A moral provisória cartesiana e a internet

Por ANNA BEATRIZ SINELLI SPADONI HIRSH | 21/07/2016 | Direito

  1. Nota introdutória

 

Notoriamente conhecido por seus avanços na física e na matemática - com especial contribuição para a criação e desenvolvimento da geometria analítica -, René Descartes também foi expoente da filosofia, podendo ser considerado o pai do racionalismo.

Durante todas as suas obras e, em especial o Discurso do Método, René Descartes coloca em dúvida tudo ao seu redor, afastando-se de qualquer pré-conceito e explicando ao seu público que o verdadeiro conhecimento somente é atingido após a observância de uma série de regras que serão por ele expostas.

Neste trabalho, mais do que as regras elencadas pelo autor para que se alcance a verdadeira sabedoria (o método cartesiano), falar-se-á da moral provisória, descrita por Descartes como “uma moral que possa bastar para regrar as suas ações de sua vida, no intuito de não sofrerem retardo, e devemos, sobretudo, tratar de viver bem[1] enquanto não se chega seu objetivo.

Apesar das críticas ao seu trabalho no campo filosófico, os ensinamentos cartesianos e, em especial, a moral provisória, poderiam muito bem ser aplicados nos dias atuais, especialmente em se tratando de redes sociais. A internet tornou-se palco de incontáveis discussões – em sua absoluta maioria infundadas e desnecessárias, carecendo uma reflexão da conduta dos internautas à luz dos ensinamentos de René Descartes.

Este trabalho tem por objetivo o exame das ideias cartesianas e a sua necessidade de ponderação pelos usuários da internet, o que será feito primeiro mediante um estudo do contexto histórico-social em que situou-se Descartes para posteriormente analisar-se as suas principais características de pensamento e, ao final, fazer um exame da moral provisória e da sua aplicação pelos internautas.

  1. Biografia de René Descartes e contexto histórico-social

 

René Descartes nasceu em La Haye, na França, em 31 de março de 1596, ou seja, em meio ao reinado de Henrique IV, período marcado pela transição aos Estados Nacionais e pelo desenvolvimento mercantil, o que ocasionou importantes conflitos políticos em todo continente europeu. Aos 8 (oito) anos, Descartes passou a frequentar o Colégio Jesuíta de La Fléche, e que muito contribuiu como incentivo aos seus questionamentos.

Em meio às suas atividades escolares, Descartes teve ciência do grande progresso científico que emergia no continente e que ficou posteriormente conhecido como racionalismo. Dentre os principais expoentes dessa corrente (da qual Descartes também passou a fazer parte) encontram-se Nicolau Copérnico (1473 – 1543), que revolucionou o pensamento humano ao afirmar que o Sol e não a Terra seria o centro do Universo, e Galileu Galilei (1564 – 1642) com suas pesquisas na matemática, na física e na astronomia.

O sentimento imperativo de mudança decorrente da expansão das fronteiras e do capitalismo, com uma maior valorização do indivíduo oposta à autoridade da fé aliado às descobertas científicas da época fez com que Descartes passasse a questionar os métodos adotados no ensino francês, em especial “a extrema valorização da cultura antiga e um certo dogmatismo, que faziam o saber depender da autoridade mais que do exercício independente da razão[2].

Diante disso, decidiu viajar pelo mundo para conhecê-lo, sob a crença de que assim encontraria mais verdades do que em livros. Assim, em 1618 ingressou ao exército de Maurício de Nassau, com o intuito de observar seus soldados.

No ano seguinte, juntou-se ao exército do rei da Baviera, ocasião em que teve um sonho no qual crê ter entrevisto os fundamentos de uma ciência admirável (momento que se acredita ter sido formada a moral provisória) e, um ano após, larga o exército e retorna à França, passando a frequentar os meios literários e científicos que muito o estimularam.

Descartes passa a pesquisar sobre os mais variados temas e, em especial, meteoros, ótica, anatomia e diversas questões das matemáticas. Após alguns ensaios, em 1637 decide publicar seu Discurso do método, que acaba sendo considerada a obra inaugural da Idade Moderna.

  1. O Discurso do método

Obra mais conhecida de René Descartes, o Discurso do método foi publicado pela primeira vez em 1637 sem sua autoria, o que se deu em virtude do receio cartesiano de ter o referido trabalho condenado pela Igreja tal como meses antes havia sido feito com Galileu, que também havia se utilizado da teoria heliocêntrica em sua produção.

Outra peculiaridade do Discurso do método diz respeito à língua em que foi escrito, francês. Dentro do contexto histórico em que se situa, era comum (quase absoluto) que as obras filosóficas fossem escritas em latim e voltadas exclusivamente aos doutos, assim entendidos aqueles do círculo de iniciados às questões filosóficas.

A escolha cartesiana de publicar sua obra em língua de fácil acessibilidade dá indícios de seu propósito: que sua filosofia atinja um público maior do que aquele .Seu raciocínio é de que todos os seres humanos possuem a razão dentro de si, porém quanto mais souberem sobre o que até então entende-se por “filosofias”, de forma mais difícil compreenderão suas lições, pois seus pensamentos estarão acompanhados dos preconceitos decorrentes da escolástica.

O discurso do método é dividido em seis partes: (i) considerações sobre ciências; (ii) regras do método utilizados por Descartes; (iii) regras da moral encontradas pelo método utilizado (neste ponto o autor explica sobre a moral provisória, objeto deste estudo); (iv) razões encontradas para provar a existência da alma humana e de Deus (fundamentos da metafísica); (v) a diferença entra a alma humana e animal; e (vi) os motivos pelos quais escrito o Discurso do método e o que ele crê ser necessário para se alcançar ainda mais longe.

A primeira parte do Discurso do método trata da crença de que a razão se encontra de maneira integral em cada ser humano, sendo essa a única distinção entre eles e os animais. O autor narra sua decisão de viajar ao redor do mundo para provar-se a si mesmo e, ao final desta etapa, conclui que o maior proveito tirado no processo foi aprender a não acreditar firmemente em mais nada do que lhe fora ensinado pelo exemplo e pelo costume.

Nesta etapa, o autor trata do bom senso e de como, se bem orientado, este é capaz de levar o homem ao conhecimento da verdade e à sua perfeição espiritual. Para tanto, apresenta o conceito de bom senso e avalia a necessidade de um método capaz de orientar a razão do ser humano pela busca das verdades na ciência. Assim, somente o esforço levará a mente a adquirir conhecimento suficiente para distinguir verdadeiro e falso através da ciência.

A segunda parte da obra descreve o método utilizado por Descartes para aumentar seu conhecimento, o qual consiste em quatro etapas que jamais devem deixar de ser observadas em detrimento à tudo aquilo que até então se havia ouvido dizer ser correto. Há uma necessidade de purificação da mente, afastando os pré-conceitos adquiridos pelos métodos de estudo tradicionais.

O autor passa a detalhar seu método e, particularmente, as quatro regras fundamentais que o compõem: (i) “regra da evidência” - nunca aceitar como verdade algo que não se conhece como tal, de maneira a evitar qualquer tipo de precipitação e prevenção; (ii) “regra da análise” - a divisão das dificuldades em tantas partes quanto possíveis e necessárias para a sua resolução; (iii) “regra da síntese” - a condução dos pensamentos em ordem dos mais simples para os mais compostos, reconstruindo-os de modo a revelar um real conhecimento do objeto investigado; e (iv) “regra da verificação” - fazer revisões gerais para não omitir nenhuma etapa do método.

Para o autor, as coisas que caem sobre o conhecimento humano seguem-se umas às outras e por isso a importância de se evitar tomar alguma coisa falsa como verdadeira. Ao assim agir e mediante a conservação da ordem de dedução necessária, não há nada que não possa ser descoberto.

Ocorre que a tarefa de observação das etapas do método deve ser detalhada, o que leva tempo. Não é possível, no entanto, que se pare de viver até que se alcance o verdadeiro conhecimento, o que torna necessária a formação de uma “moral provisória”, constituída por algumas máximas das quais René Descartes dedica a terceira parte de sua obra e as quais serão pormenorizadas no próximo tópico dada a sua importância para o presente trabalho.

Na etapa subsequente (quarta parte), Descartes conclui sua primeira verdade: “penso, logo existo”. Ora, nem mesmo o mais cético dos homens seria capaz de desmentir tal afirmação, e por isso, este seria o primeiro princípio da filosofia desejada. A partir disso, o autor passa a considerar que tudo aquilo concebido de maneira muito clara e distinta é verdadeiro, mas que se deve duvidar daquilo que não é.

É interessante notar que Descartes atribui sua criação à única criação que julga ser mais perfeita do que ele, qual seja, Deus, o que é totalmente contraditório ao se considerar a racionalidade com que constrói seu método. A quarta parte de seu Discurso do método é justamente dedicada à prova da existência divina e da alma humana.

A quinta parte da obra apresenta questões de física e anatomia estudadas por Descartes, em especial os movimentos do coração e a circulação sanguínea. Ela trata também das diferenças entre a alma humana e a animal, o que é feito com o retorno à premissa de que a alma seria independente ao corpo já que sua natureza consistiria no pensamento e Deus quem teria acrescentado-a ao corpo humano.

Por fim, a sexta parte do Discurso do método é uma exposição dos motivos que o fizeram desistir de publicar sua obra e as que, posteriormente, o fizeram voltar atrás. Seu receio, conforme já mencionado, residia na censura pela sociedade de escritos publicados anteriormente. Ocorre que, motivado pela importância de transmissão do conhecimento para os outros e da necessidade de colaboração de outros para que pudessem alcançar maiores descobertas, Descartes não poderia privar suas descobertas à sociedade.

Segundo seu raciocínio, diante da percepção de que os princípios utilizados pela sociedade diferiam dos dele, ele não poderia ocultar-se pois seu propósito era justamente empregar sua vida na ciência e, como ele poderia ser impedido de tanto pela breve duração de sua vida ou pela falta de experiências, era necessário retratar fielmente seu método para que outrem pudesse ir além.

  1. A moral provisória cartesiana

O presente trabalho é dedicado à examinar os corriqueiros debates infundados na internet à luz da moral provisória cartesiana, razão pela qual é necessário um exame detalhado das máximas que a compõem e que foram expostas na terceira parte de seu Discurso do método.

Conforme já se teve a oportunidade de mencionar, a moral provisória foi criada por René Descartes após a constatação de que há um longo período de tempo até que a árvore do saber dê todos os seus frutos, sendo necessária a observância de algumas regras que auxiliarão a estrada a ser percorrida até que isto finalmente ocorra. Tratam-se de máximas que auxiliam aos homens viverem da forma mais feliz possível enquanto buscam a verdadeira sabedoria.

A primeira máxima exposta pelo autor diz respeito à obediência às leis e aos costumes de seu país, além de conservar com constância “a religião em que Deus me concedeu a graça de ser instruído desde a infância, e governando-me em qualquer outra coisa segundo as opiniões mais moderadas e mais afastadas do excesso, que fossem comumente aceitas e praticadas pelas pessoas mais sensatas entre aquelas com quem teria de conviver[3].

A orientação pelas opiniões mais moderadas e longe de excesso se justifica pois seriam as mais cômodas para a prática e provavelmente as melhores na medida em que todo excesso costuma ser mau. Além disso, trata-se da maneira a menos desviar do verdadeiro caminho no caso da adoção de uma escolha falha.

O próximo passo da moral provisória é ser o mais firme e resoluto quanto possível após a decisão de seguir qualquer dos caminhos, já que não está em nosso poder o discernimento das opiniões mais ou menos verdadeiras, porém a escolha entre uma delas se dá apenas após mínima reflexão, motivo pelo qual sua crença deve ser feita com segurança.

Para ilustrar sua regra, Descartes exemplifica com um viajante que, perdido no meio de uma floresta, não deve “perambular de um lado para outro” ou ficar parado num mesmo lugar, mas andar sempre o mais reto possível numa mesma direção porque, se assim for feito, ainda que não se chegue ao local inicialmente desejado, chegar-se-á a lugar algum.

A terceira e última regra da moral provisória cartesiana diz respeito à necessidade de se tentar antes modificar os próprios desejos do que a ordem das coisas no mundo. Tal máxima se justifica em razão da crença de que não há nada que esteja inteiramente em nosso poder além de nossos pensamentos, “de sorte que, depois de termos feito o que nos era possível no tocante às coisas que nos são exteriores, tudo o que nos falta conseguir é, em relação à nós, absolutamente impossível[4].

Ao final de sua explanação, René Descartes reconhece a dificuldade de aplicação destas regras, as quais dependem de longo exercício de meditação. Esse contínuo exercício, quando alcançado, nada mais é do que o segredo da felicidade dos filósofos.

  1. A internet e as redes sociais: suas vantagens e desvantagens

 

Que a internet tornou-se um fenômeno que revolucionou nossa forma de pensar e agir não é segredo a ninguém. Há anos não tão distantes, ninguém poderia imaginar quão globalizados e conectados estaríamos nos dias atuais, o que acabou por trazer-nos uma série de benefícios e facilidades que transformaram o nosso cotidiano.

São milhões de pessoas diariamente utilizando-se de benefícios que vão desde cursos gratuitos promovidos por instituições de qualidade até a realização de compras sem sair de casa, passando por caronas e receitas culinárias entre outros. Isto sem contar na possibilidade de comunicar-se com pessoas queridas que vivem distantes, proporcionando-lhes ouvir suas vozes e ver seus rostos ao vivo.

A importância da internet muito se dá em razão da possibilidade de compartilhamento de informações em tempo real por qualquer usuário, facilitando uma participação igualitária e, consequentemente, mais democrática da população nos mais variados assuntos.

A divulgação de grande parte dessas informações se dá por meio da navegação nas redes sociais, que podem ser conceituadas como estruturas de relacionamento horizontais (não hierárquicas) compostas por pessoas ou organizações que são conectadas por algum tipo de relação entre elas, os quais podem ser valores e/ou objetivos comuns[5].

Nem tudo relativo à internet, no entanto, é positivo. A possibilidade de geração e propagação de conteúdo nas redes por qualquer de seus usuários acaba por gerar uma série de perigos exatamente porque não se sabe qual a veracidade das informações disponibilizadas ou os interesses das pessoas por trás delas.

Sem se adentrar muito à um dos maiores problemas relativos à essa questão –o do marketing digital, e que tem colocado em risco a preservação da vida privada e da intimidade por meio da compra e venda de informações pessoais dos usuários da internet sem a sua prévia autorização –, fato é que permitir a qualquer um que escreva o que quiser sem provas de sua veracidade acaba por incentivar uma proliferação de mentiras.

De fato, não é raro ver a manipulação das mais sortidas informações sobre assuntos variados e a utilização de frases fora do contexto com o objetivo de “convencer” outros usuários a partilharem das opiniões de seus geradores, o que acontece pelas mais variadas (e não tão nobres) razões.

A publicação de informações sem fonte confiável é geradora de grande prejuízo para a sociedade na medida em que a rapidez no compartilhamento e consequente alastramento entre os usuários da rede e de outros meios de comunicação leva à uma confusão generalizada entre o que é real ou não. Há uma alienação das pessoas ao invés de informação por meio do direcionamento de sua forma de pensar.

No tocante às redes sociais, a situação é ainda mais caótica. A possibilidade de “comentar” as publicações de outrem é capaz de gerar verdadeiros embates, os quais muitas vezes são tão acalorados que ultrapassam todos os limites de uma discussão saudável.

Não há respeito. O que poderia (e deveria) se tornar um ambiente de agregação de conhecimento para todos mediante a discussão saudável de argumentos fundamentados sob diferentes pontos de vista acaba por tornar-se verdadeiro ringue de lutas, com ofensas que alcançam gênero, tamanho, orientação sexual, raça etc..

Para se ter ideia do grau das discussões recentemente (e frequentemente) encontradas na internet, o site Safernet[6] apurou que nos dias antecedentes às eleições presidenciais de 2014, o número de denúncias de crimes de ódio feitas em sua plataforma triplicou em relação ao mesmo período no ano anterior.

A proliferação destes ataques se dá, em muito, pela facilidade de manifestação inerente às redes sociais. Por um lado, é desnecessário se colocar frente a frente com os seus “oponentes”, o que faz com que as pessoas acabem tornando-se mais corajosas para exporem seus argumentos e opiniões. Por outro, a falta de regulamentação sobre as interações sociais e a dificuldade de fiscalização faz com que os usuários transgridam leis e bons costumes sem embaraços.

As pessoas agem de forma inconsequente na internet, porém são graves as consequências deste modo de ação: muitas são relações interpessoais (sejam de amizade, profissionais, amorosas ou familiares) desfeitas em razão de opiniões discordantes e não é raro que a briga virtual se estenda à realidade.

Diante desse cenário, se faz necessária uma reflexão acerca do comportamento dos internautas e, traçando um paralelo com a moral provisória cartesiana, como estas pessoas poderiam utilizar-se de suas máximas para tornar o mundo virtual mais saudável a todos.

  1. A moral provisória cartesiana como objeto de reflexão pelos usuários da internet – considerações finais

A primeira regra cartesiana sobre a moral provisória diz respeito a um importante ponto esquecido pelos internautas em seus embates sociais: a observância das leis e dos bons costumes. Não é porque a internet possibilita a exposição de qualquer pensamento que se faz obrigatório expô-los em sua íntegra, sem qualquer filtro. É necessário um autocontrole, uma reflexão antes da propagação de todo e qualquer raciocínio que se vem à cabeça, o que se dá por alguns motivos óbvios.

Um deles (e um dos mais graves problemas atuais no mundo cibernético) é a possibilidade de que as palavras publicadas possam ofender a outrem. A liberdade de expressão constitucionalmente assegurada sofre algumas limitações em virtude de direitos fundamentais dos outros envolvidos, motivo pelo qual todo e qualquer cuidado na hora de publicar uma opinião deve ser tomado a fim de que não se ofendam direitos.

Ora, ninguém é melhor do que ninguém. Muitas vezes não existe certo ou errado e de nada irá adiantar ofender a raça, o gênero, a profissão, ou a sexualidade de alguém apenas porque essa pessoa tem ideias diferentes das suas. Vale lembrar que cada um tem sua história, suas experiências e sensações, não se podendo julgá-las apenas porque distintas das nossas.

Este raciocínio nos leva diretamente à terceira regra da moral provisória cartesiana e que também deve ser aplicada pelos internautas. Trata-se do exercício de racionalidade de se tentar mudar os próprios pensamentos ante a ordem das coisas no mundo, o que, traduzido para o cenário ora examinado significaria a reflexão dos argumentos apresentados pelos outros antes de sua completa negação e ataque.

A bem da verdade, é esse o maior problema da internet. Seus usuários, apesar de assim não admitirem, estão fechados para debates e para a oitiva de argumentos contrários, munidos de ferramentas como deletar comentários ou bloquear outros a fim de sequer ter que escutar (ou ler) opiniões divergentes.

A tensão social é tão grande e os ânimos estão exaltados a ponto das pessoas perderem a sua racionalidade e preferirem ignorar

É exatamente esse o comportamento criticado por René Descartes em sua obra.

Na visão do autor, antes que se forme com convicção uma opinião é essencial que se escutem todos os argumentos sobre o tema, sejam eles favoráveis ou contrários à tese que lhe parece certa. Apenas mediante a reflexão sobre todos os elementos apresentados ter-se-á segurança no caminho a ser seguido.

[1] Descartes, René. Carta-prefácio dos princípios da filosofia. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003, p. XXIII.

[2] SILVA, Franklin Leopoldo e. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Editora Moderna, 2004, p. 18. Disponível em <http://www.webartigos.com/artigos/rene-descartes-da-filosofia-moderna-a-metafisica-da-razao/103638/#ixzz3rmMG3x7A>

[3] Descartes, René. O Discurso do método. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2001, p. 27. Disponível em: < https://www.unicesumar.edu.br/mestrado-em-gestao-do-conhecimento/arquivos/artigos/discurso-do-mc3a9todo-descartes.pdf>.

[4] Descartes, René. O Discurso do método. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2001, p. 30. Disponível em: < https://www.unicesumar.edu.br/mestrado-em-gestao-do-conhecimento/arquivos/artigos/discurso-do-mc3a9todo-descartes.pdf>.

[5] Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social. Acesso em 12.11.2015.

[6] Associação civil de direito privado com atuação nacional e que objetiva a defesa dos direitos humanos na internet. Disponível em: < http://www.safernet.org.br/site/institucional>. Acesso em 13.11.2015.

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