A MÚSICA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO DESENVOLVIMENTO DO...

Por Zilda Franco de Carvalho | 13/12/2016 | Educação

A MÚSICA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NO DESENVOLVIMENTO DO ALUNO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

1 - INTRODUÇÃO

Sabe-se que a música constitui uma parte muito importante para a sociedade, principalmente para as crianças. No que diz respeito à música, estudos comprovam que os bebês podem sentir as ondas sonoras ainda quando estão no útero das mães e, quando envoltos em um ambiente musical desde o nascimento, tendem a ser mais calmos, tornando o próprio parto e a criação mais tranquilos.
Conforme vão crescendo, seus cognitivos vão se desenvolvendo e as crianças possuem maior capacidade de aprendizado, é importante que a música não deixe de estar presente, já que estimula os sentidos e incentiva movimentos e sons, auxiliando na aquisição de linguagem e aprendizados básicos e primários.
Quando a criança é inserida no âmbito escolar é importante que estes hábitos não se percam, pelo contrário, sejam desenvolvidos. Sendo assim, o enfoque neste artigo é a educação musical especialmente na educação especial, portanto, uma fase onde o indivíduo está experimentando diversas novidades, tomando contato com um mundo que pode ser estranho para suas peculiaridades e limitações.
Para tanto, nesta fase a educação musical faz-se importante, desde que seja implantada com responsabilidade, ensinada aos alunos de modo que estes absorvam sua verdadeira essência e retirem o melhor dela para transportar para suas rotinas.
Em vista do cenário supra exposto, desenha-se como objetivo central do presente artigo trazer uma visão conceitual sobre o papel que a música representa na história do ser humano, sua importância na vida como um todo e como auxilia na formação do cognitivo dos alunos na educação especial. Após, como objetivos específicos, pretende compreender-se sobre a educação musical e ainda abordar sua importância na educação especial.
O presente artigo justifica-se, pois pretende contribuir para o âmbito acadêmico oferecendo através da pesquisa em tela uma visão diferenciada acerca do tema, ampliando o material teórico, que poderá ser utilizado a fim de desenvolver estudos e pesquisas posteriores, estimular o aprofundamento sobre o tema, assuntos relacionados e demais vertentes científicas que possam originar-se a partir do interesse por este.
Sobre o método de pesquisa empreendido Lakatos e Marconi (1996, p. 15) definem que "Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos", através desta ótica é possível notar que a pesquisa é algo mais amplo do que se imagina em um primeiro momento.
Segundo Santos e Candeloro (2006) existem duas naturezas diferentes para uma pesquisa metodológica, são elas, qualitativa e quantitativa. Sendo assim:

"A pesquisa de natureza qualitativa é aquela que permite que o acadêmico levante dados subjetivos, bem como outros níveis de consciência da população estudada, a partir de depoimentos dos entrevistados, ou seja, informações pertinentes ao universo a ser investigado, que leve em conta a ideia de processo, de visão sistêmica, de significações e de contexto cultural. [...] A pesquisa qualitativa é a que tem o objetivo de mensurar algumas variáveis, transformando os dados alcançados em ilustrações como tabelas, quadros, gráficos ou figuras. [...] Em geral, o instrumento de levantamento de dados mais adequado a este tipo de pesquisa é o questionário, em que questões fechadas correspondem a respostas codificadas". (SANTOS e CANDELORO, 2006, p.71-72).
Desta forma, a natureza escolhida para a criação deste trabalho é qualitativa, buscando assim, levantar todas as informações teóricas a fim de se chegar à conclusão, utilizando-se de abordagem exploratória através de pesquisa do tipo bibliográfica para colher e avaliar os dados, as pesquisas bibliográficas podem ser através de obras ou artigos científicos. (GIL, 2008).

2 -DESENVOLVIMENTO

2.1 -Educação musical

Desde o ventre da mãe a criança passa a formar inconscientemente um arquivo de experiências e estímulos sonoros que os ajuda no desenvolvimento da percepção auditiva. Posteriormente o indivíduo passa então a classificar e selecionar os sons que são agradáveis e os que não são, dando início a um processo que pode-se classificar como a etapa inicial do desenvolvimento de uma educação musical, que acontecerá no decorrer da experiência de percepção das possibilidades sonoras (BRÉSCIA, 2011).
Desde que está em formação no útero da mãe, a criança passa por experiências sonoras constantes, estando sujeito a absorver os sons ambientes dos lugares onde sua mãe frequenta, bem como, se inserindo nesse ambiente e seus costumes musicais e sonoros desde o ventre.
Por isso nota-se tão importante o papel da música para o desenvolvimento do bebê, mães que notam bebês muito calmos se agitarem e mexerem na barriga quando expostos a estímulos musicais, outros mais agitados ficam calmos e serenos quando suscetível aos sons externos, o que demonstra que a música, desde nossa formação como seres humanos tem papel importante no desenvolvimento cognitivo, emocional e físico.
Por isso alguns pais demonstram ainda mais cuidado na hora de escolher as músicas que o bebê ouvirá desde o útero, para que sejam adequadas ao seu desenvolvimento intelectual, tornando o processo de gestação mais sereno. A respeito desta relação que estabelecemos com os sons desde o ventre de nossa mãe, Bréscia (2011, p. 62) diz que "dentro do ambiente uterino que nutre, sustenta, apoia e induz o crescimento, os ritmos e os sons ao nosso redor fornecem um meio de proteção, previsibilidade e sustento". Ainda a esse respeito:

"Para que o cérebro desenvolva todo o seu potencial, são necessários estímulos, agindo diretamente em suas centrais de comunicação. Na infância, em especial, este conjunto de estímulos proporcionam o desenvolvimento das fibras nervosas capazes de ativar o cérebro e dotá-lo de habilidades". (ABEMUSICA, 2002. p. 16)

É possível afirmar também que, esta criança que está no útero da mãe e mesmo após o nascimento, quando exposta a peças de música clássica, como Mozart, Vivaldi, entre outros, se manifesta de maneiras que demonstram, inquestionavelmente, o estimulo que tais músicas exercem em seu cognitivo.
Nos anos 1950, quando passaram a surgir gravadores e outros recursos tecnológicos que permitiam ouvir os sons que o feto esboçava dentro do útero da mãe, ainda em sua fase de formação, e estudiosos da área passaram a notar que estes ruídos possuíam significados, de que através deles e estimulada pela música, a criança expressava sentimentos e sensações.
Esta ideia é defendida por Delalande (1999), que faz uma relação entre os sons produzidos por uma criança de oito meses de idade, a uma peça de música clássica, como a de Pierry Henry, por exemplo, onde o autor representa sons de portas rangendo, dedos estalando, cadeiras sendo empurradas. Essa relação demonstra que, antes que aprenda a se expressar através da fala, da composição concreta dos enunciados, a criança aprende a se expressar e a suas sensações e sentimentos através de sons presentes em seu cotidiano que de alguma maneira lhe são representativos.
A mesma premissa é defendida por Suzuki (1994), que afirma que processo imitativo no desenvolvimento da criança é de fundamental importância, é através dessas onomatopeias que as crianças imitam sons cotidianos presentes em seu dia a dia, principalmente no que diz respeito à imitação de sons vindos de seus pais, ou pessoas mais proximamente ligadas a elas.
Por esse motivo, podemos afirmar que a presença dos pais e suas atitudes são cruciais na formação deste individuo, pois é através de suas atitudes rotineiras que a criança irá se nortear e espelhar suas próprias ações e sentimentos, é através de um contato próximo com os pais e integrado a educação musical que estes lhe oferecerão. Tendo esta ideia em mente, compreende-se que o papel importante que a música tem sob a formação dos indivíduos, desde que não se perca contato com os hábitos musicais após o nascimento, mantendo uma educação musical adequada que venha a contribuir para o desenvolvimento constante em busca de tornar-se seres humanos melhores.
Portanto, a partir do momento em que se constata a íntima relação que o ser humano tem com os sons, observa-se a importância da educação musical como instrumento no desenvolvimento do ser humano ao longo da sua vida, promovendo através da prática musical a interdependência entre corpo e mente, aprimorando a sensibilidade e criatividade.
Para Loureiro (2004, p. 142), na tarefa de interação entre os homens "a música, como mediadora, deverá ocorrer com o propósito de intensificar certas funções da atividade humana, como a linguagem, contribuindo para a formação de um ambiente rico e saudável, elevando o potencial da comunicação estética".
Quando observa-se o amplo acesso que se têm à música, percebe-se que a relação com a música acontece sem nenhuma discriminação e consciência. Partindo desse pressuposto, é necessário ressaltar que uma educação musical é de extrema importância para regular a relação do ser humano com a música. Pode-se naturalmente fechar os olhos quando não se quer ver algo, ou a boca para algum alimento que não agrada. Porém, os ouvidos são expostos frequentemente a sons que agradam e que atormentam. Por isso torna-se importante aprender a ouvir e lidar com os sons que, cujos há exposição cotidianamente. Assim sendo, quanto antes à criança tomar contato com o universo da música, antes também ela começará a aprimorar suas habilidades, tornando-se um indivíduo com maior preparação emocional, sentimental, capacidade de racionalizar e entender as diversas situações aos quais estará sujeita no decorrer de sua vida, bem como encontrar as melhores maneiras de lidar com elas.

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