (FIG) e Mestre em Teologia .Especialista em Metodologia do Ensino Superior em EAD pela Faculdade  Educacional da Lapa (FAEL,PR) em Pessoa em Educação Profissional pelo Instituto de Ensino Superior do Amapá (IESAP.AP) E Gestão Estratégica  de Pessoas pela FAEL. Graduado em Pedagogia . Comércio Exterior. E mail: [email protected]

na execução das políticas públicas. Nesse sentido, é primordial que o sistema de ensino viabilize a efetivação de tais instrumentos, a fim de propiciar ao indivíduos com Síndrome de Down acesso ao ensino regular.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, no art. 58, assegura matricula e permanência de crianças com necessidades educativas especiais na rede regular de ensino, apesar da existência de instrumentos legais pouco tem sido feito para o cumprimento da legislação.

A esse respeito, observa-se que a inclusão e permanência de crianças com Síndrome de Down no contexto escolar vem sendo um grande desafio para o poder público, haja vista a necessidade de adequações dos métodos, ajustes específicos do currículo e a formação dos docentes envolvidos no processo de ensino aprendizagem.

Diante das dificuldades vivenciadas no cotidiano escolar das crianças com Síndrome de Down, faz-se necessário o engajamento de pesquisas que ressaltem a importância da introdução de métodos inovadores para ampliar as possibilidades de aprendizagem de maneira lúdica e interativa.

Sendo assim, a música se destaca como uma ferramenta imprescindível para o desenvolvimento do aluno com Síndrome de Down, essa experiência deve ser inserida no início da educação básica, com a finalidade de facilitar o desenvolvimento das habilidades como: coordenação motora, percepção visual, auditiva, sinestésica, linguística, afetiva, incluindo assim o aluno de forma atrativa e prazerosa nas atividades diárias em sala de aula.

Assim, esse trabalho será composto de dois Capítulos, sendo que o Primeiro abordará a questão da inclusão e a Síndrome de Down. O segundo ressaltará a importância da música como recurso metodológico no processo de ensino de alunos com SD.

 1. INCLUSÃO E A SINDROME DE DOWN

O debate a respeito da educação especial e inclusiva ganhou grande destaque a partir de vários movimentos organizados pela sociedade civil, com início na década 90, na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia; da Declaração de Salamanca; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96; Convenção da Guatemala; bem como o Plano Nacional de Educação, no artigo 1º, que estabelece as Diretrizes Nacionais de Educação Especial na Educação Básica, consolidado em 2001.

O Ministério da Educação e Cultura-MEC, segue com publicações de resoluções em que enfatizam alterações na lei, em favor da inclusão, garantindo a permanência e participação efetiva das crianças com Necessidades Educacionais Especiais no contexto escolar.

Se tratando do aspecto educacional, o aluno com Síndrome de Down deverá que ser atendido em ambientes que propiciem a inclusão; com recursos específicos de acordo com a necessidade apresentada. Porém, as intenções dos gestores responsáveis pela elaboração dos planos oficiais de ensino deixam lacunas, havendo assim a necessidade de implantar métodos e propostas pedagógicas transformadoras, que viabilizem de fato a inclusão e consequentemente a aprendizagem dos alunos com Síndrome de Down.

Com a efetivação da inclusão escolar, ampliaram-se as buscas por respostas, uma vez que, nas últimas décadas, ficou evidente que pessoas com Síndrome de Down têm potencial cognitivo a desenvolver.(SILVA e KLEINHANS, 2006, p. 123).

 Mediante essa premissa, exige-se que o ato de incluir alunos com SD atenda suas especificidades, pois cada aluno apresenta um ritmo diferenciado.Conforme, Schwartzman, citado por Ravagnani, destaca que:

(...) nas crianças com SD se manifestam atrasos nos marcos do desenvolvimento motor, bem como nas funções cognitiva, motora e aquisição da linguagem, sendo que esta última se desenvolve de forma irregular e não em ritmo consistente. Também os aspectos como habilidades sensório-motoras, conhecimento espacio-temporal e julgamento moral são adquiridos mais lentamente do que no caso de crianças ditas “normais” (RAVAGNANI, 2008, p.65),.

             Mediante essa afirmativa, percebe-se que o trabalho desenvolvido na escola deve ser integrador, devendo valorizar os conhecimentos e habilidades do aluno. Nesse aspecto caberá a escola adaptar-se ao aluno, de forma que suas necessidades sejam atendidos.

 2. A MÚSICA COMO RECURSO EDUCATIVO

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, no Art. 59 garante aos educandos com necessidades especiais: “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica”. Nesse particular percebe-se a urgência no aprimoramento do currículo, bem como o estreitamento das relações de todos os envolvidos no processo de aprendizagem, como forma de garantir a efetivação do ensino de alunos com Síndrome de Down.

A inclusão e permanência dos alunos com Síndrome de Down no ensino regular é uma questão desafiadora para pais, professores, especialista da educação. A criança com síndrome precisa ser estimulada de maneira que ocorra o desenvolvimento das funções cognitivas, linguísticas e afetivas.

De acordo Joly:

É importante manter a mente aberta para perceber as potencialidades de cada um. Todo trabalho deve ser feito com paciência e carinho, lembrando-se de que é preciso valorizar a auto-estima de cada aprendiz, motivando-o a reconhecer sua contribuição frente ao grupo em que está inserido.(JOLY, 2003, p.80).

 Desse modo, é preciso criar novas formas de ensinar, para que onde a atividade intelectual seja privilegiada. A escola atual não pode deter-se a uma educação estática e informativa; as idéias, princípios e técnicas precisam ser pensadas e reformuladas, de maneira que todos tenham acesso.

É necessário ainda que esse processo ocorra de forma humanizada, respeitando as limitações e expectativas dos alunos com Síndrome de Down. Daí a importância da inserção da música no contexto escolar, sendo esta um instrumento importantíssimo no desenvolvimento global do ser humano.

Joly ressaltaque:

É preciso estar atento para o fato de que a música tem sido reconhecida como elemento importante em processos educativos, profiláticos e terapêuticos, mostrando aos poucos como é fundamental no processo de desenvolvimento de crianças, sejam elas especiais ou não.(JOLY, 2003, p. 85)

De acordo LOURO (2006) “a música é um recurso que aperfeiçoa e reabilita constantemente, envolve o sujeito em todos os seus aspectos físico, mental, emocional e social”. Contudo, reafirma-se o compromisso em que a escola tem de encontrar formas de trabalhar a flexibilização curricular, com metodologias que contemplem esse propósito. 

A Lei 11.769 de 18 de agosto de 2008, altera a 9394/96, tornando o ensino da música obrigatório na Educação Básica. A esse respeito, SOUZA faz a seguinte assertiva:

A música como linguagem subjetiva, que mobiliza sentimentos e expressa sensações, uma comunicação sensorial, simbólica e afetiva que permite ao aluno assumir suas experiências musicais favorecendo um diálogo entre os atores, ou seja professor, aluno e música.(SOUZA, 2004, p. 9).

Estudos afirmam que a música é um recurso facilitador do processo de inclusão, bem como do desenvolvimento integral de crianças com Necessidades Educacionais Especiais. Diante disso, evidencia-se a relevância da música como instrumento de ensino para alunos com SD.

Nesse contexto, Ongaro, Silva e Ricci, destacam a influência da música, sendo que:

“(...) o efeito do som sobre as células e os órgãos, e indiretamente, agindo sobre as emoções, que influenciam numerosos processos corporais provocando a ocorrência de tensões e relaxações em várias partes do corpo”, acrescentando que “a música atinge a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade”. (ONGARO, SILVA E RICCI, 2006, p. 3).

 

                                      Diante disso, destaca-se a relevância da música como potencializador da vida humana. Para FINNEGAN:

A canção é um fenômeno tão difundido por todos os tempos e culturas que pode semdúvida ser considerada como um dos verdadeiros universais da vida humana. Mesmo sendo por vezes restrita a especialistas, ou vindo acompanhada de sons musicais elaborados com apoio de tecnologias complicadas, a canção termina por existir na experiência de todos (FINNEGAN, 2008. p. 15).

CONSIDERAÇÕES

A reflexão acerca da importância da musicalização como estratégia de ensino no processo de desenvolvimento linguístico e afetivo de crianças com SD, vem ganhando destaque no contexto educacional, pois de acordo vários estudiosos, a música é um elemento marcante para o desenvolvimento humano.

É preciso que se valorize o trinômio música-aprendizagem-escola, cuja harmonia depende o desenvolvimento satisfatório da criança com Síndrome de Down. No âmbito escolar a musicalização pode transformar-se em um dos mais importantes meio para a promoção do ensino-aprendizagem de crianças que apresentam necessidades  educacionais especiais.

Desse modo, é imprescindível para nós educadores, o conhecimento e/ou reconhecimento da música como estratégia de ensino, pois esta estimula as emoções, dá força motora nas ações e libera sensações de bem estar. Com isso, reafirma-se o poder da música como auxiliadora no processo de interação social, bem como o desenvolvimento das capacidades físicas, psíquicas, mentais e emocionais.

Pode-se afirmar, que esse estudo evidencia a potência da música na vida humana. Cabe a escola o aprimoramento de métodos de ensino inovadores, a fim de atender as necessidades das crianças com SD. Mas, para que isso ocorra de maneira satisfatória, faz-se necessário que professores e equipe multidisciplinar busquem capacitação técnica, objetivando aprimorar seus conhecimentos, proporcionando ao aluno com Síndrome de Down o desenvolvimento das inteligências e habilidades, tornando-o independente.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Direito à educação- necessidades educacionais especiais: Subsídios para atuação do Ministério Público Brasileiro. Brasília: MEC/SEESP, 2001.

________. Despachos do Presidente da República. Diário Oficial da União, nº. 159. Brasília.

 FINNEGAN, R. O que vem primeiro: o texto, a música ou a performance? In: Matos, C. N.; TRAVASSOS, E.; MEDEIROS, F. T. (Ed.) Palavra cantada: ensaios sobre poesia, música e voz. Rio deJaneiro: Viveiros de Castro Editora, 2008.

 JOLY, I.Z.L. Música e Educação especial: uma possibilidade concreta para promover o desenvolvimento de indivíduo. Revista do Centro de Educação da UFSM, Santa Maria, V. 28, n° 02, 2003.

 LOURO, V. dos S. Educação Musical e Deficiência: propostas pedagógicas. SãoJosé dos Campos: Ed. do Autor, 2006.

 ONGARO, C. F., SILVA, C. S. & RICCI, S. M. (2006). A importância da Música na Aprendizagem. Acessado em 14 de fevereiro 2017, em http://www.alexandracaracol.com/Ficheiros/music.pdf

RAVAGNANI, A. Desenvolvimento musical e musicoterapia em crianças Down: Um estudo preliminar. Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais. São Paulo: Universidade de São Paulo. 2008.

SILVA, M. F. M. C. & KLEINHANS, A. C. S. (2006). Processos Cognitivos e Plasticidade Cerebral na Síndrome de Down. Revista Brasileira de Educação Especial, v.12, n.º 1.

SOUZA, Jusamara. Educação musical e práticas sociais. Revista da Associação Brasileira de Educação Musical. Porto Alegre. 2004