A Luta pelo Domínio Ideológico Mundial Pós Segunda Guerra

Por Darks Kehrle | 30/07/2010 | História

Um breve ensaio sobre o liberalismo americano e o fim da guerra fria.

Texto para debate 27 07 2010

Engº Darks Kehrle Junior
Estudioso da História Militar da Segunda Guerra Mundial
darksjr@gmail.com

O ano de 1945 ficou marcado na história pelo fim do maior confronto militar da humanidade, a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que nesta morreram 38 milhões de pessoas [1]. Durante os últimos meses que antecederam o final do conflito, as forças aliadas tinham a certeza que a Alemanha Nazista já agonizava no seu leito de morte e que o seu fim estava muito próximo. Cercada por grandes forças militares vindas do oeste e principalmente do leste, sofrendo bombardeios diários, com grande parte das suas indústrias destruídas e um exército exaurido que lutava desesperadamente para ao menos impedir que as forças estrangeiras ocupassem militarmente o território da pátria germânica, não era necessário ser um grande estrategista para prever qual seria o destino da Alemanha.

As boas notícias que chegavam diariamente do front, para os líderes americanos, ingleses e soviéticos, empenhados na luta contra os Países do Eixo, ao contrário do que normalmente se pensa , só aumentava a desconfiança mútua. De um lado, Franklin Roosevelt e Churchill observavam temerosos o avanço do maior exército do mundo vindo do leste, ocupando os países que no passado foram subjugados ao Nazismo e ameaçando inclusive a Europa Ocidental. Estima-se que em fevereiro de 1945, quase 8.000.000 de soldados soviéticos, marchavam para a fronteira alemã, empurrando o remanescente das forças militares que invadiram a URSS, no dia 22 de junho de 1941.

Por outro lado, o Generalíssimo Stalin temia que os Aliados Ocidentais firmassem um acordo em separado com o exército alemão, permitindo que este deslocasse suas tropas para o leste. Impondo aos soviéticos uma guerra de resistência para forçá-los a uma negociação, com alguma vantagem, em contra ponto a uma derrota militar e principalmente, evitando que a Europa Ocidental fosse ocupada pelos comunistas. No pior dos seus pesadelos, temia a possibilidade de uma aliança anglo-americano-alemã que pudesse iniciar um confronto militar com a Rússia, que em fevereiro de 1945 se encontrava a mais de 800 km de distância de suas principais fontes de suprimentos.

A possibilidade de um acordo em separado com a Alemanha foi uma dúvida que atormentou Stalin durante todo o conflito, principalmente após a URSS ser invadida em 1941. Sua desconfiança aumentava sempre que os Aliados adiavam a data do início da abertura de uma segunda frente, o que só aconteceu no dia 06 de junho de 1944, com o Desembarque da Normandia, quase 11 meses antes do final da guerra na Europa, enquanto o Exército Vermelho bastante castigado empurrava a Wermacht para casa. A tentativa de assassinar Adolf Hitler no dia 20 de julho de 1944, um mês após o dia D, alimentou ainda mais as suas suspeitas. Os aliados estavam tramando um acordo com os Alemães, e para isto era fundamental que Hitler estivesse morto! Tudo parecia fazer sentido na mente de Stalin.

Embora este fato nunca possa vir a ser esclarecido, sabe-se que Stalin tinha informações seguras obtidas do seu Serviço de Informação (NKVD), de que representantes do governo alemão, cientes do destino do seu país, tentaram uma aproximação para selar um acordo de rendição em separado com os anglo-americanos durante os meses que antecederam a derrota. As conversas ocorreram na Suíça e ao que tudo indica sem a autorização e o conhecimento de Hitler [2].


A idéia de estabelecer conferências entre americanos, ingleses e soviéticos surgiu de Roosevelt e Churchill, como uma forma de aproximar os lideres, diminuir as desconfianças mútuas, integrar os esforços para derrotar os Países do Eixo e principalmente discutir os interesses de cada país no pós-guerra. Inicialmente a dificuldade maior era estabelecer um local seguro e que fosse aceito pelos dois principais líderes. Stalin concordou com a proposta de realizá-las, mas diante dos problemas que a URSS passava sempre tinha dificuldades para se ausentar de Moscou. Fato curioso era o medo que tinha de viajar de avião fazendo-o rejeitar, sempre que possível, encontros em lugares distantes. Para a Conferência em Yalta, por exemplo, Roosevelt mesmo bastante doente e debilitado aceitou atravessar o Oceânico Atlântico para se encontrar com o Líder Soviético.

Ao longo da guerra, Roosevelt e Stalin se encontraram apenas duas vezes. A primeira na Conferência de Teerã em 1943 e a outra em Yalta em fevereiro de 1945 [3]. Stalin não pôde comparecer na Conferência do Cairo em 1943 e em Potsdam, realizada em julho de 1945, Henry Truman já empossado como presidente dos EUA substitui Roosevelt que faleceu no dia 12 de abril do mesmo ano. Até então, a principal forma de comunicação entre Roosevelt e Stalin era o correio diplomático, que se utilizava de cartas e de uma linguagem padrão excessivamente formal. As conferências foram fundamentais para aproximar os dois líderes que se encontravam a milhares de distância um do outro e que naquele momento eram os principais responsáveis pelo destino de milhões de vidas.

Na época não existia recursos técnicos suficientes para se estabelecer um canal de comunicação direto, confiável e seguro de interceptação entre a Casa Branca e o Kremilim. Em se tratando da URSS a situação ainda era mais complexa, pois o gigante soviético se isolara do ocidente desde a revolução de 1917, sem esquecer que a tecnologia comunista era ímpar e não havia compatibilidade com os sistemas ocidentais. Qualquer tentativa de integração e cooperação tecnológica era sempre encarada, principalmente pelos soviéticos, com muita desconfiança.

Na guerra moderna e arquitetada sobre rodas o fator tempo passou a ter uma importância relevante, pois os cenários ao longo das batalhas mudam rapidamente e conseqüentemente as prioridades estratégicas e as táticas exigem novas revisões. A nova forma de combate introduziu mais uma dimensão no complexo cenário da guerra, a quarta dimensão ou o fator tempo, aumentando ainda mais a necessidade de políticos, generais e estrategistas reduzirem o tempo de tomada de decisões à medida que as tropas se confrontam no campo de batalha. Conforme a guerra avançava em sua complexidade, sugando em um turbilhão, um número cada vez maior de países, era evidente que Roosevelt e Stalin necessitavam de uma maior aproximação.

No aspecto da estratégia global da qual dependiam os esforços integrados dos países aliados para derrotar a máquina de guerra do eixo, as conferências realizadas tiveram um papel importante para definir as prioridades políticas, as áreas de influências e de interesse de cada país, as estratégias conjuntas, a divisão geopolítica do mundo pós-guerra, etc. Não seria exagero afirmar que, pelo menos naquele momento, o entendimento entre Roosevelt e Stalin foi significativo a ponto de ter evitado uma guerra quando os seus exércitos se encontraram em Berlim.

Hitler em seus intermináveis monólogos falava constantemente ao seu círculo mais íntimo que a aliança entre americanos, ingleses e soviéticos era suficientemente conflitante para se tornar instável a qualquer momento. Em parte ele tinha razão, pois ao longo da guerra ficou evidente que a cada dia que passava o entendimento entre os Aliados era cada vez mais difícil, pois os interesses e prioridades de cada nação divergiam para lados opostos, principalmente sobre: o destino da Polônia, a abertura de uma segunda frente por parte dos aliados, a política de empréstimo e arrendamento americano aos russos, o destino das colônias inglesas, o papel da França na Europa pós-guerra e a divisão da Alemanha.

Nos últimos dias que antecederam o fim do III Reich, Hitler acreditava que algo extraordinário aconteceria para reverter a situação drástica em que se encontrava as forças alemãs. Fato marcante foi que no dia da morte do Presidente Roosevelt, Hitler chegou a comemorar, e comentou com os presentes que afinal a providência tinha atendido aos seus pedidos. O fim da Aliança salvaria a Alemanha da derrota. Triste Ilusão. Obscurecido pela realidade dos fatos, Hitler parecia não querer acreditar no que os seus generais já sabiam há muito tempo, a Alemanha estava militarmente derrotada! E os Aliados há muito tempo já estavam discutindo como seria a partilha dos espólios da guerra.

Pode-se especular sem cometer erros graves que a descrença que Hitler tinha sobre o valor real dos resultados estratégicos discutidos nas conferências entre os líderes dos países aliados era conseqüência de sua personalidade ditatorial. È muito provável que fizesse seus julgamentos baseados na própria insignificância estratégica da aliança entre os países do eixo, pois ele mesmo via que esta era uma aliança muito mais simbólica do que real. Não raro, teve que socorrer Mussolini, que almejando as mesmas glórias do exército alemão no auge das vitórias, e que nos maiores delírios desejava ressuscitar o Império Romano, ordenou de forma unilateral o início de batalhas que culminaram em total fracasso. Ao se fazer um estudo das batalhas realizadas pelo exército italiano durante a Segunda Guerra verifica-se um histórico de retiradas e derrotas que não correspondiam ao sonho ambicioso do Duce. Os oficiais graduados do exército alemão sempre delegavam aos italianos papeis secundários no campo de batalha, pois não acreditavam na sua força de combate e muito menos na competência dos seus generais.
Em relação ao Japão a aliança era ainda mais esdrúxula, haja vista, a total disparidade de interesses mútuos. Enquanto a Alemanha Nazista buscava a consolidação do Reich de mil anos nas terras do leste e em parte da Europa, o império japonês lutava para a conquista e consolidação das possessões no sudoeste asiático. Do ponto de vista estratégico se tivesse ocorrido uma cooperação integrada entre Alemanha, Itália e o Japão, esta poderia ter trazido conseqüências muito mais dolorosas para a URSS e os EUA.

Os países do Eixo estabeleceram uma aliança que do ponto de vista militar, estratégico e econômico, pouco contribui para um resultado que lhes fossem favorável. Ao contrário dos Aliados a aliança dos Países do Eixo representava muito mais uma união simbólica entre nações que em comum compartilhavam os seus desafetos com a Ideologia Comunista.

Para se ter uma idéia das oportunidades perdidas pelos Países do Eixo por não discutirem uma estratégia conjunta de cooperação, pode-se indagar: Quais as conseqüências para a Rússia se o Japão a tivesse invadido no extremo leste após 1941? E se o Japão tivesse adiado o ataque a Pearl Harbor em alguns meses, a Inglaterra teria resistido aos bombardeios alemães, diante do isolacionismo americano? E se o Ditador Francisco Franco, da Espanha, tivesse concedido à Alemanha o direito de controlar a passagem pelo estreito de Gilbratar fechando a entrada do mar mediterrâneo aos Aliados? E se Mussolini não tivesse atacado a Grécia, tendo depois que solicitar ajuda de Hitler que desviou esforços do exército alemão atrasando em meses a invasão da Rússia? Estas e outras indagações nunca serão plenamente respondidas e permanecerão para sempre no campo da especulação. Entretanto, se para as questões acima, houvesse respostas diferentes do que a história revelou é muito provável que as dificuldades que os Países Aliados teriam para derrotar os Países do Eixo seriam muito maiores e até mesmo pode-se questionar se a aliança Berlim-Roma-Tóquio não seria vitoriosa.

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Roosevelt tinha plena confiança que a capacidade econômica e militar dos Aliados era mais que suficiente para derrotar os países do eixo e ao longo de toda a guerra jamais duvidou da vitória. Dentre os principais protagonistas, entendeu de forma mais clara as transformações do mundo que iria nascer após o fim do confronto. Compreendeu que a forma de domínio que as grandes potências deveriam exercer não poderia ser inspirado no modelo do colonialismo inglês das décadas passadas e muito menos no isolacionismo soviético. Previu que o fim do império Britânico geraria uma lacuna de poder nas colônias que deveria ser preenchido principalmente pelos EUA e URSS. Na sua visão de domínio e hegemonia esta divisão de poder deveria ser regulada por um órgão internacional que supervisionaria e controlaria as nações, evitando confrontos futuros, e tendo os EUA, a URSS, a Inglaterra e a China com poderes de veto. Até o dia da sua morte lutou por esta causa. Com muita habilidade e astúcia costurou uma aliança que em 1º de janeiro de 1942, contava com o apoio de 26 países em favor da causa aliada, que ficou conhecida como a Carta Atlântica [4]. Com palavras firmes e idéias claras paulatinamente conquistou a confiança e o carisma de Stalin em torno do seu ideal.

As decisões de Winston Churchill ao longo da guerra foram determinantes para o destino da Inglaterra. Muito antes de Hitler assumir o poder, Churchill alertou o mundo sobre o perigo de uma Alemanha Nazista fortemente militarizada, principalmente em relação à ameaça da hegemonia inglesa sobre a Europa Ocidental. Não se pode esquecer também a forma inteligente como arquitetou a aproximação e o namoro com Roosevelt até o dia em que este resolveu declarar guerra ao eixo, após os EUA sofrer o ataque na base de Pearl Harbor. Como escreveu em suas memórias, àqueles foram os meses mais difíceis da guerra.

Este período de isolamento corresponde ao intervalo entre a retirada vergonhosa das tropas britânicas e francesas em Dunquerque, ocorrido em maio de 1940 até dezembro de 1941, quando os EUA abandonaram a neutralidade. Neste intervalo, Churchill arquitetou também uma falsa aproximação com a Alemanha Nazista, o que contribuiu para que Hitler alimentasse e executasse o seu verdadeiro desejo. Invadir e derrotar a URSS. [5]

Durante estes anos sombrios a Inglaterra caminhou sozinha em uma corda sobre um precipício e por muito pouco não teve que amargar uma derrota militar perante a Alemanha. Ofuscado pelos velhos conceitos e movido pelo seu ódio incondicional a Alemanha, Churchill não conseguiu enxergar as transformações que viriam no pós-guerra, jamais aceitaria uma conformação de poder com a Alemanha, independente de quem a governasse. A sua vida foi baseada no tradicionalismo inglês e no modelo de colonização que tornou a Grã Bretanha uma nação detentora de 51 colônias espalhadas pelo globo. No final da guerra, os ingleses viram o seu império se desmanchar como um castelo de cartas. E a insatisfação se fez sentir nas urnas. Churchill teve que suportar a humilhação de ser derrotado e ser substituído por Clement Attlee, tendo inclusive que abandonar prematuramente a Conferência de Potsdam, realizada em 1945.

A Inglaterra saíra derrotada da Segunda Guerra, após alguns poucos anos de confronto com a Alemanha, em uma luta pelo domínio da Europa Ocidental. Por mais paradoxal que pareça o preço que pagaram pelo apoio dos EUA foi incontestavelmente muito alto. Churchill aceitou pagar este preço a ter que dividir ou a se submeter ao poderio de uma Alemanha dominando a Europa. Haveria outro caminho? Desde então a poderosa Inglaterra de outrora, deixou de ser a Prima Dona no cenário mundial e assumiu o seu papel de coadjuvante em um roteiro escrito pelos EUA. Não seria exagero afirmar que do ponto de vista político e econômico, terminado a guerra, a Inglaterra foi o Aliado mais prejudicado. Em apenas seis anos de guerra contra a Alemanha Nazista, o maior império ultramar que levou centenas de anos para ser construído simplesmente desapareceu!


Stalin era um homem de personalidade misteriosa quase sem vida pessoal. O que se podia ler de sua mente era a sua determinação e fidelidade incondicional aos interesses de sua segunda mãe, a URSS. Mesmo que para isto fosse necessário ordenar expurgos internos e a morte de milhões! A sua vida foi um exemplo de devoção em favor da pátria comunista e pela concentração de poder, não enxergava nada a não ser a grandeza da URSS.

Josef Stalin tinha a consciência que a garantia da paz no futuro só seria possível se os interesses dos EUA e da URSS fossem mutuamente atendidos. Apesar de seus anseios imperialistas e a sua fome incontrolável por ocupações territoriais, tinha plena convicção que o início de um confronto imediato com os EUA seria inviável, haja vista, o poder industrial, financeiro e militar dos EUA em contraste ao estado em que a URSS e o exército vermelho estariam após a guerra. Na luta para expulsar os invasores, a URSS sangrou quase até a morte e grandes extensões de suas terras, como por exemplo, a saliência do Kursk, foram severamente devastadas, necessitando de quase dez anos para serem recuperadas [6].

Durante as Conferências, Stalin nunca aumentava o tom de voz e junto com o seu ministro do exterior, Viatcheslav Mikhailovitch Molotov, formaram uma dupla imbatível durante as negociações para assegurar os interesses soviéticos e garantir as novas possessões conquistadas pelo exército vermelho [3]. Governos comunistas foram implantados em países ocupados para seguir a cartilha de Moscou, mesmo antes da guerra acabar, gerando muitas reclamações por parte de Roosevelt e Churchill. À medida que a mãe russa sacrificava seus filhos aos milhares para derrotar o exército alemão, Stalin tornava-se cada vez mais exigente em suas negociações.



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A guerra avançava e o movimento das tropas ao longo do tabuleiro exigia revisões e novos planos. Inicialmente o objetivo maior das forças aliadas convergia para um único ponto, mesmo que este pudesse ser alcançado por caminhos diferentes. Os encontros realizados nas Conferências foram fundamentais para orientar a estratégia das forças militares conjuntas em torno do principal objetivo: derrotar o eixo. Tudo parecia bastante claro até o dia que Hitler se matou e a Alemanha Nazista foi derrotada. O maior inimigo comum deixou de existir e os Aliados de antigamente passaram a expor de forma cada vez mais clara os seus reais interesses de domínio para o mundo pós-guerra.

Em face das contradições ideológicas e dos interesses de dominação em áreas de influência cada vez maior sobre o planeta, os líderes Aliados paulatinamente plantaram as sementes das discórdias, e nenhum estava disposto a ceder as suas conquistas militares. Era cada vez maior o interesse sobre os espólios dos impérios derrotados, principalmente do Império Britânico. Era a germinação das sementes da Guerra Fria.

Roosevelt defendia uma ocupação dos países derrotados baseados em governos pró-americanos, eleitos pela população local. Tinha a consciência que a capacidade financeira dos EUA em emprestar dinheiro e ajudar na reestruturação destes países seria a maior arma para colocá-los à mercê dos interesses dos EUA. Por outro lado, argumentando a necessidade de criar um cinturão de proteção em torno da URSS, Stalin parecia não saciar a fome em ocupar territórios e subjugá-los aos interesses do governo soviético.

Fazendo uma análise global, sem discutir o peso e a contribuição de cada líder nos resultados diretos do pós- guerra, a ausência de Roosevelt e de Churchill na Conferência de Potsdam, de certa forma, fortaleceu a imagem de Stalin perante Truman e Attlee, recentemente empossados. Stalin foi único líder entre os presentes que combateu o exército nazista, durante toda a guerra, e foi o responsável por deter todo o impacto inicial da surpreendente e poderosa máquina militar alemã. Conheceu também a tenacidade da resistência quando os empurrou de volta até as portas de Berlim. Nos últimos meses da guerra quando a vitória das Forças Comunistas sobre o Nazismo era inevitável, o líder soviético tinha plena consciência do papel que exercera e principalmente o poder que a URSS teria sobre o destino de milhões sobre o planeta.

Stalin estava disposto a consolidar e ampliar suas conquistas militares. Solicitou indenização de 10 bilhões de dólares da Alemanha, para ajudar a reconstruir a URSS e a todo instante suas reivindicações aumentavam surpreendendo ingleses e americanos. Parecia que o sofrimento do povo russo só seria aplacado em detrimento do sofrimento de outros povos!

A ausência de Churchill permitiu que as negociações entre os principais protagonistas avançassem sem o clima de impasse que imperou nas outras Conferências, onde o líder britânico, não aceitava as imposições soviéticas e sempre assumia retóricas intermináveis. Attlee era mais moderado e parecia compreender o real papel dos ingleses depois da guerra, tinha consciência que os soviéticos não recuariam nas suas conquistas e afinal reconheceu , assim como Truman, que era preciso definir regras entre os dois poderosos blocos que dominariam o planeta e que o pior poderia acontecer se não houvesse algum entendimento após o encontro.

Truman não se intimidou em nenhum momento com as crescentes exigências de Stalin. Era muito pragmático e a sua maior preocupação era proteger a Europa Ocidental de uma provável ocupação comunista. Não demonstrou nenhum interesse em relação aos países periféricos que estivessem fora da esfera de influência americana, principalmente os países do leste europeu e não hesitou em sacrificá-los para saciar a fome de Stalin!

Na visão de Truman o importante era que houvesse um entendimento entre EUA e URSS e que este fosse firmado o mais rápido possível. Ao contrário de Roosevelt não se esforçou para conquistar a confiança e a simpatia de Stalin e parecia não nutrir esperanças de paz entre americanos e soviéticos no futuro. Muitas vezes se mostrava entediado com os longos discursos de Stalin, chegando a escrever para a sua mãe, sobre a árdua tarefa de dirigir as discussões: "É tão difícil como presidir o Senado. E Stálin só fica grunhindo, mas a gente sabe o que ele quer dizer."

É consenso entre os historiadores que na Conferência de Potsdam a diplomacia inaugurou a sua modalidade mais perigosa: a diplomacia atômica. Um dia antes do início do encontro os americanos testaram no Novo México, a primeira bomba atômica. A capacidade destrutiva do novo artefato deixou de ser uma especulação teórica. A realidade revelada na primeira explosão assustou até mesmo os principais cientistas que participaram do Projeto Manhattam. Não havia mais dúvidas sobre o poder que esta nova arma traria para os EUA.

Durante o encontro, após o fim de uma sessão plenária às 19h30 do dia 24 de julho, de forma casual, Truman comunicou a Stalin que os EUA tinham desenvolvido uma nova bomba de grande poder destrutivo, não entrando nos detalhes sobre a questão da tecnologia nuclear. Stalin pareceu não dar muita importância e conforme relatos dos que presenciaram a cena, comentou: "Será uma ótima oportunidade para os EUA a usarem contra os seus inimigos e por fim a guerra." [7] Stalin já sabia da bomba muito antes do próprio Truman assumir a presidência dos EUA.

É fato esclarecido que o físico alemão Klaus Fuchs membro participante do Projeto Manhattam, comunicou aos soviéticos detalhes do desenvolvimento da bomba e da realização do teste. Havia também muitos outros informantes. Na verdade, há tempo que o Generalíssimo já tinha total conhecimento da vantagem tecnológica do EUA em relação a URSS no desenvolvimento da tecnologia nuclear. A primeira bomba soviética só seria testada quatro anos mais tarde, em setembro de 1949 [7].



Para Stalin, o fato de Truman ter-lhe falado a respeito do novo artefato soou muito mais como uma ameaça do que a confidência de um amigo aliado e em grande parte o entendimento do georgiano, não estava totalmente errado. É muito provável que o presidente americano avaliou a oportunidade de dar um recado a Stalin de que os EUA dispunham de forças persuasivas capazes de conter as ambições imperialistas soviéticas na Europa e na Ásia além do que já estava sendo acordado, sem precisar recorrer a uma guerra convencional.

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Em 1945, a URSS não representava uma ameaça militar imediata ao bloco encabeçado pelos americanos. Mesmo se não tivessem uma arma nuclear, os EUA naquele momento, dispunham da metade do PIB mundial, 2/3 das reservas mundiais de ouro, 60% da capacidade industrial do mundo, 67% da capacidade produtora de petróleo, além da maior marinha e da maior força aérea que existia. Seus exércitos intactos ocupavam metade ocidental da Europa e do Japão, algumas das zonas mais ricas e industrializadas do mundo antes da Guerra. Também ocupavam parte do sudeste asiático, especificamente metade da Península da Coréia e grande parte das ilhas do Pacífico. Força econômica e militar mais que suficiente para deter qualquer ambição soviética que ameaçasse os interesses americanos e europeus em qualquer parte do planeta.

Por sua vez a União Soviética ocupava a metade Oriental da Europa, e na Ásia, uma parte da Manchúria e da Coréia, regiões tradicionalmente agrícolas e pobres. O próprio território soviético havia sido palco das maiores batalhas da II Guerra Mundial, contra as mais importantes divisões alemãs. O resultado é que em 1945 os Estados Unidos contabilizavam cerca de 143 mil mortos na guerra européia, contra cerca de 11 milhões de militares soviéticos mortos. Centenas de cidades soviéticas estavam completamente destruídas em 1945. A maior parte das indústrias, da capacidade produtiva agrícola e da infra-estrutura de transportes, energia e comunicações estavam destruídas ou seriamente comprometidas. E a maior parte da mão-de-obra disponível que não tivesse a serviço do exército vermelho era composta de adultos feridos, velhos, mulheres e crianças.


A maior arma que Truman lançou sobre a URSS em 1945, imobilizando-a e atrasando o seu desenvolvimento durante anos, foi negar a ajuda financeira que Stalin havia solicitado a Roosevelt, e que este havia concordado, para ajudar na reestruturação do país destruído pela guerra. É inegável que a URSS se tornou uma grande força militar logo no final da guerra, mas não se pode esquecer que, com exceção dos EUA, os outros países industrializados, envolvidos no conflito, estavam arruinados economicamente e militarmente.
A ajuda financeira negada aos soviéticos em 1945 foi disponibilizada para reestruturar a Europa Ocidental. O plano Marshall foi um aprofundamento da Doutrina Truman e permaneceu em operação por quatro anos fiscais a partir de julho de 1947. Durante esse período, algo em torno de US$ 13 bilhões de assistência técnica e econômica ? equivalente a cerca de US$ 130 bilhões em 2006, ajustado pela inflação ? foram entregues para ajudar na recuperação dos países europeus que se juntaram à Organização Européia para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.


Quando o plano foi completado, a economia de cada país participante, com a exceção da Alemanha, tinha crescido consideravelmente acima dos níveis pré-guerra. Pelas próximas duas décadas a Europa Ocidental iria gozar de prosperidade e crescimento. O Plano Marshall também é visto como um dos primeiros elementos da integração européia já que anulou barreiras comerciais e criou instituições para coordenar a economia em nível continental, fortalecendo ainda mais o poder do dólar americano. Foi também uma blindagem ao crescimento de ideologias comunistas e radicais nacionalistas na Europa Ocidental. Uma conseqüência intencional foi a adoção sistemática de técnicas administrativas norte-americanas.

O dinheiro foi oferecido a todo e qualquer país envolvido no conflito mundial inclusive à URSS se ela assim quisesse. Para obter acesso aos recursos era preciso apresentar uma lista dos estragos sofridos e uma estimativa do quanto era preciso para se reestruturar. Stalin não aceitou qualquer dinheiro americano e denunciou o Plano Marshall como uma declaração de guerra econômica à URSS. Não só isso. Proibiu que qualquer país ocupado pela URSS (Polônia, Países Bálticos, Tchecoslováquia, Romênia, Hungria, Bulgária e Alemanha Oriental), fizesse sequer menção de aceitá-lo. Em protesto, ordenou o bloqueio por terra a Berlim ocidental. Além das razões ideológicas, afinal receber auxílio norte-americano em tempo de paz iria parecer sinal de fraqueza, a URSS receava que o Ocidente tomasse conhecimento da assombrosa dimensão da destruição que sofrera com a ocupação nazista e o esforço que seria necessário para recuperá-la.


Passado dois anos do fim da guerra a pátria soviética ainda sangrava e os seus filhos que sofreram demasiado agora iriam ter que trabalhar arduamente para reerguer a nação. A fome, as doenças, as habitações precárias, a falta de infra-estrutura, tudo eram obstáculos demasiados, para uma nação que lutara para não ser aniquilada pelos nazistas. O governo do Kremilim ampliou o controle do Estado sobre os indivíduos como uma forma de conter as rebeliões e revoltas. A opressão e a escravidão também foram ampliadas aos países periféricos ocupados pela URSS, como uma forma de gerar a riqueza que a nação necessitava. Diante de tantos obstáculos a URSS ainda necessitava investir somas fabulosas para desenvolver o seu programa nuclear. Agravando ainda mais a sua situação econômica. Nas palavras de Stalin, a bomba era essencial para garantir a sobrevivência da pátria contra a ameaça do capitalismo [7]. Anos mais tarde, quando a URSS desenvolveu sua própria bomba, iniciou com os EUA, uma nova corrida, desta vez para conquistar o espaço.


Assim, quando se iniciou a Guerra Fria, em 1945, os EUA não enfrentavam nenhuma ameaça concreta à sua soberania, e a segunda maior potência do mundo, a URSS estava devastada e levaria anos para se reerguer. Tanto que foi muito difícil para o governo americano conseguir recriar a imagem de uma União Soviética ameaçadora logo em 1945, algo que levou alguns anos para acontecer. Afinal, durante toda a guerra os governos aliados divulgaram para o mundo a imagem de uma união de nações que juntas, incluindo os temíveis comunistas, combateriam a tirania dos países opressores, libertando assim todo o planeta de uma ameaça maligna. Unidos e desprendidos de qualquer ambição mesquinha e imperialista os cavaleiros da esperança lutariam também para garantir a paz mundial do pós-guerra.

A imagem ameaçadora que os americanos plantaram no mundo sobre o regime comunista se tornou cada vez mais agressiva quando os militares comunistas testaram a sua primeira arma nuclear. O artefato militar garantiu aos soviéticos um grande salto para desequilibrar a vantagem militar dos EUA. Alguns militares americanos comentaram, anos mais tarde, que perderam uma grande oportunidade de enquadrar a URSS, logo após o fim da guerra. Na verdade, as alas mais conservadoras das forças militares americana jamais reconheceram que os comunistas foram os principais responsáveis pela derrota do Nazi-fascismo e jamais aceitaram que os EUA, a nação mais poderosa do mundo, econômica e militarmente, convivesse dividindo o espaço pelo domínio mundial com os soviéticos após a Grande Guerra.

Dada a impossibilidade da resolução do confronto no plano estratégico, pela via tradicional da guerra aberta e direta as duas superpotências passaram a disputar poder de influência política, econômica e ideológica em todo o mundo. A era moderna inauguraria uma nova vertente de conflito entre nações: a guerra ideológica. Para isto os meios de comunicação de massa, passaram a ser a arma mais ameaçadora e nações e povos periféricos foram manobrados de forma inescrupulosa em prol das duas ideologias, sem nenhuma responsabilidade diante das conseqüências. Fato marcante foi a Crise dos mísseis em Cuba em 1962.

Guerras e pequenos conflitos germinaram em todo o planeta, governos fantoches foram semeados em vários países e os blocos ideológicos firmaram acordos militares que ampliaram as ameaças aumentando ainda mais a tensão diante de uma malha complexa de alianças e pactos militares. Pequenos países passaram a atuar como meros detonadores que diante de conflitos regionais poderiam colaborar para iniciar um conflito de ordem mundial. Os principais blocos militares, OTAN e o Pacto de Varsóvia, semearam uma corrida armamentista que consumiu recursos econômicos inimagináveis e que ocasionou a falência de muitos países que não tinham suporte industrial e econômico para manter tamanha demanda. Anos mais tarde a própria URSS reconheceu que a corrida armamentista desenfreada foi uma das principais causas que colaborou para o fim do regime. Não havia possibilidade de concorrer com os EUA que tinham um parque tecnológico industrial muito mais estruturado e desenvolvido, além de uma economia de mercado estruturada e acesso a matérias-primas em quase todo o planeta.

A União Soviética, desde o início dos anos 70, passava por grande fragilidade econômica. A alta nos preços do petróleo no período 1973-1979 e a nova alta de 1979-1985, deram uma sobrevida temporária a um sistema econômico que já estava bastante fragilizado. A crise econômica mundial dos anos 1980, a escassez de moedas fortes e a queda no preço das commodites exportadas pela URSS (petróleo e cereais) aprofundaram a crise do sistema econômico da União Soviética.

A economia de mercado dos EUA era muito mais competitiva e permitia o repasse acelerado de tecnologias militares e aeroespaciais de ponta para o setor civil. Na URSS tudo que seria produzido era previamente planejado nos Planos Quinquenais. A burocracia dificultava qualquer transferência de tecnologia sensível para o setor produtivo civil e toda a produção agrícola era milimetricamente planejada. Quando ocorreu o acidente nuclear de Chernobyl em 1986, toda a produção agrícola daquele ano foi perdida, os gastos inesperados foram enormes e o Estado que havia planejado exportar uma safra recorde de grãos, teve que importar comida. Rapidamente começava a faltar até mesmo pão no país que havia sido o maior produtor mundial de trigo. Somando-se aos custos do envolvimento de meio milhão de homens no Afeganistão durante os anos 1980, mais os gastos militares da corrida armamentista a enorme economia engessada colapsou.

O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários candidatos e com a mídia livre para discutir. Ainda que muitos partidos comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a Perestroika e a Glasnost de Gorbachev tiveram grande efeito na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a cair. A Polônia e a Hungria negociaram eleições livres (com destaque para a vitória do Partido Solidariedade na Polônia), e a Tchecoslováquia, a Bulgária, a Romênia e a Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa, que pediam o fim do regime comunista. O ponto culminante foi a queda do Muro de Berlim em 9 de Novembro de 1989, que pôs fim à Cortina de Ferro e conseqüentemente à Guerra Fria. Finalmente, no dia 31 de Dezembro de 1991, Gorbachev anunciou o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

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Ao se fazer uma avaliação histórica geral, pode-se afirmar que a Segunda Guerra Mundial foi o resultado do confronto direto de três grandes ideologias que na sua essência traziam o anseio imperialista típico das primeiras décadas do século XX: O Liberalismo americano, o Nacional Socialismo e o Comunismo. E que sem distinção, almejavam em sua essência o domínio mundial. Com a derrota dos países do eixo, EUA e URSS iniciaram uma guerra silenciosa para preencher a lacuna de poder e continuaram o conflito em uma guerra de mentira, porém, potencialmente muito mais destrutiva. A guerra neste período não foi conduzida nos quartéis e sim nos gabinetes políticos!

Foram necessários 46 anos de conflitos entre EUA e URSS, que se caracterizou pela luta pelo domínio ideológico, para que a história apontasse um vencedor. No final prevaleceu a vitória do Liberalismo de Roosevelt perante o Stalinismo Soviético. Não cabe discutir neste artigo o mérito de uma ou outra corrente ideológica. Afinal, através de caminhos diferentes, ambas almejavam o domínio mundial, sem escrúpulo algum em desrespeitar a autonomia e a soberania dos outros povos. No máximo é possível especular como estaria hoje a divisão de poder em todo o mundo diante da vitoria de uma das outras correntes ideológicas. O Ocidente se curvaria diante de uma URSS dominante? E o que dizer de uma provável vitória do Nacional Socialismo e suas vertentes reacionárias?


A Carta Atlântica idealizada por Roosevelt em 1942 foi o embrião para a criação das duas principais instituições internacionais a ONU e a OTAN após a Segunda Guerra Mundial. Quando criadas estas expressavam em seus estatutos muito dos ideais do pensamento de Roosevelt e hoje legitimam as ações políticas e militares dos países ocidentais e dos seus aliados que compartilham do liberalismo pós-guerra.

Em uma tentativa de equilibrar o jogo militar, a URSS criou o Pacto de Varsóvia que seria o braço bélico da coligação de países comunistas para contrapor a OTAN, entretanto, com o fim da URSS que praticamente sustentava sozinha o bloco com recursos financeiros e tecnológicos, este foi extinto.

Fazendo uma analise mais geral, observa-se que o COMINTERN (Organização Internacional Comunista fundada em março de 1919) poderia ter sido o berço de uma instituição de países comunistas para contrapor a ONU. Foi extinto em 1943, dessa vez pelo próprio Stalin, como uma forma de facilitar uma aproximação com o Ocidente durante a guerra e principalmente desvincular a imagem de uma Rússia ameaçadora perante as nações não comunistas, pelo menos naquele momento. A ausência do COMINTERN, ou de alguma instituição semelhante, foi uma grande vitória do ideal de Roosevelt, na luta contra a ideologia comunista.

A proposta deste artigo foi analisar o mundo pós-guerra do ponto de vista das duas correntes ideológicas dominantes e propor uma análise que aponta para uma proposta de revisão histórica sutil: a de que a Segunda Guerra Mundial acabou com o fim da Guerra Fria no final da década de 80 e que hoje vivemos a ERA ROOSEVELT. O líder norte-americano deixou sua marca registrada na história moderna e ditou as principais diretrizes da corrente de pensamento do novo liberalismo, que como uma onda invadiria as nações ao longo da segunda metade do século XX e o início do século XXI.

Roosevelt enxergou que a forma de domínio econômico é muito mais abstrata, porém, mais duradoura e menos violenta que a guerra. Com astúcia fez prevalecer o poder do dólar americano e com a ajuda do cinema e dos produtos de consumo de exportação, potencializou a força do idioma inglês. Entendeu que a determinação dos povos é uma premissa universal e que sendo intrínseca a toda nação, não poderá ser suplantada apenas pela força dos exércitos. Com esta visão, moldou um planeta que não mais aceitaria o modelo de domínio colonialista do velho continente, principalmente o praticado pelos ingleses e franceses, e muito menos o imperialismo isolacionista soviético. Foi depois de Hitler, no início da década de 30, o líder que mais utilizou e reconheceu o poder dos meios de comunicação, do cinema e do rádio. Com a força destes, venceu 4 eleições para presidente e principalmente, vendeu ao mundo a imagem de que os EUA são um país defensor da liberdade e da justiça! Com estas palavras permitiu que os seus sucessores ampliassem cada vez a influência da ideologia americana em todo o mundo pós-guerra e provou que para subjugar nações existem outras vertentes de dominação que não apenas os canhões.

















Referências Bibliográficas

Stalin ? Rose Tremain - História Ilustrada da 2º Guerra Mundial - Editora Renes 1975;

Churchill ? David Mason - História Ilustrada da 2º Guerra Mundial - Editora Renes 1973;

Prezado Sr. Stálin - Os Bastidores da Segunda Guerra Mundial na Correspondência Completa Entre Roosevelt e Stalin - Susan Butler - Editora Jorge Zahar ? 1º edição 2008;

A Loucura de Stalin - Os Trágicos Dez Dias Iniciais da Segunda Guerra Mundial no Front Oriental - Editora Difel - 1º edição 2008;

Citações

[1] Europa na Guerra -1939-1945 ? Norman Davies ? Editora Record ? 1º Edição 2009;

[2] Almirante Canaris - Misterioso Espião de Hitler ? Richard Bassett ? Editora Nova Fronteira ? 1 º edição 2007;

[3] Os Três Grandes ? Churchill, Roosevelt e Stalin ? Ganharam uma Guerra e Começaram outra ? Jonathan Fenby ? Editora Nova Fronteira ? 1 º edição 2009;

[4] http://www.dw-world.de/dw/article/0,,319569,00.htm;

[5] A Farsa de Churchill ? Louis Kilzer ? Editora Biblioteca do Exército, 1º Edição 1997;

[6] Confronto de Titãs - Como o Exército Vermelho derrotou Hitler- C&R Editorial ? Glantz, David M. e House, Jonathan M. ? 1 º edição 2009;

[7] Stalin e a Bomba ? Editora Record - David Holloway - 1 º edição 2009;