A Música Atual

Por Amanuzio da Costa Silva | 12/05/2011 | Arte

Vamos fazer uma reflexão básica da música, seja no tocante ao público enquanto ouvinte, seja no tocante ao produtor, varrendo toda a cadeia produtiva da música até o que for sentido pelos ouvintes. Incluindo letras, cifras e tudo mais que puder ajudar aos músicos, principalmente na divulgação da boa música.

A nossa proposta é dar uma ótica menos comercial ao que é visto ou ouvido atualmente no mercado.

Diversos produtores e músicos se preocupam em demasia com a questão financeira e esquecem a questão arte. Certo que precisamos sobreviver, mas onde estará neste momento o tal ditado que diz que se fizermos as tarefas enquanto estamos felizes, o resultado é mais bonito? De que adianta estarmos-nos "prostituindo" enquanto músico e fazendo algo que nos desagrada, apenas porque estamos pensando em um resultado efêmero? O músico e o seu produtor jamais devem esquecer que estão lidando com arte, sentimentos, emoções, antes de pensarem em moedas. Daí sobra uma fatia de curiosidade de nossa parte: Onde a música deixa de ser arte e passa a ser passaporte financeiro? Onde a música passa a ter uma importância sentimental ou emocional para ter uma importância material? Será que para ouvirmos músicas de qualidade teremos que largar mão de nossa cultura, de nossa informação que obtemos durante tantos anos de nossas vidas (quarenta anos, no meu caso)? Ou será que é tão menos frustrante apenas abrirmos mão de tudo que construímos sonoramente em nossas vidas, esquecendo os bons momentos que passamos embalados por belas melodias em nossa juventude ou adolescência?

Bom, todas são questões deveras intrigantes ou, pelo andar da carruagem, questões postergáveis para o momento. Sabemos que este tema da música material passa por questões sociais, culturais e vamos colocar também educacionais e etc, mas, onde está o papel dos compositores, músicos, produtores, se não for para colaborar com a evolução de um povo? De que serve a interpretação artística de um cantor tão bem feita se não servir para o ouvinte refletir? Sei que não sou o primeiro nem o último a levantar estas questões, mas é muito notório que é conveniente para os fins comerciais que as obras musicais da atualidade sejam vazios, muito objetivos e que não leve o ouvinte (em geral os adolescentes) a ter qualquer opinião. Infelizmente são questões que a mídia não levanta nem derruba, apenas fica inerte vendo o bonde passar.

Outra questão que quero levantar é sobre o egoísmo de nossa parte (me dirijo aos que têm mais de trinta anos), onde fomos embalados por canções criadas pelas mentes de compositores como Chico Buarque, Gilberto Gil, John Lennon, Caetano Veloso, Almir Sater, ou mesmo pelas bandas que rechearam o Rock Brasil destas décadas (80 e 90), onde estas obras musicais nos levavam a aferir erros nossos, refletir sobre a nossa vida e o contexto social, mas, e nos dias de hoje?? O que fazer? Sobre o quê refletir? Daí, se não fizermos algo urgentemente para quê servirá este mundo que estamos lutando tanto para regá-lo e tratá-lo bem para a nossa meninada? Certo que eles podem comentar que em "nossa época" (vinte anos atrás) praticamente não havia celular e (que horror!) mal nos comunicávamos, podemos contestar dizendo que neste momento nossas mentes brilhantes estavam planejando e arquitetando tudo pra que eles hoje tivessem como se comunicar ou ter mais conforto e, devolvendo a pergunta, diremos o que eles estão planejando e arquitetando para os seus futuros filhos?

Bem, pessoal, quero concluir enfatizando a partícula que cada um de nós tem no compromisso de um mundo melhor, mesmo que seja aos trancos e barrancos poderemos nos unir ao inimigo (se não pudermos vencê-lo), para que se utilize das mesmas armas para modificar a estruturas das obras musicais e, usando a mesma linguagem, possa passar alguma mensagem e fazer com que os nossos filhos tenham algum conteúdo e possam usufruir da música com uma arte viva, podendo planejar e arquitetar um mundo melhor para os seus filhos