A Metamorfose da Escuridão.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 04/08/2013 | PoesiasA Metamorfose da Escuridão.
Como se andasse.
Por um desses caminhos.
Vagamente a solicitude do tempo.
O término da tarde.
Escuta a distância.
Os últimos segredos.
Antes de a noite cair.
O gnosticismo das sombras.
A vossa temeridade.
Escuto o sino e o som.
O rouco do vosso falar.
A mistura mitigada.
Pelo olhar solene festivo.
Sem a imprecação labrosta.
A vida comum do campo.
Não sei se ainda devo
Refletir aos sinais.
A magnitude das ilusões.
As teses folclóricas.
A vida envergonhando.
A destinação.
Os efeitos deletérios.
Da imaginação.
O desengano flertando.
As multirreferencias.
Algo além da minha pessoa.
Deixa-me profundamente.
Apavorado.
A máquina do tempo.
Os caminhos sem referências.
Esquivando as ideologias.
A majestosa e circunspecta.
Claridade.
Levou-me certa vez ao delírio.
Noosférico.
Sem poder dizer sequer uma palavra.
Restaria tão somente.
Uma rápida intuição.
Inextricável.
Apenas com a dessuetude.
Inevidente.
Sem a ficção da tolerabilidade.
A inspeção contínua.
Do doloroso deserto.
A mente exausta da imaginação.
A realidade que transcende a imagem.
Da face debuxada.
Ao mistério do abismo.
Aqueles que tenham percebido.
As intuições.
Mas com o silêncio dos instantes as perderam.
Sonharia em reencontra-las.
Aos trilhos simples.
Na apalpadela da afrodisia.
Oblívio ao tempo e suas ideologias.
A heteronomia inédita.
A natureza das coisas.
Ao misticismo comum do mundo.
Quem deveria descrever.
A pervicácia.
Do sentido comum.
Devo dizer duas coisas.
A permanência que apavora.
O caminhar solerte da sabedoria.
A repetição do mesmo trilho.
Preso a ficção da ideologia.
Do eterno retorno.
O mundo é o mundo.
Seu significado.
Apofântico e extenuado.
No frívola existência pérvia.
O cobarde pensamento petulante.
Resta então um pequeno trilho.
Ao tempo caminhado as curvas.
Depois delas montanhas intransponíveis.
Quando superadas.
Com o sangre da sola dos pés.
Surpreendentemente.
O exuberante desértico.
Areia branca, sem vento.
No mais profundo silêncio.
O momento parado.
Sem realizar-se o instante.
Mas tudo vai passando.
Nessa evidente contradição.
Cuja única finalidade.
O aumento da quantificação.
Da inexistência.
Do infinito silencioso.
Presbiofrênico.
Edjar Dias de Vasconcelos.