A MINHA VERDADE (2)

Por Antônio Márcio Melo | 11/06/2011 | Filosofia

A MINHA VERDADE (2)
(Por Márcio Melo, Senhor do Bonfim, 27/05/2011)
"(...)
Vocês se contentarão com o céu luminoso?
Não mais sairão da água morna?
Ficarão retidos na floresta?
Estarão sendo iludidos? Sendo consolados?
O mundo espera por suas exigências.
Precisa de seu descontentamento, suas sugestões.
O mundo olha para vocês com um resto de esperança.
É tempo de não mais se contentarem
Com essas gotas no oceano."
(Bertolt Brecht, trecho de "Balada da Gota D?água no Oceano")

Cada texto que escrevo é fruto da anarquia da minha mente, a revolucionária revolta do meu inconformismo. Minhas idéias escapam de qualquer limite. Eu tenho uma linguagem própria. E a cada dia, depois de um novo texto, penso assim: Não deixe que ninguém mande em você, e assim será respeitado e livre. É que vivemos num mundo em que nos permitem criar ilusões para depois matá-las, logo na primeira esquina. E como me ensinou a filósofa Marilena Chauí, "A liberdade não se encontra na ilusão do posso tudo nem no conformismo do nada posso."
Mas felizmente o mundo está mudando. O bom é isso: ele sempre muda! Acima de tudo, o que me motiva é a mensagem desse novo mundo, que sempre chega através dos novos livros que leio ou das novas músicas que ouço.
Tudo é questão de saber o que se quer da vida, quando se quer e porque o queremos. A vida sempre é uma coisa pela qual vale a pena se arriscar. O que me incomoda mesmo é ver a prisão diária dos seres humanos, em locais diminutos, a cada entardecer, que é o momento do dia que mais gosto, que mais me sinto livre... O Ângelus. Esses nossos subúrbios, que se estendem a perder de vista, com suas casas cobertas de tijolos escurecidos e caminhos de miséria, nos quais crianças correm, jogam sua bola, soltam suas pipas, no melhor momento das suas vidas - a infância: momento de ser feliz, mesmo na miséria. Do lugar onde estou, fico triste ao ver essa gente toda. Consigo ver os bonés dos operários, que parecem caminhar sozinhos, com costas curvas e cabeças órfãs de ilusão e sonho. Quantos puderam realizar seus sonhos? Se isto é a paz, como terá sido a luta?
Nunca tanto esforço resultou em tão pouco! A maioria só pensa em consumir! Em acumular riquezas! E a vida verdadeira, como é que fica?!
O que sempre escrevi e sempre escreverei é oposição ao que está aí, é anti-establishment, anti status quo. Claro que alguns não gostam, mas isso é outra história, não é relevante, pois estamos vencendo. Evidentemente corremos na direção contrária, nadamos contra a corrente, damos murro em ponta de faca, só para exercitar, por puro prazer de pensar!
(Márcio Melo: cidadão, pai de família, filho e trabalhador honesto, como a maioria dos brasileiros; escritor nas horas vagas)