A morte do chefe da expedição
Por Arjelina Ribeiro | 20/04/2010 | CrônicasA morte do chefe da expedição
Aconteceu em uma empresa da área industrial na região metropolitana de Belo Horizonte. Os empregados eram muito unidos. Por isso, tudo se sabia a respeito de todos. Como em quase toda empresa, algumas regrinhas eram praticadas e a mais usual era “falamos de todo mundo, mas dedo duro tem que cair na lama!”
Nessa empresa havia um cara que ninguém gostava. O nome dele era Adão, pegador e criador de ciladas. Em seu departamento não parava ninguém. Era um cara sem educação e armava cada situação... Não era o que propriamente chamamos de líder, mas todos dependiam dele para liberação dos materiais. Isso o fazia sentir acionista da empresa. Dizia sempre:
Ah! Ou me obedece ou me obedece, pois, o patrão me acha o melhor e prefere demitir todo mundo a me mandar embora dessa empresa! O pessoal já estava cansado dele. Sabiam que ele pegava umas meninas lá no fundo da repartição, no meio do isopor e das caixas de papéis. Todos concordavam que o machado da santa justiça, um dia, teria que cair sobre sua cabeça. Sendo assim, os empregados se reuniram e resolveram dar um susto nele. Mandaram bilhetinhos perfumados marcando encontro no amoroso cantinho de flocos de isopor.
No dia marcado, o cara gostosão foi trabalhar de beca nova. Todo pomposo, bateu o cartão e foi para a sua sala. O dia demorou a passar para todo mundo. No término do expediente, o pegador já estava esperando no paraíso do isopor com uma sunga de surfista, modelo devorador de tropeiro com torresmo. E não é que o Adão apagou a luz... A porta se abriu e ele foi com tudo... O que ele não tinha percebido é que se encontrava numa armação daquelas... Um de seus colegas se vestira de mulher e acendera a luz. Outro colega foi fotografando o furor do Adão.
Nessa hora, Adão caiu duro e seco no meio do isopor. Chamaram o SAMU, mas não adiantou, havia batido mesmo as esporas. Todos os empregados envolvidos ficaram morrendo de medo de serem presos, pois o que era para ser uma brincadeira acabara aquela forma. Tempos depois, saiu o resultado da necropsia e não é que o Adão morrera foi de tanto tomar Viagra! Isso serviu de piada na empresa por muito tempo. Até hoje, os empregados contam esse caso para quem chega e completam:
_ “Não tente ser o sabichão, pois acabará com a fama de Maria Mole no caixão. Se você que chegar à liderança, aprenda a olhar e enxergar as pessoas e não tente ser o que você não é.”