A Mística em Edgar Morin

Por Éder Fabrício Lourenço | 18/04/2011 | Filosofia

A MÍSTICA EM EDGAR MORIN

Antes de adentrar na mística propriamente dita de Edgar Morin, vamos ao primeiro momento deste artigo como o autor define mística. O autor francês vai fundamentar seu conceito no autor Petit Robert, que define mística: "União íntima com o princípio do ser". "Em seguida Morin da outras definições: "Nos monoteísmos, esse princípio Deus e mística manifestam-se por meio de contemplações quase extáticas do Ser Divino, ou por uma profunda comunhão com Ele" . Podemos perceber que numa religião monoteísta onde se crê em um só Deus. A experiência mística se da através de contemplações, mas que este modo de mística é uma relação que não tem movimento com o divino com isso é um experiência quase que parada. Destaca também o autor que essa experiência mística se da através da comunhão com o divino.
Ele cita exemplos que ele se diz impressionado com a mística de varias personalidades cristã e não cristã ele cita irmã Faustina, uma polonesa que conversava com Cristo e a Virgem. Mas ele se sente tocado por Tereza d' Ávila: "sinto-me tocado por Tereza d' Ávila, que teceu uma relação intensa de amor, inclusive no sentido físico do termo, com Jesus" . Vimos que ele ressalta a importância mística de Tereza no sentido de uma relação de amor de proximidade com Jesus que chega a ser realidade, isto é, físico.

Além desse encantamento com a mística de Tereza, Morin ressalta também a mística de São João da Cruz principalmente a poesia mística do santo ele descreve linhas da poesia a que evoca a fonte obscura: " Sua origem, eu ignoro, ela não tem nenhuma. Mas sei que todo ser tira sua origem dela, se bem ela seja de sombras" . Em seguida da ênfase aos limites do pensamento. No qual se trata em educar, pois quando mais se educa menos se compreende a neblina que causa medo e que faz resplandecer a noite e é nisto então que consiste a mística em Morin, baseada no conhecimento:
Sinto "misticamente" o momento no qual o conhecimento desemboca na ignorância, no qual o saber desemboca no mistério. Ao mesmo tempo, estou racionalmente convencido de que, quando, mas nossa ciência avança, mas ela se aproxima do Inconhecível. Mas não dou a esse Inconhecível o nome de Deus. Aqui, ainda, uno meu demônio da racionalidade com o da mística.

Podemos observar que o autor se sente místico quando o conhecimento desemboca na ignorância. Isto significa que a partir do momento que se acredita que conhece, mas no fim se sabe e então se encontra com a ignorância e faz com que o saber se encadeie com o mistério. Morin afirma que a ciência está avançando e este avanço leva para o Inconhecível, isto é, caminha para aquilo que não se conhece. Mas deixa claro que este Inconhecível não é Deus. Por fim declara que seu pensamento ainda está em conflito com a mística. Ele acredita que isso seja mau quando demônio da racionalidade, pois cria um obstáculo para se aproximar do misticismo.
Com isso podemos dizer que a mística não é somente exclusivo da religião. Edgar Morin diz que o fenômeno místico não é monopólio das religiões clássicas, as que postulam a existência de Deus. E afirma:

Ele existe, também, nas religiões seculares. O culto da nação, o amor à Pátria podem suscitar estados místicos; a bandeira, Hino Nacional deixam os fanáticos desse culto em um estado secundário de caráter místico.

Nisso ressaltamos que os estados místicos existem até mesmo fora das religiões. Eles são momentos de poesia que torna adorável uma vida, que, de outro modo, seria horrível. Existem momentos místicos em nossa vida cotidiana: digo em uma reunião com os amigos, em um rosto amado, em passeio maravilhoso e até mesmo aquilo que foi citado acima.
Buscaremos agora compreender a mística através da racionalidade. Mas será que é possível compreendermos a mística usando a razão? O autor irá dizer que sim:

O estado místico é uma experiência de não separação. Exames neurológicos realizados em monges budistas em meditação revelaram que a "chave" do misticismo seria a inibição de dispositivos cerebrais que mantêm a separação entre o eu e o universo .


Podemos dizer que a grande virtude do misticismo é a de banir essa separação. Morin diz que o fim da separação nos mergulha e nos faz sumir num grande todo que é simultaneamente vazio e Plenitude.
Então a verdade mística reúne-se a uma outra verdade e essa verdade vai dizer Edgar Morin:

Eu diria cientificamente, que na microfísica revela-se a experiência do Aspecto, que é de valor geral: tudo o que é separável é inseparável. Assim, biologicamente, somos como indivíduos, mas, ao mesmo tempo, somos inseparáveis de nossa espécie. A relação mística, mais além da separação, é a reunião dos inseparáveis.

Por fim, percebemos que Edgar Morin é um místico/racional e racional/místico. Pois a razão tem seus limites e a mística tem suas razões. Nosso texto estudado afirma que o autor com sua racionalidade têm dificuldades de crer em um Deus revelado e nem em outros tipos de divindades a não ser no sentido spinozante, no sentido que Spinoza eliminou um Deus exterior ao mundo para colocar a criatividade na natureza. Assim finaliza Edgar Morin.

Éder Fabrício Lourenço
18/04/2011